quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Axel Honneth: "Os conflitos por redistribuição representam formas implícitas de luta por reconhecimento"

Marcos Nobre & Rúrion Melo
Folha

Axel Honneth, herdeiro da Escola de Frankfurt, defende a existência de uma "luta por reconhecimento" dos sujeitos e grupos em toda dinâmica social, mesmo nos conflitos que parecem ser puramente "materiais'.

Para o filósofo alemão Axel Honneth, um dos problemas para a superação da crise socioeconômica na Europa é a ausência de ideias novas na política: "Todos os caminhos parecem estar de algum modo obstruídos".Diretor do Instituto de Pesquisa Social, onde se desenvolveu a chamada Escola de Frankfurt, ele se refere à ineficiência econômica da social-democracia e à resistência dos liberais em limitar o mercado.

Honneth, que faz palestra sobre o pensamento alemão contemporâneo, ressalta que os intelectuais também precisam renovar o repertório. O pensador, representante da teoria crítica e ex-assistente de Jürgen Habermas, afirma à Folha que a fundamentação herdada dos frankfurtianos -"fusão" de Hegel (1770-1831), Marx (1818-83) e Freud (1856-1939)- envelheceu.

O autor de "Luta por Reconhecimento" defende, no entanto, que uma teoria crítica renovada deve ter um papel importante em repensar o capitalismo visando à emancipação dos indivíduos. Na entrevista abaixo, ele também comenta sua expectativa em relação ao presidente dos EUA, Barack Obama, e defende seu conceito de "reconhecimento" como fundamental para a compreensão dos conflitos sociais no mundo atual.

O sr. chega ao Brasil no momento em que acontecem eleições gerais na Alemanha. Apesar da profunda crise econômica, a atual primeira-ministra, Angela Merkel, é a favorita e os debates eleitorais estão em baixa temperatura. Como entender isso? Estaria ligado a um processo mais geral de perda de vitalidade das democracias?

Vocês têm razão quando afirmam que, apesar dos crescentes problemas sociais, o interesse público nas próximas eleições continua muito pequeno, mesmo com toda a tentativa de se chamar a atenção com a encenação midiática.

Uma explicação que me parece apenas superficial dessa atitude diz respeito à "grande coalizão", nesse período de governo que está chegando ao fim, entre democratas cristãos e social-democratas, a qual dificultava entrever alternativas programáticas entre ambos os partidos. Parece-me mais decisivo, no entanto, o fato de, em amplos círculos da esfera pública política, imperar uma certa perplexidade sobre os instrumentos apropriados para a superação da crise social.

Todos os caminhos parecem estar de algum modo obstruídos. O recurso às velhas receitas de sucesso da social-democracia se tornou impossível, pois o aumento dos programas sociais tem por consequência o crescimento do desemprego.

Desconfia-se das promessas dos partidos da "esquerda" porque pretendem realizar a justiça social desconsiderando o processo de unificação europeu. Em suma, não temos mais um conhecimento imediato do problema e concordamos apenas que temos de impor fortes limites ao mercado capitalista. Porém, com exceção dos liberais, todos os partidos concordam em relação a isso, a despeito das poucas polarizações e da falta de interesse.

Em tempos recentes, o termo "reconhecimento" adquiriu um papel importante na esfera pública e na vida cotidiana. Mas muitas vezes é empregado em sentidos bem pouco críticos, como quando pessoas se dizem reconhecidas simplesmente por terem mais dinheiro, mais poder ou mais prestígio do que outras. Como a ideia crítica de reconhecimento que o sr. propõe se distingue desse tipo de situação? Há casos de "falso" reconhecimento?

É claro que existem essas formas de "falso" reconhecimento. E elas inclusive aumentam nas sociedades capitalistas liberais do Ocidente porque seguem o programa neoliberal, que, ao apelar positivamente para sua flexibilidade e mobilidade, leva as pessoas a aceitarem relações desregulamentadas de trabalho.

Também a história nos mostrou casos de uso "ideológico" da retórica do reconhecimento. Pensem nas imagens culturalmente difundidas da "boa dona de casa" ou do "bravo guerreiro", todas gestos públicos de reconhecimento que preenchem essencialmente a função de motivar as pessoas a consentir com posições de subordinação.

Contudo, é difícil determinar o limite exato entre formas "falsas" ou "corretas" de reconhecimento. Eu diria resumidamente que todas as formas de reconhecimento que são adequadas e promovem a emancipação são aquelas que, com base em princípios já aceitos de reconhecimento, possibilitam ampliar social e substancialmente sua aplicação.

Para falar mais concretamente: lá onde até então as qualidades desrespeitadas de uma pessoa ou grupo depararam socialmente pela primeira vez com reações afirmativas, lá onde grupos até agora excluídos foram providos de direitos que uma maioria já dispunha, em todos esses casos se trata de uma expansão de relações de reconhecimento que promovem a emancipação.

O sr. sempre formulou sua teoria do reconhecimento tendo como referência a teoria crítica, de nomes como Horkheimer, Adorno, Marcuse e Habermas. Em um texto de 1982, o sr. escreveu: "Embora frequentemente declarada morta, a teoria crítica demonstra uma espantosa capacidade de sobrevivência". Em 2007, o sr. inicia seu inventário da teoria crítica com palavras que parecem ir na direção contrária: "Na mudança para o novo século, a teoria crítica parece ter se tornado uma figura de pensamento do passado". O que aconteceu nos últimos 25 anos para que sua avaliação tenha mudado tão drasticamente?

Tenho a impressão de que não existe em absoluto uma oposição entre essas duas passagens citadas por vocês. Na última citação eu pretendi mostrar, sobretudo, que as figuras de pensamento da primeira geração da teoria crítica, com a fusão de Hegel, Marx e Freud, hoje certamente envelheceram do ponto de vista teórico. Não podemos agir como se esse instrumental conceitual ainda pudesse ser utilizado atualmente sem qualquer modificação.

Por outro lado, porém, procurei mostrar na primeira citação que o interesse pela teoria crítica nunca foi abandonado, pois com tal postura crítica ainda vinculamos a esperança de uma análise dos males sociais a uma perspectiva emancipatória. Considerando juntamente as duas citações, podemos chegar à ideia de manter as fortes pretensões da velha teoria com meios teóricos modificados.

Recentemente, o sr. criticou a escassez de investigações críticas em torno de "um conceito emancipatório, humano de trabalho". E enfatizou que "uma parte crescente da população luta tão somente para ter acesso a alguma chance de uma ocupação capaz de assegurar a subsistência; outra parte executa atividades em condições precariamente protegidas e altamente desregulamentadas; uma terceira parte, por fim, experimenta no momento a rápida desprofissionalização e a terceirização de seus postos de trabalho, que anteriormente ainda tinham um status assegurado". O sr. vê contratendências a esses movimentos destrutivos? Ou um "trabalho dotado qualitativamente de sentido", como o sr. defende, é hoje apenas um ideal?

Essa é uma pergunta muito complexa, que pode ser respondida empiricamente ou a partir de uma teoria social. Se nos detemos nas investigações empíricas, então se nota que o desejo de uma melhora nas condições de trabalho nunca foi abandonado pelos próprios empregados. Esse interesse, embora seja negativamente perceptível na forma de recusas de trabalho e de manifestações de insatisfação, estende-se não apenas à garantia de um salário capaz de assegurar a subsistência, mas a uma melhora qualitativa da situação de trabalho, ou seja, à criação de atividades suficientemente complexas e que não causam danos psíquicos ou físicos.

Sob o ponto de vista da teoria social, creio poder mostrar que a aprovação de tais formas de trabalho "dotadas de sentido" está estruturada nos próprios princípios normativos do mercado capitalista: este promete aos empregados desde o início não apenas um salário adequado à manutenção da própria vida, mas também uma participação na reprodução social que seja abrangente e condizente com a divisão do trabalho.

A queda do muro de Berlim significou há 20 anos a bancarrota do socialismo de Estado. A atual crise econômica parece marcar o fim do neoliberalismo. Que balanço o sr. tiraria desse período? Na sua opinião, o presidente norte-americano Barack Obama representa o símbolo de um novo período?

Sim, eu estou otimista o suficiente para ver de fato em Obama algo como a forma histórica do impulso político por mudança -não apenas no que diz respeito à relação malograda e infeliz com o mundo islâmico, mas também com referência à necessidade de uma correção política da economia neoliberal.

Desde a publicação no Brasil de seu livro "Luta por Reconhecimento", em 2003, a recepção de seu trabalho tem passado em grande medida pela polêmica que o sr. travou com a teórica crítica norte-americana Nancy Fraser, que criticou sua posição dizendo que uma centralidade do conceito de reconhecimento acabaria por relegar a segundo plano as lutas por redistribuições materiais da riqueza. Que balanço o sr. faz dessa polêmica hoje?

Eu receio que as objeções de Nancy Fraser nunca modificaram realmente o meu modo de pensar. Além disso, estou convencido de que os conflitos por redistribuição representem formas implícitas de luta por reconhecimento porque, na demanda por uma maior participação no total da riqueza social, visam ao reconhecimento de um benefício que até então não foi adequadamente honrado nem tornado digno -quem insiste em aprofundar o vão entre os dois tipos de conflito social perde de vista a dimensão moral de todas as lutas por distribuição.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Honduras: El Congreso reclama a Micheletti que suprima el estado de sitio

Agencias

El domingo fue un día terrible en Honduras. El golpista Roberto Micheletti optó por quitarse la máscara y suspender de un plumazo cinco derechos fundamentales, decretar el estado de sitio, ordenar el cierre de las únicas emisoras de radio y televisión críticas, prohibir la entrada al país de una delegación de la OEA, repetir su amenaza contra Brasil por tener refugiado en su embajada al presidente Manuel Zelaya. Su rugido autoritario fue tan desaforado que terminó asustando a sus propias huestes. Por primera vez en tres meses, Micheletti fue corregido en público por el Congreso y por algunos de los líderes políticos que lo han venido apoyando hasta ahora. Así que no tuvo más remedio que frenar. "Estoy dispuesto", dijo, "a derogar el estado de sitio para no obstaculizar el proceso electoral".

La cuestión ahora es ver si, dentro de unas horas, Micheletti sigue con la intención de atemperar sus impulsos autoritarios. Porque sus declaraciones del lunes, en las que llegó a pedir disculpas a la población por haber decretado el estado de excepción, nada tienen que ver con las del día anterior. Si el domingo amenazó a Brasil con mano dura si no se deshacía de Zelaya, el lunes mandó un abrazo al pueblo brasileño y garantizó que "jamás" asaltará su embajada. Si el domingo expulsó a la delegación de la OEA, sólo 24 horas más tarde le hacía una invitación pública para que regrese a Tegucigalpa el próximo día 7 de octubre. Esta conducta bipolar, errática, terminó por hacer aflorar las divisiones que ya se venían produciendo entre los partidos que, el pasado día 28 de junio, lo nombraron presidente por aclamación tan sólo unas horas después de que un comando del Ejército sacara a punta de fusil a Zelaya del país.

Las divisiones llegan porque los líderes de los partidos con alguna aspiración a ganar las elecciones, previstas para el próximo 29 de noviembre, saben que la comunidad internacional jamás aceptará el resultado de unos comicios cuya campaña electoral se ha desarrollado bajo un estado de sitio. A este respecto, el candidato a presidente por el Partido Nacional, Porfirio Lobo, declaró -tras reunirse con sus diputados- que su partido es contrario a cualquier medida que atente contra la libertad de expresión de los ciudadanos. No hay que olvidar que entre los cinco derechos fundamentales suspendidos por Micheletti están nada más y nada menos que los de libertad de expresión y libre circulación.

De tal forma que Micheletti, tras recibir en su despacho al presidente del Congreso Nacional, José Ángel Saavedra, declaró para sorpresa de todos: "He escuchado al Congreso Nacional y estoy totalmente de acuerdo con el planteamiento de buscar el diálogo. Acepto el consejo, la orientación, la petición que ellos me están haciendo". Y a renglón seguido se comprometió a someter su decisión con todos los poderes del Estado: "Respetuosamente, voy a consultar con la Corte Suprema de Justicia, el Tribunal Supremo Electoral, incluso con los candidatos presidenciales para tener un diálogo importante y así tomar la decisión más importante: derogar ese decreto en el momento más oportuno, para que haya paz y tranquilidad".

La cuestión ahora es a quién se deben creer los hondureños. Al presidente golpista del domingo o al del lunes. Sobre todo teniendo en cuenta que, pese a su aparente cambio de discurso, la emisora Radio Globo y la estación de televisión Canal 36 siguen cerradas a cal y canto. Aunque Radio Globo ha burlado el cierre en las últimas horas gracias a su emisión por Internet.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Louçã: começou um novo dia para a esquerda portuguesa

Esquerda.net

O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, agradeceu aos mais de 550 mil portugueses que votaram no Bloco de Esquerda, numa altura em que já era certa a duplicação da bancada parlamentar do partido. "Não há memória de nenhum partido que tenha subido tanto em termos percentuais. O Bloco de Esquerda mostrou ser uma esquerda de alternativa e de resposta que derrotou a maioria absoluta.

Louçã recordou que o Bloco de Esquerda trouxe uma grande esperança ao país quando elegeu deputados em três distritos. "Mas agora elegemos em nove distritos, alguns deles onde antes a esquerda não tinha voz."

Virando-se para o futuro, Louçã anunciou três prioridades imediatas do Bloco. "A primeira é trazer protecção social aos desempregados a quem José Sócrates retirou o subsídio de desemprego. Uma esquerda mais forte terá mais capacidade de lutar para derrotar a precariedade e o Código do Trabalho", sublinhou.

A segunda prioridade é acabar com a actual avaliação dos professores. "O PS anda a cantar vitória apesar de ter perdido a maioria absoluta e tantos votos. Mas hoje Maria de Lurdes Rodrigues perdeu o seu lugar", disse, diante de aplausos entusiásticos. "Batemo-nos pela educação, assim continuaremos", afirmou Louçã.

A terceira prioridade apresentada pelo coordenador do Bloco foi a aprovação de um imposto sobre as grandes fortunas, para financiar a convergência das pensões com o salário mínimo, e a reforma integral ao fim de 40 anos de descontos.

Com o histórico reforço do Bloco, Louçã anunciou um novo dia para a esquerda portuguesa. "Nada será como dantes", sublinhou. "Estaremos na oposição diante das novas privatizações que se anunciam, como a dos aeroportos", prometeu Louçã.

Já na fase de respostas aos jornalistas, Louçã observou que o PS durante a campanha escolheu o Bloco como adversário, e o Bloco também escolheu como objectivo retirar a maioria absoluta a José Sócrates. "Já tinha dito, diante do colapso da campanha do PSD, que a disputa era entre a esquerda e a maioria absoluta", observou. "Ainda há dois dias, Vieira da Silva disse que o Bloco de Esquerda era 'roupa velha'. Quero ver o que ele diz agora", concluiu.

sábado, 26 de setembro de 2009

Portugal mira a la izquierda tras años de neoliberalismo


Martxelo Díaz
Gara

Tras cuatro años de Gobierno con mayoría absoluta del socialdemócrata PS de José Sócrates, Portugal acude este domingo a las urnas en medio de una profunda crisis económica y social. Las encuestas predicen que Sócrates no conseguirá la mayoría absoluta y que dos fuerzas de izquierda, el Bloco de Esquerda y la CDU, pueden ser determinantes.

Si las encuestas que se han realizado en Portugal no fallan, el lunes el país ibérico podría encontrarse con un escenario en el que José Sócrates precise de alianzas con otras formaciones para mantenerse en el poder. En principio, hay dos opciones. La primera es mirar hacia la izquierda, donde se sitúan el emergente Bloco de Esquerda -una formación que se inscribe en la izquierda anticapitalista de raíces trotskistas- y la CDU, una coalición formada por el Partido Comunista Portugués (PCP) y Os Verdes. La otra opción sería mirar hacia Alemania y tratar de llevar a Lisboa el modelo de Gran Coalición, uniéndose el PS y el derechista PSD con argumentos como que es necesaria la colaboración de los dos grandes partidos para superar la complicada situación. Esta segunda posibilidad es mucho más compleja para poder salir adelante que la unión con la izquierda.

El problema para Sócrates es que tanto el Bloco de Esquerda como la CDU llevan meses denunciando que el PS ha optado por políticas neoliberales y reclaman que en Portugal se apliquen verdaderas políticas de izquierdas. Así, el PCP recuerda en su programa que el Gobierno del PS alteró de forma restrictiva las reglas de acceso al subsidio de desempleo, reduciendo los fondos destinados a los parados en 400 millones de euros entre 2007 y 2009. El resultado es que actualmente, cerca de 300.000 parados (de un total de unos 625.000) no tienen cobertura.

Junto a ello, los comunistas destacan que durante el mandato de Sócrates se han incrementado las desigualdades sociales, que en Portugal alcanzan uno de los mayores niveles de la UE. «Se debe al mantenimiento de los bajos salarios, a las reformas introducidas y al beneficio creciente de los grandes poderes económicos, especialmente del sector financiero», destaca el PCP, que recuerda que mientras los trabajadores de la función pública perdieron un 3,4% de su salario real entre 2005 y 2008, las principales empresas energéticas lograron 7.236 millones de euros de beneficios y los bancos 9.548 millones de euros.

Las críticas del PCP a Sócrates, que coinciden con las que realiza el Bloco de Esquerda, se completan con la degradación del sector público mediante la privatización de servicios esenciales, al tiempo que se ha producido un aumento de la subordinación del poder político al económico y la entrega de importantes fondos públicos a las más poderosas empresas privadas.

Junto a ello, también destacan que el Gobierno de Sócrates ha introducido restricciones al derecho de manifestación y a las actividades sindicales y de comités de trabajadores, «al mismo tiempo que se prodigan las acciones de justificación del fascismo».

En definitiva, Bloco de Esquerda y CDU coinciden a la hora de señalar que el PS de Sócrates y su Gobierno con mayoría absoluta han llevado a cabo las mismas políticas que la derecha durante los mandatos de José Durão Barroso (2002-2004) o Pedro Santana Lopes (2004-2005). Así, el PCP recuerda que el PS y el PSD son defensores del Tratado de Lisboa y se negaron a que los portugueses pudieran votarlo en referéndum y señala que ambos actuaron unidos a la hora de destinar 24.000 millones de euros a la banca para hacer frente a la crisis. Junto a ello, destaca que el PS y el PSD escenifican una oposición mutua que no es real. De hecho, el PSD se opone ahora al TAV con el Estado español, pero lo apoyaba cuando estaba en el Gobierno. Recíprocamente, el PS rechazaba la modificación del Código del Trabajo impulsada por el Gobierno del PSD, pero realizó una similar al llegar al poder. Por tanto, el Bloco de Esquerda y la CDU exigirán a Sócrates un cambio real de política si quiere tener su apoyo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O Brasil e a crise política em Honduras

Carol Proner
Carta Maior

O Brasil vive um momento de respeitabilidade internacional sem precedentes e que tem contribuído para sedimentar novos consensos junto a organismos internacionais. Diante da imprevisibilidade com que atuam os golpistas em Honduras, a gestão da crise dependerá fundamentalmente da perícia diplomática brasileira e do cuidado técnico em não contribuir para o aprofundamento da violência militar.

A atual crise vivida por Honduras constitui um caso importante a ser estudado pelo direito internacional do nosso país. Primeiro porque se trata de um conflito que repercute mundialmente e que implica de modo amplo a América Latina e particular o Brasil. Também porque a análise requer a ponderação de diversos aspectos que incluem a legalidade do governo hondurenho e a aplicação de medidas e normas por uma autoridade que não é reconhecida internacionalmente como legítima e, ao mesmo tempo, um amplo espectro geopolítico que vem determinando as ações adotadas por outros países.

O Brasil atualmente está no centro da crise por haver recebido José Manuel Zelaya Rosales em sua Embaixada na condição de convidado por ser o presidente legítimo de Honduras. Zelaya não foi recebido na condição de asilado político, mas de Presidente legítimo. Essa condição de autoridade constitucional já havia sido confirmada por outros 192 países nas Nações Unidas que, por unanimidade, votaram uma resolução de repúdio ao Golpe de Estado exigindo a restauração imediata e incondicional do Presidente Zelaya. No âmbito interamericano a decisão unânime foi no sentido da suspensão de Honduras da Organização dos Estados Americanos com base na ruptura da ordem democrática e no fracasso de iniciativas diplomáticas (Carta Democrática Interamericana).

Outros Estados também adotaram medidas concretas como forma de pressionar o governo golpista a restabelecer a legitimidade. A Comissão Européia anunciou o congelamento de um fundo de ajuda orçamentária ao governo de Honduras e, após haver chamado para consultas todos os embaixadores de seus países-membros com representatividade no país, ratificou a suspensão das negociações de um acordo comercial com os países da América Central até que o presidente deposto retorne ao poder. França, Espanha e Itália tomaram medidas de repúdio ao golpe e o embaixador da Alemanha deixou o país.

A Espanha comunicou a expulsão do embaixador hondurenho em Madri depois de sua destituição pelo presidente Zelaya e destacando ser um ato de coerência com o compromisso da comunidade internacional de manter a interlocução oficial com o governo constitucional de Honduras. O Departamento de Estado norte-americano, embora pressionado por setores ultraconservadores, anunciou a suspensão da concessão de vistos não emergenciais a cidadãos hondurenhos e planejam cortar mais US$ 25 milhões em assistência caso Zelaya não seja restituído à Presidência.

O caso de Honduras já seria interessante pelo ineditismo de canalizar o amplo repúdio da comunidade internacional a golpes militares e a interrupções bruscas e ditatoriais da normalidade democrática. Mas outros elementos o fazem especialmente chamativo, como o posicionamento do Departamento de Estado norte-americano até o momento e a expectativa pelos gestos futuros, a mudança de postura da OEA que também responde a uma renovação trazida pelo governo de Obama e a coordenação latino-americana em torno de causas comuns.

O Brasil vive um momento de respeitabilidade internacional sem precedentes e que tem contribuído para sedimentar novos consensos junto a organismos internacionais, mas diante da imprevisibilidade com que atuam os golpistas, a gestão da crise dependerá fundamentalmente da perícia diplomática brasileira e do cuidado técnico em não contribuir para o aprofundamento da violência militar. Não há razões para suspeitar que o Itamaraty seja incapaz de enfrentar o ineditismo desse desafio, apesar da resposta covarde dos golpistas e dos saudosistas de regimes militares. Estes não apenas em Honduras.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Repudio unánime a la dictadura hondureña en la ONU

Agencias

Brasil, Chile, Uruguay y Argentina exigieron desde el palco la restitución inmediata de Zelaya e instaron a la comunidad internacional a tomar una postura más firme contra los golpistas. La ONU no reconocerá las elecciones.

La crisis política en Honduras resonó fuerte ayer en la tribuna de la Asamblea General de las Naciones Unidas en Nueva York. Los países latinoamericanos lideraron el reclamo: Brasil, Chile, Uruguay y Argentina exigieron desde el palco la restitución inmediata de Manuel Zelaya en la presidencia hondureña e instaron a la comunidad internacional que los escuchaba desde el auditorio a tomar una postura más firme para restablecer el orden democrático en el país centroamericano. Luiz Inácio Lula da Silva fue el primero. “La comunidad internacional exige que Zelaya regrese inmediatamente a la presidencia de su país”, afirmó el mandatario brasileño. “A menos que exista voluntad política, vamos a presenciar otros golpes como el que depuso al presidente constitucional de Honduras.” Además, Lula volvió a insistir con la inviolabilidad del territorio de su embajada en Tegucigalpa, donde se refugia, bajo sitio policial y militar, el derrocado gobernante hondureño.

“Todos los países deben permanecer alertas para asegurarse la inviolabilidad de la misión diplomática de Brasil en la capital de Honduras”, enfatizó Lula, para lo cual explicó que su gobierno convocó a una reunión especial del Consejo de Seguridad del organismo multilateral. Estados Unidos, como presidente temporario del Consejo, ya le dio su visto bueno a la iniciativa, con lo que el refugio de Zelaya tendría más probabilidades de quedar garantizado. “No tenemos detalles sobre cuándo exactamente se realizará la reunión, pero Estados Unidos lo está viendo y evalúa el tema de forma positiva”, precisó Ian Kelly, vocero del Departamento de Estado.

Michelle Bachelet, presidenta de Chile, reforzó a su turno el reclamo internacional por Honduras y reclamó una solución negociada al conflicto en el marco de la propuesta de mediación hecha por el mandatario costarricense Oscar Arias, que prevé, entre otros puntos, la reimplantación de Zelaya en su cargo, la formación de un gobierno de unidad nacional y una amnistía política generalizada. “Quiero reiterar nuestro llamado para que se acepte de inmediato el Acuerdo de San José impulsado por la Organización de Estados Americanos”, señaló la mandataria. “Honduras merece elecciones libres y democráticas, con el presidente constitucional conduciendo dicho proceso”, remarcó Bachelet.

Uruguay no se quedó atrás y también alzó su voz en consonancia con sus vecinos sudamericanos. “Como americanos, sentimos el deber ético y la responsabilidad política de reiterar en este foro mundial que rechazamos la ruptura de la institucionalidad en la hermana república de Honduras y reclamamos el inmediato restablecimiento del orden constitucional con la reinstalación de Manuel Zelaya en su cargo de presidente de la República”, subrayó el presidente Tabaré Vázquez durante su intervención.

La presión diplomática internacional sobre la dictadura de Tegucigalpa no sólo provino bajo forma de discursos en la Asamblea General. La ONU anunció ayer que no validaría la carta fundamental para salir de la crisis a la que apuesta el régimen de facto: según un comunicado emitido ayer por la organización, “las condiciones no están dadas para la realización de unas elecciones libres y transparentes” y, en consecuencia, “se decidió el retiro de todo el personal y equipo técnico de asistencia electoral”.

Asimismo, tanto la Unión Europea (UE) como la OEA anunciaron ayer que volvían a enviar a sus embajadores a Tegucigalpa, accediendo de ese modo a una solicitud hecha por el propio Zelaya para que la comunidad internacional se haga presente sobre el terreno con el fin de apoyarlo.

Pero si tanto la ONU como la UE y la OEA ven con preocupación creciente el clima de represión desatado por el gobierno de facto, la visión no es la misma al interior del establishment financiero estadounidense. Ayer, el diario neoyorquino The Wall Street Journal estimó, en un editorial titulado “The Honduras mess” (El lío hondureño), que, “ahora que ha vuelto a Honduras, la mejor solución para evitar la violencia es que Estados Unidos inste a Zelaya a que se entregue para que lo detengan y lo juzguen”.

“No dejen solo al pueblo hondureño”, pidió ayer Zelaya desde su refugio en la embajada brasileña.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Honduras: Los golpistas redoblan la represión

María Laura Carpineta
Página 12

Según denunciaron organizaciones de derechos humanos, ayer tres personas murieron –dos adultos y una niña de ocho años–, más de 300 fueron detenidas y al menos 35 se recuperaban en el hospital. Preocupación por la situación humanitaria.

Manuel Zelaya exigió ayer diálogo y la dictadura hondureña le respondió con más violencia. La represión provocó el repudio generalizado de los presidentes del mundo reunidos en Nueva York y una condena contundente de parte de Brasil y Estados Unidos. Menos de un día después de conseguir refugio en la embajada brasileña, una columna de soldados llegó para recuperar el control, al menos de la calle. Lanzaron todo lo que tenían –balas de plomo, gases lacrimógenos y bastonazos– contra los zelayistas que aún celebraban y abrazaban la nueva morada del presidente derrocado. Por un momento, Zelaya y su anfitrión, el gobierno de Luiz Inácio Lula da Silva, creyeron que los golpistas se meterían y volverían a sacar esposado al mandatario depuesto. Desde Nueva York, Lula no disimuló su desconfianza. “Nosotros esperamos que los golpistas no entren en la embajada”, advirtió el mandatario brasileño.

El caos y el terror fueron tales a la madrugada que cientos de personas intentaron trepar el muro de cinco metros que bordea la embajada brasileña para escapar de los gases y las balas; por lo menos 260 lo lograron. Adentro, el olor de las bombas de gas lacrimógeno borró las sonrisas de la familia de Zelaya y sus amigos más íntimos, que habían pasado la noche creyendo que el final de la dictadura estaba cerca. Según una organización de derechos humanos, ayer tres personas murieron –dos adultos y una niña de ocho años–, más de 300 fueron detenidas y al menos 35 se recuperaban en el hospital.

Al caer la noche en Tegucigalpa, la preocupación crecía dentro de la embajada brasileña y los alrededores. Durante horas, dirigentes de derechos humanos, como Bertha Oliva, presidenta del Comité de Familiares de Detenidos y Desaparecidos en Honduras, intentaron convencer a los militares para que los dejaran pasar con comida y agua. Les mostraron las bolsas a los soldados, pero la respuesta fue siempre la misma: “Aquí no pasa nadie”. El lugar estaba totalmente rodeado; no había manera de entrar y alcanzarles ayuda a las 313 personas refugiadas en la embajada brasileña. La noche anterior la dictadura les había cortado la luz y el agua a Zelaya y su gente y ayer, con el aluvión de los simpatizantes que huyeron de la represión, la situación se volvía crítica. Al cierre de esta edición, el gobierno de facto informó que un contingente de la ONU había logrado ingresar alimentos y agua en la embajada brasileña.

La preocupación por la situación humanitaria se sumaba al clima de miedo. Los rumores sobre un allanamiento a la embajada brasileña crecían con las horas entre los zelayistas y los medios locales afines a la resistencia popular. Desde el gobierno de facto se negó reiteradas veces, pero igual Zelaya les pidió a su hija (embarazada de ocho meses), su madre, su suegra y su nieta que se fueran. Los principales líderes de la resistencia, que habían corrido a la sede diplomática el lunes, no bien se enteraron de la llegada del presidente derrocado también saltaron el muro ayer por la tarde y escaparon en medio del toque de queda. Ayer al atardecer, los golpistas, por presión de la embajada norteamericana en Tegucigalpa, permitieron la salida de la mayoría de los 260 zelayistas que se resguardaron en la embajada brasileña tras la represión de la mañana. Veinticuatro horas después de su vuelta al país, los medios hondureños adictos a la dictadura mostraban una foto de Zelaya cansado y solo.

“No sólo es con el presidente. Nos están tratando a todos como criminales”, se quejó Oliva, después de rebotar en el quinto retén militar. Fue un día largo para ella. Comenzó recorriendo los hospitales y los barrios periféricos a la mañana y a la tarde se puso al frente de la misión de brindar ayuda humanitaria a Zelaya y su entorno.

“Lo que vimos es de un salvajismo total. Una niña de ocho años con el brazo quebrado y dirigentes sindicales con la cabeza abierta en el hospital, y al estadio en Villa Olímpica (un barrio en las afueras) lo convirtieron centro de detención. Vimos a más de 150 personas detenidas, sin orden del juez o acusación”, relató la defensora de derechos humanos. También denunció que la policía allanó decenas de casas en la capital y sacó a la rastra a maestros y dirigentes sindicales, que participaron de las manifestaciones y huelgas en reclamo por la vuelta de Zelaya.

Desde adentro de la embajada brasileña, Zelaya llamó a mantener la calma para no dejar morir la resistencia democrática. “Este pueblo tiene que ponerse de pie para exigir el diálogo”, reclamó, con voz cansada, en diálogo telefónico con la cadena Telesur. Para el diputado liberal y amigo de Zelaya Javier Hall, el presidente legítimo está decidido a no abandonar su plan original.

“Mel contaba con que hoy íbamos a contar con medio millón de personas y que ése sería un mensaje suficientemente poderoso para abrir un diálogo con los golpistas”, le dijo a este diario el dirigente liberal, tras dejar la embajada brasileña ayer por la tarde. “No voy a mentir y decir que no nos preocupamos cuando nos despertamos con el olor de las bombas lacrimógenas. Pero Mel siempre mantuvo su ánimo y nos pidió que confiáramos en Dios”, agregó.

Hall contó que dejó la embajada porque su esposa está enferma y no la quería dejar sola dos días. En realidad, admitió, porque cree que la situación no se va a solucionar tan pronto. “Conozco a Micheletti hace más de 60 años –mis padres fueron los padrinos de su primer matrimonio y crecimos juntos– y sé que hay sólo dos formas de que ceda: pierde el completo apoyo de los empresarios y las fuerzas armadas o lo sacan por la fuerza”, pronosticó. Después de casi tres meses de dictadura, la primera opción le parece cada día más improbable; la segunda, le da miedo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Obama no logra reabrir el diálogo en Oriente Próximo

Antonio Caño
El País

Pese a todo el esfuerzo puesto en esta tarea, Barack Obama sólo consiguió este martes la foto del primer encuentro entre el jefe del Gobierno israelí, Benjamin Netanyahu, y el presidente de la Autoridad Palestina, Mahmud Abbas. Eso y un sentido de urgencia para que todos hagan concesiones de inmediato si no se quiere perder una oportunidad única de paz. Poco más.

Las posiciones entre ambos bandos parecen todavía irreconciliables, y Obama, que intenta hacer del conflicto palestino israelí la piedra angular de su estrategia hacia Oriente Próximo y el mundo islámico, se estrella por ahora contra el mismo muro con el que han chocado antes muchos presidentes norteamericanos.

"Las negociaciones sobre un estatuto permanente tienen que empezar y empezar pronto. Resulta crítico para todos resolver este problema", recordó Obama al comienzo de su reunión con Netanyahu y Abbas, a quienes pidió más "flexibilidad, sentido común y capacidad de compromiso" para progresar, tres cualidades que crecen en dosis muy escasas en esa región del mundo.

Cortésmente, Obama agradeció el esfuerzo hecho hasta ahora, pero advirtió que es necesario hacer mucho más. El enviado especial norteamericano para este conflicto, el veterano ex senador George Mitchell, se reunirá de nuevo con ambas partes la próxima semana. Y, hacia mediados de octubre, el presidente espera recibir de su secretaria de Estado, Hillary Clinton, un informe sobre el comienzo formal de las negociaciones. Algo así como un plazo marcado por Washington.

Para llegar a ese punto, Israel tiene antes que detener la instalación de asentamientos. Los responsables norteamericanos confían en las garantías ofrecidas por los israelíes en privado de que van a poner fin a esas construcciones, pero Netanyahu se resiste a hacer ese compromiso público. "Es hora de que traduzcan sus promesas en palabras", pidió Obama a los gobernantes israelíes.

Netanyahu, cuya estabilidad depende de un pacto de Gobierno con los halcones de la política israelí, está tratando de vincular la paralización de los asentamientos con un compromiso de seguridad de parte de los dirigentes palestinos y con algunos pasos de parte de los gobiernos árabes hacia el reconocimiento de Israel.

Los palestinos y los árabes consideran que Israel debe parar los asentamientos sin condiciones y antes del inicio de cualquier diálogo. La Administración de Barack Obama está, en realidad, más cerca de esta segunda posición, y lo cierto es que Obama está presionando a Netanyahu hasta el límite de la enemistad. Pero también quiere que los palestinos y los árabes den, a su vez, pasos, que no se queden parados a la espera de la decisión israelí.

En fin, las disputas eternas del conflicto de siempre. Lo más graves para Obama es que, esta vez, él ha depositado en la solución del enfrentamiento palestino-israelí muchas de sus esperanzas para el arreglo con Irán y la lucha contra el extremismo islámico. Mientras esa crisis subsista -peor aún, si se agudiza como resultado de la falta de diálogo-, el radicalismo encontrará excusas para su actuación y el prestigio adquirido por Obama en su célebre discurso de El Cairo se irá difuminando irreversiblemente.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Honduras: Golpista Micheletti exige que le entreguen a Zelaya

Agencias

El mandatario de facto de Honduras, Roberto Micheletti, pidió hoy a Brasil que entregue al presidente constitucional depuesto Manuel Zelaya, refugiado en la embajada de ese país en Tegucigalpa, a las autoridades competentes. "Los ojos de mundo están puestos sobre Brasil y sobre Honduras", dijo Micheletti.

El gobernante de facto subrayó que el gobierno que encabeza respetó el estatuto internacional de Brasil en Honduras, pese a que ese país "no reconoce el gobierno constitucional de Honduras" que rige desde el golpe de estado del 28 de junio. "No queda claro porque ha regresado a Honduras el señor Zelaya", dijo Micheletti, quien opinó que el presidente depuesto lo hizo "para continuar obstaculizando nuestras elecciones el proximo 29 de noviembre". "Pero, añadió, su presencia en el país no cambia el compromiso de todos los hondureños con el proceso electoral, que culminará con las elecciones presidenciales del 29 de noviembre".

El régimen de facto declaró que la embajada de Brasil, donde se encuentra refugiado Zelaya, viola el derecho internacional al permitir que desde allí se hagan "llamados a la insurrección". "Resulta inaceptable para el Gobierno de la República la conducta de tolerancia al permitir que desde su sede se formulen llamados públicos a la insurrección y la movilización política de parte del señor José Manuel Zelaya Rosales, prófugo de la justicia hondureña", indicó una nota de protesta de la Secretaría de Relaciones Exteriores enviada a la representación de Brasil. Según la Cancillería, "tal injerencia en los asuntos privativos de los hondureños resulta condenable y por tal motivo se protesta la misma de manera enérgica, lo que constituye una flagrante violación del derecho internacional".

"La tolerancia y la provocación que se realiza desde los locales de esa representación de Brasil, son contrarias a las normas del derecho diplomático y convierte a la misma y a su Gobierno en responsables directos de los actos violentos que se puedan suscitar dentro y fuera de la ella", añadió. La nota señaló que el "Estado de Honduras procederá, como una medida de prevención, a brindar la seguridad a las personas y los bienes que permanecen en esos locales".

Miles de hondureños, en desafío al toque de queda establecido por el régimen de facto, se mantienen frente a las instalaciones de la embajada de Brasil, en apoyo a Zelaya. En tanto, el Consejo Permanente de la OEA respaldó por unanimidad el restablecimiento del gobierno de Zelaya en Honduras y pidió garantías para el presidente democrático. La instancia aprobó un comunicado que "exhorta a la firma inmediata del Acuerdo de San José" que impone el inmediato retorno de Zelaya a la presidencia.

La resolución también reiteró el respaldo al secretario general de la OEA, el chileno José Miguel Insulza, en sus negociaciones de paz. El “panzer” confirmó también que viajará mañana a Tegucigalpa y que "hasta el momento" no recibió ninguna orden en contrario del gobierno de facto de Honduras.

Zelaya en Honduras: Insulza llama a la calma

Agencias

Un llamado a la calma formuló el secretario general de la Organización de Estados Americanos (OEA), el chileno José Miguel Insulza, tras el sorpresivo retorno a Tegucigalpa del Presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, que se encuentra en la Embajada de Brasil, confirmó el líder de la OEA, pese a que la permanencia del Mandatario legítimo en la capital hondureña había sido negada en primera instancia por el gobernante de facto Roberto Micheletti.

En su declaración, Insulza transmitió “un llamado a la calma a los actores involucrados en este proceso, y señalar a las autoridades del gobierno de facto que deben hacerse responsables de la seguridad del presidente Zelaya y de la Embajada de Brasil.”

El llamado de Insulza se produce luego que Micheletti insistió en que si Zelaya ingresa al país será capturado y llevado a los tribunales de justicia para que responda por varios juicios de corrupción y abuso de poder.

A la amenaza de Micheletti, se suma otro elemento que podría crispar el clima en Honduras: la movilización de los seguidores de Zelaya en las calles. De hecho, en sus primeras declaraciones, el depuesto Presidente hondureño exhortó a sus seguidores acudir hasta la legación diplomática para protegerlo. Y desde que se conoció que el gobernante se encuentra en la sede de la Embajada de Brasil, y no en la ONU como se dijo al inicio, miles de personas recorrieron el kilómetro que separa a ambos edificios para saludar al retornado gobernante.

Organizaciones sociales, además, anunciaron que se reunirán en San Pedro Sula para marchar hacia Tegucigalpa, donde prevén llegar el miércoles, dijo la dirigenta Onelia Ramírez, con “un millón de personas". "Estamos movilizándonos, hemos tenidos una asamblea con los ocho departamentos noroccidentales del país, todos nos movilizaremos para movernos juntos y evitar que nos repriman en la carretera, camino a Tegucigalpa”, dijo Ramírez.

Zelaya logró volver a su país, luego de dos intentos frustrados, y a 86 días de su expulsión. En la primera, el 5 de julio, intentó aterrizar en Tegucigalpa en un avión del Gobierno venezolano procedente de Washington, pero se lo impidieron los militares, que obstaculizaron la pista de aterrizaje en medio de una gran manifestación en favor de Zelaya.

En la segunda, el 24 de julio, por tierra desde Nicaragua a través del puesto fronterizo de Las Manos, tras permanecer dos horas en la zona neutral, regresó ante la presencia de contingentes militares en el lado hondureño con la orden de detenerle. "Yo vengo a cumplir el mandato para el cual el pueblo me escogió", dijo Zelaya en sus primeras declaraciones.

domingo, 20 de setembro de 2009

Humberto Maturana: “Chile está viviendo con mucha agresividad’’


Giglia Vaccani
La Nación

Para el Premio Nacional de Ciencias y Nobel alternativo de Medicina, el casi bicentenario patrio está sorprendiendo a un chileno poco amoroso, competitivo, sin capacidad de reflexionar y nada de receptivo con los otros, es decir, más cercano de la tesis darwiniana de la “selección natural” que de la suya propia: “la deriva natural”. Pero él, cariñoso, nos entrega algunas herramientas para revertir la tendencia.

Humberto Maturana (71), el biólogo y epistemólogo chileno más leído del mundo, pasará estas Fiestas Patrias bien alejado de las ramadas, las empanadas y la chicha. No lo hará por que reniegue, sino porque estará dictando su afamado taller “Otro cambio” en el marco de otra celebración, como son los 300 años de la fundación de la ciudad de Medellín, en Colombia, y donde su teoría del amor, la cooperación y el dialogar causan un interés que en Chile, por ahora, no se ha despertado.

-Profesor, ¿podemos considerar su tesis de la autopoiesis parte del patrimonio de estos 200 años?

-El tema de la autopoiesis es chileno, picunche, mapuche. Eso y la matriz biológica cultural son patrimonios intangibles.

-¿Fue o no un concepto inspirado en la observación de los chilenos?

-Absolutamente. Yo era ayudante en la clase de Biología de la Facultad de Medicina de la Universidad de Chile, entonces en mi trabajo de investigación, neurofisiológico y en mi docencia, yo desarrollé el concepto.

-Entremos al asunto. ¿Cómo ve al Chile de hoy, éste del bicentenario?

-(Silencio). Me atrevería a decir que en Chile estamos viviendo un momento histórico de mucha agresividad. Estamos muy centrados en la crítica, en la descalificación, en oponernos los unos a los otros. Estamos muy limitados en nuestra disposición a colaborar. Y el colaborar no se hace entre especialistas, entre los dueños de la verdad, entre relaciones de autoridad, sino en el mutuo respeto. La colaboración se hace cuando uno está dispuesto a escuchar al otro, sin prejuicios, sin exigencias. Uno también puede decir lo que piensa, y ser escuchado, sin generar tensión. Se puede hacer desde el entendimiento y, eso, es el amar.

-Esta falta de amor en que estamos los chilenos, ¿será parte de un proceso que obligadamente nos hará más amorosos?

-Diría que no porque lo natural es que seamos seres amorosos. Nacemos amorosos. El recién nacido está entregado a ser acogido, cuidado, a estar en la confianza con la mamá. Así nacemos usted, yo, (Eduardo) Frei, Sebastián Piñera, (Marco Enríquez) Ominami, la Presidenta (Michelle) Bachelet, el mendigo que está allá afuera o el bandido… todos. Y en este proceso, de crecer, esa confianza básica se ve traicionada con exigencias, expectativas, juicios, mandatos, se va encontrando restringido en el no ser visto.

-¿Entonces nuestra democracia está enviando señales de auxilio para ser más escuchada?

-Es parte del problema de los chilenos: hemos dejado de ser vistos, de vernos, porque estamos exigiéndonos unos a otros. La democracia se constituye cuando ocurre como un espacio fundado en el respeto, en la apertura, a la conversación, en hacer juntos en la colaboración. La democracia es un espacio de convivencia amorosa que surge intencionalmente porque uno quiere vivir así, allí uno es persona, no competidor; uno es un miembro de una comunidad, no un delincuente o teórico, allí uno puede generar conversación para tener un espacio de colaboración.

-Pero el Chile productivo de hoy obliga a salir a competir, a generar recursos, ¿cómo se hace entonces?

-La exigencia, lo que trae consigo es una ceguera. Por ejemplo, si yo le exijo a una persona que se comporte de una determinada manera no la veo. ¿Por qué tengo que exigirle?

-Porque lo que demanda este país para crecer es un sistema productivo a toda máquina...

-Claro, ese es el tema, que en tanto somos un sistema productivo, pensamos que lo que da orden, calidad al trabajo, es la exigencia. Y no es cierto, porque es la conciencia y la responsabilidad de que uno está haciendo bien las cosas. Uno va a ser serio y responsable en lo que hace en la medida que se siente bien en lo que hace, que se siente respetado, con posibilidad de reflexionar en un ánimo de cooperación. Fíjese que la democracia es el único espacio que se vive, en que uno es persona legítima, sin supuesto ni exigencias.

-¿La apatía de los jóvenes chilenos a votar es consecuencia de esta violencia nacional?

-La idea esa de que todos tenemos derecho a voto, en el fondo, lo que quiere destacar es que somos personas. No somos iguales pero somos equivalentes y, por lo tanto, nos podemos tratar con respeto. Lo que uno espera, cuando va a votar, es que en esa fila de votantes, los participantes de ese acto cívico, democrático, se comporten sin peleas ni exigencias… Si uno escucha hoy el tema de la elección, se plantea como una lucha electoral. Estamos luchando por ser distintos, estamos compitiendo por ser elegidos, y qué hacemos con ellos, los negamos. Nos atacamos, nos desvalorizamos, en vez de decir que lo que debemos hacer es de tal o cual naturaleza. Y en la medida en que salga elegido, voy a procurar hacer esto con toda la comunidad chilena, como una tarea para todos nosotros.

-¿Por eso la Presidenta Michelle Bachelet tiene tanta adhesión?

-Exactamente. Si no somos prejuiciosos con respecto a EEUU, lo que está haciendo el Presidente Barack Obama resulta bien interesante. Él presenta lo que hace como algo que debe convocar a todos. No a este u otro partido. No está ciego a las cosas que le preocupa a esa otra parte, sino que procurando armar espacios de colaboración.

-¿Y ve a algún candidato presidencial en esa parada hoy en día?

-No. Creo que en sus corazoncitos algunos lo piensan, pero si yo, honestamente, quiero ser un Presidente de este país, y quiero ser elegido democráticamente, sé que mi gobierno va a acoger las preocupaciones del otro grupo, no puedo pensar ah!!!, ahora sí que voy a abrir la lucha política con los otros. Quién gana, debe saber cuáles son los equilibrios para que, al ejercer, lo haga de una manera creativa, en la colaboración.

-Y la familia chilena, ¿está colaborando con ella misma?

-Pienso que no, porque hoy hay que luchar por la vida. La familia está confundiendo la diversidad, que permite la elección, con la competencia.

-Está difícil la vida familiar en este país…

-No. A usted le hacen pensar que así funciona. Las personas funcionan según las teorías que tienen. Si yo pienso que estoy compitiendo, negaré al otro.

-El Metro podría ser el mejor ejemplo nacional de esa competencia…

-Claro, subirse primero al Metro sin importarle qué le pasa al otro... pero también lo es vender mucho para que el otro quiebre, convertirme en el más grande para hacer a otros más chicos.

-¿Podría darnos a los chilenos alguna técnica para ser más amables?

-Diría que no es una técnica, pero sí un procedimiento: reflexionar. Hay que preguntarse: ¿me gusta vivir como estoy viviendo? ¿Qué estoy haciendo yo que estamos viviendo de esta manera?, si yo me doy cuenta que lo que estoy haciendo da como resultado la competencia, entonces me doy cuenta que soy yo el que tiene que cambiar. ¿Y de dónde lo voy a cambiar?, desde mi responsabilidad. Si soy una persona inteligente, capaz de escuchar a otro, si quiero hacerlo, debo reflexionar desde los fundamentos de lo que hago y quiero…

-¿Vale también si es otro el que me exige reflexionar?

-Cuando yo no estoy dispuesto a dialogar conmigo mismo, de las cosas que hago, quiere decir que no me tengo respeto. No tengo confianza en mí, tengo miedo a encontrar que las cosas que estoy haciendo no están bien hechas. Pero si tengo confianza, reflexiono.

-¿Y qué pasa con la arrogancia del chileno?

-La arrogancia es la falta de respeto por sí mismo. A veces uno está confiado en pensar que está haciendo las cosas bien pero no resultan como uno espera, entonces uno se puede preguntar por qué no resultan…

-Porque hay una selección natural, ¿puede ser?

-Fíjese que la deriva natural, a diferencia de la selección natural, abre el espacio de la colaboración porque se basa en el bienestar del vivir. La noción de la selección natural, en cambio, está basada en el competir. Por eso es tan importante destacar la competencia en la comunidad. Las consecuencias de ambas tendencias son totalmente distintas. Vi en televisión dos películas muy interesantes de Hitler: sus primeros períodos y su final. Si uno escucha bien, allí está todo el discurso de que los inferiores deben ser eliminados. Es el fundamento de la selección natural. No es el pensamiento de Darwin, sino aquello que el neodarwinismo valida. El que discrimina, considera al otro inferior.

-En ese sentido, ¿el aumento de grupos ecologistas, naturistas o vegetarianos en Chile podría ser muestra de que hay una tendencia a la deriva natural?

-No es que le pidamos a Dios espacio de colaboración en circunstancias en que, querámoslo o no, los seres vivos vivimos comiéndonos seres vivos, salvo las plantas. Si uno está comiendo un pedazo de carne, no es una agresión contra la vaca, sino parte de nuestra historia y lo podemos vivir de manera completamente distinta si estamos centrados en la competencia, en el ganar. El león no es un depredador, es un carnívoro.

-¿Cómo deberíamos celebrar estos 200 años de convivencia nacional?

-Los vamos a vivir según lo que creamos que evoca. Pero yo quiero celebrarlo de acuerdo a lo que la Canción Nacional nos invita: la Canción Nacional tiene un aspecto ecológico, cultural, sociológico de unidad. El estribillo dice: “qué o la tumba serás de los libres, o el asilo contra la opresión”... Esas dos frases son muy potentes. La tumba está planteada desde la guerra, pero los libres desde la paz… Si tú no eres libre, no vas a estar bien en tu tumba, vas a morir acongojado, o sea, el asilo contra la opresión... en el fondo, es un llamado a un convivir democrático.

-Al menos tenemos juegos nacionales que son bien poco competitivos, como el tejo y el volantín.

-Pero cuando se usa el hilo curado, sí, porque hay que botar al otro. En la competencia lo que guía es la calidad del otro, porque estoy compitiendo, pero no hago lo que corresponde o lo que haría desde mi propia creatividad, entonces, incluso, es negativo desde el punto de vista de la dignidad de uno.

-¿Alguna receta para sobrevivir otros 200 años como nación?

-La energía tiene que fluir para que pase algo. Uno ve energía sólo si hay flujo de haceres, de modo que cuando uno acumula energía, uno acumula riqueza, uno detiene el flujo del hacer y genera pobreza. Si uno no es amoroso, detiene también ese flujo… Las personas quieren trabajar, ser dignas. La limosna no entrega dignidad. Lo que entrega dignidad es la oportunidad de hacer algo que tenga sentido para uno, para sostener su vivir y su familia, fluidamente, desde luego. Por eso decimos que el dinero es energía, como la gasolina al auto…

sábado, 19 de setembro de 2009

Elza, a garota que o Partido matou


Ana Amélia M. C. Melo
Gramsci e o Brasil

A tentativa revolucionária de 1935 tem merecido a atenção da produção historiográfica brasileira recente, como um dos eventos mais importantes para a compreensão do acerbado anticomunismo do período, seja como política do Estado varguista, seja como uma ideologia conservadora. Em alguns casos esta revisão tem demonstrado tratar-se, o anticomunismo, de uma questão muito mais complexa do que a mera conspiração imperialista ou demonstração de irracionalismo [1]. O conhecido caso da garota Elza surge neste contexto de revisão como algo emblemático.

Arrefecidas as disputas explicitamente ideológicas em torno da história do comunismo no Brasil nos anos 1930 e 1940, é possível observar e analisar criticamente o caso do assassinato de Elvira Cupello, conhecida como Elza Fernandes, em 1936, com a idade de 16 anos. Presa junto com outros companheiros após a “Intentona Comunista”, ela seria logo em seguida solta pela polícia por ser considerada inocente. Após a soltura rápida, Elza seria alvo da desconfiança dos demais companheiros. A desconfiança chega ao ponto de decidirem escondê-la em uma casa distante no subúrbio carioca do que então se chamava Ricardo de Albuquerque. Durante esse período em que se mantém sob estrita vigilância dos companheiros, é interrogada insistentemente. Apenas uma semana após sua libertação, já se falava em “medidas extremas”. Em meados de fevereiro os companheiros começam a ter dúvidas sobre a necessidade da execução. No entanto, as palavras finais de Prestes incitam e definem a sentença. Elvira é executada e enterrada no quintal da casa. O corpo é encontrado em 1940.

No seu romance, Rodrigues consegue sobrepor história e ficção de maneira inteligente. A história do levante militar liderado por Prestes e a morte de Elza são contadas a um jovem jornalista por um dos personagens do livro, um velho senhor que vivera as fortes experiências dessa geração de comunistas. Sua fórmula literária joga com o leitor ao usar recursos do estilo ficcional, mesclados com o jornalístico, para contar um fato histórico recheado de documentação. O resultado é uma emocionada e impactante história dessa desconhecida jovem, cuja morte “não oferece possibilidade de redenção”.

A cuidadosa narrativa de Sérgio Rodrigues é uma ficção bem engendrada a partir deste caso historicamente comprovado; portanto, não tem o propósito nem segue os procedimentos metodológicos necessários da pesquisa histórica, o que, entretanto, não lhe retira valor.

Precisamente, o livro do jornalista Sérgio Rodrigues desvela ainda a necessidade de um estudo historiográfico rigoroso que busque, no esquadrinhamento das fontes, uma aproximação aos fatos reais, compreendendo-os no âmbito dos temores, valores e disputas políticas da época, sem que com isso se justifique o injustificável, que foi este assassinato. Nossa historiografia carece de um estudo deste processo judicial que chocou a sociedade e que foi muito manipulado.

Em outra clave, o texto de Rodrigues busca retomar esta estarrecedora história. Entremeando o acontecimento com a descrição jornalística e uma história ficcional que conduz o relato, ele logra assombrar os leitores numa narrativa bem elaborada, mantendo o cuidado em distinguir o fato histórico de sua criação como escritor. Se esta penosa história da jovem amante de Miranda, na época secretário-geral do PCB, já era conhecida, o livro de Sérgio Rodrigues nos deixa uma desconfortável sensação diante do que se chamou, equivocadamente, de “erro político”. Qualificar isto como um ato político significaria, lembrando Hannah Arendt, desprover a política de suas bases.

Na esfera da política, o requisito é, inversamente e sobremaneira, a persuasão discursiva afirmada sobre as bases da pluralidade. É nesse mundo, no qual todos são livres e “iguais”, que se instaura a política, a ação genuinamente humana. Com a ação e com a palavra, o homem torna-se capaz de exprimir essa diferença. Parafraseando Arendt, só com atos e palavras é que podemos nos inserir no mundo, como um segundo nascimento com o qual afirmamos nosso singular aparecimento neste mesmo mundo [2]. Esta qualidade suprema da política deve ser sempre lembrada. O caso Elza contradiz isto que deveria ser nosso horizonte utópico. A lógica da desconfiança, do terror e da violência toma o lugar da palavra, tornando-se parte também da prática daqueles que deveriam representar as tendências mais politicamente progressistas da sociedade.

Notas
[1] Faço referência aqui ao livro do historiador Rodrigo Patto Sá Motta. Em guarda contra o perigo vermelho. São Paulo: Perspectiva, 2002.
[2] Arendt, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 189.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Camilleri: "Espero que sean los ciudadanos los que acaben con Berlusconi"

M. Mora
El País

Con sus inseparables pitillos, y su joven ayudante Annalisa dándole café con mucha azúcar, el escritor siciliano Andrea Camilleri mantiene a los 84 años una rapidez mental y una memoria envidiables. Ahí está la rabia, su vieja rabia comunista, que él sigue reivindicando como antídoto moral para su país, esta Italia que pese a todo vota y admira a Silvio Berlusconi, y que, afirma, "ama al bufón delirante porque refleja lo peor de cada uno y suscita esa envidia que todo italiano siente hacia las motocicletas que no cumplen ni una regla del código". En esta entrevista, realizada ayer en su casa, el maestro de la novela negra dibuja la oscuridad del panorama político italiano. La entrevista es de M. Mora.

Toda Europa habla de Berlusconi, los italianos callan.

Es inquietante ese silencio. Llevamos tiempo en la fase de suplencia. La política ha sido sustituida por la magistratura, y con la oposición pasa lo mismo: como no está, la han sustituido dos periódicos (La Repubblica y L'Unità) y un canal de televisión (RAI 3). Todos los demás callan. Así que habla la prensa extranjera, que ha suplido a la nuestra en esta fase de emergencia de nuestra democracia.

¿Realmente es una emergencia?

Claro que lo es. Antes Italia era solo una anomalía, ahora no hay pesos y contrapesos, cuerpos y anticuerpos, la enfermedad Berlusconi se ha extendido y no encuentra resistencias. Estamos enfermos mental, política, económicamente y sobre todo en cuanto a las costumbres: domina la inmoralidad.

Algunos dicen que se ha cumplido el plan de la logia P2...

No ha tenido éxito del todo, pero sí en gran parte. Las ideas de sus fundadores sobreviven en el hombre que conquistó el poder. Es una clonación, pero el ADN es común. La organización fue desmantelada, las ideas están vigentes.

¿Cree que el Partido Democrático es una alternativa real?

Nunca quise adherirme, es un monstruo de dos cabezas. Es bonito que haya pluralidad de voces en un partido, pero cuando los fines son comunes. Aquí tenemos a los ex comunistas del PCI con el Opus Dei. Una convivencia difícil. La reunión de estos días entre Rutelli (PD) y Fini (PDL) confirma, creo yo, el final del PD. Los ex democristianos quieren huir. Y en el otro campo, Fini quiere abandonar a Berlusconi. La mayonesa se cortó.

¿Así que la esperanza es... exiliarse con Obama?

Lo malo es que igual cuando llegas ya se lo han cargado. Tiene la gran desventaja de ser negro: lo pueden asesinar fácilmente. Y no bromeo.

¿Por qué se dice que no hay prensa libre en Italia? Según Berlusconi, la RAI es la única televisión pública que critica al Gobierno.

R. Berlusconi dice que él no es un dictador porque los dictadores censuran y cierran los periódicos. Él no los cierra porque no puede. Pero censura. Hace años echó a varios periodistas de la RAI, hace poco dijo que Paolo Mieli (Il Sole 24 Ore) y Giulio Anselmi (La Stampa) debían cambiar de oficio y en unas semanas habían cambiado. Y luego está la peor censura, la autocensura, el miedo de los periodistas a hacerse daño a sí mismos. Hay tanto miedo que uno casi prefiere leer a Vittorio Feltri (director de Il Giornale), al menos es claro, sabes lo que tienes enfrente. A los otros no se les entiende nada.

¿Cómo empezó a cocerse el berlusconismo?

Cuando nadie se lo podía esperar, del proceso Manos Limpias surgió un político que encarnaba justamente la corrupción que se quería combatir. Ahí se vio la capacidad genial de Berlusconi para presentarse como lo contrario de lo que es. Ahorase muestra como es de verdad: insulta a los periodistas, a los adversarios, les llama farabutti (canallas), coglioni (vagos)... ¿Dónde se ha visto un primer ministro que insulte?

Les llama sobre todo comunistas.

Nunca logrará que yo reciba esa palabra como un insulto. Y solo revela un cosa: está enamorado del fascismo, pero es peor que los fascistas porque algunos fascistas han evolucionado. Por eso dijo que Mussolini mandaba a los periodistas críticos de veraneo. ¿No sabe que Amendola fue golpeado hasta la muerte, que los hermanos Rosselli fueron asesinados en el exilio, que Gramsci murió tras años de cárcel? ¿No sabe que los comunistas italianos firmaron los Pactos Lateranenses con De Gasperi, que trajeron la democracia con la Resistencia, que bloquearon las vendettas contra los fascistas?

Si agita el fantasma del comunismo será porque le es útil.

Claro que lo es. Los italianos se lo creen porque no tienen memoria. Los italianos solo se acuerdan de su pueblo porque tenía un equipo que jugaba partidos contra el pueblo de al lado. Si a un italiano le preguntas qué pasó en 1928, te dice la alineación del Inter de ese año, pero no que llegó el fascismo porque eso no lo sabe.

¿Cree que al no haber habido guerra civil subsiste un conflicto larvado, no resuelto?

El Movimiento Social Italiano se creó seis meses después de acabar la II Guerra Mundial. 18 meses más tarde, ya tenían diputados en el Parlamento. En el 45 llegué a Roma y había pintadas que decían: "Devolvednos al cabezón". ¡Querían a Mussolini otra vez! Recuerdo un artículo fabuloso de Herbert Matthews, periodista de The New York Times. Decía: "No habéis matado al fascismo realmente, y es una enfermedad que sufriréis durante décadas, reaparecerá en formas que no reconoceréis". Aquí estamos, preguntándonos si Berlusconi es fascista o no.

Pasolini también profetizó algo así.

Pasolini era discutible al opinar de sí mismo; pero su percepción sobre los otros era absolutamente aguda. Él y Sciascia son las dos grandes conciencias civiles que nos faltan. Siento una necesidad monstruosa de ellos.

Nada dura para siempre...

La escasa audiencia de Porta a Porta la otra noche ha sido una alegría. Asoma una esperanza. Un imbécil ha escrito en 'Il Giornale' que mi sueño es ver a Berlusconi colgado como a Mussolini. Es al revés, lo que más temo es que muera o que acaben con él los jueces. Lo que quiero es que dure, que los italianos beban de este cáliz hasta que vomiten. Así sabrán lo que es y acabará. Si no, se hará el mártir. Espero sobre todo que resucite la moralidad, porque ahora rige la moral del vespino. El vespino va por prohibido y nadie dice nada; cruza en rojo y nadie dice nada, sube a la acera y nadie dice nada. Los italianos miran al vespino y piensan: "¡Virgen, qué bonito sería ser ese vespino y no cumplir ni una regla!" Y no hablo ya de escorts, ni de velinas, hablo solo de vida cotidiana.

¿Por qué tantos italianos aman a Berlusconi?

Porque se miran en su espejo y son iguales. Impera una mala educación insoportable. El otro día, un conductor le gritó a mi mujer: "¡Burra!". Y yo le dije: "Sigue a ese coche, síguelo". ¿Por qué?, dijo ella, me ha insultado. ¡Sí, pero te ha llamado burra y no puta, le quiero conocer, es un clásico, síguelo!

En ese sentido, Verónica Lario es un ejemplo de civismo feminista, aunque fue catalogada como "velina ingrata" por Feltri.

Nunca fue una velina, era una actriz de teatro y bastante dotada. Es una mujer ofendida que no puede más, que no puede hablar con su marido y decide hacerlo a través de los medios. Mi mujer si hago algo parecido me habría tirado por la ventana. Lo ofensivo es el exhibicionismo de Papi, tan poco serio. Eres un abuelo de 72 años, si quieres hacerlo hazlo discretamente, sabiendo lo que eres. Además, menuda figura. Si dices que frecuentas menores, en fin, es horrible, pero escorts...

Dice que nunca ha pagado.

Hace pagar a los amigos, es todavía peor. Calígula, Nerón, tenían una grandeza... Quemaban Roma, en fin. Esto es tan mezquino que asusta. No enciende ni una cerilla.

¿Cree que Italia puede resistir cuatro años más así?

No creo, estamos al borde de una implosión. Fini, quizá por puro calambur, persigue una finalidad, alejarse de él. Dice cosas justas, laicas, modernas. Una derecha finalmente respetable. Desde el otro lado de la barricada, le deseo sinceramente que lo consiga.

¿No cree que la Iglesia prefiere a Berlusconi?

Desde luego: 'pecunia non olent', el dinero no huele. Puedes atacar la virginidad de María, negar el santo sepulcro, ellos te meten en el Índice y tu vendes más libros. Pero si les dices que les quitas dinero de los colegios se enfadan. El dogma absoluto de la Iglesia es el dinero, la exención fiscal. Conozco en Roma un cine porno que está a nombre del Vaticano... Basta con no tocar el dinero del Santo Padre. El Vaticano dicta la ley en Italia, y nunca lo ha hecho tanto como ahora. Pero el Papa disimula como Zapatero: asisten al delirio de Berlusconi en directo y dicen: "No puedo hablar porque soy extranjero". Y si luego algún obispo dice algo, hace como Berlusconi con Feltri: "Me disocio, me disocio". No, no será la Iglesia quien acabe con Berlusconi. Espero que lo hagan los ciudadanos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Argentina: Cámara da Diputados aprueba la ley de Servicios de Comunicación Audiovisual


Miguel Jorquera
Página 12

Fue el primer gran paso. El kirchnerismo, con el respaldo de los bloques de centroizquierda y el socialismo, dio media sanción a la ley de Servicios de Comunicación Audiovisual impulsada por el Gobierno en la Cámara de Diputados por 147 votos a favor con 3 abstenciones y 3 en contra. Algunos de los aliados más fieles, como los neuquinos del MPN, esta vez no acompañaron la iniciativa oficial. En tanto, el núcleo duro opositor –la UCR, la CC, PRO, el peronismo disidente y el cobismo– cuestionó la “legitimidad del procedimiento parlamentario” e impugnó la sesión especial antes de abandonar el recinto. Ahora, todos los esfuerzos se trasladarán al Senado.

Con la oposición fuera del recinto y tras casi doce horas de debate, el oficialismo redujo la lista de oradores propios para votar el proyecto sobre la medianoche. Sólo dejó lugar a los pocos opositores que continuaron el debate y a los aliados que lo acompañaron con su voto. El kirchnerismo ya había resistido el embate opositor que impugnó todo el procedimiento y la propia sesión antes de abandonar el Congreso. La UCR, la CC, PRO y PJ disidente emplearon casi dos horas de debate para plantear once cuestiones de privilegio contra las “irregularidades” en un intento de vaciar de legitimidad la sesión especial.

En el cierre del debate de más de trece horas, el jefe del bloque oficialista, Agustín Rossi, defendió los pasos dados hasta la sesión. La presentación del anteproyecto de ley por la Presidenta en La Plata, la discusión en foros de todo el país, el anuncio del proyecto, las audiencias públicas en el Congreso, los cambios introducidos a sugerencia de la oposición y el pedido de sesión especial. “Fue un gran error de la oposición la decisión de levantarse e irse”, dijo. “Les aconsejo que no vayan a la Justicia, porque cada vez que lo hacen le va mal”, añadió, y mostró una noticia que informaba de un fallo convalidando la estatización de las AFJP.

Carlos Raimundi (SI) también cuestionó la actitud opositora, criticó a al diputado de Unión-PRO Francisco De Narváez por su condición de dueño de un multimedio que hace lobby contra el proyecto para defender sus propios intereses, y cargó contra los grandes medios que callaron sus críticas “contra el terrorismo de Estado en la Argentina porque hacían negocios (con la dictadura) apoderándose de Papel Prensa”.

Exodo opositor

“Esta ley otorga al Gobierno poder absoluto sobre los medios de comunicación. Adherimos a la idea de no estar sentados aquí a la hora de votar”, sostuvo desde su banca el duhaldista Jorge Sarghini, que comanda el bloque del peronismo disidente que creó Felipe Solá. La decisión de irse del recinto antes de la votación ya se había tomado puertas adentro entre los principales referentes del peronismo anti K. El pacto lo sellaron Solá y De Narváez, con el respaldo de los puntanos que responden a los hermanos Rodríguez Saá, los santafesinos alineados con Carlos Reutemann y los entrerrianos liderados por Jorge Busti.

La decisión empujó al macrismo a seguir el mismo camino. Con sus principales socios afuera del recinto, el jefe del bloque del PRO, Federico Pinedo, le comunicó a su tropa que también se sumarían al éxodo opositor. Desde el radicalismo también se fogoneó la imagen mediática de dejar, para la foto, sólo al kirchnerismo y a los bloques de centroizquierda, que acompañaron el proyecto, levantando la mano. El cobismo sumó sus principales espadas a la cruzada.

Acordaron mostrar la imagen de todo el núcleo duro del arco opositor unido contra el proyecto K. Primero posaron para los flashes y luego se pararon frente a las cámaras los radicales Oscar Aguad, Silvana Giudici y Pedro Morini, los macristas Federico Pinedo y Esteban Bullrich, el peronista disidente De Narváez y los cobistas Laura Montero y Daniel Katz. “Impugnamos el procedimiento del oficialismo que es de nulidad impropia. Esta es una ley anticonstitucional”, sintetizó Aguad para criticar la falta de tiempo para leer y discutir el dictamen, cuestionar el quórum en el plenario de las comisiones legislativas e impugnar la sesión especial por la demora de una hora y media en su iniciación.

La CC aceptó el convite opositor, pero no pudo ser de la partida. La disputa interna en su bloque se lo impidió. Al menos tres diputados del GEN, el partido de Margarita Stolbizer, no querían abandonar el recinto. Incluso uno de ellos, Horacio Alcuaz –que siguió toda la sesión desde su despacho–, estaba dispuesto a votar a favor del proyecto, mientras María Linares y Fabián Peralta se abstendrían, pero no votarían en contra.

Entre los propios “lilitos” tampoco había una actitud unánime: varios querían quedarse en sus bancas para dar debate y votar. El propio jefe de bloque, Adrián Pérez, tuvo que lidiar con esas dificultades. Ante los micrófonos, Pérez volvió a rechazar el procedimiento del oficialismo y afirmó que la “sesión es inválida”. A las 21, la CC dejó el Congreso pero no habían podido arrastrar a los díscolos margaritos.

Los aliados

Al mismo tiempo que la oposición anunciaba su retirada, en el recinto Leonardo Gorbazc producía una de intervenciones más festejadas desde los palcos. “No puedo entender a los que se preocupan por controlar al Gobierno y a la Presidenta, pero no les importa controlar a los monopolios mediáticos. Esos monopolios son el mascarón de proa del poder económico concentrado”, cerró el fueguino entre aplausos. Gorbazc, su comprovinciana Nélida Belous y los siete diputados de SI se encolumnaron en el respaldo al proyecto oficial, a pesar de sus críticas. Muchas de sus propuestas del SI fueron incorporadas al proyecto oficial.

“Ningún monopolio es amigo de la democracia”, sostuvo Cecilia Merchán del bloque Encuentro Popular y Social (EPyS). Merchán también criticó algunas políticas del kirchnerismo sobre los medios de comunicación y calificó de “payasesca” la decisión opositora de levantarse de la sesión antes de votar. EPyS fue otro de los bloques que trabajó en las correcciones al proyecto a través de la dupla Ariel Basteiro-Vilma Ibarra.

“La única y gran razón por la que acompañamos esta ley es la balanza. De un lado tenemos la ley de la dictadura y en el otro el texto puesto hoy a consideración. Indudablemente la balanza se inclina hacia el nuevo proyecto”, dijo la presidenta del bloque del PS, Silvia Augsburger. Luego anunció que el PS votará en contra 9 artículos y se abstendrá en otros 23. Aunque los socialistas tuvieron que sortear una disidencia: de nueve diputados sólo la cordobesa Laura Sesma votaría en contra.

“Quiero tomar el argumento de algunos legisladores que se oponen al proyecto. Que existan monopolios, que haya concentración, es el resultado del bajo control que han tenido los gobiernos, de los que ellos han sido parte. Y ahora lo usan como excusa para no cambiar la situación. Legislar de la manera más adecuada para desbaratar a esos monopolios”, soltó Claudio Lozano, de Proyecto Sur. También cuestionó la “torpe actitud” del oficialismo como “el principal obstáculo para que la ley salga”. Fernando “Pino” Solanas llegó hasta el Congreso para respaldar el voto favorable. “A pesar que mantenemos críticas al proyecto, hemos conseguido cambios importantes. No compartimos la postura de aquellos que critican la ley para frenarla”, agregó Pino.

El interbloque de los radicales concertistas también sumó sus siete votos a favor del proyecto y Silvia Vázquez argumentó a favor en el cierre del debate. Salvo la decisión de Miguel Bonasso, que votó en contra, los bloques de centroizquierda le aportaron al oficialismo no sólo los votos para darle media sanción a la ley sino el respaldo político por fuera del universo K y el de sus aliados más fieles.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Hobsbawm: "Me recuso a dizer que perdi a esperança"

Sylvia Colombo
Folha

Historiador Eric Hobsbawm diz que aniversário da queda do Muro de Berlim deveria motivar discussão sobre o Ocidente pós-crise. Quando Eric Hobsbawm estava escrevendo "A Era do Capital" -lançado em 1975-, explicou que fazia um imenso esforço para estudar algo que não lhe agradava nem um pouco. Hoje, o historiador marxista diz ter o mesmo sentimento, "eu não gostava da burguesia vitoriana e ainda não gosto, embora apreciasse o dinamismo daquele tempo".

À essa impressão, porém, vem adicionando, nos últimos anos, mais uma, a nostalgia." Agora, quando comparo o século 19 com o 20, sinto simpatia pelo modo como aqueles homens acreditavam no progresso. Foi um século de esperança. E essa minha nostalgia cresce à medida que o tempo passa e vejo, com pessimismo, o que vem acontecendo", diz.Hobsbawm, 92, conversou com a Folha por telefone, de Londres, justamente sobre a reedição no Brasil de sua trilogia sobre o século 19 ("A Era das Revoluções", "A Era do Capital", "A Era dos Impérios"), já um clássico da historiografia sobre o período, pela editora Paz e Terra -que também relançará em 2010 outro título do historiador, "Bandidos".

Na trilogia, Hobsbawm analisou o que chamou de "longo século 19", período que vai de 1789 a 1914. Começa com as revoluções europeias que definiram a expansão do capitalismo e do liberalismo no planeta -a Francesa e a Industrial inglesa- e vai até as vésperas da Primeira Guerra Mundial. Apesar dos ataques que sofre por ainda defender a desgastada bandeira do comunismo, os três volumes de Hobsbawm são reimpressos todos os anos na Inglaterra, tendo sua explicação sobre o tema se imposto como uma espécie de cânone.

Hobsbawm é com frequência procurado para comentar temas do presente -algo que seus críticos tampouco perdoam. Agora, às vésperas do aniversário de 20 anos da queda do Muro de Berlim (em novembro), seu conhecimento sobre os tempos que estudou e vivenciou, assim como suas convicções políticas, são novamente trazidos ao debate. "A queda do Muro foi o fim de uma era. Não só para a Europa do Leste, mas para o mundo inteiro. O capitalismo chegou a seu limite e a a crise econômica mundial indica claramente o fim de um ciclo."

Contudo, o historiador considera que as discussões sobre o episódio estão muito centradas em tentar entender por que a experiência comunista fracassou, quando o que deveria estar na pauta é o futuro do Ocidente. Para ele, o mundo pós-Guerra Fria ainda não fez uma necessária autocrítica. Historiador marxista volta a defender-se com relação a ataques às suas convicções ideológicas; "me recuso a dizer que perdi a esperança". Leia trechos da entrevista que Eric Hobsbawm concedeu a Sylvia Colombo.

O que mais deveria ser discutido no aniversário de 20 anos da queda do Muro de Berlim?

A celebração é oportuna porque o capitalismo agora chegou a seu limite. A crise econômica mundial é o fim de um ciclo, que começou a ruir quando caiu o Muro em Berlim. No Leste Europeu, vejo dificuldade em rompimento com o legado comunista. Mas é o Ocidente quem deve refletir mais sobre o que ocorreu na Guerra Fria e o que pode ser feito para evitar um novo colapso.

As "Eras" são consideradas um exemplo de boa análise histórica dedicada a um amplo período. O sr. acha que falta ambição a historiadores hoje?

Para fazer história com uma perspectiva maior, é preciso ser um intelectual maduro. Hoje, os jovens historiadores gastam muito mais tempo em suas especializações. Quando estão aptos a dar um passo maior, hesitam. A história equivocadamente se afastou da "história total" que fazia Fernand Braudel [1902-1985].

O sr. começa "A Era dos Impérios" contando uma história autobiográfica (a do encontro de seus pais no Egito) e então propõe uma reflexão sobre história e memória. Quão diferente foi escrever este volume, que se refere a passagens mais próximas do seu olhar no tempo, do que os anteriores?

Neste livro tive de trabalhar com o que chamo de "zona de penumbra", onde se misturam nossas lembranças e tradições familiares com o que aprendemos depois sobre determinado período. Não é fácil, pois trata-se de um território de incertezas e em que há um elemento afetivo. Por outro lado, trata-se de uma oportunidade de estimular aquele que lê a pensar sobre como seu próprio passado está relacionado com a história.

Em seu novo livro ("Reappraisals"), o historiador britânico Tony Judt escreveu um ensaio sobre o senhor ("Eric Hobsbawm and the Romance of Communism"). Neste, mostra admiração por seu conhecimento, mas faz uma severa crítica: "para fazer o bem no novo século, nós devemos começar dizendo a verdade sobre o antigo. Hobsbawm se recusa a mirar o demônio na cara e chamá-lo pelo nome". Como o sr. responderia a seu colega?

A crítica de Judt não se justifica. O que ele quer é que eu diga que estava errado. Em "A Era dos Extremos", eu encaro o problema, o critico e condeno. Não tenho problemas em dizer que a Revolução Russa causou dor e sofrimento à população russa. Porém, o esforço revolucionário foi algo heroico. Uma tentativa de melhorar a sociedade como não se viu mais na história. Me recuso a dizer que perdi a esperança.

O sr. havia dito, numa entrevista ao "Independent", que havia alguns clubes dos quais não iria ser sócio nunca, referindo-se aos intelectuais ex-comunistas. Ainda pensa assim?

Não vejo problema quando um intelectual, especialmente de países do Leste Europeu, percebe que a democracia é melhor do que o sistema autoritário em que vivia. É normal a mudança de posição quando surgem fatos novos. O ex-comunista que condeno é aquele que antes militava em grupos de esquerda e que hoje tem uma bandeira única, a de ser anticomunista apenas, esquecendo-se do resto das ideias pelas quais lutava. Também me entristece ver intelectuais jovens, que não passaram pela história dessas lutas, repetindo e tentando tirar benefício desse mesmo tipo de propaganda.

A América Latina está às vésperas de comemorar, em vários países, os 200 anos do início das lutas de independência. Que análise faz do atual momento?

A dependência econômica ainda é um fato, mas politicamente a América Latina é cada vez mais livre. Washington jamais voltará a exercer a influência de antes, tampouco a apoiar golpes ou ditaduras como fez no passado. O que está acontecendo em Honduras é um sinal disso. O Brasil tem papel central nesse processo, uma vez que o México se transforma cada vez mais em apêndice dos EUA.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Corrupção e governabilidade

Rubens Ricupero
Folha

A corrupção passou a ser condição da governabilidade. É essa a justificativa de dirigentes de partidos do governo para sua cumplicidade no enterro dos escândalos parlamentares. A diferença com o regime militar é uma só: substituíram-se a violência e a tortura pela corrupção como suposta condição para ter segurança e governar.

Corrupção e violência, ensinava o filósofo Norberto Bobbio, são os dois tipos de câncer que destroem a democracia. No regime militar sacrificou-se a democracia em nome da segurança, elemento da governabilidade. Hoje a situação mudou e se usa o mesmo pretexto para fazer engolir o conluio ou a indulgência com a corrupção. Não sendo apanágio apenas de um governo, o vício se agrava ano a ano. Nem a seriedade dos últimos escândalos, que comprometem instituições inteiras, conseguiu alterar a complacência dos governos, que pode não ser eterna, mas tem se revelado infinita enquanto dura.

Outro escândalo, agora de caráter intelectual, é que os politicólogos julgam o sistema de "presidencialismo de coalizão" como perfeitamente funcional, pois produziria governabilidade. Aparentam-se os nossos sábios aos fundamentalistas do mercado, que também acreditavam na neutralidade moral do mercado, que seria autorregulável, capaz de se corrigir automaticamente.

Em ambos os casos, os resultados justificariam os meios. Contudo, o derretimento do mercado financeiro mostrou que as torpezas e as falcatruas dos operadores acabam por provocar degeneração funcional, destruindo a própria instituição. A moral e a ética não são adornos para espíritos delicados, mas componentes indispensáveis ao bom funcionamento de qualquer sistema.

Isso não vale apenas para os mercados. A Primeira República italiana, que resistira ao desafio de governabilidade devido à presença do maior Partido Comunista do ocidente, se desmoronou à luz da corrupção desvendada pela Operação Mãos Limpas. A República Velha brasileira afundou no pântano da corrupção eleitoral e foram os escândalos que puseram fim à carreira e à vida de Getulio Vargas.

Não passa de autoilusão a ideia de que a economia cresce e o país se desenvolve apesar da corrupção e dos escândalos. Também na Itália, o "milagre econômico", o dinamismo, a inovação pareciam legitimar um sistema decadente. Com o tempo, a corrupção e o fracasso na reforma das instituições produziram o inevitável: a estagnação e o desaparecimento do dinamismo. Seria diferente aqui onde os mesmos vícios tendem a produzir idênticos efeitos?

Quando foi assassinado o juiz Giovanni Falcone, Bobbio chocou a opinião pública ao declarar que sentia vergonha de ser italiano e deixaria o país se fosse mais jovem. Recompôs-se depois desse momento de abatimento moral. Neste centenário do seu nascimento, a capacidade de se indignar do velho filósofo tem sido evocada ao lado da lição do grande poeta Giacomo Leopardi. Numa das incontáveis horas amargas da Itália, dizia o poeta: "Se queremos um dia despertar e retomar o espírito de nação, nossa primeira atitude deve ser não a soberba nem a estima das coisas presentes, mas a vergonha".

No panorama de miséria moral de nossas instituições, deve-se escolher entre a atitude de soberba e estima das coisas presentes da propaganda complacente e a vergonha regeneradora do país futuro.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Winnipeg, el poema imborrable de Neruda

Natalia Junquera
El País

"Que la crítica borre toda mi poesía, si le parece. Pero este poema, que hoy recuerdo, no podrá borrarlo nadie", escribió Pablo Neruda. El poema tenía nombre de barco, Winnipeg, el que él mismo envió a Chile en septiembre de 1939 con 2.500 republicanos rescatados de campos de concentración franceses. Acaban de cumplirse 70 años de la proeza. La pasajera más joven, Elena Castedo, y el embajador chileno en España, Gonzalo Martner, compartieron los recuerdos de aquella gran operación de rescate.

"Cumplí dos años el día que vimos Valparaíso", recuerda Castedo, de 72 años. "Fui la pasajera más joven hasta que nacieron dos niños durante la travesía. Uno murió. Las condiciones higiénicas no eran muy buenas..."

El Winnipeg era un barco preparado para llevar a 78 personas. Subieron 2.500. El propio Neruda eligió por orden del presidente chileno, Pedro Aguirre Cerda, a los pasajeros con dos criterios. El primero, las habilidades de cada uno, porque la selección se llevó a cabo como una masiva entrevista de trabajo. "Necesitábamos especialistas. El mar chileno me había pedido pescadores. Las minas me pedían ingenieros. Los campos, tractoristas", escribió Neruda. "A veces, entrevistaba a algún escritor y le ponía que era abogado. Hubo una campaña de presión muy fuerte en Chile contra la llegada de 'los rojos españoles", explica Martner. "Por eso Neruda le dio aquel formato: se trataba de buscar a los españoles que pudieran contribuir con su oficio al desarrollo de Chile".

El segundo filtro eran las antipatías y simpatías políticas del propio poeta. "Neruda no fue muy generoso con los anarquistas", explica Marther. En cambio, fue benevolente con algunos de los republicanos cuyos oficios no encajaban en aquella gran operación de recursos humanos. "A uno que decía ser escritor, le inscribia como abogado. Y tiene una anécdota muy bonita con un trabajador del corcho. Neruda le dijo: 'En Chile no hay alcornoques'. Y él le contestó: 'Pues los habrá' y sólo por eso le dejó subir".

Deshechos por la guerra -"venían de la angustia, de la derrota", describió Neruda- los republicanos llegaban en trenes para subir al barco. "Las mujeres reconocían a sus maridos por las ventanillas de los vagones. Habían estado separados desde el fin de la guerra. Y allí se veían por primera vez frente al barco que los esperaba. Nunca me tocó presenciar abrazos, sollozos, besos, apretones, carcajadas de dramatismo tan delirantes", confesó el poeta.

Heridas imborrables

El padre de Elena llevaba consigo la humillación de haber perdido y heridas graves hechas en el frente de Madrid. Leopoldo Castedo, que luego se convirtiría en el historiador de referencia de Chile, y su padre, el abuelo de Elena, habían estado recluidos en el campo de concentración de Argèles sur Mer, al sur de Francia. Elena y su madre, en un centro de detención. Por eso, cuando años más tarde, Elena Castedo se reencontró con Neruda le saludó diciendo: "Estoy viva gracias a ti".

Estuvo a punto de no viajar en aquel barco. "No dejaban subir a nadie con infecciones y yo tenía tosferina. Mi madre temblaba mientras nos entrevistaban porque pensaban que no nos iban a dejar subir. Cada vez que yo tosía, ella me ponía la cabeza contra su falda y un señor que estaba detrás de nosotros en la cola y se dio cuenta de lo que pasaba, hablaba en voz alta para disimular".

Elena no lo recuerda. Olvidó toda la travesía porque cuando subió al Winnipeg aún no tenía edad para tener memoria. Los recuerdos que conserva se los han contado otros: su madre, su padre, su abuelo. De la misma manera, cuando regresó a España, en los años 70, no reconocía a aquellas personas que decían ser sur primos o sus tíos.

"Perdimos nuestro país, nuestra familia, nuestra casa, todo. El exilio es un descalabro. Yo le achaco a la guerra mi carácter nómada. Soy de donde vivo y vivo en muchos sitios: EE UU, Chile, España....", explica Castedo. Con ese sentimiento, el del desarraigo, escribió ya siendo abuela una novela que le valió una nominación a uno de los premios literarios más importantes de EE UU, el National Book Award y quen tituló El Paraíso.

La operación del Winnipeg fue financiada por el Gobierno Republicano en el Exilio, con Juan Negrín a la cabeza, y por los cuáqueros, una sociedad religiosa que pidió el anominato de su generosidad. Preguntado por si cree que hoy, cuando se cierran las fronteras a los inmigrantes, sería posible repetir un acto de solidaridad igual, el embajador de Chile responde: "Yo creo que sí. España ya nos devolvió aquel gesto acogiendo a los chilenos que huían de la dictadura de Pinochet".