Matthew O. Berger
IPS
As expectativas para a Conferência Mundial sobre Mudança Climática que começará na semana que vem em Cancún, México, parecem menores que as do encontro de 2009 em Copenhague, no momento em que as emissões de gases causadores do efeito estufa seguem crescendo. A 16ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (COP-16), que inicia dia 29 de novembro, terá um perfil mais baixo que o encontro de dezembro de 2009 na capital dinamarquesa. Apesar disso, os negociadores tentarão continuar o trabalho realizado na conferência do ano passado, que concluiu com o não vinculante “Acordo de Copenhague”, no qual alguns dos países mais ricos se comprometeram a reduzir as emissões de gases.
Nesta semana, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou um informe concluindo que essas reduções, mesmo que fossem cumpridas plenamente, representavam somente 60% das necessárias para evitar que as temperaturas mundiais crescessem mais de dois graus acima dos níveis pré-industriais, o que, segundo cientistas, seria uma catástrofe. Os negociadores tentarão, em Cancún, cobrir os restantes 40% ou, ao menos, começar a fazê-lo.
“O desafio que está colocado diante de nós em Cancún e sobre o qual, francamente, nos concentramos durante todo este ano, é encontrar uma forma de construir um acordo a partir dos progressos alcançados no ano passado em Copenhague”, disse o enviado especial dos Estados Unidos, Todd Stern. “Está muito claro para todos que um tratado legal este ano não está entre as cartas disponíveis”, disse Stern. Os EUA, acrescentou, procurará um “pacote equilibrado de decisões” sobre financiamento e metas de mitigação.
“Precisamos fazer alguns progressos concretos agora na direção de um eventual acordo vinculante”, afirmou ainda o enviado dos EUA. No entanto, ele reiterou a postura de Washington contra a assinatura de um tratado a menos que inclua compromissos de redução também por parte da China e de outras economias emergentes. “Simplesmente, não vemos como isso possa ocorrer”, admitiu. A China se uniu a Brasil, Índia, África do Sul e EUA no ano passado para concretizar o chamado “Acordo de Copenhague”, que foi, na verdade, mais uma declaração de intenções que um acordo de fato.
Enquanto isso, as emissões de gases seguem crescendo. Um estudo publicado pela revista Nature Geoscience prognostica que as liberações de dióxido de carbono alcançarão um recorde histórico este ano. A leve queda das emissões produzida pela crise econômica e financeira mundial foi compensada por maiores liberações de países em desenvolvimento, em especial China e Índia.
Todd Stern assegurou que as emissões do Norte industrializado se estabilizaram e que o aumento era responsabilidade de economias emergentes do hemisfério Sul. Estima-se que, para que o índice dos dois graus centígrados não seja excedido este século, as emissões globais deveriam chegar a um teto nos próximos dez anos. Para obter essa meta, as emissões anuais, para 2020, deveriam ser reduzidas para 44 gigatones de dióxido de carbono. Em 2009, as emissões mundiais foram estimadas em 48 gigatones e o Pnuma assinalou que uma plena implementação do acordo conseguiria, no melhor dos casos, mantê-las em 49 gigatones para 2020. (Gigaton ou petagrama é uma unidade de medida de massa igual a 1 bilhão de toneladas).
No pior cenário, caso não haja nem um acordo político nem se mantenha o espírito do acordo, as emissões anuais poderiam crescer para 53 gigatones. Esta “brecha de gigatones” indica que, em Cancún, podem ser obtidos maiores avanços, observaram os cientistas autores do informe do Pnuma. “Os negociadores devem chegar a Cancún armados com compromissos (...) e apontar para ambiciosas promessas de redução de emissões para fechar essa brecha”, disse Kelly Levin, cientista do Instituto de Recursos Mundiais, com sede em Washington, e um dos autores do informe.
O trabalho foi realizado em conjunto por 30 especialistas em mudança climática de todo o mundo. Os cientistas se mostraram confiantes de que, com vontade política, em futuras reuniões poderia se obter a redução necessária para impedir que as temperaturas do planeta aumentem mais de dois graus. Se o Acordo de Copenhague não existisse, as emissões aumentariam para 56 gigatones em 2020, assinalou o Pnuma.
“Os resultados indicam que a reunião de Copenhague pode ter sido mais um êxito do que um fracassso, caso se cumpram todos os compromissos, as intenções e as promessas”, disse o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner. A brecha que está diante de nós, acrescentou, pode ser preenchida com novos compromissos, tanto de países ricos como pobres, em torno de ações contra agentes poluidores como o metano, o carvão e a queima de biomassa e dejetos animais.
Nesta semana, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou um informe concluindo que essas reduções, mesmo que fossem cumpridas plenamente, representavam somente 60% das necessárias para evitar que as temperaturas mundiais crescessem mais de dois graus acima dos níveis pré-industriais, o que, segundo cientistas, seria uma catástrofe. Os negociadores tentarão, em Cancún, cobrir os restantes 40% ou, ao menos, começar a fazê-lo.
“O desafio que está colocado diante de nós em Cancún e sobre o qual, francamente, nos concentramos durante todo este ano, é encontrar uma forma de construir um acordo a partir dos progressos alcançados no ano passado em Copenhague”, disse o enviado especial dos Estados Unidos, Todd Stern. “Está muito claro para todos que um tratado legal este ano não está entre as cartas disponíveis”, disse Stern. Os EUA, acrescentou, procurará um “pacote equilibrado de decisões” sobre financiamento e metas de mitigação.
“Precisamos fazer alguns progressos concretos agora na direção de um eventual acordo vinculante”, afirmou ainda o enviado dos EUA. No entanto, ele reiterou a postura de Washington contra a assinatura de um tratado a menos que inclua compromissos de redução também por parte da China e de outras economias emergentes. “Simplesmente, não vemos como isso possa ocorrer”, admitiu. A China se uniu a Brasil, Índia, África do Sul e EUA no ano passado para concretizar o chamado “Acordo de Copenhague”, que foi, na verdade, mais uma declaração de intenções que um acordo de fato.
Enquanto isso, as emissões de gases seguem crescendo. Um estudo publicado pela revista Nature Geoscience prognostica que as liberações de dióxido de carbono alcançarão um recorde histórico este ano. A leve queda das emissões produzida pela crise econômica e financeira mundial foi compensada por maiores liberações de países em desenvolvimento, em especial China e Índia.
Todd Stern assegurou que as emissões do Norte industrializado se estabilizaram e que o aumento era responsabilidade de economias emergentes do hemisfério Sul. Estima-se que, para que o índice dos dois graus centígrados não seja excedido este século, as emissões globais deveriam chegar a um teto nos próximos dez anos. Para obter essa meta, as emissões anuais, para 2020, deveriam ser reduzidas para 44 gigatones de dióxido de carbono. Em 2009, as emissões mundiais foram estimadas em 48 gigatones e o Pnuma assinalou que uma plena implementação do acordo conseguiria, no melhor dos casos, mantê-las em 49 gigatones para 2020. (Gigaton ou petagrama é uma unidade de medida de massa igual a 1 bilhão de toneladas).
No pior cenário, caso não haja nem um acordo político nem se mantenha o espírito do acordo, as emissões anuais poderiam crescer para 53 gigatones. Esta “brecha de gigatones” indica que, em Cancún, podem ser obtidos maiores avanços, observaram os cientistas autores do informe do Pnuma. “Os negociadores devem chegar a Cancún armados com compromissos (...) e apontar para ambiciosas promessas de redução de emissões para fechar essa brecha”, disse Kelly Levin, cientista do Instituto de Recursos Mundiais, com sede em Washington, e um dos autores do informe.
O trabalho foi realizado em conjunto por 30 especialistas em mudança climática de todo o mundo. Os cientistas se mostraram confiantes de que, com vontade política, em futuras reuniões poderia se obter a redução necessária para impedir que as temperaturas do planeta aumentem mais de dois graus. Se o Acordo de Copenhague não existisse, as emissões aumentariam para 56 gigatones em 2020, assinalou o Pnuma.
“Os resultados indicam que a reunião de Copenhague pode ter sido mais um êxito do que um fracassso, caso se cumpram todos os compromissos, as intenções e as promessas”, disse o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner. A brecha que está diante de nós, acrescentou, pode ser preenchida com novos compromissos, tanto de países ricos como pobres, em torno de ações contra agentes poluidores como o metano, o carvão e a queima de biomassa e dejetos animais.
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