quinta-feira, 30 de junho de 2011

Indiferentes



Antonio Gramsci
La Città futura


Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel, acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e de tomar partido. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bola de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor que as mais sólidas muralhas, melhor que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes os leva a desistir de gesta heroica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói até mesmo os planos mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. Aquilo que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heroico (de valor universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa que se faça, deixa que se enrolem os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa que se promulguem leis que depois só a revolta fará anular, deixa que subam ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.

A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absenteísmo. Os fatos amadurecem na sombra, poucas mãos, não submetidas a qualquer controle, tecem a teia da vida coletiva, e a massa ignora, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens ignora, porque não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; a teia tecida na sombra chega a seu fim, e então parece que é a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um enorme fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que todos se tornam vítimas, os que quiseram e os que não quiseram, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então se zangam, gostariam de eximir-se às consequências, gostariam que ficasse claro que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos se perguntam: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos se culpam pela sua indiferença, pelo seu ceticismo, por não terem dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitar aquele mal, combatiam com o propósito de procurar o tal bem que pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados, prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não porque não vejam as coisas com clareza, e às vezes não sejam capazes de projetar belas soluções para os problemas mais urgentes ou para os problemas que, embora requerendo ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções permanecem belissimamente infecundas, mas essa contribuição para a vida coletiva não é animada por nenhuma luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente senso de responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também porque suas lamúrias de eternos inocentes me dão tédio. Peço contas a cada um deles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe cotidianamente, pelo que fizeram e sobretudo pelo que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou partidário, vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre poucos, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à obra inteligente dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto os poucos se sacrificam, se acabam no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela, emboscado, com a pretensão de usufruir do pouco bem que a atividade de poucos tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado porque não ter conseguido seu intento.

Vivo, sou partidário. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

¿Puede sobrevivir Grecia? ¿Puede sobrevivir la Unión Europea?



Randall Wray
New Economic Perspectives


Para quienes entienden la Teoría Monetaria Moderna (TMM) resultó siempre obvio que el lanzamiento de la Unión Monetaria Europea cometió yerros fatales. Sabíamos que a la primera crisis financiera y económica seria, se vería amenazada su misma existencia. En cierto sentido, ha pasado desde el principio como en los EEUU de 1929, en vísperas de la Gran Depresión: un fraude crediticio excesivo, una excesiva deuda de las familias y de las empresas, y un boom económico que duró demasiado tiempo. Cualquier cosa podría haber disparado la crisis que siguió, pero fue el descubrimiento de que Grecia había estado cocinando su contabilidad lo que selló el destino de Eurolandia. Y como en los EEUU posteriores a 1929, Eurolandia pugna por comprender y por lidiar con la crisis. Ahora se desliza hacia otra gran depresión.

Muchos economistas y muchos responsables políticos –incluso algunos suficientemente ortodoxos— empiezan a reconocer que el obstáculo atravesado en el camino es la incapacidad para armar una respuesta en términos de política fiscal efectiva. Esa incapacidad nace de la ausencia de una autoridad fiscal a escala europea. De aquí las semimedidas tomadas por el BCE y otras autoridades para poner parches al problema de la deuda.

Ello es que hay un conflicto entre las distintas autoridades respecto de la solución al problema, como no podía ser de otra manera, dada la ausencia de una autoridad fiscal. Muchos desean imponer una austeridad equivalente a las sangrías "terapéuticas" medievales. Sostienen que el problema real es la falta de autodisciplina en los países periféricos. Y no puede dejar de observarse que esa idea es ampliamente compartida por las elites de esos mismos países. Esas elites se sentirían felices arrojando a sus propios países al abismo de la depresión, a fin de desbaratar toda resistencia a los recortes salariales y de llevarse por delante todos los programas sociales a favor de la población trabajadora. Esa es siempre la solución preferida por las elites ignaras. Con este método se pretende rebajar los costos salariales en las naciones periféricas y hacer más competitiva la producción.

Esa es también, huelga decirlo, la posición de los miembros más poderosos de la UE. La prudente Alemania ha mantenido a raya los salarios durante la pasada década, disparando la productividad. Consiguió así convertirse en el país con producción de menos coste en Europa, y pasito a pasito, podría llegar a poder competir hasta con Asia. No, desde luego, en la producción fundada en trabajo intensivo barato, sino en la producción que de verdad cuenta, en el sector exportador de alto valor añadido.

Y esa es también la perspectiva más común también entre las clases trabajadoras en los países centrales, que comparten el prejuicio de unas poblaciones periféricas tan holgazanas como exageradamente remuneradas. Más asombroso aún que la falsedad de esa actitud, es el hecho de que si la sangría fiscal y el recorte de los salarios se pusieran efectivamente por obra en los países periféricos, no tardarían las fábricas en comenzar a salir de Alemania buscando trabajadores menos costosos. En otras palabras, el éxito de la periferia sería a costa de los trabajadores alemanes, que tendrían que aceptar salarios más reducidos para poder competir. Lo que de todos modos ocurrirá, espoleado por la pérdida de puestos de trabajo, si Alemania no puede encontrar ventas para sus productos fuera de la UE, en donde la demanda caerá indefectiblemente a medida que las naciones periféricas se hundan más en la depresión. El resultado será una bonita carrera hacia el abismo, de la que sólo puede beneficiarse la elite europea. Muy bonito.

Para decirlo todo, yo no creo que la UE pueda llegar a chupar suficiente sangre de los griegos (y españoles e italianos e irlandeses y portugueses) para que eso pueda funcionar. Harto más razonable sería ahora un aumento salarial en Alemania para conseguir competitividad dentro de la UE por la vía de elevar el nivel general. Pero tampoco eso parece nada probable, habida cuenta de que Alemania mira hacia más allá de las fronteras europeas, sobre todo en dirección al Este. Por consiguiente, seguirá empeñada en recortar sus propios costes laborales, y las naciones periféricas nunca conseguirán atrapar a Alemania en el común despeñadero.

Eso deja sólo dos alternativas. La primera es una reestructuración continua de la deuda, con compras del BCE por la puerta trasera (permitiendo a los bancos centrales comprar la deuda), y con garantías y préstamos del propio BCE. Todo en la esperanza de que las instituciones financieras tenedoras de toda la deuda pública periférica puedan, o bien sacarla de su contabilidad, o bien servirse del método norteamericano de ir proponiendo el ajuste a la baja de sus balances alargando indefinidamente el proceso de ajuste para no reconocer su insolvencia. El problema es que casi todos los datos económicos de las últimas semanas son malos –en prácticamente todo el mundo—, lo que hace más probable que se produzca algún tropezón en algún sitio y que se propague a través de los mercados financieros tan rápidamente como lo hizo en la Crisis Financiera Global de 2007.

Muchos bancos europeos quedarán con las nalgas al aire como insolventes sin remedio, y la deuda pública de los PIIGs será un problema añadido. Además, el BCE está legítimamente preocupado por los "precedentes" y los "efectos de incentivos". No se trata de las normas reguladoras de lo que el BCE puede o no hacer: tiene tanta licencia como la Reserva Federal para intervenir en una crisis y comprar o prestar a cambio de prácticamente cualquier tipo de activo. Se trata de lo que el BCE entiende que es su independencia. Los mercados verían un rescate de estilo norteamericano del sistema financiero europeo (con garantía de la deuda pública de la distintas naciones, por añadidura) como una pérdida de independencia. Lo cierto es que el BCE ya la ha entregado, pero se agarra a la esperanza de poder recuperar de algún modo la virginidad perdida.

Eso deja sólo una tercera posibilidad: crear la necesaria autoridad fiscal. Eso permitiría al BCE limitarse a la política monetaria, cediendo al Tesoro europeo las riendas para lidiar con la crisis. Yo he venido sosteniendo desde 1996 que este es el único camino para hacer viable el proyecto de la UE. La teoría económica subyacente a ese punto de vista es sencilla, y es la que vale por doquiera en todos los países desarrollados. En efecto: los EEUU son en realidad una Unión Monetaria Norteamericana (UMN), pero una unión monetaria bien constituida, que dispone de un Banco Central y de un Tesoro. Sin embargo, por razones políticas, eso no va a ocurrir en la UME. Estamos ahora más lejos de ello aún que en 1996, porque la crisis ha hecho crecer la hostilidad entre sus miembros. Nadie quiere ceder poderes al centro.

Así pues, nada de todo eso va a suceder. ¿Qué queda? Salir de la unión.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Los estudiantes contra Piñera



Christian Palma
Página 12


Ni los tres días feriados del fin de semana detuvieron el ímpetu de los estudiantes en Chile. Luego de numerosas reuniones en Santiago y Valparaíso, adonde llegaron representantes de todo el país, los dirigentes secundarios y universitarios junto al Colegio de Profesores oficializaron ayer el total rechazo a las propuestas del gobierno y reiteraron el llamado a un gran paro nacional para el próximo jueves 30 de junio.

El presidente del Colegio de Profesores, Jaime Gajardo, que se dio cita ayer con los líderes estudiantiles, fue tajante al señalar que “no aceptaremos una mesa de diálogo o negociadora si no están presentes todos los estamentos educacionales, es decir, universitarios, secundarios, profesores, asistentes, apoderados. Esa es nuestra primera condición”, explicó el dirigente. Aseguró, no obstante, la búsqueda de diálogo, pero sin terminar con las movilizaciones. “Ratificamos el paro social y ciudadano por la educación pública, pues existe un denominador común”, añadió Gajardo.

La semana pasada, el ministro de Educación, Joaquín Lavín, respondió en parte al petitorio de los universitarios ofreciendo una inyección de 75 millones de dólares y avanzar hacia el fin del lucro en la educación. Además propuso revisar la gratuidad de la movilización escolar, más dinero para la reconstrucción de colegios dañados por el terremoto y revisar alternativas para acabar con la municipalización de las escuelas.

Con la carta en la mano, los líderes se replegaron, informaron de la situación a sus bases y decidieron ayer continuar con las movilizaciones, pues consideran ambiguo y poco claro el ofrecimiento de Lavín. Para los estamentos involucrados, éstos son los planteamientos básicos, los cuales, de implicar modificaciones constitucionales, se deben hacer mediante un plebiscito.

En este escenario, la Confech –que reúne a las universidades tradicionales– espera convocar a más personas que en las anteriores marchas. El pasado jueves 16 de junio, sólo en Santiago unos 80 mil jóvenes salieron a las calles.

Camilo Ballesteros, vocero de la Confech, dijo que el movimiento busca afinar una “plataforma única” donde se discuta todo lo que ocurre hoy día en educación, no tan sólo a nivel secundario o universitario. Más radical se mostró la presidenta de la Federación de Estudiantes de la Universidad de Chile y líder de la Confech, Camila Vallejo, quien sostuvo que “rechazamos profundamente las dos propuestas del ministerio. No se trata de que se entreguen más o menos recursos para la educación superior, sino que es necesario que se realice una reforma mucho más profunda”.

A la convocatoria para el jueves se sumó la Confederación Nacional de Funcionarios de Salud Municipalizada (Confusam). La presidenta de la organización, Carolina Espinoza, dijo que la educación y la salud son un derecho y una responsabilidad del Estado, por lo que “es un deber ético y moral hacerse parte del paro nacional”.

Por el lado de los pingüinos, Rodrigo Rivera, vocero de la Coordinadora de Estudiantes Secundarios –que aglutina al 80 por ciento de los estudiantes del país–, confirmó la adhesión al paro. Invitó además a las autoridades a impulsar una mesa de diálogo ampliada. “Dialoguemos, trabajemos y mejoremos la educación”, señaló.

Desde el gobierno, el ministro del Interior, Rodrigo Hinzpeter, aseguró empatizar con algunos de los reclamos, pero criticó la forma como se han llevado las tratativas, pese a la propuesta de Joaquín Lavín. “Hay demandas con las que empatizamos como gobierno, pero quiero decir muy francamente que creo que se les ha pasado la mano en las tomas de los colegios y en la destrucción. Ha habido mucha violencia en las marchas”, afirmó en TVN.

En esa línea, reiteró que los establecimientos educacionales deben operar como tal y no como en la actualidad. “Las tomas le están haciendo un daño a la educación del país”, sentenció. En ese sentido, el subsecretario del ramo, Fernando Flores, advirtió que las tomas y la falta de clases podrían costar el año a muchos secundarios, situación que fue descartada por los dirigentes. Dentro del petitorio de los estudiantes se destaca la estatización de los establecimientos educacionales, la mejora de la infraestructura de los liceos técnicos y el funcionamiento del pase escolar durante todo el año. Poner fin al lucro y más equidad y gratuidad también forma parte de sus demandas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

¿El próximo tsunami israelí?



Immanuel Wallerstein
La Jornada


Los palestinos prosiguen con su proyecto de buscar un reconocimiento formal como Estado independiente por parte de Naciones Unidas, cuando en otoño se reúna la Asamblea General. Intentan solicitar una declaración de que el Estado palestino existe dentro de los límites que existían en 1967 antes de la guerra israelí-palestina. Es casi seguro que la votación será favorable. La única cuestión al momento es: en qué sentido es favorable.

El liderazgo político israelí está muy consciente de esto. Hay tres respuestas diferentes que se discuten en el seno de tal liderazgo. La posición dominante parece ser la del primer ministro Netanyahu. Él propone ignorar dicha resolución por completo y continuar, simplemente, con el impulso a las políticas públicas actuales del gobierno israelí. Netanyahu considera que, por mucho tiempo ya, ha habido resoluciones adoptadas por la Asamblea General de Naciones Unidas que han sido desfavorables hacia Israel. Israel ha logrado ignorar todas estas resoluciones. ¿Por qué tendría ésta que ser diferente?

Hay algunos políticos de extrema derecha (sí, hay una posición más a la derecha que la de Netanyahu) que dicen que, en represalia, Israel debería anexarse formalmente todos los territorios palestinos ocupados hasta el presente y ponerle fin a toda mención de negociaciones con los palestinos. Algunos quieren también que se fuerce un éxodo de todas las poblaciones no judías que viven ahora en este Estado israelí expandido.

El ex primer ministro (y hoy actual ministro de Defensa) Ehud Barak, cuya base política es ahora casi inexistente, le está advirtiendo a Netanyahu que no está siendo realista. Barak dice que la resolución será un tsunami para Israel, y que por tanto Netanyahu mostraría su sabiduría si de algún modo hiciera un trato con los palestinos ahora, antes de que pase la resolución.

¿Tiene razón Barak? ¿Será éste un tsunami para Israel? Hay mucha probabilidad de que esté en lo cierto. Sin embargo, casi no existe la posibilidad de que Netanyahu atienda el consejo de Barak e intente, con seriedad, hacer un tratado con los palestinos antes de entonces.

Consideremos lo que es probable que ocurra en la Asamblea General. Sabemos que casi todos (tal vez todos) los países en América Latina y un buen porcentaje de naciones en África y Asia votarán en favor de la resolución. Sabemos que Estados Unidos votará en contra e intentará persuadir a otros de que voten en contra. Los votos inciertos provienen de Europa. Si los palestinos logran un número significativo de votos europeos, su posición política se verá muy reforzada.

Entonces, ¿será que los europeos voten por la resolución? Eso depende en parte de lo que ocurra por todo el mundo árabe en los próximos dos meses. Los franceses han dado indicios abiertos de que, a menos que vean progresos significativos en las negociaciones israelí-palestinas (algo que no ocurre en este momento), votarán en favor de dicha resolución. Si lo hacen, es casi seguro que los países del sur de Europa harán lo mismo. Y también podrían hacerlo las naciones nórdicas. Es una pregunta más abierta si Gran Bretaña, los Países Bajos y Alemania están listos para firmar en favor. Si estos países deciden ir en pro de la resolución, esto resolvería las dudas de varias naciones del este de Europa. En este caso la resolución obtendría la vasta mayoría de votos europeos.

Necesitamos entonces ver qué está ocurriendo en el mundo árabe. La segunda revuelta árabe sigue a todo vuelo. Sería muy aventurado predecir exactamente cuáles regímenes caerán y cuáles se mantendrán en los próximos dos meses. Pero lo que parece claro es que los palestinos están al borde de lanzar una tercera intifada. Los palestinos, aun los más conservadores de ellos, parecen haber abandonado la esperanza de que pueda haber un arreglo negociado con Israel. Este es un claro mensaje de acuerdo entre Fatah y Hamas. Y dado que las poblaciones árabes de virtualmente todos los estados árabes están en revuelta política directa contra sus regímenes, ¿cómo podrían mantenerse relativamente quietos los palestinos? No se mantendrán quietos.

Y si no se mantienen quietos, ¿qué harán los otros regímenes árabes? Todos atraviesan tiempos difíciles, por decir lo menos, para manejar los levantamientos en sus propios países. Apoyar activamente una tercera intifada sería la posición más fácil como parte del esfuerzo que hacen por recuperar el control de sus propios países. ¿Qué régimen se atrevería a no respaldar una tercera intifada? Egipto ya se movió con toda claridad en esa dirección, y el rey jordano Abdulá ha dado indicios de que también lo haría.

Así que imaginen la secuencia: una tercera intifada, seguida de respaldos activos a esa tercera intifada en el mundo árabe, seguida de la intransigencia israelí. ¿Qué harán los europeos? Es difícil ver que se nieguen a votar en favor de la resolución. Podemos llegar a la votación con tan sólo Israel y Estados Unidos, más algunos cuantos minúsculos países en contra, y tal vez algunas cuántas abstenciones. Esto me suena a un posible tsunami. El miedo principal de Israel en los últimos años es la “deslegitimación”. ¿No sería justamente un voto así la cobertura del proceso de deslegitimación? ¿Y no sería acaso el aislamiento de Estados Unidos en este voto algo que debilitará aún más su posición en el mundo árabe como un todo? ¿Qué hará Estados Unidos entonces?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Krugman: “No lloren por Argentina”



Tomás Lukin
Página 12


“Me sorprende que digan que Argentina no es un país serio. No veo cómo el default argentino puede ser presentado, entre todos los ejemplos posibles, como una advertencia para Grecia”, escribió ayer en su blog del New York Times el economista Paul Krugman. En una breve publicación titulada Don’t cry for Argentina –No lloren por Argentina–, el ganador del Premio Nobel en 2008 destacó el sostenido crecimiento del PIB argentino desde 2003 y cuestionó la zonzera vernácula que afirma que el país está aislado del mundo desde que declaró el default. El post de Krugman responde a las declaraciones de un miembro del consejo directivo del conglomerado empresario local IDEA, quien consultado para un artículo de la edición impresa del diario estadounidense afirmó: “Argentina ya no es considerado un país serio”.

A medida que se profundiza el capítulo griego de la crisis estructural en la Zona Euro, distintos analistas, periodistas, banqueros y consultores recurren con distintos objetivos al default argentino para recomendar algún curso de acción. En ese debate, el New York Times publicó ayer un extenso artículo titulado “Mientras Grecia delibera el default, lecciones desde Argentina”. La nota que lleva la firma de Alexei Barrionuevo y Charles Newbery evalúa y destaca la evolución macroeconómica y marca diferencias con la situación griega. Entre las fuentes argentinas consultadas por los periodistas figura Jaime Abut, titular de una sociedad de Bolsa rosarina y vocal del consejo directivo de IDEA, quien aseguró: “Defaultear no es gratuito. Hay que pagar las consecuencias, y hay que hacerlo por un largo tiempo. Argentina ya no es considerado un país serio”.

Las declaraciones del empresario Abut forman parte de un discurso poco novedoso para el público local, pero Krugman quedó perplejo al leer su visión en el diario. “Me sorprendió la persona que dijo que Argentina ya no es considerado un país serio. ¿No debería ser considerado serio un país como este [en referencia al gráfico con el PIB per cápita]?”, se pregunta el economista, para rematar: “En Argentina, y en cualquier otro lado del mundo, ser serio fue un desastre”. El texto que Krugman publicó ayer al mediodía está acompañado por un ilustrativo gráfico con la evolución del PIB real per cápita argentino entre 1998 y 2010, donde se observa el fuerte crecimiento económico luego del default y la devaluación.

El post del economista norteamericano que puede leerse en su blog “La consciencia de un liberal” sostiene que “Argentina sufrió terriblemente entre 1998 y 2001, mientras intentó ser ortodoxo y hacer lo correcto. Después de que defaulteó a fines de 2001 atravesó una breve pero severa caída, pero al poco tiempo comenzó una rápida recuperación que continuó por mucho tiempo”. Antes que recomendar un default para Grecia, Krugman refuta los argumentos de quienes recurren al caso argentino para desestimar una cesación de pagos como salida para el país helénico. “El ejemplo argentino sugiere que el default es una gran idea. Los argumentos contra el default griego deben ser que se trata de un país diferente. Aspecto que, para ser justo, es discutible”, advierte el economista, quien cuestiona a los líderes europeos por postergar una solución a la crisis griega, ya sea la salida del euro o una reestructuración de la deuda acompañada por asistencia desde la Unión Europea.

A pesar de su reciente defensa a la evolución macroeconómica y la consecuente “seriedad” del país, durante su última visita por Argentina, en octubre de 2009, antes del estallido de la crisis en Europa, Krugman cuestionó la orientación de la política económica por considerarla demasiado “heterodoxa”. Durante la conferencia que brindó en Buenos Aires resaltó, al igual que lo hizo en su post de ayer, el crecimiento luego del default y la reestructuración de la deuda. Sin embargo, consideró que “es un error quedarse demasiado en la heterodoxia y no saber ponerle fin a eso. Ahora es momento de cultivar una imagen de ciudadano respetable, para volver a ser heterodoxo cuando se necesite”, opinó en ese momento frente a un auditorio lleno de empresarios.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Manifiesto contra la persecución y criminalización de la democracia




Las protestas colectivas vividas a lo largo de estos últimos meses, encarnadas en el movimiento 15-M, las acampadas y las movilizaciones contra los recortes sociales, son una muestra del profundo malestar ante el peligro de ruptura social que estamos viviendo en estos momentos. En una sociedad donde la exclusión social, la precariedad, el paro y la perdida de derechos son una realidad creciente, la política realizada desde nuestras instituciones ha desplazado el centro de atención de las medidas para crear ocupación y proteger a los más afectados por la crisis al debate sobre el déficit público. Un debate preñado de un fuerte déficit democrático, impuesto desde instancias no democráticas y que pretende profundizar en un nuevo modelo de sociedad marcado por la falta de equidad y justicia social. En nuestra realidad, las dos herramientas más evidentes de este proceso son en estos momentos la Ley de Presupuestos y la Ley Ómnibus, impulsadas por el gobierno de CIU. Dos leyes no refrendadas en ningún programa electoral ni por ningún proceso de negociación previo.

El malestar está en la base de la protesta social; la creatividad y la generosidad es la que la ha dado forma y contenido, y la actuación pacífica propia de la desobediencia civil ha sido su signo de identidad más claro. La reacción frente esta protesta por parte de medios y políticos se ha caracterizado primero por la sorpresa, en la medida que no lo entendían; después por la preocupación, en la medida que los impugnaba, seguida por la represión más descarnada, en la medida que no lo aceptaban, y ahora, finalmente, por la criminalización. Asistimos en este último sentido, a partir de unos incidentes totalmente condenables, a la estigmatización política de una protestas que ha señalado los principales problemas de nuestro país fuera de los consensos políticos y mediáticos imperantes. En la medida que las instituciones representativas obedecen a los dictados realizados desde instituciones que la población no ha escogido (como el FMI, los mercados financieros o las agencias de rating), la democracia se vacía de contenido a ojos de una parte creciente de la población; en la medida que las protestas sociales pacificas reclaman un retorno a la soberanía de los ciudadanos y ciudadanas, estas protestas toman una clara dimensión de defensa de la democracia. No al contrario.

Los firmantes de este manifiesto condenan en este sentido la criminalización mediática y política que toma la parte por el todo y que se realiza desde la pretensión de transformación social más radical que ha vivido nuestro país desde el inicio de nuestra democracia, así como saludamos la capacidad de respuesta que está mostrando una parte creciente de la población. Una criminalización que deviene discurso de amenaza contra ciudadanos pacíficos y contra aquellos que, como Arcadi Oliveres, les dan apoyo. La protesta y la revuelta han sido las bases constitutivas de la conquista de nuestras libertades; su criminalización y persecución sólo pueden ser el prologo de su perdida.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Grecia: Papandreu enfrenta decisiva moción de confianza



Agencias

El gabinete del primer ministro griego, Giorgios Papandreu, se enfrenta esta noche a una decisiva moción de confianza. Se trata de la primera de tres pruebas que el Gobierno debe pasar para evitar el primer cese de pagos de la deuda soberana en la historia de la zona euro. La expectación en la Plaza Sintagma de Atenas es máxima. Centenares de 'indignados' griegos se congregan a las puertas del Parlamento heleno a la espera de una votación decisiva.

La votación se producirá después de que la zona euro haya advertido al endeudado país mediterráneo que debe aprobar un nuevo paquete de fuertes reformas económicas a cinco años en dos semanas, o de lo contrario perderá un tramo de ayuda por 12.000 millones de euros que necesita para evitar la bancarrota. El presidente de la Comisión Europea, José Manuel Barroso, aumentó la presión al decir que Grecia enfrentaba un "momento de la verdad" y necesitaba demostrar que estaba realmente comprometida con el paquete.

"No se puede ayudar a alguien en contra de su voluntad", dijo Barroso en Bruselas, agregando que el apoyo de la oposición política -que hasta el momento ha rechazado el paquete y llamado a elecciones- era importante para el éxito. Mientras el Parlamento debate el voto de confianza en medio de un profundo malestar público contra las medidas de austeridad, un grupo de inspectores del Fondo Monetario Internacional y la Unión Europea visitaban Atenas para discutir los cambios requeridos por Grecia al paquete de reformas.

Sindicatos y activistas protestan en el Parlamento antes de la votación, después de más de tres semanas de manifestaciones que se recrudecieron la semana pasada y dividieron al gobernante partido PASOK. Papandreou contuvo estas disensiones reemplazando algunas figuras impopulares del Gobierno con críticos del plan. Con 155 de los 300 escaños del Parlamento, se espera que el Gabinete gane la moción de confianza en una votación prevista para las 21 horas, pero que podría extenderse hasta las primeras horas del miércoles.

Fijado un plazo para la austeridad

Asumiendo que sobrevive el voto, el Gobierno debe lograr la aprobación del paquete a cinco años de 28.000 millones de euros (39.840 millones de dólares) en alzas tributarias y reducciones de gastos para el 28 de junio. Posteriormente, deberá aprobar leyes que implementen el paquete -lo que podría ser más difícil ya que se abordarán privatizaciones individuales, medidas tributarias y reducciones de gastos- a tiempo para un encuentro extraordinario de ministros de Finanzas de la zona euro el 3 de julio. "Esta noche es sólo el inicio de lo que aún es un largo y postergado proceso", dijo Gavin Friend, estratega del National Australia Bank.

"Aún hay muchos obstáculos que sortear", agregó. Expertos dicen que es muy improbable que el gabinete no logre reunir a todos sus parlamentarios para aprobar el voto de confianza, ya que esto llevaría a un caos político y a elecciones anticipadas que el PASOK perdería. También empujaría al país más cerca de una moratoria, escalando el riesgo de una calamitosa desestabilización de los mercados financieros globales.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Después de la acampada



Manuel Castells
La Vanguardia


Los reprobables incidentes ante el Parlament de Catalunya, en cuyo desarrollo está por aclarar la posible provocación de policías infiltrados captados en vídeo, no pueden obviar el cuestionamiento que los indignados, con amplio apoyo social, han planteado a las instituciones políticas. Ahora parece que lo grave son las tribulaciones de los diputados y no el comportamiento de la clase política, origen de la indignación. Agresividad y violencia no sólo son actos condenables, sino también estúpidos, porque pueden deslegitimar una protesta y un debate de gran calado. Pero si hay un deseo sincero de dialogar con quienes se atreven a plantear en la calle lo que muchos piensan en su casa, hay que aislar a unos pocos energúmenos y tomar en serio un movimiento que es explícitamente no violento y que ha rechazado las agresiones. Empezando por investigar qué pasó exactamente frente al Parlament.

Tras las acampadas, el movimiento sigue bajo otras formas. Porque si entendemos que los procesos de transformación social empiezan por un cambio de mentalidad y por la pérdida del miedo, entonces los indignados del 15-M representan un cambio cualitativo en el empoderamiento de la ciudadanía en busca de una democracia real. No se trata de unos miles de jovencitas utópicas, sino de un amplio movimiento de opinión que simpatiza con sus ideas. En eso coinciden diversas encuestas.

Así, según la encuesta de Metroscopia publicada por El País, el 66% de los ciudadanos tienen simpatía por el 15-M, el 81% piensa que los indignados tienen razón y el 84% que tratan de los problemas que afectan directamente a los ciudadanos. El 51% piensa que los partidos representan sus propios intereses. El 70% no se siente representado por ningún partido y el 90% piensa que tienen que cambiar. Los votantes socialistas simpatizan con el movimiento en un 78%, pero también lo hace el 46% de los votantes del PP. La crítica va más allá de la frontera izquierda-derecha. Los indignados son apartidistas, no apolíticos. Es un movimiento político que buscar transformar las formas de representación y decisión. Porque, en medio de una crisis estructural que corroe la existencia cotidiana, la condición previa para cambiar de modelo es cambiar las formas de elaboración y gestión del modelo. Pero ¿qué proponen los ex acampados, ahora asamblearios? Hay que escuchar para entender, en lugar de proyectar ideas preconcebidas que no corresponden a lo que se está debatiendo en este movimiento. Y lo que observo es que lo fundamental es el proceso más que el producto. No son tanto las propuestas concretas como las formas de debate, decisión y acción que caracterizan este movimiento. Si hay un acuerdo central en un movimiento tan diverso, es que las personas se representan a sí mismas, que no hay organizaciones aparatadas, que no hay líderes. De ahí la importancia de las asambleas en barrios, pueblos y lugares de trabajo. La idea es que las asambleas canalicen las propuestas de la gente en su entorno cotidiano y se conecten con asambleas más visibles, como Sol o plaza Catalunya. De ahí también la importancia de las comisiones, creaciones espontáneas de todo tipo, que tratan mil cuestiones, desde la medicina natural hasta la reforma de la ley electoral.

Un sistema tan descentralizado y plural de deliberación y decisión se apoya para funcionar en dos condiciones clave. Por un lado, el respeto y la tolerancia. Hay fuertes discusiones en las asambleas, sobre todo cuando algunos, generalmente mayorcitos, intentan meter cuchara ideológica. O cuando surge el individualismo irreductible coherente con la premisa de no imposición de nadie a la libertad de cada una. Pero por regla general, el desacuerdo, incluso práctico, se da en la tolerancia del otro y es gestionado por equipos de facilitación que están aplicando una metodología de mediación que ya quisieran tener muchas empresas. Por otro lado, siempre están las redes de internet como estructura de apoyo y comunicación para informar, para debatir, para pedir solidaridad y auxilio en momentos duros. En suma: para no sentirse solas. Porque hay miedo en todo esto. Es un desafío radical, aunque no violento, al orden social, y hay conciencia de las consecuencias: desde los palos policiales hasta el rechazo en el mercado laboral. Y el miedo sólo se supera juntándose. En la red y en las plazas. Sabiendo que hay muchas personas semejantes y que juntas podemos, como repiten en el movimiento. La cuestión que se plantean es cómo incidir en las decisiones que afectan a todos. Rechazan hacerse partido porque piensan que es caer en la trampa de unas instituciones en que está todo atado y bien atado. De ahí la protesta mediática para llegar a la conciencia de la ciudadanía. Dificultar el ronroneo del sistema político, que continúa como si nada pasara, mediante sentadas, bloqueos, manifestaciones. Desobediencia civil activa no violenta. Frente al intento deliberado de incitar a la violencia para deslegitimar la protesta.

¿Adónde van? A otra sociedad, porque piensan que las instituciones están podridas y que la crisis no es tal, sino una estafa de los poderosos. Lo que venga saldrá de un debate que incluya al conjunto de los ciudadanos y del que surjan nuevas formas de vida y de política. Reivindican el derecho a equivocarse. Pero rechazan pagar las equivocaciones de los que mandan. Tienen tiempo. Quieren ir despacio porque van lejos. Y mientras luchan por decidir cómo decidir, viven la vida ya, en la alegría de sentirse libres, enredados en el proyecto de reinventar la vida, empezando por la suya, por la de cada uno.

Por eso los políticos no pueden entender, ni siquiera los que simpatizan desde la vieja izquierda. Porque plantean las preguntas erróneas: ¿qué organización? ¿Qué programa? ¿Qué estrategia? Si no hay respuestas, vaticinan con la condescendencia de quienes renunciaron a sus sueños, desaparecerá el movimiento. Tal vez. Pero no sus ideas, no sus esperanzas, no las semillas rizomáticas de una nueva política sembradas hoy. Porque puede ser una última llamada de vida antes de precipitarnos en el torbellino de destrucción que nos arrastra.

domingo, 19 de junho de 2011

“Democracia en construcción. Perdonen las molestias”



Ángeles Diez
Socialismo y Democracia


¡A la calle! que ya es hora
de pasearnos a cuerpo
y mostrar que, pues vivimos, anunciamos algo nuevo.
(Gabriel Celaya)


El movimiento que surgió de Sol el 15 de Mayo irradia hacia los barrios y pueblos. Las palabras asamblea, consenso y democracia se han regado por las plazas, los parques y las conciencias. Algo está cambiando en las gentes y hay quienes comienzan a sentirse muy preocupados. La clase política se refugia en sus cargos y en sus parlamentos. Algunos sobrevuelan en helicópteros sobre sus representados para no oírles. Otros amenazan con ilegalizar al pueblo –el presidente del Congreso dice que “los manifestantes cometen un delito”, que es “inadmisible e intolerable que no se respete a los parlamentarios”-; hay quien habla de “caos violento” y de "respeto a los derechos de los que gobiernan". Otros afirman llevar años defendiendo lo que ahora el pueblo reclama en las calles, y hay quien, como el ministro de la presidencia Sr. Jáuregui, dice que “no hay alternativa a esta democracia”.

Mi barrio es un barrio conservador. No hablo de ideología. Les ha pasado a todos los barrios y pueblos de esto que llamamos España -otros lo llaman estado Español, otros todavía estamos por buscarle un nombre con el que no ofendamos ni nos sintamos ofendidos-. Los motivos por los que mis vecinos decidieron conservar lo que en su día conquistaron son distintos pero tenían un eje común con el resto de los barrios y pueblos: después de la dictadura franquista a lo que se podía aspirar, sin volver a un conflicto civil, era a esta especie de pseudo-democracia, de estado de bienestar escaso y de paz social autista. Todo ello, con la esperanza de que algún día, no muy lejano, pudiéramos disfrutar de un Estado de Derecho pleno, de un sistema político independiente de los poderes económicos, de salud, de trabajo, de educación pública de calidad… Bueno, quizá estoy idealizando. Quizás en mi barrio, como en los demás, sólo aspirábamos a vivir bien y a estar tranquilos. Por eso nos hicimos conservadores de lo que pudimos arrebatarle a un sistema económicamente desigual, socialmente injusto y ecológicamente depredador.

Desde que empezamos a hacer asambleas en mi barrio, mis vecinos han descubierto que no podemos conservar lo que tenemos sin aspirar a conquistar lo que nos deben. Eso que nos deben se llama democracia. Lo mismo que se produjo en las asambleas de Sol y de otras ciudades, las personas hemos comenzado a hablar y a escucharnos. Como dijo uno de nuestros poetas de postguerra, Blas de Otero, estamos pidiendo “la paz y la palabra”. Hemos descubierto que, de hecho, casi hemos perdido más de lo que conquistamos. Estamos descubriendo cómo es realmente el lugar en el que vivimos, la necesidad que tenemos todos de hablar y contarnos, cómo somos y cómo podemos ser, incluso descubrimos que tenemos memoria y recordamos las luchas que nos precedieron.

Las personas de mi barrio se levantaron a finales de los años setenta con el lema “la vaguada es nuestra” para reclamar un espacio público que pusiera límites al gran especulador José Banús. Hoy, una vecina del barrio nos recordaba que gracias a esa lucha podíamos tener nuestra asamblea sentados en el césped, rodeados de hermosos árboles y con los niños jugando alrededor. Cuando alguien señaló que hay que ir buscando un lugar bajo techo para continuar asambleando en septiembre nadie dudó de que hay que reclamar los lugares públicos que son de todos. Una señora dijo que, hace muchos años, en la Ventilla, un barrio próximo, ellos ocuparon un ambulatorio abandonado porque lo público es de todos ¿o no? Los del grupo de infraestructuras dicen que hay un colegio vacío que se llama Guatemala, y sólo lo abren los sábados para dar clases de coreano. ¿De coreano? El chico se encoge de hombros, “igual hay coreanos en el barrio y no les conocemos” Otra vecina dice que quizá esté sin rampas de acceso o que no esté en condiciones. Inmediatamente un chico joven dice que eso es lo de menos, que nosotros podemos construir las rampas y reparar lo que esté mal, que no vamos a esperar a que nos lo arreglen. Tal vez estemos ante un nuevo paradigma de autogestión.

En la asamblea de mi barrio, contrariamente a la imagen que machaconamente difunden los medios, hay mucha gente mayor. Antes de empezar la reunión hay muchos jóvenes que aparecen cargando sillas de plástico para la gente que no puede sentarse en el suelo, algunas de ellas las cede un bar que está en el parque. Mis vecinos son personas de clase media, profesionales, obreros cualificados, emigrantes, comerciantes, obreros sin más… los roles y estereotipos están siendo erosionados por la palabra. Cuando alguien se atranca, se lía o se confunde, surge un aplauso, una palabra de ánimo y se le pide seguir adelante. Hemos descubierto que la paciencia es transitiva –transita de viejos a jóvenes y al revés-.Hay varias personas con minusvalías en nuestra asamblea. Tres de ellas son jóvenes. Uno de ellos fue el moderador la semana pasada. Una compañera le ayudaba con el micrófono. El humor y la soltura con la que moderó la asamblea hizo que a las tres de la tarde nadie tuviera prisa por terminar, éramos unos doscientos. En mi barrio se están destruyendo las barreras cerebrales que nos mantienen en compartimentos estanco.

Hoy, al finalizar el orden del día, nos tocaba traer lemas para las pancartas de la marcha de mañana 19 de junio. Por la tarde habría un taller para fabricarlas con las telas, papel, pinturas, esprays que cada uno llevara. Cuando el moderador pidió que nos pusiéramos en fila detrás del micrófono, como en un resorte, viejos, jóvenes y de mediana edad fueron desfilando risueños a exponer sus propuestas. La más aplaudida fue “Democracia en construcción. Perdonen las molestias”. Mañana, hoy, estamos en construcción, para construir la democracia hemos de deconstruir nuestros prejuicios. Decía un cartel en Sol: vamos lentos porque vamos lejos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A esquerda democrática e a revolução cubana



Fernando de la Cuadra
Gramsci e o Brasil


Claudia Hilb. Silêncio, Cuba. A esquerda democrática diante do regime da Revolução Cubana. Trad. Miriam Xavier. São Paulo: Paz e Terra, 2010. 112p.

Quando os tanques soviéticos invadiram as ruas de Praga e o socialismo real se apresentava aos nossos olhos — junto com o fascismo — como um grande pesadelo do século XX, a revolução cubana surgia como uma experiência inédita, diáfana e enaltecedora. E, inclusive, os fuzilamentos que se seguiram ao triunfo de Santa Clara foram considerados consequências inevitáveis das dores do parto.

Mas como fazer a critica de uma revolução que gerou tanta esperança na região e no mundo? Como questionar um processo que se enraizava nos valores mais elevados da humanidade, o fim da exploração dos mais desprovidos, dos mais vulneráveis? Como abordar as práticas autoritárias do regime cubano, sem fazer causa comum com os setores mais “reacionários”? Estas e outras perguntas de similar teor acabaram por imunizar Cuba da crítica da própria esquerda democrática. Por isso, já passadas mais de cinco décadas desde aquele 1º. de janeiro de 1959, ainda existe um silêncio cúmplice sobre os erros de rumo de uma revolução que continua assombrando os intelectuais progressistas e a esquerda assumidamente democrática.

É precisamente esse silêncio incômodo que estimula a reflexão de Claudia Hilb. Esta socióloga e cientista política argentina, militante da esquerda radical, teve de sair para o exílio depois do golpe de 1976. Em Paris, realizou estudos de pós-graduação e frequentou os seminários de Claude Lefort, sua principal fonte de inspiração intelectual. Colocada diante da pergunta sobre a razão pela qual a esquerda democrática tem guardado um conspícuo silêncio frente aos traços autoritários do regime cubano, ela tenta responder através da seguinte hipótese: a recusa desta esquerda a se pronunciar a respeito da natureza repressiva do governo se deve, em grande parte, ao fato de que reconhece o esforço realizado pelo regime em termos de justiça social, ou seja, este setor da esquerda reconhece “algumas realizações indiscutíveis do regime em questão, particularmente o fato de igualar as condições sociais e universalizar o acesso à saúde e à educação” (Hilb, 2010, p. 14).

Mas isso é suficiente para legitimar um regime político que diz lutar por um mundo mais justo, livre e solidário? Certamente não. Claudia Hilb decompõe os meandros deste dilema e conclui com a certeza inquietante de que os esforços pela igualação radical das condições de vida do povo cubano, na primeira década da revolução, foram um fenômeno entrelaçado com o processo de concentração total do poder nas mãos de Fidel Castro.

Ainda mais, no percurso do texto a autora demonstra consistentemente como uma vocação de dominação total, sustentada na vontade do líder máximo, transformou o entusiasmo e a virtude revolucionária em obediência acrítica. De modo análogo, a gesta revolucionária de inspiração emancipadora produziu, através do medo, um comportamento oportunista e paralisador dos mesmos sujeitos ativos da revolução. Ela argumenta que o processo de concentração de poder nas mãos do Comandante Fidel foi um fenômeno de teor organicista, pelo qual o líder se vê como reitor de uma sociedade, situado legitimamente no topo de uma pirâmide a partir da qual o social torna-se visível em sua plenitude.

Foi assim que, como consequência inevitável desta visão, Fidel Castro se transformou na encarnação suprema da revolução. Tudo o que provém dele representa a revolução, e, como ele mesmo sentenciou na mensagem dirigida aos intelectuais cubanos no ano seguinte ao seu triunfo, “dentro da Revolução, tudo; contra a Revolução, nada.”

Desta forma — relata Hilb —, o regime passou a cooptar ou subordinar a totalidade das dimensões que conformavam a realidade cubana — as universidades e o movimento estudantil, as fábricas e os sindicatos, os intelectuais e as entidades da cultura —, numa velocidade vertiginosa e arrasadora que se consolida já nos primeiros anos do regime socialista, sepultando qualquer vestígio de critica, ainda que fosse realizada por eminentes figuras surgidas no seio da própria luta revolucionária, como Huber Matos, Carlos Franqui ou Heberto Padilla. O caso deste último foi o mais dramático e patético: “A lamentável paródia da sua confissão de culpa foi o sinal definitivo de que a possibilidade de discordar dentro da área cultural revolucionária ficava eliminada e também foi um sinal que, apesar dos esforços por ignorar o rumo que a Revolução tomava já há muito tempo, muitos dos seus antigos amigos já não conseguiram ou quiseram deixar de ouvir” (Hilb, op. cit., p. 35).

A excepcionalidade da experiência cubana se transformou no mesmo pesadelo de matriz stalinista, em que o poder do povo se transforma em poder do partido revolucionário, deste se transfere para o comitê central e, finalmente, o dito poder acaba concentrado nas mãos do ditador. Mas o que salienta a autora, e certamente representa uma importante afirmação, é que este processo de concentração do poder foi concomitante com as intensas e veementes ações em prol do nivelamento das condições de vida da população cubana. As mobilizações espontâneas de apoio à revolução — como a campanha pela alfabetização, o trabalho voluntário durante a safra do açúcar — foram constituindo-se numa prática formal destinada a obter maiores benefícios e prebendas da parte do regime. Por sua vez, à vasta e incondicional adesão e ao entusiasmo inicial captado pelo movimento revolucionário seguiu-se um período de desconfiança e medo, causado pelo crescente e perverso patrulhamento ideológico, a espionagem e a delação entre vizinhos, fato este não só amplamente documentado em milhares de relatórios sobre direitos humanos na ilha, mas também em inumeráveis expressões no campo da cultura (literária e artística), como o romance de Guillermo Cabrera Infante, Três tristes tigres, ou o livro autobiográfico de Reinaldo Arias, Antes que anochezca, levado posteriormente para o cinema.

Assim, o regime cubano foi institucionalizando apoios e alimentando medos, e, paradoxalmente, o custo político evidente de uma manifestação de descontentamento também se estendeu a uma postura neutra. A neutralidade, afinal, era uma posição mais sintomaticamente política que qualquer adesão resignada e conservadora marcada pelo interesse individual para obter benefícios do governo ou como disfarce diante de possíveis represálias dos aparelhos de vigilância (por exemplo, os Comitês de Defesa de Revolução — CDR). A “neutralidade” gerava igual ou maior suspeita que uma posição decididamente opositora e, em definitivo, resultava ser tanto ou mais perigosa que o enfrentamento direto: se falo, sou um inimigo, mas, se não falo, também sou um inimigo em potencial. Como depois seria emulado pelo socialismo bolivariano, o regime cubano foi criando uma extensa trama de aduladores e seres desprezíveis que fazem da complacência acrítica uma fórmula fácil para ganhar as simpatias do líder e aceder aos privilégios proporcionados pelo Estado, no melhor estilo stalinista descrito magistralmente por George Orwell em seu romance distópico 1984.

Neste breve e contundente ensaio, a autora nos lembra também que o ponto de vista organicista não é privilégio somente das correntes “reacionárias” do pensamento, mas também de certas vertentes que se dizem de esquerda ou socialista. No caso cubano, é sintomático que qualquer arroubo de crítica tenha sido automaticamente reprimido, qualquer sinal de pensamento dissidente imediatamente expurgado, qualquer indício de criatividade distinto do cânon institucionalizado igualmente extirpado, como um câncer maligno que pretendesse se alastrar pelo conjunto do corpo social.

Sistemas conceituais fechados de explicações absolutas e totalizadoras não dão espaço para o debate democrático, pois, qualquer que seja a natureza do questionamento das restrições às liberdades políticas e individuais, a resposta quase sempre será que aquele que age dessa forma pensa a partir de uma perspectiva “pequeno-burguesa”, razão pela qual possui valores deturpados e uma compreensão ofuscada da realidade derivada da sua condição privilegiada de classe. Portanto, não existe espaço para devaneios e diletantismos teóricos: “dentro da Revolução tudo; contra a Revolução, nada”, segundo o axioma mencionado. O Comandante encarna, em última instância, o fulgor e a epopeia revolucionária e, consequentemente é também quem decide o que está dentro e o que está fora.

Atribuindo-se a si mesmo o espírito e o comando da revolução, Fidel conseguiu num breve período de tempo — durante a primeira década do regime — concentrar todo o poder do Estado cubano e sufocar qualquer tipo de iniciativa política que pudesse colocar em risco sua liderança e autoridade. E precisamente neste ponto a autora nos conduz para uma reflexão perturbadora a respeito do fato de que a experiência revolucionária acumulada — Rússia e China, entre outras — nos demonstraria que a afinidade entre personalização e concentração de poder revolucionário representa uma tendência constante e inevitável, baseada na “convicção de que o afã construtivista, a pretensão de moldar de cima a sociedade está indissoluvelmente ligada à convicção de que esta tarefa deve ser encarada de modo onipotente desde o ponto mais alto da sociedade”. É aí que a figura do Líder emerge como uma espécie de alquimia para organizar o todo social, para definir metas, funções e responsabilidades de cada um dos membros desse organismo. Assim, durante o processo de construção da Revolução Cubana esse papel foi concentrado na pessoa de Fidel, que com seu carisma e liderança resolveria, “definitiva e brutalmente”, a polissemia revolucionária.

No entanto, esta síntese que define o destino do povo cubano perde desde muito cedo seu verdadeiro caráter emancipatório. Se bem que o projeto revolucionário tenha conseguido resolver drasticamente a desigualdade prevalecente nos tempos de Batista, ele não permitiu, simultaneamente, realizar os anseios de autonomia e participação democrática entre os habitantes da ilha. Pelo contrário, a aspiração liberadora das “garras” da ditadura batistiana transformou-se num breve espaço de tempo no império da censura, do medo e da submissão.

Tal contradição do socialismo “realmente existente” já tinha sido denunciada, há anos, por Rudolf Bahro no seu livro Die Alternative (1977) [1]. Nele o escritor alemão constata — entre outros aspectos — como o socialismo real dos países da Europa Oriental optou por priorizar (ainda que com evidentes limitações) a resolução da questão da igualdade e da justiça social, à custa dos princípios da liberdade civil e política e do respeito aos direitos de participação democrática e autorrealização dos cidadãos.

Também em Cuba a pretensão construtivista e igualitária supôs que um conjunto de valores coletivistas poderia ser inoculado nas pessoas para que elas superassem o individualismo e o egoísmo particularista, criando uma entidade — com características do tipo puro ideal weberiano — chamada de “homem novo”. Mas este projeto transformador se realizou desde cima, desprezando e coibindo qualquer pulsão dos indivíduos em prol da formação de um novo organismo ou corpo social em que primassem os princípios igualitários consagrados pela épica revolucionária: “A fabricação vertical da sociedade exige que cada um cumpra um papel que o poder, desde a cúpula, lhe atribui; se não cumprir por consciência, cumprirá por temor”.

De tal modo, o desejo de liberdade se transformou em aceitação da opressão, o Terror e o medo substituíram a adesão e o fervor revolucionário do povo cubano. Quem não compartilha estes princípios converte-se em traidor e pária: um gusano [2]. A execração das “Damas de Branco”, que viraram arquétipo da deslealdade e alvo do repúdio dos populares, que descarregam contra elas a palavra de ordem: “as ruas são de Fidel”, expressa sem maiores subterfúgios a consagração de uma sociedade amordaçada e imobilizada pelo temor.

Por isto, nos interrogamos — tal como se interroga a autora —, o que resta da promessa da Revolução? O que resta do sonho libertário e emancipatório que encarnava a façanha revolucionária dos barbudos? O que dele pode restar para uma esquerda democrática e plural que acredita na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e livre da opressão? Muito pouco ou nada.

A Revolução que se fez para igualar e libertar os “de baixo” acabou por se construir pelo alto, domesticando a população através de mecanismos de persuasão e de coerção. Transformou-se, assim, na negação da esperança de um mundo pluralista e tolerante, marca iniludível de um socialismo moderno que não pode abjurar dos princípios democráticos. Ou quiçá, também, na negação da esperança de um tipo de socialismo associativo que, segundo a formulação de Paul Hirst, aspire a constituir-se numa democracia social alternativa ao socialismo autocrático de Estado e ao liberalismo do livre mercado [3].

Nesse contexto, adquirem maior significado as palavras do desaparecido Antonio Cortés Terzi, para quem os ideais inovadores e pioneiros de Allende têm mais de “socialismo do século XXI” que as práticas ortodoxas dos irmãos Castro ou de Chávez. Estas últimas parecem aproximar-se mais do legado stalinista do século passado que de um socialismo renovado e projetado para resolver os desafios futuros de nossas sociedades.

Notas
[1] No Brasil: A alternativa – Para uma critica do socialismo real. São Paulo: Paz e Terra, 1980.
[2] Este temor ao linchamento social cria paralelamente uma “dupla moral”, uma dissociação entre a moral pública de fidelidade e apoio ao regime e a moral privada, de sobrevivência, que utiliza inúmeros recursos ilegais para resolver restrições e problemas da vida cotidiana.
[3] Paul Hirst. A democracia representativa e seus limites. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cameron representa la arrogancia de un imperio en decadencia


Página 12

La presidenta Cristina Kirchner repudió el rechazó del primer ministro británico, David Cameron, a negociar la soberanía de las Islas Malvinas y, en particular, la frase utilizada por el premier sobre "un punto final para la historia" de la disputa. "Es un gesto de mediocridad, casi de estupidez, utilizar esa expresión. Los argentinos nunca creímos en puntos finales en derechos humanos y no lo vamos a hacer en derechos soberanos". Además, consideró a Inglaterra "un imperio en decadencia" y aseguró que la Argentina avanzará "en el marco de la paz y el derecho internacional"

A una semana de la intimación de la Organización de Estados Americanos (OEA) para que Gran Bretaña se siente a negociar una solución al conflicto por la soberanía de las Islas Malvinas y horas después del reclamo de la presidenta Cristina Kirchner durante los actos por el 29º aniversario del fin de la guerra, el primer ministro David Cameron afirmó ante el Parlamento británico que la soberanía del archipiélago no es negociable y ratificó el derecho a la autodeterminación de los kelpers. “La Argentina deplora” las declaraciones de Cameron, afirmó anoche Cancillería. “El gobierno del Reino Unido, en un lamentable acto de arrogancia, se adjudica la autoridad de poner ‘fin a la historia’ referida a una disputa de soberanía reconocida por las Naciones Unidas y aún pendiente de solución”, advirtió. Antes, el canciller Héctor Timerman se pronunció vía Twitter: “Le digo al señor primer ministro que el fin de la historia nunca es una decisión de una persona por poderosa que se sienta”, escribió.

El disparador fue un planteo del legislador conservador Andrew Rosindell para que en el próximo encuentro con el presidente de los Estados Unidos, Barack Obama, Cameron remarque que Londres no aceptará negociar la soberanía de las islas. El pedido se relaciona con la decisión de la OEA, un foro en el que la Casa Blanca tiene mucha influencia, de instar a la Argentina y Gran Bretaña a negociar “cuanto antes” una solución al conflicto. “Mientras las Islas Malvinas quieran ser territorio soberano británico deben seguir siendo territorio soberano británico. Punto. Final de la historia”, fue la lacónica respuesta de Cameron.

“La actitud británica evidencia una falta de respeto al derecho internacional que ese país ha venido demostrando en relación con la persistencia de una anacrónica situación colonial que agravia no sólo a la República Argentina, sino también a la región en su conjunto, tal como lo demuestran las múltiples manifestaciones de preocupación por la situación planteada, emitidas por la OEA, Mercosur, Grupo Río, Cumbre Latinoamericana y del Caribe y la Unasur”, advirtió anoche la Cancillería.

La primera reacción oficial fue del embajador ante la ONU, Jorge Argüello. “La comunidad internacional deberá evaluar cuidadosamente hasta qué punto le conviene seguir reconociendo status de miembro permanente del Consejo de Seguridad de la ONU a aquellos países que sistemáticamente ignoran o violentan las decisiones de la Asamblea General”, señaló. “Los dichos del señor Cameron confirman que el Reino Unido hará valer su interés por las buenas o por las malas. No están dispuestos a proceder conforme al derecho, sino a defender su posición de hecho, originada por la fuerza en el siglo XIX”, advirtió. Las palabras de Cameron también fueron repudiadas por el diputado Ruperto Godoy, vicepresidente de la Comisión de Relaciones Exteriores, quien las calificó como “una provocación para el Estado argentino”, el mismo término que eligió el senador socialista Rubén Giustiniani. “Es una provocación inaceptable que se enmarca en la persistente e inexplicable falta de respeto por parte de Gran Bretaña a las decisiones de la comunidad internacional”, manifestó desde Ginebra.

La Presidenta reiteró esta semana dos veces el reclamo a Londres. El martes, cuando le entregó su DNI a un ciudadano nacido en Malvinas, sostuvo que “resulta casi ridículo pretender dominio geográfico a más de 14.000 kilómetros” y pidió “por nuestros derechos, pero por sobre todas las cosas por el diálogo, por el respeto al derecho internacional, por volver a sentarnos a la mesa de negociaciones con el Reino Unido y poder dirimir civilizadamente esta controversia que ya lleva más de un siglo”. El lunes se había pronunciado frente al secretario general de las Naciones Unidas, Ban Ki-moon. “Hemos reiterado nuestro deseo de que Inglaterra acepte la resolución de la ONU para sentarse a la mesa de negociaciones con Argentina”, dijo la mandataria, porque “es hora de que los países que tienen un lugar importante porque integran el Consejo de Seguridad o son parte del Grupo de los Ocho también convenzan al resto del mundo de que (todos) están sujetos a normas internacionales”, advirtió.

Perú: Catástrofes e inercia



Martín Tanaka
La República


Esta semana empezó con un pequeño amago de “pánico financiero”, para, apenas dos días después, terminar con expresiones de confianza en el futuro del Perú por parte de la elite empresarial. Esto es expresivo de lo poco capaz que es un sector de esa elite de entender lo que sucede en el país, al punto de ir en contra de sus propios intereses. Es como que por un momento se hubieran creído las exageraciones, distorsiones y embustes que alentaron durante la campaña electoral, para dos días después recuperar la cordura y entender que lo que corresponde es buscar aproximaciones y consensos con el presidente electo.

Durante la campaña se expresaron temores legítimos sobre un eventual gobierno de Ollanta Humala. Lo importante es que el candidato los oyó, modificó su plan de gobierno, amplió su convocatoria, y ha sentado las bases para un gobierno que, sin renunciar a su vocación reformista, reconoce no contar con un respaldo mayoritario propio. En realidad, creo que el peligro con el futuro gobierno de Ollanta Humala no estaría tanto en la implantación de una estrategia de confrontación que propicie una ruptura del orden constitucional y lleve a un cambio radical en el rumbo de la economía. Más realista me parece pensar que podría tratarse de un gobierno entrampado por sus límites y contradicciones internas: estamos ante un presidente sin mayor experiencia política, sin ninguna experiencia de gestión pública, sin un partido político propiamente dicho, sin un entorno político consolidado a lo largo de los años. Tenemos un presidente que llegó al poder inesperadamente después de una suma de accidentes y gracias a una gran voluntad política, que supo aprovechar las oportunidades que se le presentaron, que ha tenido que ir construyendo sobre la marcha un proyecto que ha juntado varias capas de entornos y relaciones disímiles, partiendo de un núcleo más militante y de izquierda, hasta llegar a un conjunto de profesionales y técnicos independientes. Que además ha despertado grandes expectativas, que enfrenta fuerzas que empujan al radicalismo y otras hacia la moderación.

Diversos analistas han hecho comparaciones entre el posible rumbo del gobierno de Humala con la trayectoria de presidentes como Chávez, Morales, Correa y Gutiérrez. Tal vez la comparación más cercana sea con Alejandro Toledo: un gobierno que encarnó una gran promesa de la democratización social y política después del fujimorismo, pero que pagó el precio de las indefiniciones del presidente, de iniciativas contradictorias de grupos diversos, que dieron lugar a constantes marchas y contramarchas. En lo que sí puede terminar pareciéndose a los presidentes mencionados es en que la pura voluntad política reformista puede naufragar por la debilidad en las capacidades de gestión y de implementación de políticas, no solo por la acción de los opositores. El problema de que prime la inercia que marca la ineficiencia del sector público.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Regreso al futuro



Arturo Martínez
Socialismo y Democracia


No os engañéis, no voy a hablar del retorno a las estrellas, sino de otro futuro mucho más cercano, de un pasado muy reciente y de un presente rabiosamente actual: Los indignados.

Ya no me puedo aguantar más tiempo. Puede que a alguien le moleste mi opinión, pero, como decía una de las pancartas de la Puerta del Sol de Madrid, “Si molestamos, Nos quedamos”. Y ese es uno de los aspectos que me han gustado de la pomposamente autodenominada “Spanish Revolution”: ¿Qué sentido tendría una protesta que no molestara a nadie?

Después de años pensando que a nuestra juventud estaba alienada, que solo le interesaba el botellón, el twenti o el facebook, descubrimos que nos tenían engañados. La madurez, reflexión y profundos principios democráticos que está demostrando el movimiento 15M me ha sobrepasado ampliamente.

Cuando gritan “Que no, que no, que no nos representan” dirigiéndose a nuestra corrupta y endogámica clase política, yo digo “que sí, que sí, que sí me representan”, pero pensando en ellos. En los punkies, okupas, parados y currantes de todas las edades, estudiantes, “ni nis”, roqueros, inmigrantes con o sin papeles, nostálgicos del 68, jubilados, e incluso ¡por qué no! en los tan denostados “perroflautas”.

Pasado ya el riesgo de su fagotización por los partidos políticos tradicionales, el movimiento ha triunfado. Acampadas en 200 ciudades españolas, actos de solidaridad desde México DF hasta Buenos Aires, desde Nueva York hasta Moscú, desde Melbourne hasta Estambul, demuestran que lo que comenzó el 15 de mayo como un episodio aislado de unos cuantos idealistas se ha convertido en un movimiento global, consolidado, respondiendo a un sentimiento colectivo latente que por fin ha explotado.

Me acosté el 15 de Mayo con la noticia de las manifestaciones. Cuando me desperté, como diría Monterroso, los acampados seguían allí. No había sido un sueño, sino lo que no me atrevía a soñar.

El sábado pasado estaba paseando por Madrid y ¿casualmente? me encontré con una de sus movidas. Una cadena humana rodeando la Plaza de Cibeles, frente a la nueva sede del Ayuntamiento de Madrid. Fue verla, ver que faltaba gente para cerrar la circunferencia, y en un impulso irrefrenable, unirme a ellos.

Me encontré con un ambiente relajado, con un elevado grado de civismo, organización espontánea y solidaridad impresionante. Las rotaciones entre las zonas de sol y las escasas de sombra, el reparto continuo de agua y crema solar, los cámaras sobre monopatín que recogían la acción, demostraban que una multitud de 1.000 personas puede autoorganizarse sin líderes profesionales ni estructuras de poder. Quizás la organización no fuese muy eficiente, pero para la mayoría de las personas allí concentradas, me temo que el tiempo era una de las pocas cosas que no les faltaba.

Curiosamente, las mayores muestras de indignación, violencia y conducta incívica no las daban los concentrados, sino una pequeña parte del público. Insultos durísimos a los que se respondía con una sonrisa o con ese gesto de puños cruzados en alto con el que expresan “rechazo total”. Intentos de algunos conductores de pasar a la brava, reclamando su derecho a circular por donde les diera la gana, y olvidando que si la concentración se celebraba en Cibeles porque la policía les había impedido contundentemente reunirse en la Plaza de la Villa.

Cuando mis compañeros de cadena, con un respetuoso trato de usted, me preguntaron:

- Jefe, ¿Por qué no dice nada? ¿Por qué no grita con nosotros?, les contesté:
- Por que si abro la boca me pongo a llorar. Y los hombres no lloran.

Los indignados nos han demostrado que el futuro existe, y ha empezado ya.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pepinos, hipotecas e incongruen​cias



Vicent Boix
Socialismo y Democracia


Hace unos años España empezó a transformarse en una inmensa estepa de color marrón grisáceo, gracias a la expansión atroz de ladrillos y cementos. En la estela de semejante transformación y por inercia se generó riqueza, creció la economía y muchos se subieron en la cresta del “sueño ibérico”. Fueron los años de la España abducida y feliz. De la orgia económica colectiva. Del lujo para hoy escasez para mañana. Una lapidaria, repetida y mítica frasecita -hoy degradada a la categoría de timo de la estampita- resumiría aquellos alegres años: “Sí, mi casa me ha costado un riñón y parte del otro, pero yo he invertido en una vivienda porque los precios no bajarán, a lo sumo se mantendrán”.

Era el ciclo del pack: hipoteca, más crédito para muebles de diseño, más otro préstamo para un coche guapo, más otro para un viajecito por el Caribe para liberar tanto estrés acumulado. Todo con una nómina. Quién no se atrevía estaba lerdo. Mientras los bancos encantados, que cuando vino la mala “papá estado” ya se encargó del boca a boca revitalizante.

Se comenta esto porque en esa época dorada donde el consumismo adquirió rango de religión y en el estado español se vivía en una tómbola lisérgica de luz y de color, la agricultura y sus agricultores ya estaban en la UVI con encefalograma plano profundo. De hecho, desde hace lustros que el campo está de luto, en horas bajas y tocando fondo. Todo por una bacteria más dañina y peligrosa que la E. Coli, llamada economía de mercado, que ha permitido que multinacionales y grandes intereses económicos se hayan hecho con las riendas de la alimentación mientras ahogan y exprimen al pequeño agricultor y campesino. Una bacteria que ha condenado a la inanición a millones de personas. Que ha transformado la tierra y la vida en un gran negocio donde ya no es preciso generar alimentos, trabajo y futuro, y sí grandes réditos que unos pocos se reparten ante la desazón e impotencia generalizada de los agricultores.

Ante esa bacteria -que se reproduce en ministerios, parlamentos y cumbres de diversos organismos multilaterales- no ha existido esa indignación generalizada que ha surgido ahora ante las decisiones irresponsables, dañinas y precipitadas de ciertos estamentos alemanes ante la “crisis de los pepinos”. El rechazo social ha sido unánime y mucha gente se ha cabreado con el trato recibido, pero me da la sensación que este mosqueo tiene un origen más bien chovinista y patriotero similar al que brotó con la “ocupación de Perejil”, L’Estatut o el codazo a Luís Enrique.

La palma en todo este show se la ha llevado algún que otro medio de comunicación, de esos que, por una parte anuncian las ventajas de comprar la comida a los principales verdugos del agricultor (la distribución moderna y cadenas de supermercados), y que por otra se solidarizan, pepino en mano, con las desgracias de los agricultores ante la vejación recibida. Sin olvidar, por supuesto, el papel del “bipartidiato” que se ha turnado en el poder durante los últimos 30 años, que ahora clama justicia cuando durante años ha hecho oídos sordos a las quejas de una agonizante agricultura tradicional.

Pero, pasarán los meses, la E. Coli se olvidará (hasta que deje más muertos por ahí) y la “crisis de los pepinos” será historia. Y cuando esto suceda la bacteria sistémica del mercado libre seguirá campando a sus anchas para que los agricultores sigan sin cubrir costes, abandonando la tierra y claudicando ante los intermediarios y distribuidores. Todo para que estos últimos se enriquezcan y para que muchos ciudadanos que ahora se rasgan las vestiduras por los agravios que han recibido nuestros pepinos, puedan ahorrarse hasta el último céntimo al comprar un kilo de melocotones y así poder sufragar la hipoteca, los muebles de diseño, el coche guapo, el crucero en el Caribe, las cuotas del gimnasio y la cirugía estética para unos decaídos pechos. Melocotones por cierto, que tal vez se importen de países del sur porque allí los costes de producción son más económicos. De esta forma se machaca a los agricultores que ahora reciben la solidaridad colectiva ante el golpe alemán, mientras en los estados del sur la tierra se destina, no a la labranza de alimentos básicos para sus poblaciones sino a la siembra de cultivos que acaban en nuestros supermercados.

El consumidor ya sabe que la E. Coli es un clásico de los percances alimentarios. Pero hace unos meses fueron los piensos con dioxinas y agroquímicos también hallados en Alemania. Antes saltaron a la palestra las vacas locas, las gripes aviares y los pollos belgas. Ahora ya suena la campana en China con lo que podría ser otro episodio de inseguridad alimentaria y en un mundo globalizado el flagelo puede extenderse sin parar.

Y es que los “avances de la humanidad” no pueden contrarrestar estos incidentes porque predomina un sistema alimentario donde priva el negocio por encima de todo. Un modelo alimentario donde multinacionales y gobiernos apuestan por una agricultura intensiva a base de semillas transgénicas y agroquímicos. Un modelo alimentario donde los ganaderos alimentan a sus animales con piensos de dudosa procedencia. Un modelo alimentario fuertemente dependiente del petróleo. Un modelo alimentario sintético donde los sabores y los olores naturales se han substituido por sus sucedáneos químicos.

Por tanto, que se calmen los ánimos y que se pidan compensaciones pero sin estridencias. La Eurocopa es el próximo verano y los que simpaticen con la selección del deporte rey ya tendrán sus minutos de éxtasis. Quién en verdad quiera apoyar a los agricultores que escape de este modelo alimentario socialmente injusto, sanitariamente nocivo y ecológicamente insostenible. Que adquiera sus alimentos directamente del agricultor o en mercados y pequeñas tiendas de barrio asegurándose la procedencia, la calidad y el comercio justo. Que estos productos sean de temporada y a ser posible ecológicos. Que luche al lado de los campesinos para que éstos reciban precios dignos y no sean saqueados temporada tras temporada. Y si algún día usted ve a un grupo de “indignados” llevarse alimentos de un supermercado perteneciente a una cadena transnacional… no les silbe y apláudalos porque al fin alguien hizo justicia. Recuerde siempre que quién roba a un ladrón tiene cien años de perdón.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Merkel se rinde al populismo



Thilo Shäfer
Público


Un día después de que el Parlamento alemán aprobara el nuevo paquete de ayudas multimillonarias para Grecia, el diario sensacionalista Bild contaba ayer a sus lectores las contribuciones al rescate que hace cada país. Conclusión: "Nosotros somos los que más pagamos". No pasa un día sin que el rotativo más vendido de Europa (3,2 millones de ejemplares) destape lo que considera el despilfarro descarado de los griegos a costa del contribuyente alemán, sean funcionarios con tres coches oficiales o gente que sigue cobrando la pensión de familiares muertos. Los artículos suelen ser ilustrados con fotos de griegos jugando al dominó en una isla soleada, algo que aumenta el impacto emocional en el alemán que lo lee en su puesto de trabajo mientras fuera está lloviendo.

El poder del Bild no sólo se manifiesta en su tirada (alcanza al 18% de la población). Muchos políticos, como la canciller Angela Merkel, están convencidos de que las portadas del rotativo reflejan fielmente el estado de ánimo del pueblo. Y el Gobierno se deja impresionar fácilmente. Los recientes comentarios de Merkel sobre los europeos del sur, que tienen muchas vacaciones, trabajan poco y se jubilan pronto, son reflejo de esta concesión al populismo.

En el resto de Europa se registra con asombro cómo Alemania, antes la fuerza motriz de la integración europea, se comporta cada vez más de forma egoísta. "El discurso de los dirigentes se ha vuelto más provinciano e introvertido, presionado por miedos populistas", dice Ulrike Guérot, analista del Consejo Europeo de Relaciones Exteriores en Berlín. "Cada vez más, los alemanes ven a Europa como un problema para Alemania más que como la solución para los problemas del país", añade.

Lo que Kohl se callaba

Para Helmut Kohl, que vivió los horrores del Segunda Guerra Mundial, la construcción europea era una cuestión de principios. La masiva contribución financiera al presupuesto comunitario y los fondos que beneficiaron a los países menos desarrollados, como España, era la consecuencia lógica de la responsabilidad de Alemania hacia Europa, el precio por el pasado reciente. Lo que Kohl solía subrayar menos era el hecho de que la economía nacional, volcada hacia las exportaciones, se beneficiaba mucho de estos fondos para el desarrollo de otras partes de Europa.

Su sucesor Gerhard Schröder se apartó de ese sentimiento de culpabilidad que apagaba cualquier crítica a las altas transferencias hacia el sur del continente. Para Merkel, finalmente, la UE y el euro se han convertido en un asunto desapasionado. Como sus antecesores, la canciller no hace mucho hincapié en las enormes ventajas que tiene el euro para las empresas germanas. Muchos alemanes aún creen que el éxito económico actual se debe únicamente al modelo productivo que ahora quieren imponer al resto de la UE.

Esta falta de visión y de solidaridad no es exclusiva del pueblo teutón. Que los andaluces no paguen sus impuestos y que Madrid sea una "fiesta fiscal" no lo dijo ningún dirigente de Berlín. Algunos políticos catalanes también saben aprovechar el malestar por las transferencias al resto del Estado, según el lema "queremos ser solidarios pero no tanto".

A diferencia de Finlandia, Holanda o Suecia, en Alemania, de momento, el malestar sobre la crisis financiera y el rescate de Grecia no ha llevado al Parlamento a partidos de ultraderecha. Sin embargo, a Merkel la política populista no le ha dado resultados palpables. La Unión Democristiana (CDU) ha sufrido una serie de reveses en las recientes elecciones regionales y en los sondeos a nivel nacional no supera el 35%. El liberal FDP, el socio menor del Gobierno y el partido que más ha coqueteado con el discurso populista contra las ayudas para Grecia, se está hundiendo, mientras los verdes, la formación más europeísta del país, gozan de niveles de apoyo nunca vistos: el último sondeo los coloca en el 27%.

El caos en la gestión de la infección del E. coli ha sacudido la confianza de los alemanes en la eficiencia del sistema y las críticas en la prensa al Gobierno de Merkel son feroces. Los medios alemanes también le sacaron los colores a la canciller respecto a sus equivocados comentarios sobre las prácticas laborales de los europeos del sur al publicar las verdaderas cifras sobre vacaciones, productividad o edad de jubilación. "Creo que Merkel se dio cuenta de que se había pasado", dijo un alto cargo del Gobierno alemán a Público. "Espero que haya aprendido dónde está la línea roja".

sábado, 11 de junho de 2011

Esa sana costumbre de decir que No



Juan Ignacio Provéndola
Página 12

Cambiar su rumbo de una buena vez o ser otra anécdota bonita del ideario utópico juvenil, es el menudo debate al que el mundo ha decidido someterse desde que unos muchachos de Argelia y Túnez decidieron inmolarse a lo bonzo a fines de 2010, no por mandato de la Jihad más ortodoxa y recalcitrante sino, simplemente, para decir basta. Basta a lo dado y a lo establecido, en principio, aunque todo lo naïf de la expresión se vuelva desgarradoramente humano en una zona tan inhumanamente desigual como lo es la que barren los casi 8 mil kilómetros entre el Sahara y Omán, conocido occidentalmente como el mundo árabe.

El NO como bandera universal que, antes de fagocitarse en los poderes ocultos que aún hoy siguen metiendo la cuchara en el Magreb y en Medio Oriente, exportó el germen al otro margen de Mediterráneo para edulcorarse (y, tal vez por eso, popularizarse) bajo el nombre de “indignados”, una demarcación tan efectiva y obvia que encontró su anclaje en España y Grecia, los dos países europeos más azotados por la crisis inmobiliaria y financiera de 2008.

¿Y qué se supone que tienen de distintas estas revueltas con otros relatos de similar calibre como, por ejemplo, la Revolución Cubana, el Mayo Francés o la Primavera de Praga? Por empezar, su epicentro sísmico, que es en el último bastión dictatorial del mundo moderno (no existe región en el mundo con mayor promedio de regímenes totalitarios que en la árabe). Tampoco hay armas de fuste, ni cornamentas exhibidas con orgullo en las casas de los agitadores. Pero lo que marca la ruptura respecto de toda revuelta anterior no son estos datos sino que, esta vez, no hay Che Guevara, ni Daniel Cohn-Bendit, ni Jan Palach que asuman para sí el mérito individual de un proceso colectivo.

El protagonista real de estas protestas que vienen convulsionando el ombligo del mundo parece ser la indignación como factor nucleante de una masa de jóvenes efervescente, pero anónima, con la participación estelar de las redes sociales como verdaderas divas de una cartelera que hasta el momento la tenía arrumbada en el olvido. ¿Se imaginan lo que hubiese sucedido de haber existido Twitter o YouTube en tiempos de las revueltas en la Plaza Tiananmen de Beijing? ¿Cuánto hubiese tardado la multitud en volcarse a las calles luego de ver la imagen del chinito enfrentándose a una fila de cuatro tanques con tan sólo dos bolsas de fruta en la mano? Como reguero de pólvora, por blogs y grupos de Facebook comenzó a discurrir toda la información que los medios y los gobiernos hubiesen deseado ocultar para que, en la estima de la opinión pública, no se atraviese la débil barrera entre los que pueden ser un par de quilomberos aislados y una masa furibunda que está convencida de sí misma.

Cinco litros de gasolina y un fósforo

Fueron tierras de imperios monumentales, guerras salvajes y cruzadas impiadosas. Allí nacieron el comercio y el sistema bancario; también las matemáticas y las religiones monoteístas más populares del mundo. Para Occidente, y gracias a la mala prensa de sus centros hegemónicos, es el nido donde se crían terroristas en nombre de una guerra santa donde la muerte castiga a los gringos y bendice a los niños que se inmolan por la causa. A la altura de una historia que nunca pasa desapercibida, el mundo árabe nos ofrece ahora la última gran revolución que sacude de su modorra a una sociedad adormilada por otra de sus tantas crisis mundiales. Crisis, por cierto, impulsadas por los centros de poder y amortiguadas en sus periferias, y que esta vez fue en sus márgenes donde se le animaron a la afrenta y al descaro.

Se tratan de movimientos juveniles pacifistas en países donde el mayor porcentaje de la población no supera los 35 años, fastidiados por décadas de gobiernos opresivos y autoritarios y dinastías de hierro que vivan el Corán como si fueran imanes de mezquitas pero que, por lo bajo, le hacen el juego a la OTAN en su guerra contra el terrorismo islámico, a cambio del invalorable apoyo para permanecer en el poder de regiones riquísimas en recursos, como el petróleo y el gas natural. Las enormes desigualdades entre una elite rica y la masa pobre se acentuaron a partir de la crisis de 2008, cuando el aumento de la canasta básica sepultó a 44 millones de africanos y asiáticos por debajo de la línea de la pobreza.

Desde su emancipación de Francia, en 1962, Argelia se la pasó entre revueltas, guerras civiles y elecciones fraudulentas, hasta que a fines de diciembre pasado unos 3 mil estudiantes salieron a la calle para protestar por la reforma universitaria que el presidente Abdelaziz Bouteflika pretendía imponer. Toda una audacia en un país donde el estado de emergencia declarado hace 20 años impide cualquier tipo de manifestación pública, carta que fue utilizada tenazmente por el gobierno para volcar hacia los díscolos todo su aparato represivo y que algunos enfrentaron prendiéndose fuego públicamente.

“Argelia tuvo varios revueltas a lo largo de su historia, pero creo que ahora nosotros necesitamos una que sea radical, pero sincera”, dice Younes Saber Cherif (22 años), estudiante de Ciencia Política y Relaciones Internacionales que, al igual que otros congéneres, asumió el momento histórico que le tocaba vivir difundiendo lo que su gobierno censuraba a través de su blog. “La muestra de que nuestra generación aprendió de los errores del pasado está en el pacifismo de nuestras protestas. No buscamos ríos de sangre y venganza sino un cambio pacífico y maduro. A pesar de la enorme riqueza natural de nuestro país, los altos niveles de corrupción impiden todo tipo de desarrollo.”

Los argelinos lograron el compromiso de parte del presidente de analizar una reforma constitucional, poca cosa frente a su batería de reclamos, pero todo un avance con relación al antecedente iraní (la llamada Revolución Verde) que, con similares objetivos, lo único que se llevó a casa fue el cadáver de 70 protestantes y el claro mensaje de que el mundo árabe aún no estaba preparado para discutir su democracia.

En simultáneo con las protestas en Argel, otro foco de conflicto se despertaba en Túnez, el país más pequeño de todo el norte africano. La historia no ubica como hito iniciático de la Revolución de los Jazmines una megamovilización por los valores universales en la gran metrópolis sino el episodio del vendedor callejero Mohamed Bouazizi en el pueblito de Sidi Bouzid, a quien la policía –paliza mediante– le había confiscado un carrito con frutas y verduras, que luego el Ayuntamiento no le quiso devolver. Ahogado por la angustia de tener que mantener a su madre y a sus siete hermanos en un rancho de adobe, Mohamed gastó sus últimos dinares en 5 litros de gasolina y una cajita de fósforos, lo último que hizo antes de convertirse en el mártir de una nación que se sintió tocada ante tamaña injusticia. Fue inédita la provocación para desafiar el toque de queda y pedir en las calles de todo el país la dimisión del tirano Ben Ali, quien antes de renunciar dejó chorreras de sangre en su retirada, una desocupación del 50 por ciento y la totalidad de las fuerzas productivas tunecinas en manos de empresas cuyos países alentaron un gobierno de 33 años basado en garrote y autoritarismo.

Linna ben Mhenni tiene 28 años y es profesora de inglés en la Universidad de Túnez. Cuando trascendió la inmolación de Bouazizi que desató las múltiples protestas, se largó con su cámara por el interior del país y dejó fiel registro de los sofocones (también de la represión) en su blog atunisiangirl.blogspot.com, tarea que no aflojó siquiera cuando sus padres, cansados del asedio policial que vivían en su casa, le privaron de la medicación que ella debe tomar para controlar sus graves problemas renales. Linna ejemplifica en carne propia el papel fundamental que ejercieron las redes sociales en la difusión de las movilizaciones y de la mano dura del gobierno, aunque ella prefiere restarse méritos: “Creo que el rol que les atribuyen a las redes es exagerado. Aceleraron el proceso, permitiendo estar en contacto y difundir cosas que los medios ocultaban, porque el régimen reforzó la censura bloqueando Internet, pero los tunecinos somos expertos en sortearla. De todos modos sostengo que el factor fundamental de estas revueltas fue la gente, que tuvo la valentía de tomar las calles en más de 30 ciudades”.

Kacem Jlidi, periodista de 23 años, discrepa con su colega tunecina: “Sería absurdo negar que gracias a Facebook y Twitter se levantaron las 22 revueltas siguientes a la de Sidi Bouzid, porque fueron quienes le permitieron a la gente tener una idea de lo que estaba sucediendo en otras ciudades y alentarlos a bajar a las calles, ya que ante la primera protesta la policía rodeó la ciudad, bloqueó las entradas, atacó a civiles y prohibió toda difusión del hecho”. Y no sólo eso: “También permitió mostrar al mundo los miles de casos de torturas y desapariciones durante todo el régimen de Ben Ali, y que las cárceles no están llenas de criminales sino de detractores de su gestión”.

Aunque en Arabia Saudita no se lograron cambios sustanciales, ni compromisos alentadores, el licenciado en Negocios, Saeed Alwahabi (de 25 años), también sostiene que “las redes sociales son la columna vertebral de nuestro cuerpo, porque nos ofrecen las herramientas perfectas para ir a hablar con el cambio”. El argelino Younes Saber Cherif, en tanto, apunta con un dato irrebatible: “Las redes sociales les permitieron a los jóvenes árabes tener su voz, rebelarse contra las mafias... ¡y poder derrocar a sus dos más grandes dictadores!”.

Túnez fue el primer país de la región que logró destronar a su gobernante a través de esta nueva modalidad de resistencia pacífica combinada con el poderoso aparato difusor de las redes sociales, que permite aparear voluntades individuales y sortear la férrea censura que los regímenes árabes imponen sobre los medios de comunicación. El segundo que logró idéntico cometido (aunque también lo intentaron, y lo intentan, bajo el mismo procedimiento, los otros 18 países de la zona) fue Egipto, que logró cortarle la cabeza a Hosni Mubarak, el último gran faraón, en gran parte gracias a la faena de Wael Ghonim, un ingeniero egipcio de Google que centralizó la información de las protestas a través del grupo “Todos somos Kahlil Saed”, in memorian del activista que fue lapidado por las fuerzas policiales cuando filmaba las violentas palizas que éstas les propinaban a los revoltosos en la Plaza Tahrir de El Cairo.

Su propósito era saltear el bloqueo que el gobierno de Mubarak había impuesto sobre la conexión a Internet antes de entregar el poder, tiempos en los que también ordenó las represiones más crueles que haya sufrido cualquier manifestante en el mundo moderno. Tamaña valentía le costó a Ghonim doce días de arresto y el exilio en varios países del mundo, pero para ese entonces el germen del fastidio y el recelo hacia lo establecido ya se había incubado más allá de los confines del valle del Nilo.

Nuevas recetas para un Viejo Continente

“Que sea infinito mientras dure”, le dijo el escritor Eduardo Galeano a los acampantes catalanes, en una entrevista que recorre el mundo a fuerza de clicks en YouTube. La pregunta suena obscena, pero es inevitable: ¿hasta dónde serán capaces de llegar los indignados españoles con sus reclamos al nervio duro del mismísimo poder? Más aún: ¿está en la lógica del sistema imperante la posibilidad de reajustar sus engranajes en beneficio del bien común? Eso suena tan absurdo como pensar que miles y miles de jóvenes son capaces de tomar los corazones neurálgicos de sus ciudades para reclamar al mundo lo que los fastidia. Sin embargo, lo segundo está sucediendo, en aras de que en su consecuencia ocurra lo primero.

“Creo que en España se vive una apatía y una despolitización de todas las generaciones; el estado de bienestar ha logrado generar ciudadanos poco comprometidos, ya que la comodidad abundaba y lo más fácil era preocuparse por uno mismo y discutir bien poco los problemas políticos y sociales que estaban a la vuelta de la esquina”, opina Gabriel Blejman, mendocino de nacimiento, que cursa un doctorado en Medio Ambiente en Barcelona. “Pero, después del verano de 2008, la cosa cambió; y si bien la crisis no se notó hasta pasados varios meses, la gente estaba paranoiqueada con la posibilidad de perder trabajos y subsidios.”

Los indignados españoles no entienden las revueltas del mundo árabe como una influencia directa, pese a que la Televisión Española o diarios como El País y El Mundo les han dado a estos conflictos casi tanta importancia como a las elecciones municipales y autónomas que semanas atrás le arrebataron un poco de poder al oficialista PSOE en manos del PP, dos partidos que se presentan como la antinomia izquierda-derecha pero que, para la horda iracunda, no son más que la misma cara de una moneda que nunca entra a sus bolsillos.

Sin embargo, la reacción en masa fue casi idéntica a la de sus vecinos transmediterráneos: salir a tomar el espacio público como método de protesta hacia un sistema que, creen ellos, lejos está de representarlos. Desde la primera acampada, el 15 de mayo en la Plaza del Sol de Madrid, sólo hubo lugar para un movimiento que se expandió en ciudades y en adherentes. A lo largo y a lo ancho de España, millares de jóvenes se reunieron en las plazas con una proclama cara, “Democracia real, ya”, tal vez un intencionado juego de palabras que involucra la incongruencia de una república democrática contenida en una monarquía de otra era. El objetivo de más asidero es lograr, a través de una reforma constitucional, la verdadera división entre los tres poderes del Estado, pese a que todos son conscientes de que el principal protagonista de su crisis inmobiliaria surgió del poder económico.

“Nos quejamos de los sueldos congelados, del aumento de la desocupación y de la deuda pública, de los impuestazos, y de un sistema bipartidista que no piensa en nosotros”, dice Soledad Diez Denegri, argentina que participó en tomas de Zaragoza y Valencia, y que vive en España 30 de sus 35 años. “La situación en España llegó al ridículo total y absoluto. Muchos de los ganadores en las elecciones son personas acusadas de corrupción, a la espera de ser juzgados. Me parece mucho más real ir a una plaza que quedarse sentado en casa viendo cómo nos mienten la tele y los políticos.”

Alberto Araujo es catalán, tiene 31 años y es organizador de eventos. Participó en varias protestas, incluso en aquella que fue insólitamente reprimida por la policía el 27 de mayo para que, al día siguiente, el Barcelona FC de Messi pudiese festejar en la plaza central de su ciudad la Champions League que estaban por obtener y cuyas imágenes, una vez más, lograron difusión mundial a través de las redes sociales.

“Aunque eso se detonó con los acampantes, cada uno, en las sobremesas de familia, ya estaba discutiendo de estos asuntos semanas atrás. Todos vivimos un cansancio generalizado hacia los hechos de paro, corrupción política y crisis económica. Defendemos algo tan simple como poder vivir en un hogar digno, con políticos que nos representen en vez de estar peleándose entre ellos sin solucionar nada. Queremos reivindicar los derechos de todos, incluso los míos, el del trabajador de a pie”, opina Alberto, y su esposa Gisele Cuevas (tan porteña como el barrio de Boedo en el que se crió),aporta: “Yo espero que esto no se quede acá. La gente de España no es muy unida, si se piensa en las diferencias que tienen todas sus comunidades y que pasaron por una guerra civil y una dictadura de más de 30 años. Estaría bueno que, por una vez, todos piensen igual para lograr objetivos”.

Su propio método, el de aprobación unánime, muchas veces les juega en contra a los asambleístas. Y, al paso del tiempo, llega el fastidio. En estos días, los acampantes se debaten entre redoblar la misma modalidad, o bien bajar a los barrios para evitar el desgaste del paso de las semanas. “Como somos pacíficos, los políticos no pueden negarnos el derecho a reunirnos en lugares públicos, pero sí pueden optar por ignorarnos”, remarca Soledad Diez Denegri, mientras que Gabriel Blejman alerta que “hay mucho que hacer y no es fácil decidir por dónde empezar. Lo mejor sería plantear metas a corto plazo, concretas, e ir a por ellas; no se puede cambiar todo lo que se plantea de un día para el otro”.

En Plaza Syntagma (el kilómetro cero de Atenas, así como lo es la Plaza del Congreso para Buenos Aires), miles de jóvenes griegos se desgarran junto a un país que ha quedado al borde de la quiebra, luego de que el gobierno aplicara las recetas fiscales que el FMI impuso a cambio de un salvataje financiero (no sé si te suena...). Sevi Triantis (26) estudia Historia y Arqueología en la Universidad de Atenas, y en sus ojos se esconden el azul infinito del mar Egeo y toda la indignación del pueblo heleno: “Queremos castigar a los políticos por sus crímenes económicos y también exigirles un referéndum para abolir la inmunidad parlamentaria de quienes nos están llevando a la ruina”.

Si bien los atenienses tampoco se despojan de las proclamas pacifistas de sus colegas, proponen acciones más allá de las ocupaciones simbólicas: “Promovemos el movimiento ‘No Pagues’, que consiste en no pagar los impuestos de un Estado que los sube, pero a la vez baja los salarios”, dice Sevi. ¿Podrán los habitantes de la cuna de la cultura occidental (y, por añadidura, los habitantes del mundo en general) picar con el aguijón de sus conciencias a esos molinos de viento que resultan ser los grandes poderes económicos, que alientan quiebras y financian gobiernos tiránicos? “Los griegos nos despertamos, abandonamos la inactividad”, dice Triantis. “Nuestra pelea acaba de comenzar y nos queda un largo camino. No creo que bajo estas condiciones sea posible un mundo mejor. Pero si luchás, quién sabe...”