terça-feira, 31 de agosto de 2010

O desafio de ampliação da democracia direta



Vladimir Safatle
Folha

Desde que a campanha eleitoral começou, vemos os candidatos mais bem posicionados ensaiarem a defesa da reforma política. Isso significa que, ao menos no discurso, todos reconhecem um certo déficit democrático nas estruturas de poder da sociedade brasileira. No entanto, é interessante perceber como a maioria das propostas (quando elas, de fato, aparecem) resume-se à discussão de questões que não tocam o fundamento do problema.

Voto obrigatório ou facultativo, existência ou não do Senado, adoção ou não do voto distrital: todas essas questões, embora relevantes, não têm a força para desbloquear o processo de constituição de uma democracia efetiva entre nós. Neste sentido, talvez fosse o caso de dirigir a atenção para dois pontos pouco explorados no debate eleitoral. Primeiro, vivemos um processo de esgotamento do chamado "presidencialismo de coalizão".

O Brasil deve ter o único Parlamento no mundo em que é impossível a um partido ter a maioria absoluta das cadeiras. Desde a redemocratização, apenas o PMDB de 1986 conseguiu alcançar essa marca. Isso faz com que o Congresso seja um verdadeiro "balcão de negócios", no qual um Executivo sempre fragilizado (já que necessita de alianças heteróclitas com vários partidos para governar) sai perdendo. Só seria possível mudar tal situação através de uma reforma política que permitisse situações eleitorais nas quais o vencedor leva tudo.

Isso pode significar que uma parte das cadeiras deva estar vinculada, necessariamente, ao partido vencedor, a fim de permitir que ele possa fazer maioria congressual mais facilmente (ou, ao menos, uma minoria qualificada). No entanto, toda discussão a respeito de nosso deficit democrático deve partir da constatação da baixa participação popular nos processos decisórios de governo.

A democracia parlamentar liberal quer nos fazer acreditar que a participação popular deva se resumir, em larga medida, à criação de coeficientes eleitorais em épocas de eleição. Ela não percebe que o verdadeiro desafio democrático consiste na criação de mecanismos de ampliação da democracia direta, seja através da generalização de plebiscitos, seja através da regionalização dos processos de decisão sob a forma de conselhos populares.

Tal criação é a condição para o engajamento da população nas práticas sociais de gestão. Só uma patologia própria ao pensamento conservador pode defender que o aumento da participação popular equivale a um risco à democracia. Como se a boa democracia fosse aquela que conserva o povo a uma distância segura através dos mecanismos de representação.

Contra isto, talvez seja o caso de dizer claramente que a verdadeira democracia é medida pela possibilidade dada ao poder instituinte popular para manifestar-se, mesmo que seja criando novas regras e instituições. Pois há uma plasticidade política própria à vida democrática que só aqueles que temem a construção de uma democracia efetiva compreendem como "insegurança jurídica".

“O homem transforma riscos naturais em catástrofes”



Grégoire Allix
Le Monde

Cidades e vilarejos se esvaziam no vale do Indo. Centenas de milhares de paquistaneses continuam a fugir das inundações que já causaram 1.500 mortes em um mês. Tanto no Paquistão quanto na Rússia, na China e na Índia, as catástrofes naturais fizeram deste um verão trágico. Mas seriam elas tão naturais assim?

Mais do que o clima ou o meio ambiente, “é a intervenção do homem que cria a catástrofe”, acredita o venezuelano Salvano Briceno, que dirige em Genebra a Estratégia Internacional de Redução de Desastres das Nações Unidas. Há dez anos, essa agência faz parcerias com as agências da ONU, o Banco Mundial e organizações humanitárias, para que as estratégias de adaptação à mudança climática e de combate contra a pobreza integrem a prevenção das catástrofes. Com progressos muito lentos.

Que lição o sr. aprendeu com a situação no Paquistão?

Tanto lá como em outros lugares, não são levados em conta os riscos naturais, vistos erroneamente como inevitáveis. Permitiram que as pessoas se instalassem às margens dos rios, nas planícies de inundação. Lugares onde os riscos eram bem conhecidos. É a principal causa da catástrofe. Não são os riscos naturais que matam as pessoas. Se a maior parte das vítimas morreu no norte, foi porque a guerra tornou a região vulnerável e fez muitos desabrigados.

Para o senhor, as catástrofes se devem antes de tudo a fatores humanos?

O planejamento rural e a política de construção têm uma responsabilidade essencial na construção das catástrofes. Elas não são naturais. É a ação do homem que transforma o risco natural em desastre. Na Rússia, a má gestão das florestas foi uma das principais causas dos incêndios que destruíram o país. Na China, o crescimento urbano descontrolado e o desmatamento favorecem os deslizamentos de terra. No Haiti, no dia 12 de janeiro, os habitantes de Porto Príncipe foram mortos por sua pobreza, não pelo terremoto. Um mês mais tarde, um terremoto semelhante atingiu o Chile, com muito menos mortos. A diferença foi a miséria, a urbanização dos terrenos de risco, a falta de normas de construção. Todos os anos, um mesmo furacão faz devastações mortais no Haiti, mas nenhuma vítima em Cuba ou na República Dominicana.

Como inverter a tendência?

É preciso parar de considerar a catástrofe como um evento implacável, entender que são as condições de desenvolvimento econômico, social, urbano que criam o risco ou o reduzem. Como nem sempre se podem evitar os riscos naturais, isso significa que é preciso implantar uma estratégia de redução do risco, hoje amplamente inexistente, que substitua a atual política de gestão dos desastres. Por enquanto, só se sabe responder à crise: é muito mais simples. A resposta das equipes de resgate chinesas frente aos deslizamentos de terra mostra que a China é bem melhor para administrar as catástrofes do que para gerir os riscos.

O crescimento urbano deve ainda levar em conta o papel dos espaços naturais. É preciso reforçar os ecossistemas não somente para manter a biodiversidade, mas também por sua função de redução dos riscos, que ainda não é reconhecida. E se o crescimento das favelas ainda é inevitável em muitos países, os governos podem guiar os pobres para zonas menos vulneráveis.

Estamos na metade do percurso da década de ações para a prevenção dos desastres naturais adotada pela ONU em Hyogo, no Japão, em 2005. Houve progressos concretos?

Estamos no meio do caminho da conscientização, mas bem no comecinho da implantação. Alguns países, como Bangladesh, fizeram coisas incríveis para diminuir a mortalidade durante os ciclones. Grupos de países como os da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) se comprometeram a incluir o Marco de Ação de Hyogo em sua legislação.

Existe uma conscientização do lado das grandes agências internacionais e dos financiadores, mas esses atores não enxergam com facilidade a longo prazo. Toda ajuda internacional é centrada no curto prazo. Ora, a educação, os sistemas de alerta, as regras de construção, isso se constrói a longo prazo.

A negociação sobre o clima pode mudar a situação?

Sim. A questão da redução dos riscos de catástrofe foi incluída na negociação sobre o clima em 2007, no plano de ação de Bali. Ainda é uma das bases da negociação para a adaptação dos países pobres à mudança climática. Quando finalmente chegarmos a um acordo internacional, será um grande avanço: o financiamento pelos países ricos dessas estratégias de adaptação liberará muitos recursos. E para se adaptarem à mudança climática, os países vulneráveis deverão começar reduzindo os riscos associados às imprevisibilidades naturais.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Francia continuará con la expulsión de gitanos



Agencias

El Gobierno francés reformará le legislación vigente para poder expulsar a los extranjeros que "amenacen el orden público en actos reiterados de robo o mendicidad agresiva", ha anunciado hoy el ministro de inmigración, Eric Bresson. La medida va encuadrada dentro de la política de expulsión de gitanos procedentes de Rumanía que ha emprendido el Gobierno francés.

"Nos hace falta ampliar la posibilidad de coger a los detenidos y reconducirlos a la frontera", ha asegurado el ministro Besson, que ha recordado las medidas tomadas por Francia para "luchar de manera más eficaz contra las redes de inmigración clandestina y de trata de seres humanos procedentes de Rumania y Bulgaria".

Francia ha desmantelado ya 128 campamentos ilegales de gitanos y expulsó a 977 de sus ocupantes en un mes, según el balance que ha ofrecido el ministro del Interior, Brice Hortefeux, quien ha asegurado que la ofensiva sigue adelante. "No hacemos más que aplicar las leyes en vigor", ha asegurado el responsable de Interior antes de incidir en que "el Gobierno dice lo que hace y hace lo que dice". El presidente francés, Nicolas Sarkozy, anunció el pasado 28 de julio el desmantelamiento de los campamentos ilegales.

Las operaciones de evacuación y desmantelamiento de campamentos ilegales "van a seguir porque son legítimas y necesarias", ha reiterado, insistiendo que no se busca estigmatizar a ninguna comunidad en concreto, ni de expulsar a gitanos por el hecho de serlo pero tampoco de "cerrar los ojos a la realidad". Como ejemplo, el ministro dijo que los actos de delincuencia en París perpetrados por rumanos aumentaron un 259 por ciento en año y medio.

Explicación ante Bruselas

El ministro de Inmigración, Eric Bresson, será quien encabece mañana una representación del Gobierno francés que visitará Bruselas para reunirse con los comisarios europeos de Interior, Justicia y Asuntos Sociales para dar cuenta sobre su política de expulsión de gitanos rumanos y búlgaros. A las dudas sobre la discriminación racial que podría esconderse tras la medida se suman las de origen legal, pues la Unión Europea (UE) tiene uno de sus principios capitales en la libertad de movimiento de los ciudadanos comunitarios.

Además de la legalidad de las medidas francesas, también se analizarán las ideas expresadas por representantes franceses y rumanos en la reunión que mantuvieron la pasada semana en París, así como la integración de las comunidades romanís en la sociedad. Si se comprueba que la expulsión de gitanos en Francia no se ajusta a la legislación de la UE, Bruselas puede iniciar un procedimiento contra el país, ha informado un portavoz de la CE.

El ministro rumano del Interior, Vasile Blaga, denunció este fin de semana que ninguno de los gitanos repatriados de Francia a Rumanía estaban fichados por la policía francesa o rumana. El Gobierno de Bucarest ha denunciado las expulsiones y ha afirmado que las expulsiones de rumanos por parte de Francia van "en contra del espíritu de la UE".

domingo, 29 de agosto de 2010

Agresión e intolerancia



Martín Granovsky

Página 12

En materia de prensa y libertades individuales, la última semana será recordada como un período signado por el ataque y la intolerancia. En Ciudad Victoria, capital de Tamaulipas, explotó un coche bomba frente a Televisa, la mayor cadena de televisión de México. Nadie se atribuyó el atentado. Tampoco hubo muertos ni heridos. Solo daños materiales, pero a tal punto que la transmisión debió ser interrumpida por varias horas. La bomba dañó no solamente a Televisa sino a las construcciones del vecindario.

El argentino Carlos Lauría, del Comité de Protección de Periodistas, que por cierto también suele ocuparse de la discusión sobre Papel Prensa y los diversos argumentos en juego, dijo que “las autoridades mexicanas deben poner fin a esta ola de violencia que pone en peligro seriamente a los medios y limita el derecho de los ciudadanos a ser informados”. “Exhortamos al gobierno federal a lanzar una investigación exhaustiva para dar con los responsables”, pidió Lauría.

El 15 de agosto otro coche bomba había sido colocado y lanzado contra el local de Televisa en Monterrey, al norte del país. El día anterior un grupo no identificado arrojó una granada en la oficina de Matamoros, en Tamaulipas. El 5 de julio otro coche bomba telecomandado había explotado en Ciudad Juárez, en el norte mexicano que desde hace dos años azota la violencia entre los narcos o entre los narcos y los brazos del crimen organizado con articulación estatal.

Ser periodista en México se convirtió en uno de los oficios más peligrosos. Y no es el estrés lo que mata. Es el plomo. Ya murieron 64 periodistas. En Ciudad Juárez los medios recomiendan a sus empleados el uso de chalecos antibalas. Por primera vez los periodistas organizaron una manifestación en el Distrito Federal de México por su derecho a trabajar sin sufrir ataques contra su integridad física.

El 25 de agosto último el diario La Jornada publicó que la concentración de la propiedad mediática y el control limita el pluralismo, según los relatores de libertad de expresión de la Comisión Interamericana de Derechos Humanos, Catalina Botero, y de la Organización de las Naciones Unidas, Frank La Rue.

Dice La Jornada que “los relatores señalaron que de 2000 a la fecha, México se ha convertido en el país más peligroso de América para el ejercicio periodístico, lo que es responsabilidad del gobierno”. También, según La Jornada, puntualizaron que la mayor amenaza es el “crimen organizado”, aunque “también hay agresiones de grupos armados presuntamente ligados a partidos políticos y de militares y policías”.

Los relatores establecieron que “el Estado no sólo está obligado a garantizar que sus agentes no cometan actos de violencia contra periodistas: también tiene que prevenir razonablemente las agresiones provenientes de particulares (incluido el crimen organizado)”. Agregaron que “además es su obligación investigar, juzgar y sancionar a los autores de dicha violencia”.

Fuera de México el caso más preocupante de la región es Honduras, el único país del continente donde se produjo un golpe de Estado en los últimos años. Desde marzo murieron seis periodistas. Nadie sabe quién cometió los asesinatos.

En México y Honduras campean los ataques físicos contra medios y periodistas. Europa, en tanto, discute un nuevo aspecto de la intolerancia. El presidente francés, Nicolas Sarkozy, reforzó su ofensiva para deportar a Rumania a un grupo fácil de definir con un nombre, “gitanos”, y simple de estigmatizar: gente nómade, extraña, sin papeles, que roba hijos ajenos o vive adivinando el futuro como un modo de no trabajar.

La palabra que se usa no es “gitanos”, sino el más genérico “roms”, ocho millones de personas en 47 Estados europeos, u 11 según cifras del Consejo de Europa, que suelen acceder en último lugar a los empleos formales y ser los primeros en perderlos cuando asoma una crisis.

El prejuicio instalado es tan profundo que la consultora Opinion Way hizo esta pregunta en un sondeo para el diario conservador Le Figaro: “¿Está de acuerdo o en desacuerdo a las expulsiones hacia Rumania de los roms sin papeles?” El 65 se pronunció a favor de la expulsión. El pequeño detalle es que los roms no son sinónimo de “sin papeles” porque nacieron en países que integran la Unión Europea. En todo caso, si provienen de Rumania o Bulgaria, tienen restricciones para acceder a empleos fuera de sus países de origen hasta la regularización total prevista para el 2013.

“La pregunta inducía a pensar que se trata de una inmigración clandestina”, criticó ante una consulta del diario Libération de París el dirigente comunitario Marik Salemkour.

Originalmente los ancestros de los roms llegaron a Europa desde la India alrededor del año 1000 y se dispersaron en distintos sitios durante el Imperio Bizantino, alrededor del 1150. Son siglos de sedentarización progresiva que las crisis, como la que aqueja a Europa y al mundo desde 2008, interrumpe con manifestaciones de racismo violento. Durante el nazismo, los gitanos fueron el segundo blanco como grupo, después de los judíos y antes que los homosexuales.

“El problema es que a veces la xenofobia es rentable”, dijo Denis Mc Shane, diputado del laborismo británico y ex secretario de Estado para asuntos europeos del Reino Unido.

El Comité de Naciones Unidas para la Eliminación de la Discriminación Racial recomendó el viernes a Francia que frene la deportación de gitanos o roms a Rumania y expresó su preocupación por los discursos políticos discriminatorios.

sábado, 28 de agosto de 2010

Los Zetas, la organización criminal detrás de la masacre de Tamaulipas



Agencias

Los Zetas sería la organización criminal mexicana que estaría detrás de la masacre de 72 migrantes, un macabro hecho descubierto este jueves en Tamaulipas, México, y que revela las tormentosas situaciones por las que pueden pasar los latinoamericanos que luchan por llegar a Estados Unidos.

Pero quiénes integran esta organización ilícita que se repite una y otra vez en los informes de las ONG's dedicadas al apoyo de los migrantes que buscan un mejor porvenir en el país del norte. Las escasas investigaciones realizadas concluyen que Los Zetas es un grupo de ex uniformados mexicanos, altamente preparados en manejo de armamento y técnicas de ataque y secuestro, y que en sus orígenes estuvo conectado con el llamado Cartel del Golfo, en México, organización delictiva al que Los Zetas le han declarado la guerra.

El último hecho de sangre en México, tras el que se supo de la presencia de Los Zetas, fue el asesinato del candidato a gobernador por Tamaulipas (por el Partido Revolucionario Institucional, PRI), Rodolfo Torre Cantú, político al que le interceptaron su comitiva camionetas que exhibían una Zeta en sus cristales, el sello criminal de esta temida banda.

Operaciones como la que se realizó en contra de Torre Cantú demuestran que Los Zetas no es una organización conformada por delincuentes comunes, sino ex uniformados con entrenamiento para realizar operaciones de entrega de drogas, protección a personas importantes, y como en el caso de la masacre de Tamaulipas, ejecuciones individuales o masivas.

Incluso se ha llegado a decir que los integrantes de Los Zetas, quienes en sus inicios fueron reclutados por el Cartel del Golfo, con el anzuelo de más dinero que el que les reportaba el Ejército mexicano, habrían tenido entrenamiento de guerra en lugares como Israel, Egipto y Estados Unidos.

Es que Los Zetas serían parte del Grupo de Aeromóviles de Fuerzas Especiales del Ejército, la unidad de élite entrenada en la Escuela de las Américas, una academia en terreno estadounidense que habría nacido en Panamá, a mediados de la década del 50. Según un informe el gobierno de México, sólo en el Distrito Federal "Los Zetas" contarían con 200 hombres con entrenamiento militar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

El tercer triunfo de Lula



Raúl Zibechi
La Jornada

Cuando falta poco más de un mes para las elecciones presidenciales en Brasil, la candidata creada y auspiciada por Lula, Dilma Rousseff, lleva una ventaja suficiente como para ganar incluso en la primera vuelta del 3 de octubre. La encuesta de Datafolha difundida el pasado fin de semana concede a Rousseff 47 por ciento frente a 30 por ciento del socialdemócrata José Serra y 9 por ciento de la ecologista Marina Silva. Esa diferencia parece imposible de descontar en sólo un mes, sobre todo porque su candidatura viene creciendo sin parar desde hace ya más de un año.

El ascenso de Rousseff es asombroso: tres meses atrás estaba empatada con Serra; un año atrás tenía apenas 16 por ciento de las intenciones de voto mientras Serra ostentaba más de 40 por ciento; a principios de 2009 tenía apenas 8 por ciento del electorado. En poco más de un año pasó de la marginalidad política a convertirse en la más firme candidata a suceder a Lula. Rousseff fue presa política durante la dictadura militar por integrar el grupo armado VAR-Palmares, luego militó en el Partido Democrático Trabalhista de Leonel Brizola, se graduó en economía y desde 2001 integra el PT. Cuando el escándalo de corrupción que forzó la renuncia de José Dirceu, Lula la nombró al frente de la Casa Civil, un cargo similar al de jefe de gabinete.

A todas luces, se trata de un triunfo más del actual presidente, que luego de ocho años de gobierno se retira con casi 80 por ciento de aprobación. El apoyo popular a Lula es sólido, sostenido en el tiempo, y atraviesa todos los sectores sociales. Oponerse a Lula, dicen amigos brasileños, es como poner en cuestión la ley de la gravedad. Su hegemonía es tan fuerte que un anuncio publicitario de su adversario Serra incluye la imagen de Lula. Desde una mirada de larga duración, habrá un antes y un después de sus ocho años al frente de Brasil.

Un balance de la gestión de Lula implicaría recorrer muchos aspectos, desde el carisma personal del hombre nacido en una humilde vivienda del noreste, que sintoniza con los sentimientos de la inmensa mayoría de los brasileños, hasta su exitosa gestión estatal luego de la pesadilla neoliberal y privatizadora de los ocho años de Fernando Henrique Cardoso, cuando cerca de 30 por ciento del PIB cambió de manos, provocando un terremoto en el país.

Desde el punto de vista económico, las dos presidencias de Lula supusieron un crecimiento de 37 por ciento, que contrasta con el escaso 20 por ciento de los años 1994-2002 de la presidencia de Cardoso. Aunque no fue espectacular, permitió que casi 30 millones de brasileños (en un país de 190 millones) hayan migrado de la pobreza a las clases medias, algo inédito en la historia del país y una de las claves del masivo apoyo a Lula.

Los frutos de este crecimiento no se repartieron de forma pareja. Las ganancias de la gran banca explotaron 420 por ciento bajo Lula. Sólo tres bancos (Banco do Brasil, Itaú-Unibanco y Bradesco), que controlan 80 por ciento del mercado, ganaron en ocho años 95 mil millones de dólares, frente a 18 mil millones que habían ganado bajo el mandato de Cardoso. El capitalismo brasileño vive una profunda reorganización mediante un proceso de centralización y concentración lubricado por el Estado por conducto del BNDES (Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social), el mayor banco de fomento del mundo.

El apoyo a las grandes empresas brasileñas les está permitiendo competir en buenas condiciones en el mercado internacional, al fusionarse y convertirse en multinacionales exitosas con financiación estatal y de los fondos de pensiones. Brasil Foods, fruto de la fusión entre Sadia y Perdigão, se convirtió en la mayor exportadora de carne procesada del mundo. La semiestatal Petrobras figura entre las cuatro mayores petroleras, la privatizada Vale do Rio Doce es la segunda minera del planeta y Embraer la tercer aeronáutica detrás de Boeing y Airbus. La fusión de Votorantim y Aracurz creó la cuarta procesadora de celulosa del mundo y la fusión de Itaú y Unibanco lo coloca entre los 10 mayores bancos. Las multinacionales forman parte del nuevo papel de Brasil en el mundo.

En segundo lugar, el amplio apoyo a Lula no podría explicarse sin políticas sociales como Bolsa Familia, que supone transferencias monetarias muy bajas (entre 12 y 114 dólares) pero que llegan a 50 millones de personas, uno de cada tres brasileños. Sobre todo en el noreste este tipo de programas consiguieron modificar el escenario político electoral construyendo un sólido apoyo a Lula. Todos los estudios aseguran que se produjo una fuerte disminución de la pobreza, aunque Brasil sigue siendo uno de los países más desiguales del mundo.

La tercera cuestión, quizá la determinante, es que bajo Lula Brasil se ha convertido en potencia global. No sólo forma parte del cuarteto de países emergentes conocido como BRIC (Brasil, India, China y Rusia), sino que se ha ganado un lugar en el mundo que se evidenció en el acuerdo entre Turquía, Brasil e Irán para solucionar el conflicto a raíz del enriquecimiento de uranio. En Sudamérica, la Unasur creada bajo impulso de Brasilia ha conseguido desplazar a la OEA en la resolución de conflictos regionales.

Bajo el gobierno Lula se aprobó la Estrategia Nacional de Defensa, que establece como prioridades la protección de la Amazonia y de los hidrocarburos de la plataforma marítima, la reorganización y modernización de las fuerzas armadas, con capacidad de fabricar desde submarinos hasta cazas de quinta generación, mientras el país ya domina todo el proceso que le permitirá construir armas atómicas.

Por último, los movimientos sociales están en su peor momento desde la década de 1980. La profundización del neoliberalismo y la expansión de las políticas sociales están en la base de la creciente debilidad de los movimientos. Los ocho años de Lula lanzaron a Brasil como potencia global y regional en desmedro de Estados Unidos, instalaron una nueva elite en la administración del Estado y debilitaron la lucha anticapitalista y por un mundo nuevo. Los tres hechos son parte inseparable de un mismo proceso.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EE.UU. se sume en la oscuridad


Paul Krugman
New York Times

Las luces se apagan en todo EE.UU., literalmente. La ciudad de Colorado Springs ha copado los titulares con su intento desesperado por ahorrar dinero apagando un tercio de sus farolas, pero están ocurriendo o barajándose cosas similares en todo el país, desde Filadelfia hasta Fresno.

Entretanto, un país que en su día asombró al mundo con sus visionarias inversiones en transportes, desde el canal de Erie hasta el sistema de autopistas interestatales, ahora se halla en un proceso de despavimentado: en varios Estados, los Gobiernos locales están destruyendo carreteras que ya no pueden permitirse mantener y reduciéndolas a grava.

Y una nación que antaño valoraba la educación, que fue una de las primeras en ofrecer escolarización básica a todos sus niños, ahora está haciendo recortes. Los profesores están siendo despedidos, y los programas, cancelados. En Hawai, hasta el curso escolar se está acortando de manera drástica. Y todo apunta a que en el futuro se producirán todavía más ajustes.

Nos dicen que no tenemos elección, que las funciones gubernamentales básicas -servicios esenciales que se han proporcionado durante generaciones- ya no son viables. Y es cierto que los Gobiernos estatales y locales, duramente azotados por la recesión, están faltos de fondos. Pero no lo estarían tanto si sus políticos estuvieran dispuestos a considerar al menos algunas subidas de impuestos.

Y en el Gobierno federal, que puede vender bonos a largo plazo protegidos contra la inflación con un tipo de interés de solo el 1,04%, no escasea el dinero en absoluto. Podría y debería ofrecer ayuda a los Gobiernos locales y proteger el futuro de nuestras infraestructuras y de nuestros hijos.

Pero Washington está prestando ayuda con cuentagotas, y hasta eso lo hace a regañadientes. Debemos dar prioridad a la reducción del déficit, dicen los republicanos y los demócratas centristas. Y luego, casi a renglón seguido, afirman que debemos mantener las subvenciones fiscales para los muy adinerados, lo cual tendrá un coste presupuestario de 700.000 millones de dólares durante la próxima década.

En la práctica, buena parte de nuestra clase política está demostrando cuáles son sus prioridades: cuando se les da a elegir entre pedir que el 2% de los estadounidenses más acaudalados vuelvan a pagar los mismos impuestos que durante la expansión de la era Clinton o permitir que se derrumben los cimientos de la nación -de manera literal en el caso de las carreteras y figurada en el de la educación-, se decantan por esto último.

Es una decisión desastrosa tanto a corto como a largo plazo. A corto plazo, esos recortes estatales y locales suponen un pesado lastre para la economía y perpetúan el desempleo, que es devastadoramente elevado.

Es crucial tener en mente a los Gobiernos estatal y local cuando oímos a la gente despotricar sobre el desbocado gasto público durante la presidencia de Obama. Sí, el Gobierno federal estadounidense gasta más, aunque no tanto como cabría pensar. Pero los Gobiernos estatales y locales están haciendo recortes. Y si los sumamos, resulta que los únicos incrementos relevantes en el gasto público han sido en programas de protección social, como el seguro por desempleo, cuyos costes se han disparado por culpa de la gravedad de la crisis económica.

Es decir que, a pesar de lo que dicen sobre el fracaso del estímulo, si observamos el gasto gubernamental en su conjunto, apenas vemos estímulo alguno. Y ahora que el gasto federal se reduce, a la vez que continúan los grandes recortes de gastos estatales y locales, vamos marcha atrás.

Pero ¿no es también una forma de estímulo el mantener bajos los impuestos para los ricos? No como para notarlo. Cuando salvamos el puesto de trabajo de un profesor, eso ayuda al empleo sin lugar a dudas; cuando, por el contrario, damos más dinero a los multimillonarios, es muy posible que la mayor parte de ese dinero quede inmovilizado.

¿Y qué hay del futuro de la economía? Todo lo que sabemos acerca del crecimiento económico dice que una población culta y una infraestructura de alta calidad son cruciales para el crecimiento. Las naciones emergentes están realizando enormes esfuerzos por mejorar sus carreteras, puertos y colegios. Sin embargo, en Estados Unidos estamos reculando.

¿Cómo hemos llegado a este punto? Es la consecuencia lógica de tres décadas de retórica antigubernamental, una retórica que ha convencido a numerosos votantes de que un dólar recaudado en concepto de impuestos es siempre un dólar malgastado, que el sector público es incapaz de hacer algo bien.

La campaña contra el Gobierno siempre se ha planteado como una oposición al despilfarro y el fraude, a los cheques enviados a reinas de la Seguridad Social que conducen lujosos Cadillac y a grandes ejércitos de burócratas que mueven inútilmente documentos de un lado a otro. Pero eso, cómo no, son mitos; nunca ha habido ni de lejos tanto despilfarro y fraude como aseguraba la derecha. Y ahora que la campaña empieza a dar frutos, vemos lo que había realmente en la línea de fuego: servicios que todo el mundo, excepto los muy ricos, necesita, unos servicios que debe proporcionar el Gobierno o nadie lo hará, como el alumbrado de las calles, unas carreteras transitables y una escolarización decente para toda la ciudadanía.

Por tanto, el resultado final de la prolongada campaña contra el Gobierno es que hemos dado un giro desastrosamente equivocado. Ahora, EE UU transita por una carretera a oscuras y sin asfaltar que no conduce a ninguna parte.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Argentina: Gobierno denunció "la apropiación ilegal" de Papel Prensa



Sebastián Premici
Página 12

La presidenta Cristina Fernández de Kirchner presentó en sociedad el informe Papel Prensa: La Verdad. A partir de una investigación que consta de 26.000 fojas, realizada por una comisión investigadora constituida al efecto, la mandataria denunció la apropiación ilegal de la papelera, en 1976, por parte de los accionistas privados Clarín, La Nación y La Razón en connivencia con los responsables de la última dictadura militar. Fernández de Kirchner instruyó al procurador del Tesoro, Joaquín Da Rocha, y al secretario de Derechos Humanos, Eduardo Luis Duhalde, a presentar las demandas judiciales que correspondan.

“Después de leer este informe, me quedó un sabor amargo y la certeza de que existe un poder que está por encima de la primera magistratura. Desde hace décadas que existe un poder que intenta subordinar al Estado a sus intereses. Esto lo pude ver en todo el expediente. Lamento decirle a ese poder que no seré funcional a sus intereses”, manifestó la Presidenta, en un claro mensaje hacia las empresas involucradas dentro del informe. Por otro lado, la mandataria anunció que enviará al Parlamento un proyecto de ley para crear un nuevo marco regulatorio para la producción, distribución y comercialización del papel para diarios, declarando esta actividad como un servicio público.

Antes de que comenzara el acto, el clima que se vivía dentro de la Casa Rosada era de euforia, pero con la “conciencia de que algo relevante estaba por suceder”, tal como graficó a este diario el diputado Mariano West (FpV). “Es un día de gloria”, se le escuchó decir a Gabriel Mariotto, titular la autoridad de aplicación de la nueva Ley de Servicios Audiovisuales. En las paredes del Salón de los Patriotas Latinoamericanos se colocaron recortes de los diarios Clarín y La Nación del año 1977, los cuales hacían mención a la operación de Papel Prensa. Sobre el escenario podían verse las 26.000 fojas de la investigación.

En primera fila estuvieron sentados los principales testigos del caso, los cuales ya prestaron declaración testimonial ante la Secretaría de Derechos Humanos: Lidia Papaleo, viuda de David Graiver; y Rafael Ianover, ex vicepresidente de Papel Prensa y testaferro de Graiver. Junto a ellos estaba el diputado y titular del PJ, Néstor Kirchner, Guillermo Moreno, que encabezó la investigación, y Osvaldo Papaleo, hermano de Lidia. Del encuentro también participaron todos los ministros del gabinete, gobernadores y empresarios.

“En un editorial del domingo pasado, Clarín publicó que ‘el Gobierno avanza en Papel Prensa para controlar la palabra impresa’. En abogacía tenemos un dicho, a confesión de partes, relevo de pruebas. O lo que en psicología se llama proyección. Uno infiere que quien controla el papel, controla la palabra. Papel Prensa (cuyos accionistas mayoritarios son Clarín y La Nación) es una empresa monopólica. Por eso coincido con lo que dice el multimedio”, afirmó, con ironía, Fernández de Kirchner.

Según denunció la Presidenta, Lidia Papaleo, viuda de David Graiver, ex dueño de Papel Prensa y signado como banquero de los Montoneros, fue obligada a vender las acciones de la papelera (las que le correspondía por la sucesión) el 2 de noviembre de 1976. “Lidia debía presentar un escrito ante el juez de menores, en representación de su hija, que era menor de edad. Pero el magistrado nunca aprobó la venta. Sin embargo, a los cinco días de firmar el último papel, la detienen”, contó Fernández de Kirchner. Eso fue en marzo de 1977.

“¿Por qué tuvieron que mantener en libertad a Papaleo de Graiver hasta firmar la venta?”, se autopreguntó la Presidenta. “Para evitar que la compañía cayera en manos de la Comisión Nacional de Reparación Patrimonial (Conarepa), que era el órgano que se quedaba con los bienes de ex funcionarios y otras personas investigadas. Todo el patrimonio de los Graiver quedó en la Conarepa, salvo Papel Prensa”, se respondió Fernández de Kirchner.

Los accionistas privados de Papel Prensa argumentan que Papaleo de Graiver y Ianover vendieron sus acciones por propia voluntad y que su secuestro nunca estuvo relacionado con Papel Prensa. Para realizar esta argumentación se basan en una investigación realizada en 1986 por el fiscal nacional de investigaciones administrativas, Ricardo Molina. Incluso afirman que “nunca se relacionó la compra de Papel Prensa con la dictadura militar, salvo hasta ahora, donde el Gobierno mantiene una clara puja con los diarios”, indicaron voceros de los accionistas privados.

Sin embargo, el tema no es nuevo. Durante el acto de ayer, Beatriz Paglieri, directora por el Estado de Papel Prensa, mencionó como antecedente el libro “Los cerrojos a la prensa”, del fallecido Julio Ramos, ex dueño de Ambito Financiero. Según dejó trascender Alberto González Arzac, encargado de redactar el informe, la causa que tramitarán Da Rocha y Duhalde estará enmarcada en los crímenes de lesa humanidad, ocurridos durante la última dictadura militar.

La segunda denuncia de la Presidenta estuvo relacionada con un pacto de sindicalización, firmado por Héctor Magnetto, Bartolomé Mitre y Patricio Peralta Ramos. “Era el corazón de la toma de decisiones dentro de Papel Prensa. Se comprometían a actuar en conjunto, a tener siempre la misma posición y lo más grave de todo, no podían adoptar medidas que perjudicaran a ninguna de las empresas controlantes”, argumentó Fernández de Kirchner.

A partir de este “pacto de sindicalización”, el Estado denunció que Papel Prensa le cobraba un precio diferencial a sus accionistas privados, en detrimento de los diarios del interior. Este pacto fue comunicado a la CNV recién este año. De todas maneras, el Ejecutivo encontró pruebas de su existencia en la Inspección General de Justicia, dentro del expediente sobre la quiebra de La Razón. Esta información aparece en el informe presentado ayer.

Para evitar un nuevo “pacto”, el Ejecutivo enviará al Congreso un proyecto para declarar como servicio público la producción, distribución y comercialización del papel para diarios. El objetivo central de esta normativa buscará darle un trato igualitario a todos los diarios del país. A su vez, buscará ampliar la capacidad de producción de Papel Prensa para que no haya más importación. Con esta jugada, la Presidenta obligará a todo el arco opositor a discutir sobre un proyecto esencial “para la libertad de prensa”, tal como fue definido por la propia mandataria. También se propondrá la creación de una comisión bicameral de control.

“Con la Justicia por un lado, y el Parlamento por el otro, estamos confiados en que la democracia pueda pasar esta prueba. Queremos una democracia sin tutelaje y una sociedad sin miedo”, concluyó la mandataria.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Chile: La criminalización del conflicto Mapuche



Fernando de la Cuadra
ALAI

La huelga de hambre iniciada por un grupo de 34 presos políticos mapuche en diversas cárceles de Chile ya completó los 40 días y las autoridades chilenas todavía no han dado ninguna respuesta a un conjunto de reivindicaciones que han levantado los huelguistas y las organizaciones del pueblo Mapuche. Las demandas que ellos plantean a la autoridad son justas y legitimas:

1. Por el derecho a un debido proceso o juicio justo sin los montajes político- judiciales actuales y el uso de violencia institucionalizada que incluye la tortura;

2. Por el fin de la ley Antiterrorista, hecha durante la dictadura, y cuya aplicación a la causa Mapuche permite todo tipo de acciones ilegítimas condenadas por las Naciones Unidas. Su uso es facilitado por la criminalización de las luchas legítimas del pueblo Mapuche;

3. Por el fin de la Justicia Militar que promueve la impunidad a los crímenes del Estado desde los tiempos de la dictadura y que ahora acentúa su guerra contra el pueblo Mapuche. Fin del uso de procesos civiles y militares a un mismo preso;

4. Por la libertad de todos los presos políticos Mapuche encarcelados; y

5. Por la desmilitarización de las zonas Mapuche donde las comunidades reivindican sus derechos políticos y territoriales.

Esta Ley Antiterrorista prevé la aplicación preventiva por hasta dos años de un sospechoso, así como impide a los abogados de defensa acceder a la investigación o interrogar a testigos cuya identidad es mantenida en secreto. Es decir, con la criminalización de la causa Mapuche, el Estado chileno ha transformado la solución institucional y democrática del conflicto, en una cuestión estrictamente judicial, cuya consecuencia más directa ha sido la estigmatización de los mapuches como un pueblo violento.

Por su parte, la prensa escrita y audiovisual ha ignorado esta huelga de hambre, centrando las informaciones en el drama que afecta a 33 mineros sepultados hace más de dos semanas en la mina San José, al Norte del país. Excepto por unos pocos medios de comunicación, se ha impuesto un vergonzoso manto de silencio e indiferencia sobre esta otra tragedia que asola a Chile. Según las últimas informaciones difundidas por los familiares de los huelguistas, la salud de la mayoría de ellos se encuentra resentida después de casi mes y medio sin ingerir alimentos. Frente a la perseverante lucha de los mapuches por conquistar sus derechos, el mutismo del gobierno torna aún mas ilegitima la aplicación de una Ley Antiterrorista que ha sido condenada por Naciones Unidas y por organismos internacionales de Derechos Humanos.

El estallido contemporáneo del “conflicto Mapuche”

La expresión contemporánea del conflicto entre los Mapuche y el gobierno, las empresas forestales y de energía (embalses), se instaló a fines de 1997 (1 de diciembre), fecha en la cual fueron incendiados tres camiones cargados con madera que salían de un terreno en litigio entre una empresa forestal (Forestal Arauco) y las comunidades de la zona de Lumaco, Novena Región. La población Mapuche de ese sector argumentaba su pretensión de recuperar los terrenos en manos de la forestal apelando a sus derechos ancestrales. Desde esa ocasión y hasta la fecha, la Intendencia de la Región de la Araucanía ha interpuesto diversos recursos en la Corte de Apelaciones de Temuco para que se aplicara la Ley de Seguridad Interior del Estado y actualmente la Ley Antiterrorista, una de las más nefastas herencias del régimen dictatorial. Desde ese periodo, el gobierno viene advirtiendo que sancionará “con el mayor rigor de la ley” a aquellos grupos que insistan en desacatar el Estado de derecho y algunos de sus representantes vienen realizando, desde hace ya un tiempo, fuertes denuncias contra las acciones “perpetradas” por los comuneros.

A partir de esa fecha son innumerables las ocupaciones, los actos de protesta y acciones de descontento que se han producido en diversas localidades del Sur del país, algunas de las cuales adquirieron inusitada violencia por parte de los grupos en conflicto: por un lado, las comunidades Mapuches, organizaciones ecologistas e indigenistas, y por el otro, las fuerzas policiales “del orden” y guardias de seguridad contratados por las empresas.[1] En la Región de la Araucanía se desarrolla, por lo tanto, desde hace varios años este conflicto entre las comunidades Mapuche que reclaman tierras “ancestrales” y las empresas agrícolas y forestales que actualmente poseen los derechos de propiedad sobre dichas tierras.

Algunos de estos enfrentamientos han cobrado la vida de jóvenes integrantes del movimiento Mapuche. Los hechos han demostrado que quienes han perdido la vida o los que han sido agredidos en su gran mayoría son integrantes de esta etnia.[2] La tensión generada por estos asesinatos y por otros gestos de violencia policial, llevó al gobierno a declarar la Ley Antiterrorista para juzgar las acciones emprendidas por las organizaciones Mapuches responsabilizadas por los ataques a empresas y explotaciones aledaños a sus comunidades. La aplicación de dicha Ley ha sido criticada por diversos abogados y especialistas, que la consideran una aberración jurídica en la medida que atribuye como causal de un acto terrorista a cualquier persona que proceda a “colocar, lanzar o disparar bombas o artefactos explosivos o incendiarios de cualquier tipo, que afecten o puedan afectar la integridad física de personas o causar daño.” Con esta definición ambigua y sumamente vaga puede ser encausado como acto terrorista cualquier actividad promovida por grupos anti-sistémicos o movimientos sociales que, por ejemplo, puedan hacer uso de barricadas o lanzar bombas molotov en una manifestación.

Indiscutiblemente la violencia represiva desplegada por el Estado chileno va de la mano con la mencionada estigmatización del pueblo Mapuche, que en muchas ocasiones es definido como violento y sin ninguna capacidad de dialogo, demasiado obcecado por recuperar su patrimonio. Efectivamente, en muchas oportunidades los Mapuches han reaccionado de manera violenta a la instalación de empresas forestales o proyectos hidroeléctricos en su territorio, pero ello ha sido provocado también porque no han sido consultados previamente respecto a estos emprendimientos, excluyéndolos de cualquier debate bajo el pretexto (y el prejuicio) de que estas comunidades son por esencia contrarias al progreso económico. La pregunta en este caso es precisamente de que tipo de progreso estamos hablando o hasta donde dicho progreso afecta los ecosistemas naturales dejando una “huella ecológica” de gran impacto, difícil de ser contornada por simples medidas paliativas. Las comunidades Mapuches también están concientes que muchos proyectos realizados en ecosistemas naturales poseen externalidades ambientales negativas, las que finalmente afectaran directamente la propia supervivencia y sustentabilidad de esas comunidades. Como bien nos recuerda Gonzalo Rovira en su artículo, “Patrimonio natural y políticas públicas”, el llamado progreso con su uso creciente y dramático de recursos naturales, tiende a expandir la frontera, aumentando la proporción de zonas intervenidas, para satisfacer así una creciente demanda por bienes y servicios.

A ello se suma una concepción más generalizada del Estado, que se encuentra asociada a la criminalización de la protesta social. Las manifestaciones de las organizaciones y las comunidades muchas veces son tratadas como un tema policial y de seguridad interior, lo cual termina justificando el uso excesivo de la fuerza represiva y la aplicación de la ley antiterrorista a acciones de propaganda que buscan llamar la atención de esas mismas instituciones. Según un reciente informe del Relator Especial de Naciones Unidas sobre los Derechos y Libertades Fundamentales de los Pueblos Originarios, James Anaya, el Estado chileno debe terminar con el uso de la fuerza para pasar a construir confianza y espacios de mayor participación en las negociaciones para responder a las diversas demandas de este pueblo, desde la restitución de tierras ancestrales hasta aspectos de acercamiento intercultural, que incorpore la noción de diferencia a partir de la educación básica: “El mayor desafío que tiene Chile es transversal. Necesita construir confianza, necesita que los indígenas recuperen la confianza perdida a causa de años de historia…”.

En este sentido, la estrategia del gobierno socialista de Michelle Bachelet también fue muy contradictoria. Por una parte, las autoridades habían confirmado el Convenio 169 de la OIT (Organización Internacional del Trabajo) que consagra los derechos de los pueblos originarios, y que, por ejemplo, obliga a los Estados ratificantes a hacer una consulta previa antes de desarrollar cualquier proyecto o emprendimiento en territorio indígena. Por otra parte, el gobierno intentó focalizar e incluso transferir el conflicto a determinadas comunidades, que aparecían como el centro neurálgico de las disputas por tierra, siendo que el problema tenía una magnitud bastante mayor y más compleja. Las acciones represivas tópicas durante la administración de Bachelet solamente escondieron la raíz del conflicto, que si bien posee un componente tangible de demanda por la tierra, también supone construir una política indígena global que pasa por cuestiones de identidad, nacionalidad y autonomía.

Desde la asunción del gobierno de Piñera la situación del pueblo Mapuche ha empeorado, visto que su base de apoyo son precisamente los mismos empresarios agrícolas y forestales que durante décadas han participado en las acciones de represión y despojo de esta comunidad originaria. Con la evidente oposición del gobierno y la apatía y falta de movilización de la sociedad, existe un riesgo predecible que la atención a las demandas de los huelguistas sólo comience a ser concedida después de algún desenlace fatal. Eso seria un error dramático e inexcusable para cualquier país que aspira a construir una convivencia democrática mínima.

NOTAS
[1] Una cronología pormenorizada de estas ocupaciones y de otro tipo de manifestaciones (huelgas de hambre, marchas, tomas de caminos, tala de bosques, etc.) se encuentra en los diversos números de la revista del Observatorio Social de América Latina, publicada por CLACSO o en los diversos documentos del Observatorio de Conflictos Ambientales editados por la Casa de la Paz.
[2] Existen tres sucesos de graves consecuencias que han acaparado la atención de la opinión pública nacional e internacional. La primera fue el asesinato del estudiante Mapuche Edmundo Lemus (de 17 años) que recibió una bala disparada por las Fuerzas Especiales de Carabineros mientras participaba en una movilización pacífica de recuperación de tierras efectuada en el Fundo Santa Elisa de propiedad de la forestal Mininco, en las proximidades de Angol. A comienzos del 2008, el 3 de enero, murió a causa de una herida de bala disparada por la Policía, el joven activista Matías Catrileo (22 años). Otro caso que provocó gran consternación fue el asesinato del comunero Jaime Mendoza Collio (24 años), acontecido en agosto del año pasado, tras el desalojo policial de un fundo agrícola en Angol.

O plano de Netanyahu e Obama



José Goulão
Esquerda.net

A pressão da Casa Branca para o regresso de israelitas e palestinos às conversações directas não causou grandes euforias na perspectiva da solução do problema israelí-palestino. Para o eurodeputado Miguel Portas, trata-se duma “operação de propaganda de Obama, uma vitória em toda a linha do governo de Israel e uma capitulação da Fatah"

A nova iniciativa da Administração Obama para o Médio Oriente não é, para já, susceptível de grandes euforias na perspectiva da solução do problema israelí-palestino. É mais uma, motivada esta por urgências específicas da Casa Branca, pela necessidade de abafar um fracasso diplomático do Departamento de Estado, condicionadora apesar de apresentada como incondicional. “É uma operação de propaganda de Obama, uma vitória em toda a linha do governo de Israel e uma capitulação da Fatah de Abu Mazen contra a opinião não apenas do Hamas mas também de todas as organizações históricas da resistência palestiniana”, considera o eurodeputado Miguel Portas.

Barack Obama convidou o primeiro ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmmud Abbas (Abu Mazen), a reunir-se cara-a-cara em 2 de Setembro, sem condições, para restabelecer o diálogo directo como via para conduzir à criação de um Estado palestino independente e garantir a segurança de Israel.

A proposta corresponde a uma linha pré-definida da diplomacia norte-americana mas significa também uma fuga para a frente – isto é, um novo passo negocial sem garantias de sustentação nem prazos reais de execução. Como se sabe, estavam em curso negociações indirectas mediadas pelo Departamento de Estado para reabrir as portas das negociações directas. Para que isto acontecesse deveriam as partes entender-se em aspectos tão essenciais como a definição das fronteiras de coexistência entre dois Estados, mantendo-se congelada a colonização israelita dos territórios palestinos.

Os quatro meses estabelecidos para as “indirectas” escoaram-se com o mais do que esperado fracasso. Entretanto, a moratória sobre a colonização declarada unilateralmente por Israel vai esgotar-se e não existem indícios de que seja renovada. O facto de as negociações directas se iniciarem “sem condições” é um modo de dizer a Israel que escusa de incomodar-se especificamente com esse assunto uma vez que vale tanto como todos os outros.

E não vale. Se o governo israelita continuar a autorizar a ampliação e construção de colonias – actividade ilegal - na Cisjordânia e em Jerusalém Leste – e nada o impede de o fazer no quadro definido para as próximas negociações – sobrará cada vez menos terra destinada ao futuro Estado Palestino. O formato diplomático corre o risco de ficar amarrado à discussão de um objectivo que está a ser gradualmente inviabilizado.

Daí que Benjamin Netanyahu seja um duplo vencedor desta fase. Vergou Obama ao cabo de um braço de ferro em que sempre esteve em vantagem e terá pela frente um presidente palestino absolutamente vulnerável e sem alternativa a uma estratégia condenada pela sua fraca capacidade de negociação.

Barack Obama, obrigado pelo timing estabelecido pelos próprios Estados Unidos a anunciar uma iniciativa neste momento, optou pela versão cómoda, útil cheia de tempo pela frente. “É uma oportuna operação de propaganda de Obama uma vez que continua em dificuldades no Iraque e no Afeganistão”, salienta Miguel Portas; “ganha tempo porque se sabe como tudo vai recomeçar sem garantias de como e quando acabará tendo em conta o histórico de antecedentes”, acrescenta o eurodeputado; “e de certa forma", nota, "até talvez consiga diminuir a tensão no Líbano”.

Como a memória da comunicação social que faz opinião é muito fraca pouco se notará que entre as promessas de Obama antes das negociações indirectas e a iniciativa de agora existe um abismo de conteúdos. Depois da visita do vice-presidente Biden à Palestina e Isreal, os Estados Unidos envolveram-se na mediação das negociações indirectas prometendo que se estas não resultassem em quatro meses Washington apresentaria uma proposta de solução própria para o problema israelí-palestino e convocaria uma conferência internacional sobre o assunto no Outono.

Nada disto parece estar contemplado na iniciativa actual da Casa Branca, acompanhada por uma caricata tentativa de ressurreição do nado-morto Quarteto. O que está pela frente é uma prosaica reunião de negociações como tantas em que Nenatyahu já participou nos últimos 13 anos sem que nada de concreto tenha acontecido a não ser “negociar por negociar” – espécie de lema do chefe de governo israelita. Os registos de novos apertos de mão correrão mundo, destinados cada vez mais a ser olhados com indiferença.

Poderia Mahmud Abbas, na sua actual posição, resistir à capitulação? Poderia, de facto, num quadro em que conseguisse reactivar a unidade palestina não apenas concretizando o acordo com o Hamas que tem vindo a ser negociado mas também restaurando o trabalho conjunto com as principais correntes da sociedade. O que fica para a história, porém, é que aderiu a uma iniciativa norte-americana saudada efusivamente pelo governo de direita de Israel e contra o parecer de toda a resistência palestina. “Ainda recentemente não apenas o Hamas mas também todos os grupos históricos palestinos da OLP rejeitaram em Damasco a adesão a uma iniciativa norte-americana deste tipo”, recordou Miguel Portas.

Mahmmud Abbas estava efectivamente cercado. Toda a pressão dos Estados Unidos e dos seus principais aliados foi feita no sentido de isolar o presidente palestino como responsável pelo fracasso de uma iniciativa que todas as partes aceitariam e só ele rejeitaria. Os palestinos pagariam assim o ónus da rejeição. É uma distorção grosseira da realidade no terreno, mas é assim que as coisas funcionam na ordem internacional estabelecida.

Abbas não quis assumir essa responsabilidade num quadro nacional palestino, isolou-se dentro da globalidade do espectro político da sua nação, matou, no imediato, as possibilidades de acordo com o Hamas, e entrou em parceria com Washington e Tel-aviv. Esse foi o caminho que escolheu supostamente na direcção de um Estado Palestino tal como lhe é prometido pelos Estados Unidos e por Israel.

Será que os Estados Unidos e a direita israelita oferecerão agora a um presidente palestino isolado, sem poder de negociação e com um mandato democrático expirado, o Estado cuja criação impediram, na prática, durante as últimas seis décadas?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Paul Kagame: Genocida de EEUU en África Central



Glen Ford
Black Agenda Radio

Exactamente igual que su predecesor, el Presidente Obama fortalece a los pro occidentales de Asesinos S.A. en el África negra, una plantilla que incluye a los asesinos de masas más despiadados del continente. Una de ellos, el ruandés Paul Kagame, que es culpable de la muerte de millones de personas en Congo, recientemente celebró unas elecciones en las que obtuvo el 93 por ciento de los votos. Pero no escucharás ninguna queja por parte de la Casa Blanca.

Uno de los principales aliados de EEUU en el África Negra recientemente se declaró a sí mismo ganador en una farsa de elecciones presidenciales con un 93 por ciento de los votos. Pero no habrá ninguna protesta por parte del Departamento de Estado de Hillary Clinton o de la Casa Blanca de Barack Obama, ni siquiera un pequeño alboroto por parte del New York Times, porque el Presidente Paul Kagame, de Ruanda, sirve a los intereses de EEUU. Nunca escucharás a los gobiernos occidentales y los medios de comunicación llamar a Paul Kagame por su propio nombre: un dictador y señor de la guerra de la minoria tutsi que domina sobre la mayoritaria población hutu a través de un reinado del terror. En vez de eso, los capitalistas occidentales inundan su régimen con dinero y alabanzas como un ejemplo de cómo África debería gobernarse.

A Paul Kagame y a su mentor y compañero, señor de la guerra en la vecina Uganda, el Presidente Woseri Museveni, se les dio luz verde por parte de Occidente para que mataran y robaran a voluntad en África Central. Son los dos principales artífices del genocidio en el este de Congo, donde algunos estiman que han muerto seis millones de personas desde que Uganda y Ruanda invadierion la región a mediados de los 90. Los soldados de estos dos secuaces de EEUU están allí todavía, en la República Democrática del Congo, saqueando minerales preciosos para venderlos a las corporaciones multinacionales usando como tapadera guerras tribales, guerras creadas y alimentadas por ellos mismos, Kagame y Museveni, para obtener poder y ganancias y el favor de EEUU y Europa. Kagame y Museveni tiene más sangre en sus manos que ninguna otra combinación de hombres en África, lo que los convierte en héroes para Occidente.

Comparado con el genocidio congoleño, el robo de unas elecciones en Ruanda es un juego de niños. La mayoría de la población hutu vive aterrorizada por un régimen dominado por los tutsi, que se enraíza en la guerrilla armada que invadió Ruanda desde sus bases en Uganda y que desencadenó la violencia tribal genocida que mató a cientos de miles de tutsis y hutus –aunque las víctimas hutus del ejército de Kagame tienen que ser lloradas en silencio-. Es un crimen en Ruanda incluso suscitar la cuestión de los asesinatos masivos de hutus durante la violencia de 1994, mientras Kagame luchaba para alzarse con el poder. De hecho, cualquier crítica al régimen de Kagame garantiza que a uno le pongan la etiqueta de genocidaire –defensor del genocidio– o de promotor del “divisionismo”, es decir, cualquier cosa que puede tender a minar la obediencia de la gente a Paul Kagame. Uno puede muy bien aparecer muerto, como le ocurrió a varios de los oponentes del régimen durante la campaña de la farsa electoral. A ningún oponente serio se le permitió competir. El Estado policial de Kagame tiene formas de asegurarse de que casi todo el mundo vote por El Líder. Los votantes marcan sus papeletas electorales con sus huellas dactilares junto al candidato elegido, por lo tanto ningún voto es secreto.

Los dos jefes de Estado más despreciados por EEUU, Robert Mugabe de Zimbabwe, y Omar al-Bashir de Sudán, celebraron elecciones que fueron muchas más justas y creíbles que las de la Ruanda de Paul Kagame. Los Presidentes Mugabe y Bashir nunca las amañarían para concederse sí mismos un 93 por ciento de los votos, porque serían denunciados por robo de votos por parte de Occidente. Pero el dictador genocida Paul Kagame hace ostentación de su falta de respeto por los procesos democráticos y Occidente lo ama por ello. Está cometiendo los asesinatos de EEUU y Europa por ellos, y ellos están encantados.

domingo, 22 de agosto de 2010

Las mentiras de Hiroshima son las mentiras de hoy



John Pilger
The Guardian

Cuando fui por primera vez a Hiroshima en 1967, aún estaba allí la sombra sobre los escalones. Era una impresión casi perfecta de un ser humano relajado: piernas separadas, espalda inclinada, una mano en el costado mientras esperaba sentada a que abriera el banco. A las ocho y cuarto de la mañana del 6 de Agosto, su silueta y ella fueron lanzadas ardiendo contra el granito. Estuve mirando la sombra fijamente durante una hora o más, luego bajé andando hacia el río y conocí a un hombre llamado Yukio, en cuyo pecho todavía estaba grabado el dibujo de la camisa que llevaba cuando se lanzó la bomba atómica.

Él y su familia todavía vivían en una casucha construida rápido y mal entre el polvo de un desierto atómico. En su descripción hablaba de un relámpago enorme cayendo sobre la ciudad, “una luz azulada, algo así como un cortocircuito”, tras el cual el viento sopló como un tornado y cayó una lluvia negra. "Fui lanzado al suelo y observé que sólo quedaban los tallos de mis flores. Todo estaba quieto y en silencio, y cuando me levanté, había gente desnuda sin articular palabra. Algunos de ellos habían perdido la piel o el pelo. Supe con certeza que estaba muerto”. Nueve años después, cuando volví a buscarle, había muerto de leucemia.

En el periodo que siguió al lanzamiento de la bomba, las autoridades de ocupación aliadas prohibieron toda mención del envenenamiento por radiación e insistieron en que las muertes o heridas fueron consecuencia sólo del estallido de la bomba. Ésta fue la primera gran mentira. “No hay radiactividad en la destruida Hiroshima” decía la portada del New York Times, un clásico de la desinformación y la abdicación de los medios, que el periodista australiano Wilfred Burchett incluyó como primicia del siglo. “Escribo esto como advertencia a todo el mundo”, informaba Burchett en el Daily Express, después de llegar a Hiroshima tras un viaje peligroso. Fue el primer corresponsal que se atrevió. Describió salas de hospital llenas de gente sin heridas visibles, pero que estaba muriendo, de lo que él llamó “una epidemia atómica”. Por contar esta verdad, le retiraron su acreditación de prensa, fue expuesto públicamente y difamado.

El uso de la bomba atómica en Hiroshima y Nagasaki fue un acto criminal de dimensiones épicas. Fue un asesinato masivo premeditado que dió rienda suelta a un arma de criminalidad intrínseca. Por esa razón sus defensores han buscado refugio en la mitología de la reciente “guerra buena”, cuyo “baño ético”, como Richard Drayton lo calificó, le ha permitido a Occidente no sólo expiar su sangriento pasado imperialista, sino poner en marcha 60 años de guerra voraz, siempre bajo la sombra de La bomba atómica.

La mentira más perdurable es la de que la bomba atómica se lanzó para acabar con la guerra en el Pacífico y salvar vidas. “Incluso sin los ataques de la bomba atómica”, concluía el informe estadounidense sobre armas nucleares de 1946, “la supremacía aérea sobre Japón podía haber ejercido la suficiente presión para provocar una rendición incondicional y obviar la necesidad de una invasión. Basándose en una investigación detallada de todos los hechos, y respaldados por el testimonio de líderes japoneses supervivientes, el informe defiende que… Japón se habría rendido aunque las bombas atómicas no se hubieran lanzado, aunque Rusia no hubiera entrado en la guerra y aunque no se hubiera planificado o contemplado invasión alguna.”

Ya en 1943 los archivos nacionales de Washington contienen documentos del gobierno estadounidense que recogen propuestas de paz japonesas. No se abordó ninguna. Un cable enviado el 5 de Mayo de 1945 por el embajador alemán en Tokio e interceptado por EEUU despeja cualquier duda sobre el hecho de que los japoneses estuvieran desesperados por pedir la paz, incluso “la capitulación, aunque los términos de la misma fueran duros.” En cambio, el secretario de guerra estadounidense, Henry Stimson, dijo al presidente Truman que temía que la fuerza aérea estadounidense arrasara de tal manera Japón que esta nueva arma no pudiera “mostrar su potencia.” Después admitió que “no se hizo ningún esfuerzo ni se consideró seriamente conseguir la rendición de los japoneses por el mero hecho de no tener que usar la bomba.” Sus compañeros en política exterior estaban ansiosos “por intimidar a los rusos con la bomba que tan ostentosamente llevábamos en las caderas.” El General Leslie Groves, director del proyecto Manhattan que fabricó la bomba, testificó: “ Nunca tuve la impresión de que Rusia fuera nuestro enemigo, ni de que el proyecto se basara en esas premisas”. El día que Hiroshima fue arrasada, el presidente Truman expresó su satisfacción calificando el “experimento” como “éxito abrumador.”

Desde 1945 se cree que EEUU ha estado a punto de usar armas nucleares al menos en tres ocasiones. Haciendo su falsa “guerra contra el terror”, los gobiernos actuales de Washington y Londres han declarado que están preparados para realizar ataques nucleares “preventivos” contra Estados no nucleares. A medida que suenan las campanadas de medianoche de un Armagedón nuclear, las mentiras para justificar posibles ataques se vuelven más escandalosas. La “amenaza” actual es Irán. Sin embargo, Irán no dispone de armas nucleares y la información errónea sobre su arsenal nuclear en proyecto procede en buena parte de un grupo de oposición iraní desacreditado financiado por la CIA, el MEK al igual que las mentiras sobre las armas de destrucción masiva de Sadam Hussein procedentes del Congreso Nacional iraquí, levantadas por Washington.

El papel desempeñado por el periodismo occidental en erigir a este hombre de paja es crucial. Que la estimación de la Inteligencia de Defensa de EEUU dice “con gran confianza” que Irán abandonó su programa de armas nucleares en el 2003, eso se ha colocado en un lugar olvidado de la memoria. Que el presidente de Irán Mahmoud Ahmadinejad no ha amenazado nunca con “borrar a Israel del mapa” tampoco es de interés.

Esta sucesión de mentiras nos ha reportado una de las crisis nucleares más peligrosas desde 1945, porque la amenaza real no se menciona en los círculos del sistema occidental ni en los medios. Hay sólo una potencia nuclear desenfrenada en Oriente Medio, y es Israel. El heroico Mordechai Vanunu intentó advertir al mundo en 1986 cuando obtuvo en secreto pruebas de que Israel estaba construyendo nada menos que 200 cabezas nucleares. Desafiando las resoluciones de las Naciones Unidas, Israel está claramente impaciente por atacar Irán, con el temor de que una nueva administración estadounidense pudiera llevar a cabo auténticas negociaciones con una nación que Occidente lleva profanando desde que Gran Bretaña y América derrocaron la democracia iraní en 1953.

En el New York Times del 18 de Julio, el historiador israelí Benny Morris, una vez considerado liberal y ahora un asesor del sistema político y militar de su país, amenazó con “un Irán convertido en un desierto nuclear”. Esto sería una masacre. Para un judío, resulta escandalosamente irónico.

Y nos debemos preguntar: ¿vamos a convertirnos en meros testigos, argumentando, como hicieron los buenos alemanes, que “no teníamos conocimiento”? ¿ Nos escondemos cada vez más detrás de lo que Richard Falk ha denominado “una pantalla legal/ moral, en un sólo sentido, con pretensiones de superioridad moral [con] imágenes positivas de los valores occidentales donde la inocencia se representa amenazada, dando validez a una campaña de violencia incontrolada”? Capturar criminales de guerra vuelve a estar de moda. Radovan Karadzic está en el banquillo de los acusados, pero Sharon y Olmert, Bush y Blair no. ¿Por qué no? La memoria de Hiroshima necesita una respuesta.

sábado, 21 de agosto de 2010

Irak: Ahora dicen que ganaron



Robert Fisk
The Independent

Cuando se invade un país, tiene que haber un primer soldado –de la misma manera que hay un último–. El primer hombre al frente de la primera unidad de la primera columna del ejército estadounidense de invasión que llegó a la plaza Fardous, en el centro de Bagdad, en 2003, era el cabo David Breeze, del 3er batallón, Cuarto Regimiento de Marine. Por ese motivo, por supuesto, se señaló que no era para nada un soldado. Los Marines no son soldados. Son Marines. Pero no había hablado con su vieja desde hacía dos meses y por eso –igualmente inevitable– le ofrecí mi teléfono satelital para que llamara a su casa en Michigan. Todo periodista sabe que se consigue una buena historia si uno le presta el teléfono a un soldado en la guerra.

“Hola, gente”, bramó el cabo Breeze. “Estoy en Bagdad. Estoy llamando para decirles ‘Hola! Los quiero. Estoy bien. Los amo, gente’. La guerra terminará en unos pocos días. Los veré pronto.” Sí, todos decían que la guerra terminaría pronto. No consultaron a los iraquíes sobre este agradable paso. Los primeros terroristas suicidas –un policía en su auto y luego dos mujeres en un automóvil– ya habían atacado a los estadounidenses en la larga autovía que lleva a Bagdad. Habría cientos más. Habrá cientos más en Irak en el futuro.

De manera que no debiéramos dejarnos engatusar con las payasadas en la frontera con Kuwait de las últimas horas, la partida de Irak de las últimas tropas de “combate” dos semanas antes de lo previsto. Tampoco por el grito infantil “Ganamos!” de los soldados adolescentes, algunos de los cuales deben haber tenido 12 años cuando George W Bush envió a su ejército a esta catastrófica aventura iraquí. Dejan atrás 50.000 hombres y mujeres –un tercio del total de la fuerza de la ocupación estadounidense– que serán atacados y tendrán todavía que luchar contra la insurgencia.

Sí, oficialmente tienen que entrenar a los hombres armados y a las milicias y a los más pobres de los pobres que se unieron al nuevo ejército iraquí, cuyo propio comandante no cree que estarán listos para defender a su país hasta 2020. Pero todavía estarán ocupados –porque seguramente uno de los “intereses estadounidenses” debe ser defender su propia presencia– junto a los miles de mercenarios indisciplinados y armados, occidentales y orientales, que se abren camino alrededor de Irak a tiros para salvaguardar a nuestros preciosos diplomáticos y empresarios occidentales. De manera que, díganlo fuerte: ¡no nos estamos yendo!

En cambio, los millones de soldados estadounidenses que han pasado por Irak les trajeron a los iraquíes una plaga. Desde Afganistán –donde mostraron tanto interés después de 2001 como lo mostrarán cuando comiencen a “dejar” ese país el año que viene– trajeron la infección de Al Qaida.

Trajeron la enfermedad de la guerra civil. Inyectaron a Irak con corrupción a gran escala. Estamparon el sello de tortura en Abu Ghraib –un sucesor válido de la misma prisión bajo el vil gobierno de Saddam–, después de estampar el sello de la tortura en Bagram y las prisiones negras en Afganistán. Sectarizaron un país que, a pesar de la brutalidad samadista y la corrupción, hasta entonces había mantenido juntos a sunnitas y chiítas.

Y porque los chiítas gobernarían invariablemente en esta nueva “democracia”, los soldados estadounidenses le dieron a Irán la victoria que buscó tan en vano en la terrible guerra 1980-88 contra Saddam. Por cierto, los hombres que atacaron la Embajada de Estados Unidos en Kuwait en los viejos malos tiempos –hombres que eran aliados de los terroristas suicidas que volaron la base de la Marina en Beirut en 1983–, ahora ayudan a gobernar Irak. Los Dawa eran “terroristas” en aquellos tiempos. Ahora son “demócratas”.

Gracioso cómo nos hemos olvidado de los 241 hombres de servicio estadounidenses que murieron en la aventura del Líbano. El cabo David Breeze probablemente tenía dos o tres años en ese tiempo. Pero la enfermedad continúa. El desastre de Estados Unidos en Irak infectó a Jordania con Al Qaida –las bombas en el hotel en Amman– y luego nuevamente el Líbano. La llegada de los hombres armados de Fatah al Islam en el campo palestino de Nahr a-Bared, en el norte del Líbano –sus 34 días con el ejército libanés–, y la cantidad de muertes civiles fueron un resultado directo del levantamiento sunnita en Irak. Al Qaida había llegado al Líbano. Luego Irak, bajo los estadounidenses, reinfectó a Afganistán con el terrorismo suicida, el autoinmolador que transformó a los soldados estadounidenses de hombres que luchan en hombres que se esconden.

De todas maneras, ahora están ocupados reescribiendo la narrativa. Un millón de iraquíes están muertos. A Blair no le importa nada de ellos –no figuran entre los beneficiarios de las regalías–. Tampoco lo hace la mayoría de los soldados estadounidenses. Vinieron, Vieron, Perdieron. Y ahora dicen que ganaron. Los árabes, sobreviviendo a seis horas de electricidad por día en su inhóspito país, cómo deben esperar que no haya más victorias como ésta.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

La huelga de hambre de los presos políticos mapuches y el pueblo de Chile


Sergio Grez
Rebelión

La huelga de hambre iniciada el 12 de julio por los presos políticos mapuches de las cárceles de Concepción y Temuco, a la que se sumaron en pocos días otros pu weichafe (guerreros) recluidos en los presidios de Angol, Lebu y Valdivia, hasta totalizar más de una treintena de hombres resueltos a los más grandes sacrificios por lograr su libertad y la de su pueblo, ha puesto a prueba a todos los sectores sociales y políticos de Chile.

Aunque no es extraño que para el gobierno, los principales medios de comunicación, el gran empresariado, los partidos sistémicos y los aparatos de Estado, esta huelga constituya un “no acontecimiento” y por ende se silencie (¡el propio Ministro de Justicia declaró al cabo de un mes no saber nada al respecto!), resulta vergonzosa la indiferencia de gran parte de la opinión pública nacional, de muchas organizaciones sociales, de gente de izquierda y de intelectuales que normalmente aparecen asociados a la defensa de los derechos humanos. Si bien es cierto que el cerco mediático tendido por los consorcios que controlan los medios de información, especialmente la TV y la prensa escrita de tiraje nacional, ha creado una cortina de silencio y de invisibilidad en torno a la cruel realidad sufrida por el pueblo mapuche y sus más decididos luchadores, esto no excusa el mutismo de quienes por historia, tradiciones, declaraciones de principios y representatividad social deberían hacer oír sus voces de manera potente. Esto no ha ocurrido. Sólo los medios de información “alternativos”, dos o tres radioemisoras de cobertura nacional, un grupo minúsculo de parlamentarios, unas cuantas organizaciones defensoras de los derechos humanos, además de numerosos colectivos políticos y sociopolíticos de la vasta franja (especialmente juvenil) no representada en la institucionalidad política, y un puñado de personas de buena voluntad, han sido las excepciones que han salvado un poco el honor y dignidad del anestesiado pueblo chileno.

Mucha gente en la izquierda, en la intelectualidad progresista y en el mundo asociativo popular ha callado o se ha limitado a declaraciones rituales sin desplegar sus fuerzas, capacidades e influencias para detener la acción represora del Estado chileno contra este pueblo originario. Parece que no se entiende que las reivindicaciones levantadas por los presos políticos mapuches –que no se aplique la Ley Antiterrorista en las luchas sociales, desmilitarización de la Araucanía, no al doble enjuiciamiento (justicia civil y militar) por los mismos hechos constitutivos de presuntos delitos, inhabilitación de los “testigos sin rostro” pagados por las fiscalías para incriminar a los acusados, garantías de un proceso justo, término de las abusivas prácticas de “detenciones preventivas” que permiten a los fiscales mantener discrecionalmente encarcelado durante años a un acusado aunque no se haya pronunciado una condena en su contra, entre otras- conciernen a todos los habitantes de la República de Chile. Numerosas personas no se dan cuenta de que la lucha mapuche trasciende los intereses específicos de ese pueblo-nación, ya que la defensa del medio ambiente, de los derechos humanos y de las libertades democráticas son causas universales que deben abrazarse en toda circunstancia y lugar.

En realidad, lo que estos sectores no alcanzan a percibir es que la lucha mapuche por la recuperación de sus tierras ancestrales usurpadas bajo el amparo de la ley y de la fuerza del Estado de Chile, es parte de las causas de la humanidad progresista por salvar al planeta, a la especie humana y a las demás especies de una destrucción segura si no se detienen y revierten las consecuencias de un modelo económico productivista y depredador de los recursos naturales y humanos. Enfrascados en sus particulares problemas sectoriales o gremiales, con sus organizaciones sociales destruidas, atomizadas o debilitadas por la implementación implacable del modelo neoliberal durante varias décadas consecutivas, desinformados sistemáticamente por los medios de comunicación de masas y sufriendo una anomia de representación política sin par desde hace más de un siglo, los sectores populares chilenos -salvo muy contadas y honrosas excepciones- han manifestado una indiferencia atroz ante el drama que desangra a uno de los pueblos matrices de su propia existencia.

¿Por qué razones quienes dicen ser sus portavoces y representantes no impulsan la movilización, por ejemplo, contra la Ley Antiterrorista heredada de la dictadura y aplicada profusamente por los gobiernos de la Concertación y por el actual gobierno? ¿Esta apatía y quietismo se explica solo por el clima generalizado de despolitización que afecta a la sociedad chilena o es también el resultado, cuando se trata de la “cuestión mapuche”, de cierta dosis de inconfesado e inconfesable racismo? Entretanto las comunidades indígenas “en conflicto” han continuado sus movilizaciones y la huelga de hambre de los presos políticos mapuches ha entrado en una fase en que la vida de esos pu weichafe corre serio peligro. Para ello sólo han contado con sus propias fuerzas y la ayuda de los pocos chilenos que han apoyado –por solidaridad, conciencia y dignidad- la causa mapuche. Estos chilenos dignos también lo han hecho porque saben que, como certeramente señalaba un gran pensador revolucionario del siglo XIX, “un pueblo que oprime a otro pueblo no puede ser libre”.

El recorte de las libertades individuales y los derechos sociales; las desmesuradas e indebidas facultades de la justicia militar; la acción abusiva de fiscales todopoderosos que no dudan en recurrir a montajes y pagar testigos para “probar” sus acusaciones, que prohíjan torturas y tratos vejatorios, que extienden –a la manera del fiscal Ljubetic- su delirio persecutorio contra los familiares y amigos de los acusados, que ponen cortapisas al derecho a una adecuada defensa, y que encabezan campañas mediáticas para crear un ambiente propicio para que la opinión pública acepte condenas de hasta más de un siglo de presidio por supuestos delitos en los que no se produjeron víctimas fatales, son amenazas contra los derechos democráticos que el pueblo chileno tarde o temprano experimentará en carne propia. Es de esperar que el efecto adormecedor del modelo neoliberal y del “pensamiento único” que impera desde hace varias décadas en la República de Chile se disipe antes de que sea demasiado tarde.

En defensa del decrecimiento


La crisis en curso apenas ha suscitado otras reflexiones que las que se interesan por su dimensión financiera. De resultas, han quedado en segundo plano fenómenos tan delicados como el cambio climático, el encarecimiento inevitable de los precios de las materias primas energéticas que empleamos, la sobrepoblación y la ampliación de la huella ecológica.

En este libro de Carlos Taibo se intenta rescatar esas otras crisis, y hacerlo con la voluntad expresa de identificar dos horizontes de corte muy diferente. Si el primero lo aporta un proyecto específico, el del decrecimiento, que cada vez es más urgente sea asumido como propio por los movimientos de resistencia y emancipación en el Norte opulento, el segundo lo proporciona un grave riesgo de que, en un escenario tan delicado como el del presente, gane terreno un darwinismo social militarizado que recuerde poderosamente a lo que los nazis alemanes hicieron ochenta años atrás. En la trastienda se aprecia, de cualquier modo, la necesidad imperiosa de contestar el capitalismo en su doble dimensión de explotación e injusticia, por un lado, y de agresiones contra el medio natural, por el otro.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Agricultura y crisis climática



Silvia Ribeiro

Ecoportal

La agricultura y el sistema alimentario industrial son el principal causante del calentamiento global y la crisis climática. En contraste, las agriculturas campesinas e indígenas, biodiversas y descentralizadas, son el factor más importante para enfrentar esta crisis y salir de ella, además del hecho fundamental de ser las que alimentan a la mayor parte de la humanidad.

Pese a esto, la visión que predomina en las negociaciones internacionales sobre el clima recoge los intereses de las empresas contra los y las campesinas. El intento ahora es integrar la agricultura y los suelos al comercio de créditos de carbono, lo cual significaría un nuevo subsidio a las trasnacionales de agronegocios, favoreciendo más a la agricultura industrial y mayor despojo a las formas de vida campesinas.

Los datos sobre las fuentes del calentamiento global varían según la fuente, pero coinciden en señalar la agricultura industrial como una de las fuentes mayores de emisión de gases de efecto invernadero, junto a la generación de energía y transportes basados en combustibles fósiles (petróleo, gas y carbón). Las actividades agrícolas aparecen como responsables de entre 11 y 15 por ciento de las emisiones. Si bien este dato ya es grave, presentarlo desagregado de las emisiones de la cadena agroalimentaria industrial oculta una realidad mucho peor en cuanto a su responsabilidad por la crisis climática.

Si se consideran juntos la agricultura industrial y el sistema alimentario industrial al que está necesariamente ligado, hay que cargarles una parte significativa de las emisiones de los transportes; otro porcentaje por deforestación y cambio de uso de suelo (en avance de frontera agrícola y en uso de papel: aproximadamente 75 por ciento del papel que se produce es para propaganda y embalajes, que son solamente demanda de las grandes cadenas de ventas), y casi la totalidad del metano que emiten los basureros debido a la pudrición de basura orgánica, que en su mayoría son restos de alimentos que se tiran en las ciudades.

Según el excelente trabajo de Grain "La crisis climática es una crisis alimentaria" (www.grain.org/nfg/?id=735), basado en el análisis de decenas de informes, la agricultura y el sistema alimentario industrial son responsables de entre 44 y 57 por ciento de las emisiones globales de gases de efecto invernadero.

Llegan a esta conclusión agregando los siguientes datos: las actividades agrícolas representan de 11 a 15 por ciento de emisiones; el cambio de uso de suelos, desmonte y deforestación causan de un 15 a 18 por ciento adicional; el procesamiento, empaque y transporte de alimentos provoca un 15 a 20 por ciento, y la descomposición de basura orgánica de 3 a 4 por ciento.

Por otro lado, Grain también hace un cálculo cuidadoso del papel de los suelos en la crisis climática: mientras su degradación es fuente de emisiones, si el suelo está vivo, con materia orgánica viva y natural que no es eliminada por fertilizantes sintéticos y agrotóxicos y se cuida según las diversas condiciones locales, con una combinación de diversidad y rotación de cultivos, incorporación de materia orgánica y otras, se podría devolver a los suelos en pocas décadas su capacidad natural de retener carbono, y absorber casi dos tercios del exceso de gases de efecto invernadero que existen actualmente en la atmósfera. Pero esta forma de cuidar el suelo sólo es posible mediante la agricultura campesina y familiar, libre de tóxicos, descentralizada y diversa, adaptada a cada lugar.

Sin embargo, intereses industriales pretenden ahora explotar esa capacidad del suelo para absorber y retener carbono para cobrar "créditos de carbono", usando el suelo como "sumidero". Por ejemplo, las industrias que promueven el llamado biochar (carbón vegetal). Se trata de sembrar extensas áreas de monocultivos de árboles para quemarlos, convirtiéndolos en carbón negro y luego enterrarlo, teóricamente para "secuestrar" carbono y aumentar la fertilidad del suelo.

Según sus proponentes –industrias que aspiran a hacer grandes lucros–, es también una forma de geoingeniería, porque con 500 millones de hectáreas o más podría enfriar el planeta. Cínicamente dicen que es una tecnología indígena amazónica. Pero el biochar y las formas indígenas de quemar y enterrar son tremendamente diferentes. En el primer caso se trata de ejercer violencia sobre el suelo, primero con grandes plantaciones y agrotóxicos, luego enterrando carbón en forma súbita y masiva, que según estudios incluso podría desequilibrar más el suelo y liberar el carbono retenido en forma natural. Además, parte del polvo de carbón negro se libera a la atmósfera en el proceso y tiene un efecto invernadero mayor que el dióxido de carbono, por lo que otros estudios evalúan que hasta podría aumentar las emisiones.

Devastar millones de hectáreas con plantaciones y agrotóxicos para luego quemarlas suena realmente enfermizo. Al contrario, la forma indígena se basa en miles de años de sabiduría acumulada de manejo diverso y adaptado a cada región, a diferentes suelos y a trabajar respetando las condiciones naturales de cada lugar, de cada suelo.

Hay más propuestas de la industria para convertir la agricultura y la alimentación en su campo de lucro particular mientras el planeta se fríe y aumenta el hambre. Por ello Vía Campesina llamó, de cara a la cumbre climática que se efectuará en Cancún en diciembre, a denunciar ahí dichas propuestas y en cada lugar donde estemos, y mostrar las verdaderas alternativa campesinas, tarea urgente que nos incumbe a todos.

Los fantasmas de Ñancahuazú: Ultima imagen sacra y revolucionaria



Mariano Mestman
Página 12

Se publicó un excelente libro de Leandro Katz, Los fantasmas de Ñancahuazú, con el dvd de su película El día que me quieras, sobre la minuciosa investigación alrededor de la célebre y terrible foto del cadáver del Che. Reconstrucción y metáforas de una imagen inagotable.

Treinta años separan el uso de esa potente imagen (del cadáver del Che) por el arte y la política a fines de los sesenta de su recuperación por Leandro Katz en El día que me quieras (1997). Se trata, lo sabemos, de épocas distintas, incluso con características opuestas en más de un sentido.

Cuando en octubre de 1967 Freddy Alborta fotografió el cadáver del Che, se trataba de una figura ya legendaria, “mitológica”, dice. El impacto sobre el fotógrafo se asocia a la situación especial en que se encuentra, asistiendo a la presentación pública del cuerpo a la prensa nacional en Vallegrande, en un escenario montado por las autoridades bolivianas.

A través de su investigación Katz devuelve autoría a esa fotografía que había circulado por años como propiedad de una agencia informativa, pero que aun habiendo cumplido su función de foto de prensa, inserta en las leyes de organización y distribución de los medios masivos, es obra de un autor, Alborta, quien recupera su lugar y saca a la luz sus otras fotografías tomadas en Vallegrande. La mirada de Leandro Katz –y el brillante trabajo de cámara de Mark Daniels– repone el trabajo por detrás de la imagen, el ritual cotidiano del fotoperiodista revelando los negativos celosamente guardados, pero ya no para vender la foto por 75 dólares a la agencia informativa deseosa y urgida por comunicar al mundo las últimas noticias, sino para indagar en las zonas menos conocidas del suceso.

A partir del testimonio de Alborta, el film regresa sobre varios de los temas menos conocidos de las últimas horas del Che, así como sobre otros pendientes a los que remite el registro fotográfico, cuestiones que por su fuerte impacto no habían sido hasta allí objeto principal de indagación, por lo menos desde los visual. La indagación de Katz sobre los márgenes y los detalles de esa imagen desencadena los recuerdos de Alborta de ese instante singular de su (la) historia: las miradas cruzadas de los presentes, la mano izquierda del Che sospechosamente cubierta, los cuerpos de los otros guerrilleros desparramados en el piso, la puesta en escena para los periodistas, el punto de vista del fotógrafo, la semejanza con obras del arte universal.

Al modo del funcionamiento de la entrevista en el documental interactivo (en el sentido del teórico del documental, Bill Nichols), el testimonio de Alborta constituye la parte principal de la argumentación del film en su recorrido por los temas de la representación y de la historia. El detallado recuerdo de Alborta y el cuidado trabajo de edición de Katz parecen conducir al espectador a la propia escena de Vallegrande y, por momentos, lo hacen partícipe de la rememoración y sensaciones del fotógrafo: a través, por ejemplo, de los escasos pero fundamentales registros fílmicos incorporados del recorrido de la cámara sobre algunas imágenes fijas, del efecto de “animación”, de leve movimiento, logrado con el trabajo de montaje de fotografías de las personas que rodean el cadáver, de una enfermera que “gira” hacia los militares, del rostro del Che que “se desplaza hacia adelante” cuando el fotógrafo rememora la impresión que le había causado, como de una persona viva. Estos elementos, al contribuir a la subjetivación del recuerdo de Alborta, promueven una mayor empatía con el espectador. Además de los elementos de reflexión derivados del diálogo sobre la foto, hay una dimensión reflexiva que se refiere a la representación visual.

No en tanto tematización del lugar del aparato cinematográfico, sino en lo referido a la fotografía y los mecanismos de captación de la imagen en cuestión. El día que me quieras se inicia desde intertítulos que explicitan las intenciones del realizador –el intento de comprender el poder de una imagen fotográfica– y el camino de investigación recorrido –la fragmentación y la búsqueda de su autor–. Las fotografías aportadas por éste constituyen pruebas esenciales de los hechos históricos y de su lugar como testigo, pero al mismo tiempo remiten desde esa experiencia a diversos aspectos de la representación fotográfica: la particular construcción de la escena, el punto de vista del fotógrafo, los ángulos y encuadres buscados, la función informativa pero al mismo tiempo la inquietud artística, la copresencia de la dicotomía verdad/belleza, la dimensión connotativa de la imagen.

La aparición de El día que me quieras en el 30º aniversario de la muerte de Guevara permite pensarla como homenaje. Pero lejos de los rituales clásicos de la conmemoración, Leandro Katz interviene de un modo singular: a partir de una imagen, centrándose en una escena final, participando con su voz en el texto fílmico. Esta participación no sólo cumple una función central en la película desde la inicial explicitación del interés en la fotografía o asumiendo la voz del entrevistador, sino también en la creación y lectura del texto que en general acompaña las coloridas imágenes actuales de la geografía y los pobladores bolivianos. Secuencias construidas para el film, alternadas con el de-sarrollo de la entrevista, y que acompañadas por la música andina en sonido directo o compaginadas con el texto del autor con su particular entonación –reescritura con referencias a Latinoamérica de El testigo de Borges–, aportan un registro visual y sonoro singular, una perspectiva poética que cualifica la evocación de la figura del Che.

En este sentido, ni la disputa del significado de la fotografía en su función informativa, ni la desmitificación de figura o imagen alguna forman parte del interés o preocupación del realizador, quien da por entendido que el mito es parte de la historia.

Aunque el Che evocado en El día que me quieras no es el de la experiencia guerrillera sesentista, tampoco lo era estrictamente el rescatado entonces, tres décadas atrás, por John Berger, Carlos Alonso, Pino Solanas, Octavio Getino o John William Cooke, quienes sin negar esa dimensión central de su vida se referían al sentido revolucionario más amplio de su proyecto. Sin embargo, se trata siempre de miradas diferentes. En aquel momento –en el que difícilmente alguien hubiese remitido a Borges o Gardel para hablar de Guevara, como sucede en El día que me quieras– las intervenciones comentadas asociaban la imagen final del Che con la denuncia o la interpelación a “tomar partido”, a “definirse”, como observó Berger, a sacar al espectador cinematográfico de su pasividad y convertirlo en actor de la historia, como proponía Cine Liberación, o a insertar el legado guevarista “en el proceso inconcluso cuyas tareas nos reclaman”, como quería Cooke.

Desde otra época, distante de las urgencias de la acción política y las disputas resignificativas de la imagen, El día que me quieras regresa sobre la fotografía final del Che indagando en su dimensión informativa pero desplegando al mismo tiempo una mirada filosamente poética y una sensibilidad aguda, humanista en lo que a la contemporánea lucha por los derechos humanos se refiere, como se lee en la última cita sobre la ejecución del asesinato de un “prisionero herido y enfermo” por quienes debían “proteger celosamente su seguridad física”, una última apelación al espectador a compartir un sentimiento común contra la injusticia.