quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Año 2009



Mis mejores deseos para todos ustedes, con la porfiada esperanza de tener un mundo mejor en el 2009.

Democracia e socialismo

Carlos Nelson Coutinho
O Globo

Ali Kamel publicou um interessante artigo, no qual comenta o livro "Memórias de um intelectual comunista", de meu querido amigo Leandro Konder. Ao evocar a trajetória intelectual e política de Leandro, Kamel se refere também à minha trajetória, detendo-se em particular num velho ensaio que publiquei há trinta anos, "A democracia como valor universal".

Kamel resume corretamente o contexto político-ideológico em que aquele ensaio veio à luz. Embora dirigido também a um público "externo", ele foi parte da luta travada então no seio do PCB, depois que a anistia permitiu o regresso de seus principais dirigentes e de alguns de seus intelectuais. Kamel recorda que nosso grupo, depreciativamente chamado de "eurocomunista" por nossos adversários, defendia uma tradição que provinha de Gramsci e, em particular, do saudoso Partido Comunista Italiano - tradição fortemente diversa daquela que inspirava o chamado "socialismo real" de matriz soviética.

Mas me surpreendeu a afirmação de Kamel de que meu velho ensaio "foi fundamental para que eu me afastasse da esquerda". Recordo apenas a passagem em que busco resumir os dois objetivos do ensaio: "Indicar como o vínculo entre socialismo e democracia é parte integrante do patrimônio categorial do marxismo; e como a renovação democrática do conjunto da vida nacional [é] elemento indispensável para a construção dos pressupostos do socialismo." Democracia, sim, mas no quadro da reivindicação do marxismo e da afirmação de que a democracia é parte integrante da luta pelo socialismo. Portanto, não foi a leitura do meu ensaio que levou Kamel a abandonar a esquerda e a adotar as posições conservadoras que hoje defende.

Kamel também não informa adequadamente o leitor sobre minha decisão de não republicar A democracia como valor universal em sua velha forma: ao contrário do que ele insinua, esta decisão não resulta de minha suposta passagem da "direita" para a "esquerda". Em meu livro "Contra a corrente", reeditado em 2008 e citado por Kamel, deixo claras as razões desta decisão: "Conservo minha convicção de que, no essencial, eu estava no caminho certo. Porém, relendo hoje o velho ensaio, percebo que ele era ainda tímido diante da revisão radical de alguns paradigmas analíticos que provêm dos bolcheviques e, sobretudo, da Terceira Internacional. Além disso, ele apresenta as marcas do contexto concreto em que foi escrito: estão "datados" não só muitos elementos da análise de conjuntura nele presente, mas também alguns dos alvos polêmicos contra os quais era dirigido. Foi por isso que decidi não republicá-lo em sua forma original." De resto, neste livro, num tópico intitulado precisamente "A democracia como valor universal", reproduzo quase literalmente a parte teórica do velho ensaio.

Kamel manifesta perplexidade diante do fato de que "a maior parte daquele grupo [de "eurocomunistas"] da "direita" do Partidão foi se deslocando para o extremo oposto: entraram no PSB, no PT e, hoje, estão no ortodoxo PSOL". Estou convencido de que permaneço, na topografia das opções políticas, no mesmo lugar onde estava na época em que escrevi "A democracia": o fato é que muitos dos que se supunham à minha esquerda (seja no velho PCB, seja no PT) foram paulatinamente se deslocando para o centro e até mesmo para a direita. Emblemático me parecem os casos do PPS e de muitas correntes hoje majoritárias do PT.

E não foi porque me "desloquei à esquerda" que decidi ingressar no PT. Quando tomei essa decisão, em 1989, o PT iniciava a saída do gueto político que marcara suas origens e começava a adotar uma estratégia de luta pelo socialismo baseada na conquista da hegemonia e no aprofundamento da democracia. Não hesito em dizer que, durante um certo tempo, a estratégia desenvolvida pelo PT foi a que mais se aproximava no Brasil das velhas propostas do eurocomunismo e do PCI.

Também não foi por um irresponsável "deslocamento à esquerda" que decidi participar da fundação do PSOL. Quando o PT, já antes de se tornar governo, abandonou a luta pelo socialismo, a política brasileira tornou-se "pequena política", ou seja, a mera disputa pelo poder entre dois blocos (agrupados respectivamente em torno do PT e do PSDB) que não diferem substantivamente em suas propostas programáticas e em suas práticas políticas. Diante disso, avaliamos - eu, Leandro Konder e Milton Temer, mas também intelectuais do porte de Chico de Oliveira, Paulo Arantes e Ricardo Antunes - que era preciso lutar pela manutenção na agenda política de uma alternativa de esquerda à mesmice imperante. Como continuo a crer na importância do partido político, aderi ao PSOL.

Esta adesão baseia-se numa aposta. Sei que nosso tempo não é favorável à esquerda. Ao contrário do PT, que nasceu num momento de ascensão dos movimentos sociais, o PSOL surge numa conjuntura de refluxo destes movimentos, muitos dos quais foram cooptados pelo governo Lula. Nada garante que o PSOL cumpra a função para a qual foi criado nem que venha a se tornar o herdeiro da política socialista e democrática que outrora foi encarnada pelo chamado "eurocomunismo". Isso vai depender não só do empenho de seus militantes, mas sobretudo das condições concretas em que irá se desenvolver a luta política em nosso país e no mundo.

Gaza: La lógica del poder colonial

Nir Rosen
The Guardian

Pasé la mayor parte de los gobiernos de Bush informando desde Iraq, Afganistán, el Líbano, Somalia y otros conflictos. El gobierno de Bush comenzó su presidencia mientras palestinos eran masacrados y la termina con la perpetración por Israel de uno de sus mayores masacres en la historia de sus 60 años de ocupación de tierras palestinas. La última visita de Bush al país que decidió ocupar terminó con el lanzamiento de sus zapatos por un educado chií iraquí secular hacia su persona, como expresión de los sentimientos de todo el mundo árabe salvo sus dictadores que se han ligado imprudentemente a un odiado régimen estadounidense.

Una vez más, los israelíes bombardean a la población hambrienta y encerrada de Gaza. El mundo contempla en vivo en la televisión y en Internet la situación apremiante vivida por 1,5 millones de gazanos; los medios occidentales justifican mayormente la acción israelí. Incluso algunos medios árabes tratan de comparar la resistencia palestina con el poder de la maquinaria militar israelí. Y nada de esto constituye una sorpresa. Los israelíes acaban de concluir una campaña de relaciones públicas a escala mundial para conseguir apoyo para su ataque, logrando incluso la colaboración de Estados árabes como Egipto.

La comunidad internacional es culpable directamente por esta última masacre. ¿Se mantendrá impune ante la cólera de un pueblo desesperado? Hasta ahora, ha habido grandes manifestaciones en el Líbano, Yemen, Jordania, Egipto, Siria e Iraq. El pueblo del mundo árabe no olvidará. Los palestinos no olvidarán. “Todo lo que habéis hecho a nuestro pueblo está registrado en nuestros libros de notas,” como dijo el poeta Mahmoud Darwish.

Analistas políticos, responsables de las decisiones gubernamentales y los que tienen que implementar esas decisiones me han pedido frecuentemente mi consejo sobre lo que pienso que EE.UU. debe hacer para promover la paz o ganar los corazones y las mentes en el mundo musulmán. Demasiado parece fútil, porque se requeriría una revolución de tales proporciones en la política estadounidense que sólo una verdadera revolución en el gobierno estadounidense podría conducir a los cambios necesarios. Una publicación estadounidense me pidió que contribuyera un ensayo a una discusión sobre si el terrorismo o los ataques contra civiles podrían ser justificados de alguna manera. Mi respuesta es que una publicación estadounidense no debiera preguntar si ataques contra civiles pueden ser justificados de alguna manera. Es una pregunta que se deben hacer los débiles, los americanos nativos del pasado, los judíos en Alemania nazi, los palestinos de nuestros días.

El terrorismo es un término normativo y no un concepto descriptivo. Una palabra vacía que significa todo y nada: es utilizada para describir lo que hace el Otro, no lo que hacemos nosotros. Los poderosos – sea Israel, EE.UU., Rusia o China – siempre describirán la lucha de sus víctimas como terrorismo, pero la destrucción de Chechenia, la limpieza étnica de Palestina, la matanza lenta de los palestinos que quedan, la ocupación estadounidense de Iraq y Afganistán, con las decenas de miles de civiles que ha matado… nunca merecerán el título de terrorismo, aunque el objetivo eran civiles, y aterrorizarlos era el propósito.

La contrainsurgencia, popular ahora en el Pentágono, es otra manera de decir la supresión de las luchas por la liberación nacional. El terror y la intimidación son tan esenciales para esa supresión como la conquista de corazones y mentes.

Las reglas normativas son determinadas por relaciones de poder. Los que poseen poder determinan lo que es legal e ilegal. Acorralan a los débiles con prohibiciones legales para impedir que se resistan. Que los débiles se resistan es ilegal por definición. Conceptos como terrorismo son inventados y utilizados normativamente como si un tribunal neutral los hubiera producido, en lugar de los opresores. Lo peligroso en este uso excesivo de la legalidad reside en que en realidad la socava, disminuyendo la credibilidad de instituciones internacionales como Naciones Unidas. Se hace obvio que los poderosos, los que hacen las reglas, insisten en la legalidad simplemente para preservar las relaciones de poder que les sirven, o para mantener su ocupación y colonialismo.

El ataque contra civiles es el postrero, más desesperado y básico método de resistencia cuando se enfrentan probabilidades aplastantes y la erradicación inminente. Los palestinos no atacan a civiles israelíes con la expectativa de que vayan a destruir Israel. La tierra de Palestina es robada día tras día; el pueblo palestino está siendo erradicado día tras día. Como resultado, reaccionan como pueden para aplicar presión a Israel. Los poderes coloniales utilizan estratégicamente a los civiles, estableciéndolos para reivindicar tierras y desposeer a las poblaciones nativas, sean los indios en Norteamérica o los palestinos en lo que es ahora Israel y los Territorios Ocupados. Cuando la población nativa ve que existe una dinámica irreversible que se apodera de su tierra e identidad con el apoyo de un poder abrumador, es obligada a recurrir a cualesquiera métodos de resistencia que pueda utilizar.

No hace mucho, Qassem al-Mughrabi, de diecinueve años, un palestino de Jerusalén estrelló su coche contra un grupo de soldados en una intersección. “El terrorista,” como lo llamó el periódico israelí Haaretz, fue muerto a tiros. En dos incidentes separados en julio pasado, palestinos de Jerusalén también usaron vehículos para atacar a israelíes. Los atacantes no formaban parte de una organización. Aunque esos palestinos también fueron muertos, altos funcionarios israelíes llamaron a que demolieran sus casas. En un incidente separado, Haaretz informó que una mujer palestina cegó a un soldado israelí en un ojo lanzando ácido a su cara. “La terrorista fue arrestada por fuerzas de seguridad,” dijo el periódico. ¿Una ciudadana ocupada ataca a un soldado ocupante, y ella es la terrorista?

En septiembre, Bush habló ante Naciones Unidas. Ninguna causa puede justificar la destrucción de una vida humana, dijo. Sin embargo, EE.UU. ha matado a miles de civiles en ataques aéreos contra área pobladas. Cuando se lanzan bombas contra áreas pobladas a sabiendas de que habrá un cierto daño civil “colateral”, pero se acepta como que es algo que vale la pena, entonces es deliberado. Cuando se imponen sanciones, como EE.UU. hizo durante Iraq de la era de Sadam, que matan a cientos de miles, y luego se dice que sus muertes valieron la pena, como lo hizo la Secretaria de Estado Albright, uno está matando deliberadamente gente por un objetivo político. Cuando se trata crear “choque y pavor”, como lo hizo el presidente Bush cuando bombardeó, uno se involucra en terrorismo.

Tal como la película tradicional de vaqueros estadounidense presentó a estadounidenses blancos cercados, y a los indios como agresores, todo lo contrario de lo que fue la realidad, del mismo modo, los palestinos se convirtieron en los agresores y no en las víctimas. Desde 1948, 750.000 palestinos fueron deliberadamente sometidos a la limpieza étnica y expulsados de sus casas, cientos de sus aldeas fueron destruidas, y sobre su tierra se establecieron los colonos, que pasaron a negar su existencia misma y a librar una guerra de 60 años contra los nativos restantes y los movimientos de liberación nacional que los palestinos establecieron en todo el mundo. Cada día, se roba más de Palestina, matan a más palestinos. Si alguien se llama sionista israelí se está involucrando en el desposeimiento de todo un pueblo. No es que, como palestinos, tengan el derecho de utilizar todos los medios necesarios, es porque son débiles. Los débiles tienen mucho menos poder que los fuertes, y pueden hacer mucho menos daño. Los palestinos no habrían atentado contra cafés o utilizado misiles de fabricación casera, si hubieran tenido tanques y aviones. Sólo en el contexto actual sus acciones son justificadas, y existen límites evidentes.

Es imposible hacer una afirmación ética universal o establecer un principio kantiano que justifique todo acto de resistencia contra el colonialismo o la dominación por un poder aplastante. Y hay otros problemas que me cuesta responder. ¿Puede justificarse si un iraquí ataca a EE.UU.? Después de todo, su país fue atacado sin provocación, y destruido, con la creación de millones de refugiados, cientos de miles de muertos. Y esto, después de 12 años de bombardeos y sanciones, que mataron a muchos y destruyeron las vidas de muchos otros.

Podría argumentar que todos los estadounidenses se benefician de las hazañas de su país sin tener que pagar el precio, y que, en el mundo de hoy, la máquina imperial no son sólo los militares sino una red militar-civil. Y también podría decir que los estadounidenses eligieron dos veces un gobierno de Bush y eligieron representantes que no hicieron nada por detener la guerra, y que el propio pueblo estadounidense no hizo nada. Desde la perspectiva de un estadounidense, o de un israelí, y otros poderosos agresores, si uno es fuerte, todo lo que hace es justificable, y nada que hagan los débiles es legítimo. Es sólo cuestión del lado que uno elige: el lado de los fuertes o el lado de los débiles.

Israel y sus aliados en Occidente y en regímenes árabes como en Egipto, Jordania y Arabia Saudí han logrado corromper a la dirigencia de la OLP, sobornarlos con la promesa de poder a costa de la libertad para su pueblo, creando una primicia – un movimiento de liberación que colabora con el ocupante. Pronto tendrán lugar las elecciones israelíes y, como de costumbre, estas elecciones van acompañadas por la guerra para popularizar a los candidatos: No se puede ser primer ministro de Israel sin suficiente sangre árabe en sus manos. Un general israelí prometió retrasar décadas a Gaza, tal como amenazaron con retrasar décadas al Líbano en 2006. Como si estrangular a Gaza y negar a su pueblo combustible, electricidad o alimento no la hubieran retrasado ya en décadas.

El gobierno democráticamente elegido de Hamas fue un objetivo para ser destruido desde el día mismo en que ganó las elecciones en 2006. El mundo dijo a los palestinos que no pueden tener democracia, como si el objetivo fuera radicalizarlos aún más y como si eso no fuera a tener consecuencias. Israel afirma que apunta a las fuerzas militares de Hamas. Eso no es verdad. Está atacando a los policías palestinos y matándolos, incluyendo a algunos como el jefe de policía, Tawfiq Jaber, quien era en realidad un ex funcionario de Fatah quien permaneció en su puesto después que Hamas tomó control de Gaza. ¿Qué pasará con una sociedad sin fuerzas de seguridad? ¿Qué esperan que suceda los israelíes cuando fuerzas más radicales que Hamas conquisten el poder?

Un Israel sionista no es un proyecto viable a largo plazo y los asentamientos israelíes, la expropiación de tierras y las barreras de separación han imposibilitado hace tiempo una solución de dos Estados. Sólo puede haber un Estado en Palestina histórica. En las próximas décadas, los israelíes se verán enfrentados a dos opciones. ¿Harán una transición pacífica hacia una sociedad igualitaria, en la que los palestinos tengan los mismos derechos, como Sudáfrica post-apartheid? ¿O seguirán considerando que la democracia es una amenaza? Si es así, uno de los dos pueblos será forzado a partir. El colonialismo sólo ha funcionado cuando la mayoría de los nativos han sido exterminados. Pero a menudo, como en Argelia ocupada, son los colonos los que huyen. En última instancia, los palestinos no estarán dispuestos a llegar a un compromiso y buscar un Estado para ambos pueblos. ¿Quiere el mundo que se radicalicen aún más?

No nos engañemos: la persistencia del problema de Palestina es el motivo principal para todo militante anti-estadounidense en el mundo árabe y más allá. Pero ahora el gobierno de Bush ha agregado Iraq y Afganistán como agravios adicionales. EE.UU. ha perdido su influencia en las masas árabes, incluso si todavía puede aplicar presión a los regímenes árabes. Pero los reformistas y las elites en el mundo árabe no quieren tener nada que ver con EE.UU.

Un gobierno estadounidense fracasado se va, la promesa de un Estado palestino es una mentira, mientras más palestinos son asesinados. Un nuevo presidente llega al poder, pero el pueblo de Oriente Próximo tiene una experiencia demasiado amarga con los gobiernos de EE.UU. como para tener alguna esperanza de cambio. El presidente electo Obama, el vicepresidente electo Biden, y la Secretaria de Estado entrante Hillary Clinton no han demostrado que su idea de Oriente Próximo sea diferente en algo de la de los gobiernos anteriores. Mientras el mundo se prepara para celebrar un nuevo año ¿cuánto va a tardar antes de que se le haga sentir una vez más el dolor de aquellos cuya opresión ignora o apoya?

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Gaza: El argumento que ya nunca podrán utilizar


Editorial de Gara

No existe, a día de hoy, forma humana de reflejar en su justa medida la situación que vive el pueblo palestino. No sólo tras el último ataque del Ejercito israelí contra Gaza, pero muy especialmente después del mismo. Cualquier número de páginas que se le dedique será insuficiente para describir esa situación, los artículos se quedan cortos y los testimonios que recogen apenas duran en los corazones algo más de lo que tardan en leerlos los ojos; las fotos no trasmiten el olor a miedo, y las imágenes de televisión no recogen el tenso silencio y la oscuridad de la noche. Ni el cine, ni la literatura, ni las artes plásticas son capaces a día de hoy de expresar el sufrimiento de todo un pueblo que, además, se ha convertido en el símbolo no ya de quienes comparten con ellos religión o proyecto político, sino de todos aquellos pueblos y personas que luchan por un mundo más justo y más libre.

Como se ha dicho, no es posible reflejar el drama palestino en su verdadera dimensión, pero resulta especialmente grave intentar ocultarlo. La falsa equidistancia que reflejan las declaraciones oficiales no son ajenas a las posturas ideológicas, políticas o intelectuales sostenidas por las élites occidentales durante todos los años que dura la ocupación de Palestina. Posición que cuenta en su catálogo con miles de libros, millones de artículos, cientos de películas e innumerables declaraciones oficiales que hablan de una historia ocurrida hace setenta años pero que oculta sistemáticamente los siguientes sesenta. Al igual que es imposible condensar en soporte alguno el sufrimiento árabe, ni siquiera ese esfuerzo por rememorar el holocausto europeo puede acercarnos a aquel infierno.

Pero ese argumento -«somos los judíos, el pueblo más perseguido de la historia»-, al que al final se repliegan todos aquellos que quieren mantener la equidistancia, es falaz y malvado. Ya lo intentaron, con el mismo grado de razón, los boer en Sudáfrica. Ese argumentó expiró hace ahora sesenta años, y cada día de existencia del Estado de Israel en los términos actuales lo desacredita aún más.

Guernica en Gaza

Vittorio Arrigoni
Il Manifesto

Mi apartamento en Gaza está frente al mar, una vista panorámica que siempre hace milagros para mi humor, desafiado a menudo por toda la miseria que puede causar una vida en estado de sitio. Es decir, antes de esta mañana cuando el infierno golpeó a mi ventana. Esta mañana despertamos en Gaza con el sonido del estallido de bombas, y muchas cayeron a unos pocos cientos de metros de mi casa. Algunos de mis amigos murieron bajo ellas. Hasta ahora las víctimas mortales llegan a 210, pero la cantidad va a aumentar dramáticamente. Es un baño de sangre sin precedentes. Han arrasado el puerto frente a mi ventana, y pulverizado las comisarías. Me dicen que los medios occidentales han asimilado y repiten los comunicados de prensa emitidos por los militares israelíes, según los cuales los ataques apuntaron sólo a guaridas terroristas de Hamas, con precisión quirúrgica.

En realidad, al visitar el hospital principal de la ciudad, Al Shifa, y al ver la acumulación caótica de cuerpos depositados en su patio, vimos sobre todo a civiles entre los que esperaban ser atendidos, acostados junto a otros que esperaban ser debidamente enterrados. ¿Podéis imaginar Gaza? Cada casa toca a la otra, cada edificio se eleva sobre el otro. Gaza es el sitio con la mayor densidad de población del mundo, lo que significa que si se bombardea desde la altura, inevitablemente se masacra a numerosos civiles. Lo sabes, eres culpable de lo que se te acusa, no es por error, no es un caso de daño colateral.

Al bombardear la estación central de policía en Al Abbas en el centro de la ciudad, la vecina escuela primaria también fue seriamente dañada por la explosión. Ocurrió al terminar el día escolar y los niños ya estaban en la calle. La mayoría de sus ondeantes delantales azul cielo fueron manchados de sangre. Al bombardear la academia policial de Dair Al Balah, se registraron algunos muertos y heridos del mercado cercano, el mercado central de Gaza. Hemos visto los cadáveres de animales y de personas, su sangre mezclada en arroyos que corrían por las calles de asfalto. Una Guernica transfigurada en realidad. Vi a muchos cadáveres uniformados en los diversos hospitales que visité – conocía a muchos de esos muchachos. Los saludaba cada día cuando los encontraba en la calle en camino al puerto, o hacia el café central por la tarde. A algunos los conocía por su nombre. Un nombre, una historia, una familia mutilada. La mayoría eran jóvenes, de dieciocho o veinte años, casi ninguno tenía tendencias políticas, ni con Fatah ni con Hamas, simplemente alistados en la fuerza de policía una vez que terminaron la universidad a fin de tener un trabajo seguro en Gaza, que bajo el criminal sitio de Israel tiene más de un 60% de desempleo entre su población. No me interesa la propaganda y dejo que hablen mis ojos, mis oídos resuenan con el aullido de las sirenas y el estruendo de los explosivos.

No he visto a ningún terrorista entre las víctimas de este día, sólo civiles y policías. Exactamente como nuestros propios agentes de policía locales, los policías palestinos masacrados por los bombardeos israelíes podían ser vistos todos los días del año caminando por la misma plaza de la ciudad, supervisando la misma esquina. Sólo anoche me reí de un par de ellos por la manera como se encapotaban contra el frío, frente a mi casa. Quiero que la verdad redima a algunos de estos muertos. Jamás hicieron un solo disparo contra Israel, ni jamás lo hubieran hecho – la descripción de sus funciones no les decía que lo hicieran. Actuaban como policías municipales, se preocupaban de la seguridad interior.

En todo caso, el puerto queda bastante lejos de la frontera israelí. Tengo una cámara de vídeo, pero hoy descubrí que son un camarógrafo inútil. No puedo forzarme a filmar cuerpos mutilados ni caras bañadas en lágrimas. Simplemente no puedo hacerlo. Comienzo a llorar yo mismo. Los otros voluntarios internacionales de ISM y yo fuimos al hospital Al Shifa a dar sangre. Ahí recibimos un llamado que nos informó que Sara, una querida amiga nuestra, había sido muerta por un trozo de metralla cerca de su casa en el campo de refugiados de Jabalia. Una dulce persona, un alma alegre, había salido a comprar un poco de pan para su familia. Deja tras de sí a 13 hijos.

Hace un momento recibí un llamado de Tofiq, de Chipre. Tofiq es uno de los estudiantes palestinos con la suerte de haber abandonado el interminable campo de prisioneros de Gaza, en uno de nuestros barcos del Free Gaza Movement, para recomenzar en algún otro sitio. Me preguntó si había visitado a su tío y si había ido a saludarlo en su nombre, como había prometido. Con indecisión, le pedí disculpas porque no había llegado a tiempo. Demasiado tarde – estaba enterrado por los escombros del área del puerto junto a muchos otros. Desde Israel recibimos la terrible amenaza de que esto es sólo el primer día de una campaña de bombardeo que podría durar hasta dos semanas. Quieren convertirlo en un desierto y llamarlo paz. El silencio del “mundo civilizado” es más ensordecedor que las explosiones que cubren la ciudad como un manto de muerte y terror.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Líderes mentem e civis morrem

Robert Fisk
The Independent

Estamos tão acostumados a ver carnificinas no Oriente Médio que não ligamos mais. Não está claro quantos dos mortos em Gaza são civis, mas a resposta do governo Bush, sem mencionar a pusilânime reação do premier britânico Gordon Brown, reafirma para os árabes o que eles sabem há décadas: o Ocidente está sempre do lado de Israel. Como de costume, o banho de sangue foi culpa dos árabes que, como todos sabem, só entendem o uso da força.

Desde 1948, ouvimos dos israelenses e dos nacionalistas árabes e depois árabes muçulmanos a lengalenga de que Jerusalém será “libertada”. E sempre Bush pai e depois o filho, Bill Clinton, Tony Blair ou Gordon Brown chamam os dois lados e pedem moderação, como se ambos tivessem caças F-18, tanques Merkava e artilharia pesada. Os foguetes caseiros do Hamas mataram apenas 20 israelenses em oito anos. Mas num único dia a Força Aérea de Israel matou quase 300 palestinos, e apenas como parte de uma operação.

Sim, o Hamas provocou a ira de Israel, assim como Israel provocou a do Hamas. E o que isso quer dizer? O Hamas lança foguetes em Israel e Israel joga bombas no Hamas. Entendeu? Pedimos pela segurança de Israel, mas ignoramos o desproporcional massacre realizado por Israel.

No fim de semana tivemos 298 palestinos mortos para um israelense. Em 2006, a proporção era de 10 libaneses mortos para cada israelense que perdia a vida. Este fim de semana foi marcado pela inflação do número de mortos. O maior desde a guerra de 1973? Desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967? De Suez, em 1956? Da Guerra de Independência de 1948? É um obsceno e nojento jogo que Ehud Barak, o ministro da Defesa de Israel, inconscientemente admitiu quando falou este fim de semana na Fox: “Nossa intenção é mudar totalmente as regras do jogo”, disse Barak.

Vários dos mortos do fim de semana pareciam ser do Hamas. Mas o que isso resolverá? O Hamas dirá: “Oh, esse ataque foi impressionante e nós reconheceremos o Estado de Israel, entraremos na linha, renunciaremos às armas e rezaremos para sermos levados prisioneiros e trancafiados indefinidamente, e daremos apoio a um novo ‘processo de paz’ promovido pelos EUA no Oriente Médio!” Será que é isso mesmo que os israelenses e os americanos pensam que o Hamas fará?

Vamos relembrar o cinismo do Hamas, o cinismo de todos os grupos armados islâmicos. A necessidade de produzir mártires muçulmanos é crucial para eles e Israel os está criando. A lição que Israel pensa estar dando não é a lição que o Hamas está aprendendo. O Hamas precisa da violência para enfatizar a opressão dos palestinos e conta com Israel para providenciar isso. Basta lançar uns foguetes em Israel e Israel lhes faz esse favor.

E nem sequer uma lamentação de Tony Blair, o enviado de paz para o Oriente Médio que nunca esteve em Gaza na atual encarnação. Nem uma palavra. Mas nós ouvimos o habitual discurso de Israel. O general Yaakov Amidror, ex-diretor da “divisão de pesquisa e avaliação” do Exército, anunciou que “nenhum país no mundo permitiria que seus cidadãos fossem feitos de alvos para foguetes sem tomar medidas vigorosas para defendê-los”. Exato.

Mas quando o Exército Republicano Irlandês (IRA) lançava foguetes na Irlanda do Norte, quando suas guerrilhas vinham da Irlanda para atacar delegacias de polícia e protestantes, o Reino Unido usou a Força Aérea para bombardear a república irlandesa? A Força Aérea britânica por acaso atacou igrejas e delegacias e matou de uma só vez 300 pessoas para ensinar à Irlanda uma lição? Não, o Reino Unido não fez isso. Não fez porque o mundo veria um ataque assim como uma ação criminosa. Não queríamos nos rebaixar ao nível do IRA.

Sim, Israel tem o direito à segurança. Mas esses banhos de sangue não lhe trarão segurança. Nem desde 1948 trouxeram algum tipo de proteção para Israel. Os israelenses bombardearam o Líbano milhares de vezes desde 1975 e isso não eliminou o terrorismo. Então o que foi o fim de semana? Os israelenses ameaçam fazer ataques por terra. O Hamas espera por outra batalha. Os políticos do Ocidente encolhem-se covardemente. E em algum lugar do Oriente numa caverna? Num porão? Numa montanha? Bem, em algum lugar, um muito conhecido homem de turbante sorri.

Holocausto Palestino


domingo, 28 de dezembro de 2008

Se Gaza cair... "A lei internacional e a decência humana exigem que essas crianças sejam protegidas."

Sara Roy
London Review

O que está acontecendo em Gaza, ante nossos olhos, é a destruição de toda uma sociedade e nenhum clamor se ouve, além dos avisos da Organização das Nações Unidas (ONU), que são ignorados pela comunidade internacional. Com o bloqueio praticado por Israel, população da região (cerca da metade é composta por crianças) está sem alimentos e remédios.

O sítio de Gaza, por Israel, começou em 5 de novembro, um dia depois de Israel ter atacado a Faixa, ataque feito sem possibilidade de dúvida para pôr fim à trégua estabelecida em junho entre Israel e o Hamás. Embora os dois lados tenham violado antes o acordo, nunca antes acontecera qualquer violação em tão grande escala. O Hamás respondeu com foguetes, e desde então a violência não recrudesceu. Com o sítio, Israel visa a dois principais objetivos. Um, reforçar a idéia de que os palestinos são problema exclusivamente humanitário, como pedintes, mendigos sem qualquer identidade política e, portanto, sem reivindicações políticas. Segundo, impingir a questão de Gaza, ao Egito. Por isso, os israelenses toleram as centenas de túneis que há entre Gaza e o Egito, pelos quais começou a formar-se um setor comercial informal, embora cada vez mais regulado. A muito grande maioria dos habitantes da Faixa de Gaza vive em condições de miséria, com 49,1%, estatísticas oficiais, de desempregados. De fato, os habitantes de Gaza já sabem que está desaparecendo rapidamente, para a maioria da população, qualquer possibilidade real de emprego.

No dia 5 de novembro, o governo de Israel fechou todas as vias de entrada e saída de Gaza. Comida, remédios, combustível, peças de reposição para as redes de energia, água e esgoto, adubo, embalagens, telefones, papel, cola, calçados e até copos e xícaras não entram nos territórios ocupados em quantidade suficiente, ou absolutamente não há. Conforme relatórios da Oxfam, apenas 137 caminhões com alimentos entraram em Gaza no mês de novembro de 2008. Em média, 4,6 caminhões/dia; em outubro de 2008, entraram em média 123; em dezembro de 2005, 564. As duas principais organizações que levam comida a Gaza são a UNRWA, Agência de Ajuda Humanitária da ONU para os Refugiados Palestinos e o Oriente Médio; e a WFP, "Programa Alimento para o Mundo".

A UNRWA alimenta aproximadamente 750 mil palestinos em Gaza (cerca de 15 caminhões/dia de alimentos). Entre 5 e 30 de novembro, só chegaram 23 caminhões, cerca de 6% do mínimo indispensável; na semana de 30 de novembro, chegaram 12 caminhões, 11% do mínimo indispensável. Durante três dias, em novembro, a UNRWA esteve totalmente desabastecida e 20 mil pessoas não receberam a única comida com que contam para matar a fome. Nas palavras de John Ging, diretor da UNRWA em Gaza, praticamente todos os atendidos pela organização dependem completamente do que recebem, seu único alimento. No dia 18 de dezembro, a UNRWA suspendeu completamente a distribuição de alimento, dos programas regulares e dos programas de emergência, por causa do bloqueio israelense.

A WFP enfrenta problemas semelhantes; conseguiu enviar apenas 35 caminhões, dos 190 previstos para atender as necessidades da Faixa de Gaza até o início de fevereiro de 2009 (mais seis caminhões conseguiram chegar a Gaza, entre 30 de novembro e 6 de dezembro). E não é só: a WFP é obrigada a pagar pelo armazenamento dos alimentos que não podem ser enviados a Gaza. Só em novembro, pagou 215 mil dólares. Se Israel mantiver o sítio a Gaza, a WFP terá de pagar mais 150 mil dólares pelo armazenamento dos alimentos, no mês de dezembro, dinheiro que deveria ser usado para auxiliar os palestinos, mas está entrando nos cofres de empresas israelenses de armazenamento.

A maioria das padarias comerciais em Gaza (30 de 47) foi obrigada a fechar as portas por falta de gás de cozinha. As famílias estão usando qualquer tipo de combustível que encontrem, para cozinhar. Como a FAO/ONU já informou, o gás é indispensável para manter aquecidos os criadouros de aves. A falta de gás e de rações, já levou à morte milhares de galinhas e frangos. Em abril, conforme a FAO, já praticamente não haverá galinhas e frangos em Gaza e para 70% dos palestinos, carne e ovos de galinha são a única fonte de proteína.

Bancos, impedidos por Israel de operar nos territórios ocupados, fecharam as portas dia 4/12. Num deles há um aviso, em que se lê: "Por decisão da Autoridade das Finanças na Palestina, o banco permanecerá fechado hoje, 4/12/2008, 5ª-feira, por falta de numerário. O banco só reabrirá quando voltar a receber moeda."

O Banco Mundial já antecipara que o sistema bancário em Gaza entraria em colapso se as restrições continuassem. Todo o fluxo de dinheiro para os programas foi suspenso, e a UNRWA suspendeu a assistência financeira a outros subprogramas, para os mais necessitados, dia 19 de novembro. Também está paralisada a produção de livros didáticos e cadernos, porque não há papel, tinta de impressão e cola, em Gaza. Com isso, 200 mil estudantes serão afetados, ano que vem, no início das aulas. No dia 11 de dezembro, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, enviou 25 milhões de dólares para o sistema bancário na Palestina, depois de um apelo do primeiro-ministro palestinense, Salaam Fayad; foi a primeira remessa, desde outubro. Não bastará nem para pagar o mês de salários atrasados dos 77 mil funcionários públicos de Gaza.

No dia 13 de novembro, foi suspensa a operação da única estação de energia elétrica que opera em Gaza; as turbinas foram desligadas por absoluta falta de diesel industrial. As duas turbinas movidas a bateria 'caíram' e não voltaram a funcionar dez dias depois, quando chegou um único carregamento de combustível. Cerca de 100 peças de reposição, encomendadas para as turbinas, estão há oito meses no porto de Ashdod, em Israel, a espera de que as autoridades da alfândega israelense as liberem. Agora, Israel começou a leiloar as peças não liberadas, porque permanecem há mais de 45 dias no porto. Tudo feito conforme a legislação de Israel. Durante a semana de 30 de novembro, 394 mil litros de diesel industrial foram liberados para a estação de produção de energia: aproximadamente 18% do mínimo que Israel está legalmente obrigado a fornecer. Foi suficiente apenas para fazer funcionar uma turbina, por dois dias, antes de a estação ser novamente fechada. A Gaza Electricity Distribution Company informou que praticamente toda a Faixa de Gaza ficará sem eletricidade por períodos que variarão entre 4 e 12 horas/dia. Em vários momentos, haverá mais de 65 mil pessoas sem eletricidade.

Nem mais uma gota de óleo diesel (para geradores e para transporte) foi entregue essa semana (como já acontece desde o início de novembro); nem de gás de cozinha. Os hospitais em Gaza estão operando, ao que parece, com diesel e gás recebido do Egito, pelos túneis; ao que se diz, são produtos administrados e taxados pelo Hamás. Mesmo assim, dois hospitais em Gaza estão sem gás de cozinha desde 23 de novembro.

Além dos problemas diretamente causados pelo sítio israelense, há os problemas criados pelas divisões políticas entre a Autoridade Palestina na Cisjordânia e a Autoridade do Hamás, em Gaza. Por exemplo, a CMWU, que fornece água para a região costeira de Gaza, que não é controlada pelo Hamás, é financiada pelo Banco Mundial via a Autoridade Palestina para a Água (PWA) em Ramállah; o financiamento destina-se a pagar o combustível para as bombas do sistema de esgotos de Gaza.

Desde junho, a PWA tem-se recusado a liberar o dinheiro, aparentemente porque entende que o funcionamento dos esgotos beneficiaria o Hamás. Não sei se o Banco Mundial tentou alguma intervenção nesse processo, mas, por hora, a UNRWA está fornecendo o combustível necessário, embora não tenha orçamento para essa finalidade. A CMWU também pediu autorização a Israel para importar 200 toneladas de cloro; até o final de novembro recebeu apenas 18 toneladas suficiente para o consumo de uma semana de água clorada. Em meados de dezembro, a cidade de Gaza e o norte da Faixa só tinha água por seis horas, a cada três dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as divisões políticas entre Gaza e a Cisjordânia também têm tido sério impacto sobre o abastecimento de remédios em Gaza. O ministério da Saúde da Cisjordânia (MOH) é responsável por comprar e distribuir quase todos os produtos farmacêuticos e cirúrgico-hospitalares usados em Gaza. E todos os estoques estão perigosamente baixos. No mês de novembro, várias vezes o ministério devolveu carregamentos recebidos por via marítima, por não haver espaço para armazenamento; apesar disso, nada tem sido entregue em Gaza, em quantidades suficientes. Na semana de 30 de novembro, chegou a Gaza um caminhão com remédios e suprimentos médios, enviado pelo MOH em Ramállah; foi o primeiro, desde o início de setembro.

Está acontecendo aí, ante nossos olhos, a destruição de toda uma sociedade e nenhum clamor se ouve, além dos avisos da ONU, que são ignorados pela comunidade internacional. A União Européia anunciou recentemente que deseja estreitar relações com Israel, pouco depois de as autoridades israelenses terem declarado abertamente que preparam a invasão, em larga escala, da Faixa de Gaza e de terem apertado ainda mais o bloqueio econômico, com o apoio, já nada tácito, da Autoridade Palestina em Ramállah. Essa, vê-se, está colaborando com Israel, em várias medidas. No dia 19 de dezembro, o Hamás deu oficialmente por encerrada a trégua (que Israel declarou que estaria interessado em renovar), porque Israel não suspendeu (nem diminuiu) o bloqueio.

Por quê, como, em que sentido, negar alimento e remédios à população de Gaza ajudaria a proteger os israelenses? Por quê, como, em que sentido, o sofrimento das crianças de Gaza - mais de 50% da população são crianças! - beneficiaria alguém? A lei internacional e a decência humana exigem que essas crianças sejam protegidas. Se Gaza cair, a Cisjordânia cairá depois.

Grandes maniobras en la izquierda francesa


Dante Sanjurjo
Gara

La izquierda francesa atraviesa una crisis profunda: tres derrotas consecutivas en las presidenciales (1995, 2002 y 2007), y la ausencia crónica de renovación han removido sus cimientos y dispersado a sus militantes. Del centro a la extrema izquierda, cada cual busca una forma de reconstituirse y elabora estrategias para las próximas citas presidencial y legislativa en 2012.

Primer partido de izquierda, el PS trata de curar las heridas tras el congreso de noviembre en Reims, donde quedó desgarrado. Junto con las querellas entre los jefes del partido para posicionarse como candidatos en 2012, la disputa se ha focalizado en la cuestión de la alianza con el centrista Movimiento demócrata (Modem), de François Bayrou, que obtuvo el 19% de los sufragios en la primera vuelta de las presidenciales de 2007.

Opuesta a esta alianza y apoyada por una coalición heteróclita de caciques del partido, Martine Aubry fue elegida primera secretaria sobre Ségolène Royal, la candidata del partido en las últimas elecciones presidenciales. Violentas acusaciones de fraude marcaron el final del congreso.

El politólogo Paul Allies, especialista en la izquierda francesa, interpreta, no obstante, esta elección como una oportunidad para el Partido Socialista. «La nueva dirección ha tomado dos decisiones importantes: una refundación ideológica, al relanzar convenciones temáticas para forzar la evolución de la doctrina del partido; y una refundación política, al definir una estrategia de alianza clara. La opción defendida por Aubry es de unificar el partido en una primera fase, unir luego a la izquierda y, finalmente, en el momento de las elecciones, abrirse al centro para conquistar la mayoría».

Pero, para llegar hasta ahí, el Partido Socialista tendrá que superar tres obstáculos, El primero, el hecho de que no cuenta con un líderazgo indiscutible; Aubry no logró más que 102 votos de diferencia sobre un total de 134.800.

En segundo lugar, no tiene un programa claro. «Los franceses esperan el retorno del Partido Socialista, un partido que vuelva a dar un sentido a la sociedad, y un partido que sea útil para la población. El trabajo es inmenso», declaró Martine Aubry a comienzos de diciembre ante su primer consejo nacional. Pero el último texto adoptado por la formación, y apoyado por esta última, es Le Manifesto, el programa aprobado por el Partido Socialista europeo para las elecciones europeas del próximo mes de junio, que mantiene el rumbo liberal al abogar por la aplicación del Tratado de Lisboa. Ocurre que en Francia la mayoría de los militantes de izquierda votaron «no» en el referéndum de 2005 sobre el Tratado constitucional europeo, del que el Tratado de Lisboa no es sino una prolongación. ¿Puede el PS reconciliarse con la población sin renunciar a su orientación liberal?

El tercer desafío al que deberá hacer frente el Partido Socialista es el de las alianzas.

Fuerte disputa entre los antiliberales

El terreno está como poco movido, con la izquierda del PS y el centro en plena recomposición. La principal novedad reside en el muy esperado Nuevo Partido Anticapitalista (NPA), lanzado por la triotskista Liga Comunista Revolucionaria (LCR) y que tendrá su congreso fundacional del 30 de enero al 1 de febrero.

La LCR, dirigida por Olivier Besancenot, se disolverá para fundirse en el NPA e intentar ampliar su audiencia al atizar los votos antiliberales. Ya en 2007 los electores que votaron por Besancenot convirtieron a la LCR en el primer partido de izquierda detrás del PS (4,08% frente a un 25,87%).

Bien anclado en el movimiento social, la LCR quiere jugar la carta de la radicalidad que tan buenos resultados le ha dado hasta ahora. «Estamos dispuestos a la unidad de acción con el PS o con el Partido Comunista frente a la derecha y la patronal», explica François Sabado, miembro de la dirección trotskista. «Pero aspiramos a una política de ruptura con el capitalismo. Ellos no. No podemos, por tanto, tener una coalición de gobierno con ellos».

Esta intransigencia aislará al futuro NPA, porque el resto de la izquierda antiliberal está dispuesta a gobernar con el Partido Socialista. Sabado admite que lo que prima ahora es construir un movimiento más que llegar al poder. «Nuestor objetivo, de momento, es construir una alternativa política en la calle y en las urnas», asegura.

La segunda estrategia es la de los partidarios de Jean-Luc Mélenchon, senador socialista que abandonó el PS para fundar el Partido de Izquierda. Él asegura aspirar, como Die Linke en Alemania, a constituir un polo de convergencia de corrientes antiliberales (altermundialistas, sindicatos, ecologistas...) capaz de influir sobre el PS. El movimiento antiliberal ha saludado esta ruptura. Pero, ¿soporta realmente la comparación con la emancipación respecto a los socialdemócratas lograda por Die Linke?

Recién creado, el Partido de Izquierda ha concluido un acuerdo con el PC para las europeas. Ocurre que el PC depende del apoyo del PS para la superviviencia de muchos de sus electos locales.

Así, algunos estiman que el objetivo del Partido de Izquierda sería apuntalar al PC para reconstituir para el PS el aliado que los comunistas ya han dejado de ser, al no haber cosechado más que el 1,93% de votos en las últimas presidenciales. «Según los últimos sondeos -recuerda Paul Allies-, hay un 12-13% de intención de voto a la izquierda del PS, y se calcula que alrededor de la mitad está alineado con el NPA». La cuestión reside en saber quién va a amarrar de forma perdurable el voto antiliberal de izquierda, desgajado en un magma de partidos y corrientes tras su triunfo contra el Tratado constitucional europeo.

¿La pelota en el centro?

«Una alianza PS-PC no es mayoritaria, ni a nivel nacional ni a nivel local», analiza Jean-Luc Benhamias, diputado europeo, vicepresidente del centrista Modem y antiguo miembro de primera fila de los Verdes. «Para los franceses, sobre todo para la juventud y los asalariados, los comunistas, hoy, están representados por Olivier Besancenot. Y, por lo que yo sé, el NPA no tiene intención de participar en un Gobierno. El PS deberá por tanto negociar con nosotros».

Según él, Martine Aubry no podrá mantener su hostilidad a cualquier alianza con el Modem. «Es ridículo. Ella misma, en su ciudad, gobierna en alianza con nosotros». Esta situación de alianza se da en Lille. Lyon, Marsella, Dijon, Grenoble e, incluso, en Montpelier.

La ambición del Modem pasa por integrar en su seno a los centristas y a los republicanos de derecha que recelan del sarkozismo, pero también a los socialdemócratas y a los ecologistas pragmáticos para convertirse, así, en un partido de oposición que supere el 10% antes de las presidenciales y pueda situar a su candidato de cara a una eventual segunda vuelta superando al aspirante socialista.

Los meses venideros serán sin duda decisivos: el Gobierno acaba de recular en la reforma estudiantil, que ha sacado a decenas de miles de manifestantes a las calles, y sobre la liberalización del trabajo los domingos, lo que ha provocado una fuerte reacción por parte de muchos diputados, también de derecha.
¿Quien, desde la izquierda, sabrá sacar partido al malestar social y al clima de recesión que se acentúa en Francia? ¿Y para proponer qué modelo alternativo al sistema actual en crisis?

sábado, 27 de dezembro de 2008

Matanza israelí en Gaza

Ana Carbajosa
El País

La amenaza se ha cumplido. El Ejército israelí lanzó en la mañana de ayer una intensa campaña de bombardeos que se llevó por delante la vida de 195 habitantes de la superpoblada y empobrecida franja de Gaza y dejó heridos a más de 200. Ristras de cadáveres cubiertos por improvisadas mortajas yacían en las calles de la ciudad de Gaza, convertidas en paisaje de destrucción. Amasijos de hierros que hasta ayer fueron edificios y hombres a la carrera que trasladaban heridos ensangrentados. En las imágenes de televisión que llegaban desde la franja se apreciaba el colapso de los servicios de emergencias, a los que durante toda la mañana estuvieron llegando los cuerpos rotos. No es más que el principio. "Las Fuerzas de Defensa de Israel ampliarán sus operaciones a medida que las circunstancias lo requieran", indicó ayer un portavoz del Ejército a EL PAÍS. La comunidad internacional condenó el ataque.

El movimiento islamista Hamás, que gobierna la franja de Gaza, se apresuró a clamar venganza. "Hamás continuará la resistencia hasta la última gota de sangre", sentenció su portavoz, Fawzi Barhoum, en declaraciones a la prensa en Gaza. "Todos los combatientes están llamados a responder a esta carnicería israelí", aseguró por su parte la Yihad islámica.

El bombardeo masivo, que continuaba anoche, dio lugar al día más sangriento para los palestinos de los últimos 20 años de conflicto. Y se produce después de que hace una semana expirara la tregua que el movimiento islamista Hamás e Israel pactaron el pasado mes de julio. Desde entonces, los grupos armados de la franja han lanzado decenas de cohetes sobre territorio israelí. Uno de esos proyectiles causó ayer la primera víctima mortal israelí en el sur del país desde el fin de la tregua.

La operación militar israelí comenzó sobre las once y media de la mañana, (una hora menos en el territorio español). Después se sucedieron nuevas oleadas de bombardeos. Inmensas columnas de fuego y humo marcaban el lugar del impacto. Los 30 misiles lanzados desde el aire destrozaron los edificios de las fuerzas de seguridad de Hamás, incluido uno en el que se celebraba una ceremonia de graduación de policías. El Ministerio del Interior de Gaza confirmó que todas sus instalaciones habían quedado reducidas a escombros. El jefe de la policía de Gaza, Tawfiq Jabber, murió en el ataque. Hamás cifró ayer en un centenar el número de oficiales muertos en el ataque.

El caos se apoderó ayer de las calles de Gaza a una hora en la que las mujeres salían a la compra y los niños dejaban la escuela. Un millón y medio de personas se hacinan en la estrecha franja de Gaza y cualquier ataque aéreo es susceptible de cobrarse víctimas civiles. Unos lloraban y otros rezaban mirando al cielo con los brazos abiertos. Otros corrían a socorrer a las víctimas. Anoche no había trascendido el número de civiles fallecidos en la ofensiva.

La cifra de víctimas mortales fue creciendo a lo largo del día de ayer a medida que los vecinos trasladaban los cadáveres al hospital. Hasta 80 de los cuerpos llegaron a los servicios de emergencia "en trozos", según explicaron fuentes médicas a la agencia de noticias palestina Maan. Anoche, funcionarios del Ministerio de Sanidad seguían buscando cuerpos entre los escombros. "Estamos atendiendo a la gente en el suelo, en los pasillos. No tenemos más espacio. No sabemos quién está aquí ni cuáles son los pacientes más urgentes", se lamentaba un médico del hospital Shifa a la agencia Associated Press.

Fayez Sacca, diputado del oficialista Fatah en Cisjordania informó a este diario del bombardeo de centros de detención en los que se encontraban presos miembros de Fatah, el partido del presidente palestino, Mahmud Abbas, hostigado por las fuerzas de Hamás. "No sabemos cuántos han muerto ni cuántos están heridos. La situación es caótica", relató en conversación telefónica. El presidente Abbas, enzarzado en el último año en las negociaciones de paz con los israelíes, tildó la campaña aérea de "criminal", pidió a los israelíes que paren los ataques y pidió auxilio a la comunidad internacional. Los líderes israelíes apenas salieron ayer a la palestra. La ministra de Exteriores israelí, Tzipi Livni, candidata a las elecciones del próximo febrero se limitó a declarar que el ataque suponía una medida necesaria para proteger a sus civiles y estimó que la única opción que Israel dispone contra Hamás es la militar. Los tres principales partidos políticos que se disputarán el Gobierno de Israel en febrero anunciaron ayer la suspensión de la campaña electoral tras el comienzo de los bombardeos.

Las nuevas amenazas en boca de líderes palestinos e israelíes hacen temer una escalada de violencia en los próximos días, que podría extenderse también a Cisjordania donde ayer ya se sucedieron las protestas de solidaridad con los palestinos de Gaza. En la ciudad vieja de Jerusalén los comercios echaron el cierre y en Belén, se apagó la iluminación navideña en señal de duelo. Ramala y Hebrón fueron escenario de manifestaciones, algunas de las cuales acabaron en altercados con el Ejército israelí, que lanzó gases lacrimógenos.

La violencia y los movimientos sociales: ¿legitimación, estrategia o mitificación?


Ozecai
Kaos en la red

Qué es violencia y cuando es legítimo su uso es un debate complejo, pero la mitificación de la misma invita a reflexionar también sobre su sentido estratégico, sus fines y sus resultados.

El debate sobre el uso de la violencia en los movimientos sociales alternativos es uno de los más espinosos. Las propias definiciones de lo que ilegal o ilegítimo, de lo que es o no violento, son enormemente conflictivas.

Las teorías y discusiones sobre la violencia revolucionaria y sobre la violencia legítima son muy antiguas, no sólo entre los movimientos de izquierda, sino en la historia general del pensamiento político.

Un ejemplo antiguo de ello podemos encontrarlo incluso en la defensa del poder monárquico absoluto por parte de Thomas Hobbes, quien al legitimar este poder en la existencia de un “pacto social”, abría la puerta a la desobediencia y el uso legítimo de la violencia cuando el rey no respetaba ese pacto, por ejemplo violando el derecho natural.

Uno de los mejores repasos a la historia de la legitimación de la violencia lo encontramos en el discurso de Fidel Castro “La historia me absolverá”. En este texto, Castro, tras el asalto fracasado al cuartel de Moncada, defiende el derecho al uso de la violencia contra un gobierno despótico como la dictadura de Batista, citando ilustres ejemplos de pensadores de todas las tendencias políticas y de todas las épocas. Un alarde de inteligencia, cultura histórica y coherencia que desgraciadamente, a mi humilde entender, no ha mantenido en su larga trayectoria política.

La violencia, como un mal menor, ha sido en definitiva justificada y considerada legítima en multitud de situaciones y contextos históricos. El problema nos asalta cuando el uso de la violencia se extrae de un contexto histórico que pueda de alguna forma legitimarla y cuando, peor aún, se mitifica su uso no ya como un mal menor sino como una muestra de valentía, compromiso o autenticidad revolucionaria.

Que en el contexto de las democracias liberales perduran situaciones en las que -debido a la limitación de libertades fundamentales, falta de canales de participación real o abusos de poder- ciertos tipos de violencia puedan tener alguna justificación es algo más que aceptable. Protesta social, uso de ciertas formas de violencia y conquista de derechos que hoy son universalmente aceptados (otra cosa es que sean respetados) han ido siempre de la mano a lo largo de la historia.

Incluso desde los posicionamientos pacifistas, es obvio que en ciertos momentos históricos la violencia ha sido una estrategia efectiva y legítima del cambio social. Incluso Gandhi, Martin Luther King o Thoreau -teóricos de la desobediencia civil no violenta- matizaban que esta estrategia no era aplicable a todas las situaciones ya que requería al menos ciertas dosis de humanidad por parte del enemigo. Estos ilustres pacifistas verían con buenos ojos la resistencia violenta contra el régimen nazi ante el que no tendría ningún sentido, por ejemplo, una sentada pacífica.

La propia democracia liberal que el poder dominante mitifica actualmente tiene en la toma violenta de la Bastilla uno de los episodios clave de sus orígenes.

Un ejemplo más cercano, tanto geográfica como temporalmente, lo encontramos en el atentado de ETA contra Carrero Blanco, justificado de forma casi unánime por la sociedad aún a pesar del total desprestigio actual de la banda. Sólo aquellos que siguen justificando la violencia brutal del régimen fascista español pueden ver aquel episodio como un ataque terrorista totalmente injustificado.

El problema es cuando no está tan clara la legitimidad de la violencia según el contexto histórico, la forma de violencia y el límite de su uso, algo que sucede especialmente cuando la violencia deja de ser una herramienta indeseable pero necesaria para convertirse en un auténtico mito. Es en esas situaciones en las que se olvidan tanto los problemas morales o filosóficos como las cuestiones puramente estratégicas, las tácticas y los resultados obtenidos mediante su uso.

Desgraciadamente, entre los movimientos sociales alternativos hay muchas personas que caen en esa mitificación de la violencia sin tener en cuenta su rentabilidad estratégica y que incluso abanderan este tipo de protesta como símbolo de radicalidad, autenticidad, valor, espíritu revolucionario, compromiso, etc, frente a los supuestos vendidos, acomodados, burgueses, cobardes, reformistas o, usando un irónico acerbo popular, los flanders (en referencia al personaje de “Los Simpsons”).

Ante la crítica al uso y mitificación de la violencia, la respuesta automática suele ser una larga lista de argumentos manidos sobre la violencia del sistema, la falta de otros canales para hacer efectiva la protesta, la gravedad de los problemas denunciados, etc. Unos argumentos realmente acertados pero que para los que tenemos un compromiso serio y convencido contra el sistema criminal dominante son de sobra conocidos, un tanto simplistas, bastante reiterados y completamente inútiles si lo que se pretende es convencer de la maldad del sistema a quién ya está sobradamente convencido.

Tomando la propia argumentación sobre la maldad del sistema esgrimida por aquellos que justifican la violencia como la única, la mejor o la más verdadera de las formas de lucha, hay dos episodios recientes que invitan a la reflexión.

El primero de ellos se sitúa en el contexto de las protestas de Grecia. Personalmente, el contexto social en el que se encuentra Grecia cabe dentro de mi baremo personal de situaciones en las que ciertas formas de protesta violenta encuentran alguna justificación. En primer lugar la muerte de Alexandros como materialización directa y clara de la violencia del sistema, seguida del comprensible enfado e indignación de la sociedad griega y la amplia participación de la mayoría social del país.

Pero las imágenes de policías griegos disfrazados de “antisistema” y rompiendo escaparates evidencia que, fuera de la comprensible reacción popular del primer momento, el mantenimiento de esta estrategia de lucha sirve más para deslegitimar el movimiento que para hacer evidente la rabia y el amplio descontento social.

El segundo episodio que me parece destacado es el reciente vídeo con cámara oculta de Telecinco tratando de criminalizar al movimiento antifascista. Un documento único ya que evidencia la descarada estrategia de los medios capitalistas para criminalizar a los movimientos sociales, algo de sobra conocido pero de lo que pocas veces hay oportunidad de poner tan claramente de manifiesto.

De estos dos episodios podemos extraer una lección importante, tanto la policía como los medios capitalistas -por citar sólo las figuras del poder protagonistas de estos casos- tienen un claro interés estratégico en mostrar y amplificar el uso de la violencia por parte de los movimientos sociales.

En los dos casos citados son los propios policías o “periodistas” los que se ven obligados a inventar a esos “radicales violentos” que sirvan para la criminalización general de un movimiento, pero a ninguno se nos escapa que no hubiera sido tan difícil encontrar a activistas que satisficieran esta necesidad del poder dominante.

Por ello, aún comprendiendo como he descrito más arriba la dificultad para clasificar que es exactamente la violencia, en que contextos puede estar justificada o que formas concretas de violencia pueden tener o no cierta legitimidad, me asombra y me perturba la dificultad para responder a unas preguntas bastante más simples. ¿Para qué sirve la violencia? ¿Cuáles son sus réditos políticos, sus objetivos, sus resultados reales?

Si tanto interesa al poder, ¿No es necesario reflexionar seriamente sobre su uso? Cada cual es libre y responsable de sus actos y no seré yo quién de lecciones morales ni tácticas a nadie pero, a menos que prime un sentido egocéntrico de orgullo, valentía, identidad o una fuerte mitificación de la violencia, me cuesta comprender el empeño de algunos con los que considero que comparto una gran parte de anhelos, aspiraciones y deseos. Espero no equivocarme.

Pauvre Guinée

Le Monde

La muerte de su presidente, el general Lansana Conté, ha hundido a Guinea, más que nunca, en la confusión y el desamparo. Aunque de momento las calles de Cornaky permanecen en calma, hay un pueblo desesperado y exhausto que contempla impotente la intentona del golpe de Estado proclamado por una parte del ejército pero rechazado por el clan en el poder, los allegados del difunto jefe del Estado.

¡Pobre Guinea! El país celebró sombríamente, el 2 de octubre, el quincuagésimo aniversario de su independencia: el país que entró en la historia con fanfarrias aborda el siglo XXI hecho jirones. Ha sido suficiente, hay que decirlo, el reinado de las ilusiones perdidas de dos hombres. Durante un cuarto de siglo, «el padre de la independencia», Sekou Touré, el hombre que se atrevió a decir no a De Gaulle y a Francia en 1958, impuso en su país, en nombre de una improbable revolución, una dictadura estalinista al estilo africano. Durante otro cuarto de siglo, su sucesor destrozó rápidamente las esperanzas de apertura y liberación que suscitó en 1984 para imponer mejor su puño de hierro militar y mantener sometido a su pueblo.

El balance es tan catastrófico como absurdo. Aunque Guinea es uno de los países más ricos de África, su pueblo es uno de los más pobres del mundo. Ni Sekou Touré ni Lasana Conté, a pesar de su longevidad en el poder, aprovecharon los formidables recursos mineros del país: bauxita, hierro, cobalto, oro, diamantes, petróleo, además de unos recursos hidráulicos que hacen palidecer de envidia al vecino Sahel. Ninguno de los dos logró renegociar los contratos leoninos que los atan, especialmente a los principales productores internacionales de aluminio, para construir el desarrollo de su país, que está clasificado por las Naciones Unidas con el número 160 sobre 177 por su nivel de vida, está considerado uno de los más corruptos del mundo y la mitad de su población sobrevive con menos de un dólar diario.

Los guineanos saben que no pueden esperar gran cosa de la Unión Africana ni de la Unión Europea; y tampoco de Francia, que asiste a este desastre casi sin pestañear. Su única esperanza es que no tienen nada que perder, lo que, desgraciadamente, no es una garantía de serenidad para el futuro.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

El fin del neoliberalismo y el futuro de la democracia

Michael R. Krätke
Sin permiso

Neoliberalismo y democracia

El neoliberalismo está a la defensiva, incluso en retirada, pero no está todavía derrotado. Huelga decir que los mercados no se autorregulan en modo alguno, ni tampoco resultan especialmente brillantes. En el momento de la crisis ─una crisis de legitimación─ uno no debería olvidar que el neoliberalismo es una estrategia y una ideología política o llegada al poder por la fuerza o puesta por obra mediante la fuerza. La hegemonía vino después.

En lo fundamental, el núcleo del mensaje político del neoliberalismo era suficientemente claro: ha llegado el fin de la política y debemos estar encantados de ello. A partir de ahora, debemos fiarlo todo al omnipotente mercado. Los políticos deben obedecer a los mercados, o cuando menos, respetarlos y temerlos, porque "los mercados" están listos y dispuestos a penalizar a quienquiera que ose resistirse a ellos. A partir de ahora, los políticos deben ser lo suficientemente prudentes como para ejecutar la voluntad de los mercados y obedecer las "leyes de la economía", supuestamente universales y "férreas". Ni siquiera políticos de izquierda vacilaron en declarar su impotencia ante "las fuerzas del mercado", las fuerzas del mercado mundial, y particularmente, de los mercados financieros internacionales: "no pueden concebir gobernar contra los mercados financieros".

Amplias minorías, a veces mayorías, en los países democráticos permanecieron tenazmente opuestas a muchas de las recetas del neoliberalismo. No les gustaba la privatización del sector público ni el desmantelamiento del Estado del bienestar. Ciertamente, no aprobaban la desregulación del mercado de trabajo ni las cada vez más precarias condiciones de trabajo y el estancamiento o caída de los salarios reales. El neoliberalismo, sin embargo, obtuvo apoyo de masas mediante dos mecanismos. El primero fue el difundido mito de las diversas catástrofes, inminentes o a largo plazo. El paro masivo como consecuencia inevitable de la competición internacional intensificada por parte de países de salarios bajos, la sobrecarga y ruina de los contribuyentes por un cada vez más grávido Estado del bienestar, la atroz carga de deuda pública, insostenible a largo plazo, el envejecimiento de la sociedad, que supondría una nueva forma de lucha de clases entre generaciones, el final del Estado nacional y la impotencia del Estado frente a las omnipotentes y omnipresentes fuerzas del mercado mundial. El segundo ha sido la mezcla del núcleo del mensaje con una miríada de prejuicios simplistas y derechistas sobre el mundo social, como el racismo, la discriminación por razones de edad y el sexismo, de los que se ha abusado sin vacilar. No el trabajador como tal, sino la persona de color y el trabajador inmigrante musulmán se convirtió en la personificación del diablo, lo que venía seguido de una nueva versión del peligro chino o asiático.

El neoliberalismo ha cambiado los modelos de gobierno de clase en las democracias occidentales. Lo que otrora fuera el gobierno de caballeros ilustrados y, posteriormente, el gobierno de calificados profesionales tecnócratas durante la breve época de supremacía socialdemócrata (al menos en Europa), se ha transformado de nuevo en el gobierno de "comunidades financieras" y demás "comunidades de negocios" apoyadas por un ejército de intelectuales pertrechados de másters en administración de empresas y doctorados en economía. No estaba a cargo de "los mercados", sino de los propietarios-administradores de los mayores bancos y fondos de inversión, corredurías y mercados financieros (actualmente sociedades anónimas, ya no clubes de meros caballeros). Los señores y los grandes de Wall Street, de la City de Londres, del distrito financiero de Tokio y de otros enclaves financieros han tomado las riendas. Las elites empresariales tradicionales y la clase política se han subordinado acríticamente de grado a los prodigios de las "nuevas finanzas".

La crisis

Desde el verano de 2007, el mundo capitalista se encuentra en estado de confusión. La crisis financiera internacional, provocada por la llamada crisis de las subprime, una crisis en un segmento relativamente pequeño del mercado hipotecario estadounidense, se ha expandido rápidamente a lo largo y ancho de todo el mundo. Después de series de crisis financieras locales y regionales sin precedentes en la historia del capitalismo, estamos viviendo la primera verdadera crisis financiera mundial, que afecta a todos los mercados financieros del mundo, a todos los países capitalistas al mismo tiempo. Por primera vez desde 1973, todos los países capitalistas del mundo se encaminan simultáneamente a una profunda depresión. Brasil, Rusia, la India, China y el resto del mundo están a punto de seguirlos.

La gran crisis en que ya estamos muestra los rasgos de una crisis sistémica, si no del capitalismo como totalidad, sí ciertamente del tipo de capitalismo establecido y extendido durante la era neoliberal. El reverenciado "modelo" de capitalismo estadounidense, el "modelo" de Wall Street y del gran banco de inversiones, el "modelo" del orden mundial capitalista bajo la férula de las grandes finanzas internacionales, gobernado por los mercados financieros internacionales y sus principales actores, los grandes inversores y especuladores y los inversores y especuladores institucionales, se ha desplomado. El modelo de booms prolongados, flotando y creciendo sobre una serie de burbujas especulativas, tanto a escala nacional como global, ha llegado a sus límites. El sistema mundial capitalista como lo conocíamos y como ha sido configurado bajo la hegemonía del neoliberalismo tan sólo puede prolongarse si se inflan nuevas burbujas especulativas. Huelga decir que eso es una broma, pero una broma sangrienta. A falta de nueva oleada de especulación internacional, a falta de una nueva burbuja, el sistema mundial capitalista, lo mismo el capitalismo estadounidense que el europeo, no podrá sobrevivir sin una transformación a largo plazo. Por todos los indicadores históricos, éste sería el momento del reformismo, del estilo europeo socialdemócrata o de otras fuerzas políticas reformistas dispuestas y firmemente resueltas a intentar una "revolución desde arriba" y de iniciar una nueva serie de "revoluciones pasivas" que prendan en las masas trabajadoras y de clase media en los países de capitalismo avanzado. Sin embargo, lo cierto es que, en la presente encrucijada histórica, carecen de la menor idea de qué hacer: la socialdemocracia europea está profundamente dividida, y se ha comprometido concienzudamente con el sostenimiento del proyecto neoliberal.

Durante toda la crisis, los gobiernos y los bancos centrales han desempeñado sus papeles tradicionales, en gran medida en desacuerdo con los puntos de vista y recetas neoliberales imperantes. Gobiernos de todas las denominaciones no han dejado a las fuerzas del mercado hacer su trabajo de purgar al mundo capitalista de la carga de los débiles, ineficientes o perdedores. En todas las crisis financieras anteriores, el gobierno estadounidense ha rescatado a los bancos y fondos de pensiones y demás instituciones financieras estadounidenses. Ha evitado a toda costa la quiebra de las principales instituciones financieras, y lo ha hecho a costa de los contribuyentes. Actualmente, la amenaza inminente de implosión de todo el sistema monetario internacional y del sistema financiero mundial es convenientemente utilizada como excusa para rescates de magnitudes sin precedentes. El peligro parece bastante real como para justificar incluso las mayores operaciones nacionalizadoras desde el final de la Segunda Guerra Mundial.

Es verdad: el capitalismo ha sobrevivido a crisis precedentes, incluso a la gran crisis de los años treinta. Pero ¿qué significa eso? Acaso convenga recordar que en Alemania la gran crisis sólo fue superada mediante el derrocamiento de la democracia, la imposición del régimen nazi y el cambio hacia una política económica nacional de "keynesianismo militar" (la deuda financiaba el gasto militar) en una escala cada vez mayor. En los EEUU, a pesar de los esfuerzos del New Deal, sólo se superó la crisis cuando los EEUU entraron en la guerra, en 1940-41, y gracias a una economía de guerra a gran escala. No deberíamos olvidar que las economías de las grandes potencias, la estadounidense en primer lugar, son economías de guerra permanente dispuestas y con voluntad de trasladar los atroces costes económicos de las guerras a diversas partes del resto del mundo capitalista.

Después de la gran crisis de los años treinta, el liberalismo permaneció muerto y enterrado durante largo tiempo. Los ideólogos y propagandistas del neoliberalismo han trabajado duro y han esperado durante décadas ─hasta las turbulencias de los años setenta─ para volver con renovados bríos. La infraestructura necesaria para un esfuerzo sostenido en la "guerra de las ideas" permanece aún intacta y será utilizada contra todas y cada una de las críticas y formas de oposición a la fé amenazada.

Para lidiar con la crisis de legitimación del régimen actual se ha abierto la búsqueda de culpables y vías de salida. ¿De quién es la culpa el desastre? No del capitalismo como sistema mundial, sino de capitalistas concretos. No del sistema bancario, sino de banqueros concretos. No de los mercados financieros, sino de especuladores concretos. No están mal ni deben condenarse los hedge funds, sino gestores concretos de hedge funds que sólo se han pasado un poco. Se ha pagado demasiado a los gestores, las bonificaciones eran un poco demasiado generosas. Las agencias de crédito han contaminado tanto como otras agencias reguladoras. Esto es lo que podemos esperar: se sacrificarán chivos expiatorios por millares, pero las "elites" gobernantes se negarán a aceptar responsabilidad ninguna, y desde luego no admitirán la menor culpa ante el desastre que han creado.

Y, lo que es más: ahora no nos enfrentamos a una crisis, sino a una miríada de crisis interrelacionadas. No sólo a una crisis de los mercados financieros internacionales y del sector bancario, sino también a una crisis mundial de sobreproducción que ha alcanzado ya a las principales industrias de exportación de alta tecnología de la economía capitalista mundial y arrastrará al resto durante los próximos meses. Estamos en medio de una crisis ecológica mundial con un período que cada vez se estrecha más rápidamente (espacios de cada vez menos años) en que debemos emprender acciones decisivas a gran escala. Nos enfrentamos a una crisis mundial de alimentos estrechamente relacionada con el actual modelo de producción agrícola mundial y de comercio, que ha convertido a algunos de los países más pobres del tercer mundo en importadores de alimentos y ha puesto a una ingente y creciente proporción de la población rural y campesina a merced de un puñado de enormes complejos agroindustriales del norte y merced de unas cuantas mercados de mercancías a futuros, también sitos en el norte. Nos enfrentamos a una serie de conflictos militares irresueltos e insertos en otra guerra mundial, la "guerra contra el terrorismo" emprendida por el poder imperialista dirigente de nuestros días. Que ese poder esté en declive no sirve realmente de mucho consuelo. Y por último, pero no menos importante, la era del neoliberalismo nos ha legado una duradera crisis de la democracia tal y como la conocíamos.

Gracias a la política neoliberal aplicada por gobiernos electos una y otra vez, y bien a menudo, sin la aquiescencia de la mayoría del electorado, la democracia política ha sido profundamente desacreditada. Basta mencionar un hecho cuidadosamente soslayado por la ciencia política oficial: el mayor y más rápidamente creciente partido en todas las democracias parlamentarias occidentales es el partido de los "no votantes". Entre los votantes, la confianza general en los asuntos de la política oficial es permanentemente baja.

La crisis financiera como tal tiene un significado específico: las posibilidades de crear nuevas burbujas no son ilimitadas; la estrategia de superar los problemas intrínsecos del capitalismo mundial industrial por medios especulativos se ha agotado. Aunque presenciemos la desaparición de un modelo y de una ideología, no estamos aún en un colapso financiero real, por la básica razón de que estamos, en el mejor de los casos, en mitad de la crisis. La mayoría de bancos ve encogerse sus beneficios; no los ve desaparecer. Sólo unos pocos bancos, bien es verdad que muy grandes, sufren pérdidas reales (del orden de miles de millones de dólares). Los bancos están reduciendo el volumen de sus actividades comerciales (menos participaciones, bonos y valores). Ha sido en calidad de comerciantes en los mercados financieros que los grandes bancos han obtenido sus beneficios durante la última década. Ahora están retraídos. La concentración en el sector bancario y financiero sigue a un ritmo sin precedentes, apoyada y acelerada por las acciones estatales de rescate. El vuelo de los capitales se está siendo reorientando de la propiedad inmobiliaria a las materias primas, petróleo, gas y productos agrícolas y, más recientemente, a la deuda pública. En términos económico-mundiales, el capital se retirado de los países del tercer mundo y regresa a los EEUU (por eso el dólar, a pesar de su debilidad intrínseca como moneda de la economía más deficitaria del mundo, está subiendo y mejorando en los últimos meses).

El retorno de la política: el neoliberalismo y su(s) futuro(s)

Las dimensioines alcanzadas por las repetidas oleadas de la crisis financiera mundial han hecho reaccionar a los gobiernos -al principio, con renuencia; luego, en un plazo vertiginosamente corto, con energuménico activismo ad hoc- ante los apuros de las grandes finanzas. Los mercados financieros han fracasado, algunos de ellos se han hundido o están pique de hacerlo, de manera que la política ha vuelto, o eso parece. Las comunidades empresariales, tal y como se las denomina, aun las más poderosas comunidades financieras del mundo como Wall Street o la City de Londres, han recurrido inmediatamente a sus amigos y aliados en Washington, Londres, Tokio y dondequiera en busca de ayuda. El rescate de los bancos, al menos el de aquellos bancos e instituciones financieras cruciales para el sistema financiero (no lo son, claro es, los 8500 registrados oficialmente en los EEUU o los 8000 registrados oficialmente en Europa), se ha convertido en asunto rutinario para los gobiernos de los principales países capitalistas del mundo. Durante algunos meses, los gobiernos se han agarrado a sus dogmas de fe y se han negado a intervenir y a recapitalizar bancos, excepto en casos muy contados. Ahora parecen haber aceptado su papel de "último recurso" y se han dedicado a rescatar bancos concretos y compañías aseguradoras en series de intentos ad hoc de "resolver" la crisis. La caída de Lehman Brothers fue la excepción, no la regla. Como norma, los gobiernos rescataron bancos en caída y otras empresas financieras, ya subvencionando fusiones y adquisiciones, acelerando el proceso de concentración y centralización del capital financiero tambaleante, ya nacionalizándolos de una u otra forma.

En el momento presente, ninguna de las recetas neoliberales presentadas como panacea para cada uno de los achaques de la economía mundial capitalista funciona. Antes bien, ahora es obvio que las políticas neoliberales han permitido la economía de burbuja y han agravado seriamente los apuros en que nos encontramos. El neoliberalismo carece de respuestas a la crisis, y los devotos de esa fe milagrera han perdido el tiempo y nos lo han hecho perder a nosotros negando la crisis o proclamando a bombo y platillo, una y otra vez, su inmediato final. Como el dogma neoliberal está desacreditado, sus adversarios y críticos gozan de una gran oportunidad para reivindicar el espacio público, para revivir y revigorizar el debate público en política económica, fiscal y social. No obstante, es improbable que el neoliberalismo desaparezca de la noche a la mañana. La ideología neoliberal está demasiado bien afianzada como para que se desvanezca en el aire. Durante la era del neoliberalismo, las sociedades capitalistas han cambiado profundamente. Millones de personas deben empleo, oportunidades y salud al advenimiento del neoliberalismo. Millones de personas han sido educadas en ese credo; centenares de millones han pasado la mayor parte de su vida adolescente y adulta sirviendo bajo los ritos de la fe neoliberal, y muchas han prosperado con ella.

La intervención estatal jamás despareció durante la era neoliberal; sólo cambió de forma. Las intervenciones estatales se orientaban a reforzar las "leyes del mercado" y someter al "mercado" los sectores de la economía nacional e internacional que aún no estaban completamente subordinados a su funesta lógica: el aumento de la capacidad de dominación de algunos actores de mercado sobre otros; la extensión de la dominación de los "mercados" al núcleo mismo de la economía pública no mercantil; la abolición de todas las restricciones que pudieran suponer una carga para los propietarios de capital y los actores de mercados financieros, mientras se reforzaba la "disciplina de mercado" estricta sobre todo el mundo, convirtiendo a los consumidores en deudores, a los trabajadores asalariados en ínfimos "empresarios" y directores de su propia fuerza de trabajo. Tal fue la base de las intervenciones estatales durante toda la era neoliberal. Así, es la dirección, el tipo de "intervención" y las formas que adopta lo que cuenta, no la frecuencia o el ámbito de las acciones estatales como tales.

Las recientes series de intervenciones, mal planteadas y peor coordinadas, no han modificado efectivamente los patrones tradicionales del gobierno de clase. Aún se mantiene la solidaridad dentro de un clase de "hermanos" más bien enemigos, pero que resulta la vía menos costosa para el capital financiero y el capital en general, porque permite que sea la masa de contribuyentes la que cargue finalmente con la factura. Los bancos centrales, en particular, han actuado conforme a un falso diagnóstico de épocas pretéritas, según el cual la crisis era de "liquidez" y no de "solvencia". En más de una docena de series de acciones internacionales coordinadas y conjuntas, han asumido el papel de prestamistas sustitutivos para los bancos, reemplazando el segmento de préstamo interbancario por una suerte de crédito público. Esas operaciones han sido más arriesgadas y costosas en la medida en que los bancos centrales, con la Reserva Federal estadounidense a la cabeza, han empezado a aceptar toda suerte de segundos tipos, incluso valores especulativos, derivativos y compartidos, como garantías para sus préstamos. Aunque varios grandes bancos y demás instituciones financieras han sido ahora nacionalizados, se trata de nacionalizaciones con muchas reservas y que permanecen asediadas por la ideología neoliberal dominante: como series de medidas de emergencia temporal que transfieren malos préstamos, pérdidas y responsabilidad al Estado, pero no la plena propiedad. Propiedad pública sin control público, la peor forma posible de nacionalización. En la mayoría de los casos, los gobiernos interventores se han comprometido a reprivatizar los bancos rescatados tan rápidamente como sea posible, convirtiendo la ayuda financiera en un regalo de la mayoría de la población a los bancos.

Ninguna de las intervenciones se ha concebido como reforma radical orientada a un cambio sistémico. El paradigma sistémico de la era neoliberal no ha sido aún superado, por ejemplo restringiendo el control del poder de banqueros, agentes de bolsa y demás agencias de capital financiero. Aunque políticos estadounidenses, británicos, franceses y de otros países capitalistas han nacionalizado bancos y compañías de seguros, no tienen planes o ideas para construir una banca y un sector crediticio públicos, ni pueden imaginar la nacionalización de los mercados de acciones y de las bolsas de mercancías a término para ponerlos bajo pleno control público (potencialmente democrático). Lo que pasa a primer plano es el viejo "socialismo de Estado", la socialización de las pérdidas y de los riesgos, a costa de quienes no los han causado o no los han causado en primer lugar. En todo caso, los políticos han intentado evitar tomar cualquier responsabilidad a largo plazo con los mercados financieros, con el sistema de moneda y crédito como núcleo del sistema mundial capitalista. Su objetivo sigue siendo volver al statu quo ante, restaurar el poder y la gloria del capital financiero como lo conocíamos. Decenas, centenares de bancos, de fondos de inversión y de aseguradoras pueden quebrar, y lo harán, pero el sistema de "mercados financieros libres" será restaurado.

El capitalismo está nuevamente en cuestión, de manera que será defendido a toda costa. Podemos esperar un repliegue gradual del neoliberalismo. El capitalismo y el Estado fuerte han sido siempre estrechos aliados. Apurados, los ideólogos neoliberales han abandonado rápidamente el mito del "Estado impotente" que han difundido propagandísticamente durante más de dos décadas, trabajando activamente por socavar los poderes estatales y por reducir, de paso, el Estado (de bienestar). Pero el Estado fuerte sólo es el mejor amigo del capital en la medida en que está bajo control firme del capital. No un estado democrático, al menos no en todas las circunstancias, aun si la democracia política ha sido socavada, mutilada y restringida de formas diversas durante la era neoliberal. Un Estado fuerte, un sector público amplio, un ámbito público vivo sigue resultándoles amedrentante, una amenaza potencial, mientras la base de las instituciones democráticas y la constitución democrática sigan intactas. De aquí que la política neoliberal haya intentado modificar con tanto denuedo, y por doquiera, las constituciones democráticas ─bajo la consigna de un "nuevo constitucionalismo"─, buscando incrustar los dogmas neoliberales en las constituciones y convertirlos en normas incuestionables de la vida política. Por ahora, y a la vista de la derrota del proyecto de constitución europea, se diría que esa opción se les ha cerrado. Pero todavía hay muchas posibilidades abiertas para la defensa del capitalismo como el mejor sistema económico posible.

Una primera, según se ha visto ya, pasa por sostener que las crisis vienen y van, y que ésta pasará como las anteriores. Después de la crisis, el mundo seguirá siendo capitalista, pero mejor que nunca. Porque las elites aprenderán las lecciones de la crisis y del capitalismo reformado al mismo tiempo, o eso prometen. Sin embargo, la experiencia histórica de diversas crisis y depresiones nos dice que tales crisis pueden durar muchos años, aun décadas. Japón quedó paralizado durante más de diez años por la gran crisis de su sistema bancario. Como las montañas de malos préstamos son ahora incomparablemente más altas que las de los bancos japoneses durante el boom inmobiliario de finales de los ochenta, es muy probable que sobrevenga un largo período de estancamiento en el sector bancario internacional.

Una segunda es que la regulación de los mercados parece inevitable. Los reguladores han fracasado, algunas regulaciones eran deficientes. De ahí el clamor general en favor de más y nueva regulación, incluso de "transparencia" del mercado, cosa que sólo existen en los manuales de economía neoclásica. El neoliberalismo, huelga decirlo, jamás se ha opuesto a la regulación. Sólo a aquella que pueda perturbar el gobierno desembridado del capital y afectar a la libre movilidad de capital a través de las fronteras. La protesta en favor de nuevas regulaciones se acompaña ahora de chillonas advertencias contra la "sobrerregulación". Regular de nuevo los mercados después de varias décadas de "desregulación" es una espinosa tarea que debería dejarse en las seguras manos de expertos, cuidadosamente escogidos. Algunos hombres prudentes, preferiblemente economistas, regularán los mercados, crearán "transparencia" y el mundo de los mercados cumplirá su función mejor que nunca.

Una tercera, y acaso la más efectiva, en la medida en que, bajo la inspiración de los titulares de prensa, se ha abierto la caza de culpables concretos a quienes cargar con la responsabilidad de la crisis, es que no ha sido el capitalismo, ni siquiera "el capitalismo financiero" ni el neoliberalismo, lo que ha provocado el embrollo; lo que ocurre es que algunos capitalistas, algunos ejecutivos, algunos banqueros y algunos hombres de negocios se han pasado de la raya. Ellos deberían ser condenados y castigados, no el capitalismo como sistema, ni siquiera la política neoliberal.

Cómo controlar los mercados financieros

Hay buenas rezones para ir mucho más allá de las políticas de rescate de bancos concretos y de cambios de reglas del juego concretas. Como la economía entera se ve afectada, y gravemente dañada, como el grueso de la población tiene que arrostrar las pérdidas y riesgos que unos pocos individuos ricos han contraído, es legítimo exigir que la autoridad pública controle los mercados financieros como un todo. El Banco Central Europeo y la Comisión Europea han sido nefastos, siempre a remolque del "modelo" del capitalismo financiero estadounidense. La integración de los mercados financieros en la UE era considerada únicamente como medio para reducir costes transaccionales. Un cambio radical, un verdadero cambio de régimen, es posible y necesario, y debería asumir la forma de una transformación democrática, una transformación que, sometida a control democrático, allanara el camino hacia la democracia económica.

En primer lugar, a fin de asegurar las funciones básicas de cualquier sistema monetario y financiero ―como un sistema estable y fiable de pagos, depósitos y movimientos monetarios y crediticios entre los agentes de mercado―, los Estados europeos deben asumir el control en sus respectivos países de una parte amplia y relevante en el préstamo a bancos, para crear y/o extender un sector fuerte y permanente de bancos públicos o semipúblicos. La nacionalización de bancos es sólo el primer paso hacia un nuevo sistema financiero. Nacionalizar o, mejor, europeizar los organismos de compensación es otro paso necesario para poner bajo control público el sistema de pagos de la UE.

En segundo lugar, debe crearse un nuevo marco regulativo. Hay una miríada de prácticas temerarias y de todo punto perniciosas que han acelerado y exacerbado las recientes burbujas y cracks. La desintermediación de préstamos y el mercadeo con los paquetes de préstamos debe prohibirse a los bancos europeos y en los mercados europeos. La concesión de créditos para operaciones de toma de control por apalancamiento, fusiones y adquisiciones e inversiones financieras similares debe ser rigurosamente restringida y autorizada sólo bajo supervisión especial. Los hedge funds no deben permitirse por más tiempo en la UE, y no debe autorizarse a las instituciones financieras europeas a invertir en ellos o a sacarlos fuera del espacio de la UE. Las opciones de acciones e incentivos similares para ejecutivos para especular a corto plazo deben abolirse, restringirse las bonificaciones y vincularse actuaciones reales (p. ej., estabilidad en el empleo). Debe acabarse con los paraísos fiscales en la UE y debe prohibirse a las instituciones financieras de la UE mantener relaciones comerciales, directas o indirectas, con ellos.

En tercer lugar, deben reformarse el sistema bancario europeo y los mercados de capital europeos. Por ejemplo, mediante el establecimiento de un registro europeo de crédito, para empezar. Deben restringirse las actividades comerciales de valores y debe prohibirse a los bancos europeos comerciar por cuenta propia. Los mayores yerros del marco bancario Basilea II (efectos procíclicos, tasas demasiado bajas de reservas de capital, permisividad en los modelos de riesgo interno) deben corregirse. Los mercados de capital de la UE pueden y deben desacelerarse mediante medidas varias, p. ej., limitación estricta de los fondos de inversión y de pensiones para los bonos del Estado en la UE, mientras que deben prohibirse las inversiones en hedge funds o en acciones de fondos privados, mercados de derivados, acciones y divisas. El número y la complejidad de "productos estructurados" y demás derivados y certificados deben ser sustancialmente restringidos. Sólo deben autorizarse en forma estandarizada. Toda transacción en el mercado no oficial debe prohibirse, y el comercio con divisas, acciones y derivados, sólo autorizarse bajo regulación y supervisión estricta. Debe introducirse un tipo impositivo uniforme sobre las transacciones financieras en todas las operaciones del mercado financiero, suficientemente alto para ralentizar y reducir las acciones especulativas a corto plazo; la recaudación de tales impuestos debe asignarse directamente al presupuesto de la UE. Las agencias crediticias deben actuar bajo licencia y ser rigurosamente supervisadas o convertidas en agencias públicas sin ánimo de lucro financiadas por aportaciones de todas las instituciones financieras.

Deben aplicarse reformas similares en las instituciones financieras internacionales (como el FMI, el Banco Mundial o el Banco de Pagos Internacionales). Las agencias intermediarias de ámbito nacional, europeo e internacional deben ser puestas bajo control público y democrático. A fin de evitar un sistema dominado totalmente por el Estado, debe implicarse en el gobierno de esas instituciones a los actores de los mercados financieros, desde bancos hasta los "consumidores" o clientes.

Cómo democratizar la economía

La crisis de la economía europea y mundial requiere algo más que una mera reforma del mercado financiero. Requiere un cambio en el régimen macroeconómico entero, un nuevo régimen de política monetaria y fiscal. Las sociedades democráticas tendrán que aprender cómo gobernar la economía en lugar de ser gobernadas por "fuerzas ciegas" y por las cacareadas "leyes" de un sistema económico. Para gobernar la economía democráticamente, tendrán que instituir la democracia económica.

La idea de democracia económica resulta escandalosa, incluso irritante, para las mentes liberales. Lo que está en disputa es el poder, el poder político y económico de los propietarios privados frente a la incapacidad de las masas de clases expropiadas y carentes de toda propiedad (o sólo nominalmente propietarias). Pensar lo impensable ―la democratización de la economía― requiere superar la división radical entre economía y política, tan profundamente arraigada en la corriente dominante del pensamiento económico. El primero es el ámbito de la propiedad y la acción racional, el segundo es el ámbito del poder. Según este punto de vista, la democracia es un concepto puramente político y debe permanecer confinado al ámbito de la política. Aunque la metáfora de la "democracia de los mercados" sea tan del gusto de los (neo)liberales, sólo están contentos en tanto en cuanto prevalezca el supuesto implícito de que deben gobernar los mercados (esto es, los señores de los mercados) en lugar de la democracia. Para un (neo)liberal, la democracia está bien en la medida en que siga confinada al ámbito de la política, y el ámbito de la "economía", de los mercados y de las empresas, quede bajo el control exclusivo del derecho, esto es, de los actores propietarios.

La democracia económica consiste en reivindicar tanto un concepto político como una estrategia. Inevitablemente, la democracia económica empieza en el ámbito de la fábrica o empresa concreta, pero jamás puede detenerse ahí. La codeterminación de los trabajadores, el derecho a intervenir en los asuntos de la empresa a que pertenecen como empleados, es indispensable para una economía democrática en que los participantes tengan voz. En un régimen de codeterminación, la dirección puede y debe ser elegida por todos los miembros de la empresa, incluyendo tanto a los accionistas privados y/o a los propietarios de capital privado cuanto a los empleados. A fin de establecer una democracia económica que traspase los límites de la fábrica o empresa, "foráneos" como los consumidores y el Estado deben ser incluidos y tener voz. Aun cuando se "democratizaran" todas las empresas, el "mercado" seguiría gobernando en tanto la democratización no se extendiera hasta los niveles intermedio (las interacciones entre empresas y sectores o grupos empresariales) y macroeconómico (el conjunto de la economía regional o nacional y la interacción entre esas unidades económicas mayores y el ámbito mundial).

Gobernar los mercados es factible y economías de mercado altamente intervenidas pueden ser muy exitosas, como demuestran claramente los ejemplos recientes de los prósperos "estados en vías de desarrollo" en Asia. La democracia económica en el ámbito macroeconómico sólo es posible si se crean nuevas instituciones, o si las ya existentes, como los bancos centrales, son concienzudamente reformadas. Como estamos ante la perentoria necesidad de un programa europeo de inversiones a gran escala, no sólo para superar la presente crisis, sino también para estabilizar y mejorar el empleo y la calidad del trabajo, para combatir la pobreza y la exclusión social, para posibilitar un cambio radical hacia el desarrollo sostenible, la construcción de esas instituciones es tan urgente como inevitable para la realización de esfuerzos conjuntos y coordinados a escala europea a largo plazo.

La transformación democrática de los mercados financieros lleva a la transformación democrática de la economía entera, que a su vez conduce, esperemos, a la propia democracia. Un capitalismo reformado y embridado será harto más compatible con la democracia política, pero que una democracia ampliada que haya aprendido a gobernar los mercados y la macroeconomía pueda seguir soportando al capitalismo, es cosa que está todavía por ver.