domingo, 31 de maio de 2009

Isaiah Berlin, um pensador no meio do caminho

Cyrus Afshar
Folha

Admirado pela direita, visto com desconfiança pela esquerda, o filósofo político Isaiah Berlin, que completaria cem anos no próximo sábado, era, sobretudo, um "humanista", na opinião de três destacados acadêmicos brasileiros ouvidos pela Folha.

Newton Bignotto, professor de filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Musse, professor do departamento de sociologia da USP e Fábio Wanderley Reis, cientista político e professor emérito também da UFMG, debatem seu legado e as implicações políticas e sociais de suas ideias e conceitos mais importantes. Para eles, os conceitos que consolidou -pluralismo, liberdades positiva e negativa- podem ajudar a compreender os interesses em jogo por trás dos conflitos nas democracias contemporâneas e ajudam a organizar o debate de ideias. Na entrevista abaixo, discutem também o que significa ser de direita no Brasil de hoje.

FOLHA - O que significa ser direita no Brasil?

NEWTON BIGNOTTO - É uma pergunta difícil de responder hoje. Em primeiro lugar, porque essas noções, derivadas da Revolução Francesa (1789) e que tiveram tanta importância nos dois séculos que se seguiram, se dissolveram razoavelmente. E, sobretudo, no Brasil, onde poucas pessoas se declaram de direita, e nenhum partido político se declara de direita. O máximo a que podemos chegar, no cenário político, é encontrar pessoas com posições conservadoras, como em relação ao aborto ou ao modo de financiar campanhas.

RICARDO MUSSE - Isaiah Berlin não é um teórico da direita brasileira. Ele é um liberal quase clássico em sua vertente, fortemente ligado ao Iluminismo. No Brasil, seria de centro-esquerda. Ele mesmo se diz, em seus textos, mais de centro-esquerda. Mas foi muito admirado por Noel Annan, um dos gurus da ex-premiê britânica Margaret Thatcher [conservadora]. Então, talvez por isso ocorra a associação.

FÁBIO WANDERLEY REIS - Acho que ser direita em qualquer lugar do mundo pode ser posto em termos de certos valores que subsistem -apesar da tentativa de desqualificação de esquerda e direita que há por aí. Por um lado, [trata-se] da ênfase na ordem ou eventualmente na ênfase na adesão a uma dinâmica eficiente no plano econômico -do sistema capitalista em particular. Enquanto do outro lado, na esquerda, haveria a preocupação com a igualdade, promoção social dos destituídos, dos mais pobres, uma perspectiva mais igualitária, em que o valor básico da igualdade é um valor de referência. Quanto ao Brasil, não há a menor dúvida de que o grosso do eleitorado popular não entende essas categorias e as usa de maneira equivocada, que envolve confusões banais como [associar direita a] "ser um sujeito direito", coisas desse tipo.

FOLHA - Por que há, no Brasil, uma dificuldade de setores da elite política de se assumirem como "de direita", quando não ocorre a mesma coisa em outros países?

BIGNOTTO - Os partidos políticos brasileiros, ou pelo menos a maioria deles, não têm um perfil político definido -e nunca tiveram. Mais que isso: temem ter esse perfil porque querem disputar eleitores em todas as faixas. Os próprios programas dos partido são muito vagos. E isso impede que haja uma identidade tanto programática quanto uma identidade ideológica.

REIS - A [categoria] "direita" adquiriu no país uma conotação marcadamente negativa, transformou-se em uma pecha, em um xingamento -e as pessoas são levadas a se dissociarem disso.

FOLHA - Qual é a influência das ideias de Isaiah Berlin nas correntes políticas atuais?

BIGNOTTO - Ele é tipicamente um pensador liberal, porque conduziu um combate contra os totalitarismos e contra forças que ele associava à formação dos regimes totalitários. Algumas de suas contribuições foram importantes. Por exemplo, foi ele que consolidou -não inventou- a distinção entre liberdade positiva e liberdade negativa. Outra contribuição fundamental foi ter chamado a atenção para a ideia de pluralismo ético. E ter dado tanta importância à ideia de liberdade é o que marca sua herança atual.

FOLHA - O que é o conceito de pluralismo de Isaiah Berlin?

BIGNOTTO - A partir da leitura de Maquiavel e de escritores russos, como Tolstói e Dostoiévski, ele pensou: o que eles têm em comum? Para ele, têm em comum o fato de que sociedades diferentes vão ter conjuntos de valores diferentes. A pergunta que fica é: isso é relativismo? Ele responde: não, isso não é relativismo, isso é pluralismo. Não é a ideia de que nós não tenhamos ou possamos partilhar ideias no campo ético, mas sim que sociedades concretas históricas terão um conjunto de valores diferentes, que poderão comerciar, negociar entre si -nós podemos reconhecer isso em outras sociedades, mas elas serão diferentes nos seus conjuntos de valores. E ele chamava isso de pluralismo ético, o fato que civilizações diferentes necessariamente reconhecerão valores diferentes.

MUSSE - Grande parte das questões e dos conceitos que desenvolve é forjada no âmbito do Iluminismo. Há um reconhecimento da diversidade dos valores humanos, mas ele é tão amplo que chega, em certos textos, a reconhecer o nazismo como uma expressão da diversidade cultural humana.

FOLHA - A vitória do "não" no referendo do desarmamento no Brasil, em 2005, foi uma vitória da liberdade negativa?

BIGNOTTO - Em alguma medida, a gente pode formular isso sim, ao passo que a ideia de liberdade negativa se aproxima da ideia de direitos civis e, sobretudo, de direitos individuais. Acho que não é incorreto pensar -no plano dos direitos- que direitos, em geral, acolhem a ideia de liberdade negativa. São sobretudo os direitos individuais. Então, muitas pessoas se posicionaram em relação a essa questão da seguinte forma: "Não queremos ter nossos direitos restringidos por uma lei". Então dá para falar nesses termos, sim.

MUSSE - Acho difícil estender o conceito de liberdade negativa para determinados âmbitos como esse. Logicamente, poderia ser dito que sim. Mas isso estaria em desacordo com o corpo central do pensamento de Berlin. Não podemos esquecer que Berlin era um humanista. E essa ideia de universalismo moral impõe um limite, porque, por um lado, a vitória do "não" é a prevalência do indivíduo sobre o Estado. É uma forma de diminuir o controle. Mas, por outro lado, a noção moral e a própria ideia de humanidade estão em desacordo com a ideia da guerra de todos contra todos, que de certa forma o "não" significava -ou, pelo menos, que a questão da segurança é uma questão individual, e não coletiva.

REIS - Vejo aquilo de maneira muito negativa. Não acho que seja uma forma de afirmar legitimamente o que a liberdade negativa tem de melhor. Com o estímulo da presença do Estado, da atuação reguladora do Estado e até da atuação repressiva do Estado, percebe-se menos o fato de que, se cada um usa livremente sua liberdade negativa, isso resultará em pessoas pisando umas nos calos das outras. Isso resultaria em violência, em criminalidade. Haveria uma sociedade hobbesiana.

FOLHA - Pode-se dizer que isso é um indício de que a tendência encontra respaldo entre os brasileiros?

BIGNOTTO - Acho que o problema que nós devemos nos colocar é o da presença do liberalismo na sociedade brasileira. Essa separação ajudou Berlin a consolidar uma crença muito forte de um tipo de liberalismo. [O cientista político] Wanderley Guilherme dos Santos, num texto antigo, mas muito interessante, diz que o Brasil adotou ideias do liberalismo econômico cedo em sua história e que o liberalismo político sempre patinou entre nós. É fato que ideias próximas do liberalismo político têm ganhado espaço na mídia, assim como na sociedade civil e na sociedade brasileira em geral. E, entre elas, certamente no terreno dos direitos individuais.

REIS - Depende como se lê. É algo que ilustra um certo grau em que é possível manipular a chamada opinião pública ou o eleitorado com slogans adequados. Bastaram que certos temas fossem agitados, como se aquilo envolvesse uma certa castração das pessoas, para que a coisa [a posse de armas] fosse apoiada. Mas eu evitaria vincular aquilo como um exemplo de uma manifestação de um liberalismo em um sentido mais adequado, mais rico, por parte do eleitorado brasileiro em geral. Foi um momento infeliz, sob essa ótica.

El papel del Estado en la sociedad

Alfredo Zaiat
Página 12

El pensamiento económico dominante en los últimos treinta años, que con la caída del Muro de Wall Street está cuestionado pero no en retirada, tiene su raíz en la concepción ortodoxa. Esta considera que los agentes económicos son racionales y egoístas en búsqueda de la maximización de sus intereses. Se reúnen en mercados libres, competitivos y autónomos donde interactúan, cuyo resultado es el equilibrio de la economía. Basado en esa teoría se atribuyen al Estado únicamente las funciones de defensa, seguridad, justicia, educación y salud, aunque algunas de esas tareas han empezado a ser ocupadas por el capital privado para los sectores acomodados de la sociedad ante el desmantelamiento del aparato estatal.

Como ese mundo ideal de la ortodoxia está bastante alejado de la realidad, sus estudiosos avanzaron en la defensa de ese esquema sosteniendo que ante diversas distorsiones externas que interfieren en esa dinámica virtuosa, el mercado concluye en equilibrios sub-óptimos. Esto implica que existe un amplio abanico de ese tipo de equilibrios que requieren de la intervención de la política económica para ordenar esos desvíos del mercado libre. De ese modo, las crisis o el freno al desarrollo de un país son siempre originados por factores externos que interfieren en las decisiones de los agentes económicos. Con esa base conceptual, el papel del Estado en la economía resulta un potente perturbador y sus intervenciones sólo deberían ser subsidiarias de ese armónico devenir del capital. Este es el pilar del pensamiento ortodoxo que permite empezar a abordar la actual tendencia hegemónica en el debate sobre intervenciones activas del Estado en la economía y también sobre nacionalizaciones.

La decisión del gobierno de Venezuela de estatizar compañías controladas por el Grupo Techint provocó una reacción destemplada de las principales cámaras empresarias locales. En un análisis rústico expresado en varios comunicados se buscó equiparar esa medida con otras tomadas por el gobierno argentino y asociar esa estrategia de Hugo Chávez con la orientación futura de la administración kirchnerista. Si se evalúan las principales experiencias que derivaron en la transferencia del control de compañías en manos de privados al Estado se observará que el comportamiento oficial fue diferente a un “cuco estatizador”. En Correos, Aguas y Aerolíneas, que se constituyeron en casos emblemáticos de ese proceso, los funcionarios intentaron diferentes vías de negociación con el operador privado para mejorar el servicio con más inversiones. El objetivo del Gobierno siempre fue mantener bajo dominio privado esas compañías, pero ante el fracaso de la gestión privada y su resistencia a modificar apenas un poco la lógica de su negocio que consistía básicamente en pretender aumentos de tarifas y subsidios públicos sin desembolsar fondos propios, la recuperación de esos activos al patrimonio estatal fue el último recurso para preservar esos servicios esenciales.

Desarrollo similar, aunque con otros matices, fue el que desembocó en el fin del negocio de especulación de las Administradoras de Fondos de Jubilaciones y Pensiones (AFPJ) con el dinero previsional de los trabajadores. El recorrido no fue directo hasta arribar a esa estatización e incluso antes se había dispuesto la opción de elegir entre los dos sistemas (reparto y capitalización), pero el estallido de la crisis internacional aceleró esa medida. La debacle global dejó al descubierto simplemente el fracaso del régimen privado como esquema previsional, que expulsaba al descampado a los jubilados, actuando el Estado en última instancia como canal de salvataje de esos trabajadores que hubieran pasado a cobrar haberes misérrimos por la licuación de sus fondos aplicados en la actividad financiera.

En términos más amplios, el aspecto que ha emergido con intensidad de la crisis de la economía global se encuentra en el papel estelar que ha empezado a ocupar el Estado. Y como no podía ser de otra manera, las intervenciones públicas que se están realizando en países con gobiernos de origen político diversos tienen sus particularidades. La traslación automática de cada una de esas experiencias como pauta general sólo termina confundiendo. Estados Unidos y Europa destinan paquetes financieros multimillonarios para salvar bancos y grandes empresas. La mayoría de las naciones impulsan con más o menos margen una política expansiva del gasto público para tratar de amortiguar el impacto negativo de la recesión mundial. Otros disponen de estatizaciones de empresas privadas como recurso final ante experimentos privados fallidos. Y unos pocos, como Venezuela, lo hacen en función de un proyecto denominado socialismo del siglo XXI. Cada una de esas iniciativas posee su rasgo particular en función a sus propias relaciones de poder y tipo de sociedad, así como también en función al lugar que ha pasado a ocupar el Estado en la economía.

No es un aspecto sencillo ni lineal determinar la caracterización que asumirá el Estado en la fase que se está abriendo en el desarrollo del capital a partir de la presente debacle. La incertidumbre es el rasgo sobresaliente de la actual fase del capitalismo. Incluso en la Venezuela bolivariana, la activa intervención estatal no sólo recibe las obvias críticas de las fuerzas conservadoras, sino que también es cuestionada por corrientes provenientes de la izquierda.

Esas polémicas resultan interesantes porque esquivan el análisis vulgar sobre el papel del sector público en la economía y, en forma general, acerca del rol del Estado en la sociedad. Existe una amplia gama de alternativas que van desde la no intervención del Estado en los procesos económicos hasta su total manejo. Por eso hoy, en un momento histórico de temor global sobre lo que vendrá, el Estado pasó a ocupar un espacio central para preservar el desarrollo de la actividad económica de los países, tanto para los intereses comunitarios como para los intereses privados. En esta instancia, las grandes empresas y grupos económicos ejercen presión sobre los gobiernos en busca de objetivos particulares que poco tienen que ver con el interés general de la sociedad. Esos lobbies utilizan frecuentemente los argumentos ideológicos de intervención o no intervención estatal, de acuerdo a sus conveniencias, en forma alternada.

Los estudios sobre el Estado y la economía son numerosos. Los burdos análisis que se realizan sobre la calidad y las características de sus intervenciones buscan ocultar otros intereses. Como antecedente, a partir de mediados de la década del ’70 no se produjo una retirada del Estado, sino que éste institucionalizó la hegemonía de ciertos grupos económico-financieros y redefinió la vinculación de la economía nacional con el capitalismo global. Los resultados conocidos no fueron por una ausencia de Estado sino de su reorientación en función de otros objetivos y prioridades.

El desafío que se presenta en estos momentos es abandonar las consignas fáciles y superficiales, que van de un extremo al otro, para repensar en función del interés general y de las particularidades de cada país qué tipo de Estado y qué nivel de participación en la economía se le requiere en un escenario global dominado por la incertidumbre. Para ello se deben abandonar prejuicios y estereotipos arraigados en parte de la sociedad, como así también la idealización de procesos político-sociales que tienen peculiaridades propias que no permiten transferirlo en forma mecánica a otros países. En esa búsqueda se podrá encontrar el camino para la reconstrucción de un Estado desquiciado durante décadas de dominio del pensamiento económico conservador.

sábado, 30 de maio de 2009

Manifiesto de Victor Jara


"Canto que ha sido valiente, siempre será canción nueva..."

Confesso um dos assassinos de Victor Jara

Agencias

O cantor, compositor e poeta chileno Victor Jara foi torturado e morto no dia 16 de setembro de 1973, apenas cinco dias depois do golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende. As músicas e textos de Jara serviram de símbolo para parte da geração de chilenos que enfrentou a repressão. A ditadura que se seguiu, comandada pelo general Augusto Pinochet, deixou mais de 3 mil mortos em 16 anos.

A policia chilena prendeu na terça-feira a noite o militar José Adolfo Paredes Marquez, de 54 anos, que confessou ter participado, em 1973, do assassinato do cantor e compositor chileno Victor Jara, fuzilado com 44 tiros em um estádio convertido em campo de prisioneiros políticos, em Santiago. A execução ocorreu cinco dias depois do golpe de Estado que levou Augusto Pinochet ao poder (1973-1990) e marcou um dos períodos mais violentos da história política recente do Chile.

Paredes confessou a Justiça ser um dos soldados que fuzilaram o musico - que tinha 40 anos e equivalia na cultura popular chilena a artistas como o brasileiro Chico Buarque ou a argentina Mercedes Sosa, pelo engajamento político e oposição a governos militares.

O militar tinha 18 anos quando recebeu ordens de um superior para disparar contra Jara, mas se negou a assumir a culpa sozinho. ''Procurem os comandantes'', disse ele enquanto era levado pela policia. ''Eu era só um soldado raso.''

A viúva de Jara, a inglesa Joan Turner, que ha anos faz campanha contra a impunidade dos envolvidos no crime, voltou a cobrar das autoridades a busca pelos responsáveis. ''Quero que cheguem aos verdadeiros culpados. Não me parece que um jovem de 18 anos possa ter toda culpa'', disse ela.

Depois do golpe de 11 de setembro de 1973 e da morte do ex-presidente chileno Salvador Allende - que se suicidou no palácio presidencial quando estava sob ataque aéreo das forcas comandadas por Pinochet -, mais de 600 estudantes e professores se rebelaram na Universidade Técnica do Estado, em Santiago. Entre eles estava Jara, que também era professor. Os militares invadiram o local e levaram os amotinados ao Estádio Chile, renomeado Estádio Victor Jara, em homenagem ao músico.

Segundo Paredes, um tenente do Exército ''começou a brincar de roleta-russa com seu revolver apoiado contra a cabeça do músico. Assim saiu o primeiro disparo''. O tenente ordenou, segundo Paredes, que os soldados descarregassem seus fuzis contra o corpo de Jara. Além do artista, outras 14 pessoas foram mortas da mesma forma, segundo o militar detido.

O relato de Paredes coincide com testemunhos dados no passado por outros prisioneiros políticos que também estavam no local. Segundo ele, antes da execução, Jara foi levado aos vestiários do estádio onde foi torturado. Paredes contou que soldados fraturaram as duas mãos do músico, usando a culatra de um fuzil como pilão. A técnica era usada pelos militares como exemplo de punição aos opositores.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Israel no congela las colonias

Rupert Cornwell
The Independent

Las ya escasas esperanzas de un avance en el conflicto israelo-palestino sufrieron un nuevo duro golpe ayer cuando Israel tajantemente rechazó los pedidos de Estados Unidos de un alto total a la actividad de los asentamientos, justo horas antes de que el líder palestino se reuniera con el presidente Obama en la Casa Blanca, donde el tema de los asentamientos figuraría entre los primeros de la agenda.

Anteayer, Hillary Clinton, la Secretaria de Estado, le pidió al estado judío que congelara todas las construcciones de asentamientos, incluyendo la expansión interna de los ya existentes, que Washington cree que es una precondición vital para las negociaciones productivas entre ambas partes. Pero Mark Regev, el vocero del gobierno israelí, respondió ayer que el llamado “crecimiento natural” continuaría, y el destino de las colonias sería decidido como parte de las negociaciones finales para un acuerdo de paz total.

La posición de Israel pone más en evidencia las crecientes tensiones entre la nueva administración de Washington y el gobierno de línea dura del primer ministro Benjamin Netanyahu, que no sólo es reacio a frenar los asentamientos, sino que se niega a apoyar el concepto de la solución de los dos estados que fue aceptada por sus más recientes predecesores.

El momento tampoco pudo haber sido peor. No sólo la declaración de Israel significa un ataque preventivo contra lo que sea que surja de la visita a la Casa Blanca de Mahmud Abbas, el presidente palestino, sino que está destinada a ensombrecer el gran discurso que Obama va a dar en El Cairo al mundo árabe y islámico. Aunque los funcionarios de la Casa Blanca dicen que la alocución no incluirá un proyecto para la paz en Medio Oriente, no puede menos que tocar un conflicto que lleva más de 60 años sin encontrar solución.

Las conversaciones con Abbas fueron la tercera reunión clave entre Obama y los líderes regionales, después de las discusiones con el rey Abdullá de Jordania y Netanyahu, y antes de las reuniones en Medio Oriente la semana que viene con los líderes de Egipto y Arabia Saudita. En su último esfuerzo por tratar de solucionar el problema palestino, el lado árabe está presionando por una nueva versión del plan saudita de 2002, que ofrecía relaciones normales a cambio de la devolución de los Altos de Golán, capturados durante la guerra de 1967.

Pero aun antes de la última confrontación por los asentamientos, las oportunidades de progreso en ese frente parecían pobres, dada la poca disposición de Netanyahu a ceder territorio y su renuencia a firmar una solución de dos Estados. Las relaciones entre Jerusalén y Washington están ahora más cargadas de tensión que en cualquier otro momento desde 1991, cuando el presidente Bush padre se negó a otorgar préstamos para viviendas al entonces gobierno israelí de Yitzhak Shamir, en un primer y finalmente fracasado intento de detener la construcción de asentamientos.

Las palabras de Clinton no podrían haber sido más explícitas. “Obama –dijo, después de conversaciones con su contraparte egipcia– quiere ver que se paren los asentamientos, no algunos asentamientos, no los puestos fronterizos, no las excepciones de crecimiento natural.” Añadió que Estados Unidos había comunicado su posición “claramente y tenemos la intención de presionar sobre ese punto”.

Esta insistencia por parte de Estados Unidos, su claro contraste con la línea de la administración del segundo presidente Bush, es otra señal de la amplia simpatía de Obama por la causa palestina. Pero las realidades políticas aquí y en Medio Oriente no son simples. No queda claro hasta dónde irá el Congreso, tradicionalmente muy partidario de Israel, con una línea dura de la Casa Blanca.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Chico de Oliveira: "Consenso despolitiza sociedade e coloca Lula à direita de FHC"

César Felício
Valor

Para este ano, o acadêmico pernambucano de 75 anos, conhecido como Chico de Oliveira, prepara um livro que irá retratar a construção de uma hegemonia às avessas. Ou seja: como um líder popular carismático trabalharia no sentido contrário aos interesses da base que o elegeu.

No ano em que rompeu com o PT, Oliveira desferiu no front literário um dos mais contundentes ataques sofridos por Lula, ao escrever "o Ornitorrinco", um posfácio ao seu livro "Crítica da Razão Dualista", editado pela primeira vez em 1972.

Neste posfácio, Oliveira procurou fazer uma aproximação entre a elite dirigente do PT e a da oposição tucana, que teriam como grande traço de união o controle do acesso a fundos públicos.

Em setembro de 2004, Oliveira participou da criação do P-SOL, formado por dissidentes do PT que discordavam da moderação econômica do governo Lula, particularmente da reforma da previdência. Meses depois, o partido receberia outra maré de adesões de desiludidos com o petismo depois da eclosão do escândalo do mensalão.

Com a eleição de 2006, ocorre um novo afastamento. Oliveira discordou da condução da candidatura presidencial da então senadora Heloísa Helena (AL), sobretudo da decisão da sigla de permanecer neutra no segundo turno da eleição presidencial, e declarou voto pela reeleição de Lula. Chegou a definir a campanha da candidata do P-SOL, calcada nas denúncias contra o governo federal no plano ético, como um "udenismo de esquerda".

No início da crise econômica global, em janeiro deste ano, Oliveira propôs que o governo federal radicalizasse suas políticas de desenvolvimento, sugerindo que se criassem "cinco Embraer por ano", uma maneira de defender a maior participação do Estado na economia. Mas a ausência de mudanças na estratégia governamental ao longo deste ano fez com que o sociólogo voltasse à posição crítica dos últimos tempos.

Nesta entrevista, concedida por telefone ao Valor, Chico de Oliveira demonstra ceticismo em relação a mudanças no quadro político com as eleições presidenciais do próximo ano.

Qual a avaliação que o senhor faz do governo Lula, já em seu penúltimo ano? O senhor rompeu publicamente com o PT em 2003, mas depois declarou voto pela reeleição de Lula em 2006...

A minha declaração de voto em 2006 foi uma atitude política. Lula estava sob ataque de forças opositoras naquele momento e havia a esperança, uma palavra que nem gosto de usar, de que um segundo mandato fosse promotor de mudanças, mas hoje podemos ver que não houve nenhuma mudança e essa chance passou. O governo de Lula, concretamente, não demonstrou nenhum avanço social no plano dos direitos. Do ponto de vista da condução econômica é uma administração medíocre, que pensou que se salvaria da crise global e percebe-se que não tem nenhum domínio da situação. Economicamente o governo Lula é um barco à deriva, que se as ondas forem boas chega a um bom porto, e caso contrário, não.

Que comparação pode-se fazer com o governo FHC?

Lula está à direita de Fernando Henrique Cardoso ao não recompor as estruturas do Estado e não avançar na ampliação de direitos. O presidente tenta se legitimar promovendo consensos que passam pela cooptação dos mais pobres. O Bolsa Família não é um direito, mas uma dádiva. Neste sentido, vivemos na gestão dele uma regressão política, porque no governo Lula houve uma diminuição do grau de participação popular na esfera pública. E quando se projeta o cenário de 2010 percebe-se como Lula resulta regressivo. Com a força perdida pelo PT e a ausência de alternativas de Lula, uma vez que a doença de sua candidata mostra sinais de gravidade, aparece o terceiro mandato.

O senhor acha que o governo está criando um caldo de cultura para o terceiro mandato?

Sim, porque Lula aparece, para os olhos de determinados segmentos do meio político e popular, como o homem providencial. E neste sentido a possibilidade de um terceiro mandato é perigosa. Getúlio Vargas ensaiou isso com o queremismo, em 1945. Agora, pode muito bem surgir um queremismo lulista: o povo ir às ruas para pedir a continuidade do governo.

E o senhor acha que o povo irá às ruas?

Não digo o povo, uma categoria imprecisa, mas o PT e a CUT ainda têm capacidade para promover barulho, e barulho é o que é decisivo em uma questão como essa.

Porque no campo da esquerda nem o P-SOL, nem outras siglas conseguiram se firmar como alternativas a Lula?

Nada surgiu porque, ao tornar-se um mito popular, Lula tornou-se infuso à política. Ele produz um consenso de forças sociais, que estão todas muito contentes com o governo, e assim torna impossível ao eleitorado fazer escolhas reais. Isto explica porque Heloísa Helena, apesar do apelo popular que teve e tem, não se tornar uma alternativa. Vivemos um consenso conservador, no sentido de não se transformar nada, mesmo com a presença das massas populares neste consenso.

Ao romper com o PT, o senhor disse que o partido poderia ter o mesmo destino do peronismo, tornando-se uma força política que não consegue ter referências ideológicas e prende-se ao espólio de uma liderança...

Se fiz esta aproximação, foi um equívoco meu. A mídia brasileira por vezes passa uma ideia equivocada do que foi Juan Domingo Perón na Argentina. O Perón não despolitizou o país. Sob o vezo do autoritarismo, em seu período se produziu uma ampliação de direitos tal que a tradicional oligarquia argentina jamais se recuperou. No caso de Lula, está ocorrendo exatamente o contrário, a diminuição do espaço da política na sociedade.

O governo Lula não investiu na inclusão de minorias nos espaços de poder, por meio de políticas de ação afirmativas para negros e mulheres?

Ele tomou os vestígios de um discurso sociológico fajuto para negar o conflito de classes. Veja, com a análise da questão das classes se mata as charadas no Brasil. Quando a gente pensa a sociedade por meio destas clivagens de gênero e raça, não se mata charada nenhuma. O problema do Brasil é de uma grande maioria, virtual totalidade mulata, e não pode ser resolvido por políticas afirmativas étnicas, diferentemente do que ocorre na Bolívia e na Venezuela, onde a chave étnica é decisiva. Para resolver os problemas de exclusão social no Brasil, é preciso enfrentar problemas de classe. A política de cotas só faz reafirmar a exclusão. Qual as chances concretas que um negro com grau universitário obtido graças às cotas de ser contratado numa grande empresa. A ampliação de direitos é que permite o combate à discriminação.

O senhor analisa o governo Lula como o autor de uma guinada conservadora, mas, com instrumentos como a Carta ao Povo Brasileiro, Lula já não se elegeu sob este signo?

Pelo contrário, Lula foi eleito em um processo de força popular crescente de um movimento político, que acumulou energia de eleição em eleição desde os anos 80. Não foi um episódio que se resume à crônica de 2002, foi um processo longo. Lula foi eleito com uma base progressista. Não houve nenhuma chancela do eleitorado para o que ele faria a seguir.

Além de sua gestão econômica até certo ponto surpreendente, o primeiro mandato de Lula foi marcado pelos escândalos na área ética, dos quais o do mensalão foi o mais emblemático. Por que a ressonância popular destes problemas foi zero?

Há uma tendência popular de nivelar a todos. Historicamente, a questão ética só estigmatiza políticos de estatura menor, como os exemplos recentes de [Paulo] Maluf e [Orestes] Quércia. Gostaria que tivesse sido diferente, mas este fator jamais foi decisivo em eleições brasileiras e não será na próxima.

Qual o balanço que o senhor faz da oposição brasileira nestes últimos sete anos?

Que crítica a oposição pode fazer ao governo Lula? Objetivamente nenhuma. Os governadores José Serra e Aécio Neves estão do mesmo lado. Em termos concretos, já há tempos a oposição deixou de existir. Isto porque a política no Brasil perdeu a capacidade decisória.

Que diferenças o senhor identifica entre Serra e Aécio?

Rejeito ambos por motivos diferentes. Aécio parece mais um político superficial que se faz sob a herança política familiar. Nunca vi uma opinião dele que impressionasse. Serra é uma surpresa. Faz um governo gerencial e até reacionário, ao lidar com o funcionalismo e com a universidade pública. É um político que gradualmente se converteu, quando vemos o passado dele e o local onde atua agora. É o grande líder conservador.

Sob que signo será disputada a eleição presidencial do próximo ano?

A eleição de 2010 será despolitizada e regionalista. Vejo agora a articulação entre São Paulo e Minas. Antes era o café com leite, hoje talvez seja o café com leite de um lado, a cana e a indústria do outro... a eleição caminha para ser uma disputa entre a confluência de São Paulo com Minas em contraposição à confluência do Nordeste e do Norte. É uma disputa que se dá em termos regionais, sem nenhum ponto político, nenhuma discussão de concepção propriamente política. Ao criar um consenso, Lula foi fortemente despolitizador. É uma dinâmica diferente do tempo de Fernando Henrique. Fernando Henrique buscou subjugar as forças contrárias, Lula as desmobiliza.

E que papel jogam atualmente os movimentos sociais?

Os movimentos sociais estão apagados, porque tratam-se em sua maioria de articulações em torno de objetivos pontuais, o que tornam limitadas as possibilidades de crescimento. O mais importante deles, que é o MST, busca saídas para a sobrevivência.

Esta desmobilização política não é um fenômeno global?

Ela é um fenômeno mundial. A França elegeu [Nicolas] Sarkozy, um direitista que se disfarça. Nos Estados Unidos, temos [Barack] Obama, que está recuando de suas posições iniciais. Na Alemanha, Ângela Merkel faz uma conciliação que junta sociais democratas e conservadores. E na Rússia, há um florescer do autocratismo. Todo mundo está convergindo para um ponto médio, que é uma espécie de anulação das posições. Mas no Brasil é mais grave, porque aqui a desigualdade é muito maior.

Matar a Berlusconi en 24 imágenes por segundo


Marco Giunio Bruto
Diagonal

La película Shooting Silvio, cuyo protagonista quiere eliminar al primer ministro italiano, se topa con la censura.

Un joven obsesionado con matar a Berlusconi. Podría ser la historia de cualquier italiano en un país donde hasta el divorcio del primer ministro se consuma en un ritual obsesivo delante de las pantallas. Pero se trata sólo de una película de un director emergente, una historia de tantas, donde por una vez el malo de turno no quiere matar al presidente de Estados Unidos, sino al mandatario transalpino: un multimillonario que lleva 15 años en el poder y tiene en sus manos un enorme fuerza mediática. ¿Hay algo malo en hacer películas de ‘fantapolítica’? En principio no, pero si la obra se llama Shooting Silvio (Disparando a Silvio) hay que considerar algunos inconvenientes.

Contra el largometraje ha disparado la artillería pesada de los diputados de la derecha italiana, que sin haber visto ni un minuto han definido la película como un “himno a la violencia”.

Y todo ha acabado con el clásico happy end berlusconiano: la censura. La historia, escabrosa en un Italia enganchada a Gran Hermano, trata de un hombre que piensa escribir un libro para denunciar el poder de Berlusconi y, cuando su proyecto fracasa, desarrolla una obsesión: matar al primer ministro italiano.

La película no ha encontrado ni un pequeño hueco en las cadenas de la televisión italiana. Las seis principales están en las manos de Berlusconi: tres son suyas y las otras tres como si lo fuesen, ya que están controladas por su Gobierno. Sin embargo, quien se hizo cargo de la difusión de la peligrosa obra fue Sky, la televisión de pago del magnate australiano Rupert Murdoch. Hay que tener en cuenta que Murdoch, por sus últimos roces de negocios con Il Cavaliere, es presentado por la propaganda berlusconiana como un peligroso comunista (¡algo que debe preocupar seriamente al propietario del Wall Street Journal!).

Pero finalmente también Sky se rindió a las protestas del bando berlusconiano. La tercera réplica de Shooting Silvio despareció de las pantallas, remplazada por un buen viejo film estadounidense, donde como mucho se matan a indios piel roja. Quizás el miedo de los partidarios del Cavaliere tenga alguna razón. Al otro lado de los Alpes parece que el asesinato político sea una de las especialidades locales, junto con la pizza y la mandolina. Dejando a un lado un clásico de todos los tiempos, el cuchillazo a Julio César, los atentados en Italia siempre han malherido a diestra y siniestra. En 1948 un asalto contra Palmiro Togliatti, entonces secretario del PC, dejó el país al borde de la guerra civil. Y en 1981 la causa anticlerical remontó en Roma con el fallido atentado contra el Papa.

Sin embargo, hay que volver un poco atrás en el tiempo para encontrar el atentado más importante de la historia italiana, el asesinato del rey Umberto I. En 1900 el anarquista Gaetano Bresci disparó tres veces al monarca mientras se dirigía a Monza, ciudad a escasos kilómetros del cuartel general de Berlusconi en Arcore. Tal vez al Cavaliere le da miedo esta coincidencia geográfica. Tal vez, ciento y pico años después, en la cabeza del nuevo monarca se insinúa un viejo refrán: la historia se repite. Y no es posible cambiar de canal.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Guatemala: ¿Manipulación golpista de un drama familiar?

Frida Modak
Alai

El asesinato del abogado guatemalteco Rodrigo Rosenberg dio pie a que los sectores golpistas de siempre desataran en la nación centroamericana una ofensiva cuyo fin declarado es ponerle término al gobierno del presidente Alvaro Colom, quien lleva poco más de un año en el cargo y que ha tomado medidas tanto para combatir la inseguridad, el narcotráfico y la corrupción, como para disminuir la lacerante desigualdad social y económica.

Se dirá que el abogado Rosenberg grabó un video en el que señalaba que lo iban a matar y responsabilizaba de ello al presidente de la república, a su esposa y a algunos colaboradores del mandatario. Cuando lo asesinaron el video fue profusamente difundido y los señalados como presuntos asesinos fueron puestos en la picota pública sin que se planteara una pregunta fundamental ¿es concebible que alguien que cree que lo van a matar no haga nada por evitarlo sino que se limite a esperar a que el hecho ocurra porque ha dejado un video acusatorio que supuestamente será su carta de triunfo cuando ya esté muerto?

En esos términos le hice la pregunta a varios psicólogos, los que coincidieron en que esa actitud podía ser consecuencia de un manejo perverso sobre una persona que estuviera enfrentando algún problema. Con el paso de los días surgieron otras informaciones en la prensa guatemalteca, relacionadas con el asesinato del empresario Khalil Mussa y su hija Marjorie, por el cual Rosenberg, que era su abogado, también responsabilizó al gobierno.

Las investigaciones de los tres crímenes no están en manos del gobierno, sino que a petición de éste las realiza la Comisión Internacional Contra la Impunidad, organismo que depende de Naciones Unidas. A pocos días de iniciado el trabajo de esta Comisión, la prensa guatemalteca, que pertenece casi en su totalidad a la oposición, informó que se indagaba la existencia de una relación entre el abogado Rosenberg y Marjorie Mussa, asunto que no se volvió a mencionar.

Pero en Guatemala circulan varias versiones sobre lo sucedido y en ellas se afirma que la relación existía, que la señora Mussa se había separado o se separaría de su esposo y que su padre se oponía abiertamente a ello. A eso se agrega que los informes periciales indicarían que el objetivo del ataque de que fueron objeto los Mussa era solamente el empresario y que su hija recibió una bala que, al desviarse, le habría causado la muerte.

En ese contexto se formulan varias preguntas, una de ellas es quien quería matar a Khalil Mussa y la otra de qué manera la muerte de Marjorie Mussa pudo afectar al abogado Rosenberg, que sufría el trastorno bipolar desde su juventud, y hacerlo susceptible a un manejo perverso, del cual los principales sospechosos son el que grabó el video y el que lo distribuyó. La Comisión Internacional Contra la Impunidad determinará la efectividad de estas informaciones.

La violencia

Desde el derrocamiento del gobierno progresista del general Jacobo Arbenz en 1954, la violencia y la corrupción se han enseñoreado en Guatemala. Hay que recordar que el derrocamiento de Arbenz fue propiciado por el entonces presidente estadunidense Dwight Eisenhower, como respuesta a la aplicación de la ley de reforma agraria que expropió tierras de la United Fruit, lo que se consideró una amenaza a los intereses estadunidenses y Eisenhower declaró “La cortina de hierro cae sobre Guatemala”.

Junto con esa cortina cayeron sobre Guatemala la violencia, la discriminación y las matanzas que han afectado a la mayoritaria población indígena. Las dictaduras corruptas y violadoras de los derechos humanos que han dejado decenas de miles de muertos, facilitaron el ingreso y la instalación en ese país del narcotráfico. Como consecuencia, los grupos empresariales, el poder judicial, las policías e incluso el ejército también están contaminados.

Esta situación se ha dejado sentir además en el medio político, de ahí que aunque en 1985, con la elección del democratacristiamo Vinicio Cerezo como presidente se inaugurara el período de lo que se ha denominado la nueva democracia, los males persistan. A Cerezo lo sucedieron mandatarios ligados al poder militar de las anteriores dictaduras y aunque a algunos de ellos se los ha juzgado por sus crímenes y sus latrocinios, nada había cambiado hasta la elección de Alvaro Colom el año pasado.

Se calcula que más de cinco mil guatemaltecos son asesinados al año y que casi la totalidad de esos crímenes queda en la impunidad. Los narcotraficantes actúan al estilo de los colombianos, conviviendo con los campesinos del sector en que han sentado sus reales y ayudándolos económicamente. Y a las acciones del crimen organizado se agregan los manejos de los grupos empresariales que usan los organismos del Estado para su beneficio.

Alvaro Colom es un socialdemócrata que lidera la Unión Nacional de la Esperanza, UNE, partido que lo postuló a la presidencia el año pasado. Fue un opositor activo a las pasadas dictaduras y es sobrino de Manuel Colom Arguetta, que fue una de las figuras más destacadas, nacional e internacionalmente, en la lucha por la democracia. Por eso fue asesinado en los años setenta.

En su gestión de gobierno, Colom se ha topado con la realidad que hemos descrito y a la que hay que agregar la gran pobreza que existe en el país. También tuvo que enfrentar el aislamiento internacional y ha desarrollado una política destinada a abrir relaciones y a ampliar los horizontes en busca del desarrollo. En lo interno ha puesto el acento en combatir la exclusión social.

Con ese propósito puso en práctica el Programa de Cohesión Social, para terminar con la exclusión, discriminación represión y asesinatos de la población rural e indígena. Ha buscado sanear la función pública y ha destituido a mas de 500 funcionarios, limpieza que también ha realizado en el ejército llamando a retiro a mas de mil jefes militares. Esto le ha significado grandes enemistades, especialmente entre los empresarios y los militares retirados que son los que lideran la oposición.

Lo sucedido en el Banrural es un claro ejemplo y eso lleva al caso Mussa, ya que Colom nombró a Khalil Mussa como presidente de ese banco, pero éste nunca pudo asumir el cargo debido a la oposición de los empresarios cafetaleros que también son parte del Banrural, donde hay una situación que tendrá que ser parte de las investigaciones en curso.

Mientras tanto, la oposición quiere imponer la renuncia de Colom, pero parece haberse topado con la reacción popular. Las marchas del domingo pasado fueron favorables al gobierno. Los opositores trataron de disminuirla diciendo que los manifestantes habían llegado en buses contratados para ese objeto. Y no podía ser de otra manera, Colom ganó las elecciones con los votos de las provincias, ahí está su mayor apoyo.

Pero la oposición no logró movilizar a los capitalinos porque en los sectores medios y populares Colom ha tenido un avance importante y observadores políticos que han visitado el país señalan que se debe a dos cosas, a que la gente percibe a su gobierno como el gobierno de los pobres y a su respuesta a las demandas de renuncia. Aludiendo a la sede del gobierno, el mandatario declaró ”Yo de esta casa sólo me voy muerto”. Y esa afirmación ha hecho pensar también a los opositores.

Tan lejos de Dios...


terça-feira, 26 de maio de 2009

La violencia y la discriminación hacia las mujeres en América Latina


Bernardo Kliksberg
PNUD

Seis de cada 10 mujeres peruanas han sufrido violencia ya sea física, psicológica o sexual. Sesenta mujeres fueron asesinadas por sus parejas en dicho país entre septiembre de 2008 y enero de 2009. La policía del Perú recibe cada año 100.000 denuncias por violencia familiar.

En Honduras un 33% ha sido objeto de violaciones por sus parejas actuales o ex parejas. La especialista Pérez Vásquez describe así la situación en México: "cuando llegan las mujeres a denunciar es muy factible que no se las escuche, o se les pida que no levanten la denuncia, o se les diga 'como usted va a perdonar a su agresor entonces ya no levantamos la denuncia'". Concluye que "eso tiene que ver con una violencia institucional ejercida hacia las mujeres cuando piden ayuda a las instituciones".

El feminicidio continúa a diario en Ciudad Juárez y en Guatemala. Los crímenes quedan impunes. Tras las altas cifras de violencia contra la mujer que sigue presentando América latina, hay estructuras de machismo primario fuertemente enraizadas desde las cuales se percibe al género femenino como nacido para la inferioridad y el sometimiento. Es la manifestación más dura de discriminaciones que afectan a múltiples áreas de la vida cotidiana.

En la Argentina a pesar de importantes avances , entre los que se cuentan leyes como la que termina de aprobar el Congreso contra la violencia de género, y la campaña educativa en marcha "Tenemos derecho a una vida sin violencia" (auspiciada por el PNUD y múltiples organizaciones), todavia las cifras siguen siendo inquietantes.

Las mujeres ganan considerablemente menos que los hombres en los mercados de trabajo latinoamericanos. Mientras que en Suecia la relación de ingresos estimados entre hombre y mujer es 0.81, y en Noruega 0.77, en México es 0.39, en Chile 0.40, en Argentina 0.54, y en Brasil 0.58.

Las mujeres, en nuestra región, están concentradas en actividades de servicios y comunales, y en niveles inferiores, a pesar de sus grandes progresos en educación. A medida que disminuye el ingreso de las mujeres, menor es su inserción en el mundo del trabajo, por el peso de las tareas domésticas y el cuidado de sus hijos, y la imposibilidad de contar con apoyos para ello.

Según estimados de la Organización Internacional del Trabajo, la tasa de actividad de las mujeres en el Gran Buenos Aires es de un 52.3%. Desciende mucho más en las de menores recursos y en las regiones más pobres (en el Noreste y el Noroeste del país es de 45.7%).

El acceso a seguridad social es más difícil para las mujeres que para los hombres. Las tareas hogareñas siguen siendo distribuidas de modo totalmente asimétrico. En México las mujeres dedican a cocina y limpieza del hogar 4.43 horas diarias, y a cuidado de los niños 1.1 horas. Los hombres, 0.30 y 0.21. La condición de madre, glorificada en el discurso, se transforma en vulnerabilidad pesada en los hechos.

La discriminación hacia la mujer embarazada y lactante opera fuertemente en el mundo laboral. Los plazos para lactancia están muy lejos de los seis meses prescriptos por la Organización Mundial de la Salud como fundamentales para el futuro del niño. Está muy lejana en la mentalidad empresarial de la región la idea que asomó el 3 de marzo un columnista de The Financial Times, Skapinker, que señala que "la maternidad paga es una formula ganar-ganar con claros beneficios para la sociedad", porque "aparte de las ventajas para los bebes, ellos tendrán tasas más bajas de infecciones, diabetes infantil, eczemas, obesidad y asma".

Aun mucho peor, el derecho más mínimo, la cobertura del embarazo y el parto no está garantizada para todas las madres, en diversos países, y las tasas de mortalidad materna son bien elevadas en ellos. Mientras que en Canadá el 100% de los partos son atendidos por personal capacitado, en Centro América es sólo el 54.5%, en Guatemala el 31%, en Perú la tercera parte de los partos no tienen esa protección mínima. En tanto que en Canadá mueren 5.9 madres por cada 100.000 nacidos vivos en Centroamérica son 118.9.

Un campo de logros muy importantes ha sido el acceso a la política, que han posibilitado medidas como las cuotas, en donde Argentina ha sido pionera, pero hay mucho por andar. Las mujeres son el 18% de los parlamentarios de América latina y el 27% de los ministros. En Suecia y España son la mitad de los ministros. En nuestra región tienen una muy baja participación en las alcaldías, sólo el 6.8%. Son sugerentes las diferencias de actitud ante las leyes de cuotas. Son bien vistas por el 88% de las mujeres, pero sólo por el 65% de los hombres.

Dadas sus vulnerabilidades y lugares de inserción la crisis económica en curso puede afectar especialmente a las mujeres. También puede ser aprovechada como "excusa" para ejercer sin censura las discriminaciones.

Se requiere más que nunca profundizar en lugar de "suspender" la lucha contra la discriminación de género y proteger especialmente a las mujeres en riesgo, como las madres solas pobres jefas de hogar, sin cuya abnegada labor la pobreza sería por lo menos un 10% mayor en la región según estimaciones anteriores de CEPAL. Como lo reclama Inés Alberdi, directora de UNIFEM, "la crisis tiene que ser el detonante para presionar por protección".

La cuestión de la igualdad de género no es sólo, como señaló el presidente Obama, "un asunto femenino sino familiar y económico" que será determinante "si llegamos a cumplir con la promesa de llevar la democracia a toda la ciudadanía".

segunda-feira, 25 de maio de 2009

El auténtico socialismo renacerá sobre las cenizas del capitalismo

Mario Bunge
Sin Permiso

El artículo que reproducimos a continuación es la conclusión de una conferencia dictada recientemente en Lima por Mario Bunge, el filósofo latinoamericano más importante e internacionalmente reconocido del siglo XX.

La sociedad capitalista, caracterizada por el llamado mercado libre, está en grave crisis. Aunque los políticos y sus economistas nos prometen que eventualmente saldremos de ella, no nos dicen cómo ni cuándo. No pueden hacerlo porque carecen de teorías económicas y políticas correctas: sólo disponen de modelos matemáticos irrealistas y de consignas ideológicas apolilladas. Esto vale no sólo para los dirigentes neoliberales sino también para los socialistas, tanto los moderados como los autoritarios. Los neoliberales no nos explican la alquimia que transformaría la libertad de empresa y de comercio en prosperidad; y los pocos marxistas que quedan se regocijan con la crisis que profetizaron tantas veces, pero no proponen ideas nuevas y realistas para reconstruir la sociedad sobre bases más justas y sostenibles.

Yo creo que hay motivos prácticos y morales para preferir el socialismo auténtico al capitalismo, y que la construcción del socialismo no requiere la restricción de la democracia sino, muy por el contrario, su ampliación, del terreno político a todos los demás. Esto es lo que llamo democracia integral: biológica, económica, cultural y política. Semejante sociedad sería inclusiva: no habría exclusiones por sexo ni por raza, ni explotación económica, ni cultura exclusivista, ni opresión política.

Se preguntará, con razón, si ésta no será una utopía más, y mi postura la de un cantamañanas. Mi respuesta es que la democracia integral podrá tardar varios siglos en realizarse, pero que su embrión nació hace ya más de un siglo, cuando se constituyeron las primeras cooperativas de producción y trabajo en Italia, sobre la base de empresas capitalistas fallidas. Un ejemplo parecido, más reciente y modesto, es el movimiento argentino de las fábricas recuperadas; éstas fueron las empresas que, cuando fueron abandonadas por sus dueños por considerarlas improductivas, fueron ocupadas y reactivadas por sus trabajadores. Estos son ejemplos en pequeña escala de socialismo cooperativista.

Si en los EE UU hubiera sindicatos y partidos políticos progresistas, éstos aprovecharían la ocasión actual y transformarían en cooperativas las grandes empresas en bancacarrota, tales como General Motors y AIG. Obviamente, semejante cambio requiere la anuencia de los poderes públicos, ya que involucra el reconocimiento legal de las empresas “recuperadas” por sus empleados, cosa que ocurrió en Argentina. Pero lo que ha estado haciendo el gobierno norteamericano desde fines del 2008 es usar dineros públicos para rescatar esas empresas privadas fallidas por mala gestión. O sea, ha estado haciendo lo opuesto de Robin Hood. Garrett Hardin lo llamó “socializar las pérdidas y privatizar las ganancias”.

En resumen, un programa realista para los partidos socialistas partiría de la consigna de la Revolución Francesa, agregándole participación y competencia en la gestión del Estado. El medio para realizar este ideal de la democracia integral es: Ir construyéndola de a poco y desde abajo con las cenizas del capitalismo en tren de autocombustión. O sea, multiplicar las cooperativas y mutualidades, renovar los partidos socialistas con una fuerte dosis de ciencia y tecnología sociales, fortalecer los sindicatos independientes, fundar centros de estudios de la realidad social, y multiplicar las bibliotecas y universidades populares.

En suma, el socialismo tiene porvenir si se propone ir socializando gradualmente todos los sectores de la sociedad. Su finalidad sería ampliar el Estado liberal y asistencial para construir un socialismo democrático y cooperativista. Este pondría en práctica una versión actualizada de la consigna de la Revolución Francesa de 1789, a saber: Libertad, igualdad, fraternidad, participación, e idoneidad.

domingo, 24 de maio de 2009

Elecciones en Argentina, Brasil, Chile y Uruguay

Horacio Verbitsky
Página 12

En Brasil, Chile y Uruguay se aproximan las elecciones presidenciales y, salvo una hipotética nueva candidatura de Lula, lo más probable es un giro a la derecha. Eso no dejará de incidir en la política argentina, donde los comicios de junio no implicarían cambios drásticos. ¿Cómo serían los últimos años de CFK en un continente polarizado entre Chávez y Correa por un lado, José Serra, Piñera y Lacalle por otro?

Las elecciones legislativas del 28 de junio ocurrirán en un complejo contexto regional en el que los gobiernos de Brasil, Chile y Uruguay, con diverso grado de afinidad con la actual administración argentina, pondrán en juego su continuidad. Al día de hoy las previsiones más razonables señalan un giro a la derecha en todos esos países, con lo cual el último año del mandato presidencial de CFK transcurriría en un clima de creciente polarización entre esas nuevas gestiones con los consolidados regímenes de Venezuela y Ecuador. Lo que de esto derive incidirá a su vez en la estabilidad de los procesos políticos de los eslabones más débiles de la cadena regional, Paraguay y Bolivia, donde Fernando Lugo reza para que no sigan apareciendo hijos, y Evo Morales será reelecto en diciembre. Alvaro Uribe trata de obtener la habilitación en Colombia para intentar lo mismo dentro de un año. Esto ayuda a entender también lo que se pone en juego dentro de cinco semanas en la Argentina.

Lula, Dilma y Zé Serra

La clave, como de costumbre, es Brasil, donde el año próximo culminará el segundo período presidencial de Lula, cuya proyección no ha cesado de crecer, incluso entre sectores que mantienen reclamos insatisfechos. Lula nominó como candidata a sucederlo a su jefa de gabinete, la economista Dilma Rouseff. Pero hasta ahora su carisma no se transmite con facilidad a esta ex guerrillera y presa política durante la dictadura, quien perdería la presidencia frente a José Serra, el candidato derrotado en la última renovación del Poder Ejecutivo, quien por acuerdo o elección interna volverá a representar al PSDB. La semana pasada Dilma fue internada de urgencia por el dolor que le causaba el tratamiento químico que recibe a raíz de un cáncer linfático y se publicó una foto de escaso atractivo electoral, en la que ataja con la mano la peluca con que cubre la calvicie, para que no se la lleve el viento. Varios partidos de la coalición gobernante han preparado un proyecto de reforma constitucional que habilitaría un tercer periodo al frente del Poder Ejecutivo para el actual presidente. Lula, con la voz grave y pausada que emplea en mensajes breves y precisos, dijo que no había tercer período y que Dilma estaba curada y afrontaría en perfectas condiciones la campaña a partir de agosto. Por ahora, claro.

Lula es el principal factor de equilibrio entre los distintos gobiernos y/o modelos de la región, como se demostró en la creación de la Unasur. Para la Argentina tiene un valor agregado único: nunca ha habido en Brasil un gobernante tan comprensivo de las necesidades y las posibilidades de la integración entre ambos países, merecedora de algunos sacrificios sectoriales. Esos intereses, que lo cuestionan por ello como pro-argentino, son los que representa Zé Serra: la poderosa industria paulista, cuya capacidad de abrir su mercado a la competencia y a cambio penetrar en el estadounidense, le hace ver al vecino rioplatense como un molesto rezagado que hay que llevar a cuestas. Nadie entiende mejor que Lula que la armonía con una Argentina más fuerte es un activo que Brasil capitaliza en su proyección al escenario global. A más tardar a fines de agosto, Lula deberá decidir si se allana al clamor reeleccionista, insiste con Dilma o abre un proceso sucesorio en busca de otro candidato para las presidenciales que se celebrarán en 2010. Esto es cualquier cosa menos fácil. La candidatura presidencial exitosa de un movimiento popular, a la que los grandes intereses y los medios de comunicación sólo se resignan cuando no tienen más alternativa, no se fabrica ni siquiera en pocos años, menos aún en meses. El propio Lula recién ganó la presidencia en su cuarto intento.

Tabaré, Pepe y el Cuqui

El mismo día en que Néstor Kirchner compita en la Argentina con el duhaldismo de pro y el aglomerado radical, el Frente Amplio uruguayo elegirá su candidato para suceder a Tabaré Vázquez. Las elecciones en dos vueltas serán en octubre y noviembre. Tabaré también se ilusionó con la idea de la reelección, pero la firme conducción frentista que ejerce José Mujica le hizo entender que no era posible. El también ex tupamaro Eleuterio Fernández Huidobro usó un parangón brutal entre los presidentes salientes y aquellos perros que sólo pueden mirar con aire distraído al horizonte mientras a sus espaldas otros se hacen la fiesta. Perros putos, dijo primero. Homosexuales, corrigió luego en aras de la corrección política.

Vázquez apoyó entonces a su ministro de Economía, Danilo Astori. Una vez que fracasaron los intentos para unir a ambos precandidatos en una fórmula común, y luego de la aprobación de una plataforma programática de la cual el electo no podrá apartarse, ambos se presentaron a la Convención frentista, en la que miles de delegados consagraron a Mujica. Astori quedó relegado al tercer puesto, detrás del intendente de Canelones, Marcos Carámbula. No obstante, en el hiperparticipativo proceso frentista aún falta la ratificación en elecciones internas. Los observadores más confiables dicen que Astori no tiene forma de ganar la candidatura, pero agregan que es casi imposible que Mujica logre imponerse en segunda vuelta al casi seguro candidato del Partido Nacional o Blanco, el ex presidente Cuqui Lacalle, adalid del neoliberalismo oriental, que presidió un gobierno casi tan corrupto como el de Carlos Menem en la Argentina.

Después de Bachelet

La Concertación de Partidos por la Democracia gobierna en Chile desde hace dos décadas, con los sucesivos presidentes democristianos Patricio Aylwin y Eduardo Frei Ruiz Tagle, y socialistas, Ricardo Lagos y Michelle Bachelet. Este año Bachelet termina su mandato de cuatro sin posibilidad de reelección, con los índices de beneplácito más altos que se recuerden. Luego de su presidencia imperial Lagos sólo estaba dispuesto a postularse para un nuevo mandato si los partidos concertados lo designaban por aclamación, sin elecciones internas. Rechazada esta pretensión del candidato natural, surgió el nombre del ex ministro de Lagos, José Miguel Insulza, quien se abstuvo de competir porque el resultado no era seguro y prefirió conservar su cargo como secretario general de la OEA, con casi 20.000 dólares mensuales de sueldo, viáticos y casa en Washington, como cuentan con insidia sus decepcionados compañeros socialistas. El 5 de abril, Frei Ruiz Tagle venció en las primarias de la Concertación al jefe del Partido Radical, José Antonio Gómez. Frei ofrece una innovación etérea (dice que pondrá el acento en la política social, cosa que ya prometieron todos los candidatos y que sólo Bachelet cumplió) y otra tangible: abandonó su rígido peinado a la gomina por uno más flojo, con algún mechón al aire. Quienes intentan argumentar que no es el mismo que hace ocho años cuando dejó la presidencia, dicen que cambió cuando supo que su padre, el ex presidente de la década de 1960 Eduardo Frei Montalva, había sido asesinado por los envenenadores de la DINA, que se infiltraron en el hospital donde estaba internado.

Los propios dirigentes de la Concertación reconocen que el favorito es el candidato de la derecha, Sebastián Piñera, una cruza de Carlos Bulgheroni con el Pato Galmarini. Consultor del Banco Mundial, iniciador del negocio de las tarjetas de crédito en su país, presidente del Citicorp en Chile, inversor financiero de alto riesgo, procesado por fraudes bancarios y grabado cuando convenía con un periodista destruir la carrera de otra candidata, hermano del ministro de Pinochet que destruyó el régimen estatal de jubilaciones pero opositor en el plebiscito de 1988, este emergente de la derecha liberal post pinochetista fue uno de los beneficiarios de las privatizaciones de la dictadura. Entre otras empresas, conduce LAN Chile y tiene participación en LAN Argentina, donde sus hombres de paja son los hijos de José Alfredo Martínez de Hoz y de Mariano Grondona.

La Concertación no gana para sustos: un diputado socialista de apenas 36 años desconoció las internas e insiste en postularse como independiente, para lo cual debe llevar ante un escribano las firmas de 36.000 personas inscritas en el registro electoral pero que no militen en ningún partido. Sus apellidos complican la cosa: Marco Enríquez Ominami es hijo del asesinado líder del MIR Miguel Enríquez y fue adoptado por quien ocupó el ministerio de Economía con Aylwin. Casado con una popular animadora de televisión, filósofo, cineasta, especialista en medios y publicidad, cultiva un look flogger, hace campaña por Internet, es insolente y audaz. El senador Carlos Ominami escandalizó al partido socialista cuando se pronunció en apoyo de su hijo, que crece en las encuestas a razón de un punto por semana. Este lunes le atribuían una intención de voto del 15 por ciento. Si Piñera es el hombre de la derecha que se mueve hacia el centro democrático al estilo de Gianfranco Fini en Italia, la modernidad progresista de Enríquez-Ominami le alcanza para propiciar la despenalización del consumo de marihuana, el aborto y el matrimonio entre personas de cualquier sexo, pero sus propuestas económicas son neoliberales y contempla privatizar las empresas públicas que Pinochet perdonó. Cualquiera de los tres que se imponga, implicará un retroceso respecto del gobierno de Bachelet.

Equilibrios

Ningún análisis desinteresado sugiere cambios drásticos en las elecciones argentinas del último domingo de junio. Es probable que el gobierno pierda algunas bancas en la suma total y acaso también el quórum propio. Pero parece encaminarse hacia una cómoda victoria en el principal distrito, que concentra el 40 por ciento del padrón nacional, y la oposición quedará muy lejos de los 2/3 necesarios para superar el veto presidencial a cualquier táctica obstruccionista. El prudente manejo de la economía, que a partir de la crisis global hizo revalorizar la gestión de Bachelet en Chile, tiene un efecto menos nítido aquí, por el fuerte contenido derogatorio de la competencia política, basada en la aversión contra la presidente, a quien todos se afanan por aplicarle el golpe más bajo. Menos ostensible que la unidad mediática, la de la oposición política es apenas una conjetura que deberá verificarse después del 29 de junio.

Una vez que agregó a Felipe Solá a su colección de trofeos, el hombre del Nextel lo relegó a una posición secundaria, para que recorra el interior de la provincia pero sin respaldo publicitario, que se limita a la gente como uno. El masoquista Solá, que se fue del oficialismo porque Kirchner no lo mimaba, está aprendiendo ahora lo que es el maltrato. En cualquier caso el gobierno no transitará del mismo modo sus próximos años según quienes gobiernen en Brasilia, Montevideo y Santiago.

Si las peores hipótesis se confirmaran, el presidente venezolano Hugo Chávez, y detrás de sus huellas Rafael Correa en Ecuador, obtendrían un argumento de peso en su voluntad de expandir el modelo que el venezolano conduce desde hace una década: la capacidad de consolidar un régimen, basados en una gestión plebiscitaria, revalidada en las urnas, y sin excesivo cuidado por las formas republicanas, mientras Lula, Tabaré, Bachelet y tal vez los Kirchner se alejarían del poder sin dejar transformaciones irreversibles. Que Daniel Scioli aparezca como la sucesión posible lo dice casi todo. Aquel modelo del norte de Sudamérica debe ser tentador para estos gobernantes, aunque no parece de fácil aplicación en sociedades como las del cono sur. De Narváez y Macri sintonizan la misma frecuencia de Piñera o Uribe, de país atendido por sus dueños, o de hábiles gerentes políticos de los intereses creados, como Lacalle o el peruano Alan García.

Aló presidente

Durante su última visita, el teniente coronel Chávez postuló en público un presunto eje Caracas-Buenos Aires mientras no desiste de buscar la adhesión argentina al ALBA, sigla de su Acuerdo Bolivariano para las Américas. Para Chávez esto implica un recorte al poder de Brasil y la importancia del Mercosur. Esto no forma parte de las prioridades de CFK, quien también marcó distancia en la valoración del nuevo gobierno estadounidense. El exuberante Chávez pasa de decirle a Barack Obama que quiere ser su amigo a compararlo con George Bush y afirmar que nada ha cambiado, cosa que ni los hermanos Castro sostienen en Cuba. En forma simétrica, atacar a Chávez se ha convertido para la oposición argentina en otro modo de enfrentar a los Kirchner, como se ve en las insólitas declaraciones de la Unión Industrial y las asociaciones de banqueros y de empresarios sobre la estatización de empresas de Techint en Venezuela.

La UIA, la ADEBA y la AEA, que integran el renacido lobby devaluacionista, llegan a llamar “empresa argentina” a la multinacional italiana de Milán y a exigir la intervención de la presidente, como si estuviera en juego el interés nacional. En realidad están presionando para que el Estado bobo, que recuperó el manejo de los fondos provisionales y de algunas empresas, no termine de despertar. A partir de la semana próxima los cancilleres comenzarán a llegar a Honduras para la Asamblea General de la OEA. La Argentina, Chile y Brasil, prepararon un documento de homenaje al Sistema Interamericano de Derechos Humanos, por el medio siglo que cumple la Comisión Interamericana. Chávez presentó una nota al pie virulenta contra la Comisión, a la que califica como un organismo no imparcial, instrumento de la agresión imperialista contra la revolución bolivariana, que en abril de 2002 habría reconocido al gobierno surgido del fugaz golpe de Estado que depuso a Chávez. Eso no es cierto y la principal desmentida proviene del mismo Chávez, que al mes del golpe recibió a la Comisión en Caracas y les agradeció a sus miembros las gestiones realizadas por sus derechos conculcados. La Comisión había pedido informes por la situación de Chávez, ante una denuncia presentada por la ONG colombiana Minga, que defiende los derechos de comunidades indígenas y afrodescendientes.

Para ello se dirigió al canciller de los golpistas, como lo hizo antes con las dictaduras de Pinochet y Videla en defensa de los perseguidos, lo cual no puede homologarse con el reconocimiento del gobierno, que es una decisión política que no compete a la CIDH. Venezuela amenaza ahora con abandonar la OEA o denunciar la Convención Americana de Derechos Humanos, pero no sería apoyado por los principales países de la región, donde la Comisión cumplió un rol esencial en el apoyo a los pueblos durante las respectivas dictaduras. Tal vez Chávez sobreestime la importancia relativa de su país. La Asamblea General que sesionará en Honduras desde el 1 de junio será una nueva oportunidad para que la Argentina despliegue la estrategia flexible que CFK mostró en la cumbre presidencial de Trinidad-Tobago, donde criticó la exclusión de Cuba de la organización continental y reclamó su reingreso, pero al mismo tiempo planteó que debía analizarse el record del gobierno de ese país caribeño en materia de derechos humanos, cosa que también había admitido su nuevo presidente, aunque con toda probabilidad sus ópticas al respecto difieran. Del otro lado, el establishment cubano de Miami está en pie de guerra y el senador Mel Martínez advirtió sin sutileza que la readmisión de ese gobierno pondría en peligro el presupuesto de la OEA, cuyo principal sufragante es Washington. Pero en ese caso, la soledad estaría reservada al gobierno de los Estados Unidos, cosa que Hillary Rodham Clinton deberá ponderar antes de encontrarse con sus colegas americanos.

sábado, 23 de maio de 2009

La basura argentina

Osvaldo Bayer
Página 12

Estuve por las costas del Paraná. El río amado desde la niñez y, luego, apenas salido de la adolescencia, cuando fui marinero timonel del vapor “Madrid” y viajábamos desde Buenos Aires hasta Asunción. Pero esa profesión, llena de descubrimientos y paisajes, se acabó cuando hice la famosa huelga de 1950 y fui el único tripulante del “Madrid” que cumplió con la resolución de la asamblea. Por eso me desembarcaron para siempre. Como me lo dijo a los gritos el prefecto nacional marítimo de Rosario mientras rompía a pedazos mi libreta de embarque: “Usted jamás va a volver a pisar los buques de la patria”. Y tuvo razón. Nunca más volví a pisar los buques del Paraná. Debo estar todavía en alguna lista, ésas que se pasan entre sí los dueños de los mares y de los ríos.

Sí, estuve ahí, en Rosario, hace pocos días. Vi la villa miseria integrada por los tobas chaqueños. Cada vez con más habitantes. Vienen todos, uno a uno, desde las tierras de sus ancestros, donde vivieron miles de años. Pero nuestra civilización los empuja o los echa a patadas. O con sierra mecánica.

Encuentro a uno de ellos, con su rostro típico de hijo de la tierra. Le pregunto a boca de jarro: “¿Y ustedes por qué abandonan su paisaje y se vienen aquí?”, “Porque no nos han dejado nada”, me responde con sabia lentitud. “Nada, ni tierra ni árboles... aquí, en las ciudades, hay por lo menos basura.” Me quedo en silencio. Para qué hablar más. Por lo menos le dejamos la basura, para que la revuelvan. Pienso en Tupac Amaru, a quienes los cristianos lo atamos de cada brazo y de cada pierna a caballos y después le cortamos la lengua y la cabeza. Ahora les dejamos la basura. A lo mejor encuentran algo.

En Rosario le propongo a una delegada coya hacer todos los años, para el 25 de Mayo o el 9 de Julio, una marcha de los pueblos originarios hacia el monumento a Julio Argentino Roca, en el centro de Buenos Aires, a pedir que se quite ese bronce maldito creado por la década infame. Sí, a ese Roca que dijo en el Congreso de la Nación (textual) que “la ola de bárbaros que ha inundado por espacio de siglos las fértiles llanuras ha sido por fin destruida... el éxito más brillante acaba de coronar esa expedición dejando así libres del dominio del indio estos vastísimos territorios que se presentan ahora llenos de deslumbradoras promesas al inmigrante y al capital extranjero”. Y después, en Londres, el mismo Julio Argentino Roca dirá, en el banquete que le ofreció la empresa Baring Brothers: “He abrigado siempre una gran simpatía por Inglaterra. La República Argentina, que será algún día una gran nación, no olvidará jamás que el estado de progreso y prosperidad en que se encuentra en este momento se debe en gran parte al capital inglés”. Y entregará, acto seguido, dos millones de hectáreas de la Patagonbia a 137 estancieros británicos con la concesión Grünbein.

Sí, una marcha de protesta. En silencio, sólo con los sones de esa música originaria traída desde los rincones de los siglos. Para que se lo baje del bronce al genocida y que se le devuelvan las tierras comunitarias a los pueblos nativos de estas tierras.

Aprendimos una historia donde nos enseñaron –de acuerdo con la línea dejada por Roca– que los pueblos originarios eran “los salvajes, los bárbaros”. Pero la historia verdadera nos demuestra que en ningún momento seguimos la línea trazada por los pensadores de Mayo.

Ya con las guerras intestinas interminables de federales y unitarios, con el degüello de prisioneros, las luchas armadas y políticas entre la capital y el interior después de Urquiza, la ya citada campaña contra los pueblos originarios para quedarnos con la tierra, el verdadero genocidio que fue la guerra contra el pueblo paraguayo, la ley roquista de la expulsión de los obreros extranjeros para combatir la digna lucha por las ocho horas de trabajo, las represiones obreras del coronel Falcón e Yrigoyen en la Semana Trágica, la Patagonia Rebelde y contra los hacheros de la empresa británica La Forestal, las catorce dictaduras militares contra la democracia, el invento argentino de la “picana eléctrica” para nuestra policía y la culminación con uno de los sistemas represivos más perversos de la historia del mundo: la desaparición de personas, el robo de niños y el arrojar prisioneros vivos desde aviones al Río de la Plata. Todo eso, además de los grandes negociados de algunos gobernantes, nos dejan sólo como solución la autocrítica profunda de nuestra historia y refundar la Nación, por fin de acuerdo con los principios inalienables de la ética.

Para ello, seguir a fondo con las investigaciones de los crímenes de la última dictadura. Vamos avanzando, pero todavía estamos en los principios. Se ha perdido casi un cuarto de siglo para tratar sólo de “mirar para adelante” y no analizar cómo fue posible, en un país “católico”, tanta maldad, tanta crueldad.
Es que hay, en la sociedad, muchos obstáculos: los que todavía tienen miedo, los que se han complicado de alguna manera y quieren desligarse de su anterior falta de conducta y los que defienden, en lo que pueden, a los autores de la llamada “muerte argentina”.

El profesor universitario Osvaldo Hugo Cucagna, docente en la cátedra de Derechos Humanos que ejercí en la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires, ha sido testigo de un hecho que merece toda la atención de la Justicia y de los organismos oficiales y no oficiales de Derechos Humanos. El 5 de abril de 2006, el profesor Cucagna concurrió a una reunión del CEIM (Centro de Investigaciones de Medios de Comunicación y Semiología de la Vida). Al comenzar esa reunión, se presentó ante los ocho concurrentes la directora de cine Gabriela Kessler, francesa, para hacer un trabajo para su escuela de cine en Londres. Les solicitó reportearlos a todos sobre los treinta años del golpe de Estado militar y sobre el efecto del terrorismo en cada uno.

Cuando le tocó el turno a la doctora Silvia Patera, ésta relató que en 1976 era enfermera en el Hospital Militar Central, donde trabajaba desde antes y lo hizo hasta el final de la dictadura. En total, doce años. Allí –y esto lo confesó ante las cámaras– la hoy doctora Patera fue obligada a aplicar inyecciones de clorato de potasio a prisioneros internados en el lugar. Es decir que, por “obediencia debida”, fue utilizada como instrumento de asesinatos aplicados a los llamados “desaparecidos”. Además, reconoció haber sido miembro de las dotaciones de los “vuelos de la muerte” de prisioneros. En los veintiséis años siguientes de democracia sólo una vez había relatado lo mismo en el curso de Psiquiatría de la APSA, ante un grupo de psicodrama.

Osvaldo Cucagna instó a la doctora Patera a realizar la denuncia correspondiente ante la Justicia y ante los organismos de derechos humanos. Como esto no se llevó a cabo, Cucagna hizo la denuncia ante la Justicia y acompañó la traducción mediante la lectura labial del DVD donde la doctora Patera hizo su confesión, ante el Juicio por la Verdad, que preside el doctor Schiffrin. Este citó a la doctora Patera, pero ella se negó a declarar. Y entonces pasó a la calidad de imputada.

Todavía no se ha iniciado ninguna investigación sobre lo ocurrido en el Hospital Militar Central durante la dictadura. El “caso Patera” serviría como punto de partida. Todos aquellos que trabajaron en ese hospital tienen el deber de declarar lo que vieron e hicieron en ese período. Eso se llamaría coraje civil. Si no lo hacen caen en la complicidad con los horrendos crímenes. Lo mismo tienen que hacer los asistentes a la reunión en la cual la doctora Patera confesó su colaboración en los vuelos de la muerte, en el nacimiento de niños de prisioneras que luego fueron regalados a familias de militares, policías y civiles y en aplicar inyecciones de clorato de potasio a los prisioneros. En la búsqueda de la verdad y para que esto nunca vuelva a ocurrir deben presentarse todos los actores y testigos. Con esto no van a perjudicar a la doctora Patera, quien así podrá enfrentar su propio problema psicológico no resuelto al callar. Quien haya trabajado en aquel tiempo en ese hospital militar tiene el deber ético de presentarse y declarar ante la Justicia. Si no, llevará la carga de la sospecha durante el resto de su vida.

¡Cuánta basura moral hemos acumulado los argentinos al permitir primero y al callar después! Es la misma basura de la que se guardó silencio durante un siglo y medio después del crimen cometido contra los pueblos originarios, a los cuales, ahora, condenamos a la basura material.

México: La guerra al narcotráfico multiplica las denuncias contra el Ejército

Pablo Ordaz
El País

Nada más llegar a la presidencia de México, a finales de 2006, Felipe Calderón decidió plantarle cara al narcotráfico, pero apenas tenía con qué. Las distintas policías (hay 1.600 entre federales, estatales y locales) estaban infiltradas hasta el punto de formar parte del engranaje del crimen organizado. Así que Calderón decidió recurrir al Ejército. Más de 40.000 soldados luchan desde entonces contra el tráfico de drogas, desarrollando labores propias de policía, pero sin la cobertura legal ni el entrenamiento adecuado para tratar con civiles. Dos años y medio después, las alarmas empiezan a sonar en un doble sentido. Por un lado, las organizaciones de derechos humanos denuncian que los abusos contra la población se han triplicado; por otro, los militares exigen una ley que los blinde ante las denuncias.

Lo que sigue ocurrió en el Estado de Michoacán a principios del mes de mayo de 2007. Ninguna de las cuatro muchachas había cumplido aún los 18 años. Los soldados las subieron a la fuerza a un helicóptero. Las amenazaron con tirarlas al mar para que confesaran sus supuestos vínculos con el narcotráfico. Las insultaron, las golpearon, las violaron con el mayor de los desprecios: "Pinches putas, al final es lo que les gusta...". Uno de los soldados le quitó una estampita de la Virgen María a una de las jóvenes, hizo una bolita y se la introdujo por el ano mientras le decía: "Ni la Virgencita te va a salvar".

En teoría, los militares buscaban a los responsables de una emboscada sufrida por un destacamento en la que fueron asesinados cinco soldados, pero en la práctica, la reacción se convirtió en una venganza indiscriminada contra la población. Además de violar a las cuatro menores, los soldados detuvieron ilegalmente a 36 personas más y asaltaron 30 casas, llevándose todos los objetos de valor que encontraron...

Es un caso. Pero el último informe de Human Rights Watch (HRW) -presentado en México durante el brote de gripe y por tanto sin apenas repercusión- describe con todo detalle otros 16 "crímenes atroces" cometidos por militares contra más de 70 víctimas. Su lectura es una auténtica pesadilla.

Lo más grave (según HRW) es que desde hace 10 años la justicia militar no ha condenado a ningún soldado u oficial por tales abusos. Tampoco permitió que lo hagan los tribunales ordinarios.

"Una de las principales causas", señala el informe, "de que estos abusos continúen es que los responsables no son sancionados. Y esa falta de sanciones se debe en gran parte a que la mayoría de estos casos terminan siendo investigados por los propios militares. Al permitir que las Fuerzas Armadas se investiguen a sí mismas mediante un sistema de justicia militar que carece de garantías básicas de independencia e imparcialidad, México está, en los hechos, permitiendo que los militares que participan en actividades de seguridad pública cometan violaciones atroces de derechos humanos impunemente".

Ante la gravedad de la denuncia, este periódico trasladó al Gobierno mexicano las mismas preguntas cuya falta de respuesta denuncia el informe de Human Rights Watch: ¿Es cierto que en los últimos 10 años no hay ninguna sentencia contra un soldado o un oficial por cometer abusos contra la población? ¿Es cierto que las denuncias se han triplicado coincidiendo con la guerra contra el narcotráfico? ¿Cuántos procedimientos, y por qué causas, se han abierto en los últimos años contra militares por abusos sexuales, torturas o detenciones ilegales desde que el presidente Felipe Calderón llegó al poder?...

La respuesta ha resultado ser la misma que la obtenida por HRW. "El Gobierno federal", explica José Antonio Guevara Bermúdez, titular de la Unidad para la Promoción y Defensa de los Derechos Humanos de la Secretaría de Gobernación, "está consciente de las preocupaciones sobre las presuntas violaciones de derechos humanos por parte de los elementos de las Fuerzas Armadas. (...) Reiteramos el compromiso de las fuerzas de seguridad involucradas en la lucha contra el crimen organizado con el pleno respeto a todos los derechos humanos". Guevara Bermúdez no responde a las preguntas, pero a cambio asegura que los responsables de la reciente desaparición de tres civiles en Nuevo Laredo (Tamaulipas) y de unos incidentes en la costa de Oaxaca serán sancionados... Por sus superiores.

Y eso concuerda, precisamente, con uno de los fallos del sistema que más denuncian las organizaciones de derechos humanos: "Las Fuerzas Armadas se juzgan a sí mismas, y es muy grave el hecho de que no existe ningún escrutinio público ni información disponible sobre qué sucede realmente durante las investigaciones o los juicios militares".

Lo que sí se sabe, y lo recoge el informe, es qué sucede con las víctimas, muchas de las cuales son mujeres indígenas, incapaces siquiera de defenderse en el idioma de sus agresores: "Luego de la violación, el marido de Inés la obligó a abandonar el hogar, y desde entonces ha sido estigmatizada por los miembros de su comunidad. Inés continúa estando atemorizada por las Fuerzas Armadas".

Felipe Calderón llamó guerra a su lucha contra el narcotráfico. Y la cúpula militar, conocedora de que toda guerra conlleva bajas civiles, exige ahora al Gobierno que los blinde legalmente ante las denuncias que ya empiezan a llegar. Pero, dos años y medio después, lo único que hay es una propuesta del presidente al Senado para que reforme la Ley de Seguridad Nacional con el objetivo de regular la participación del Ejército en el combate contra el narcotráfico. Aun en el caso -no demasiado probable- de que los senadores otorgaran al Ejército cobertura legal a partir de ahora, quedaría en el aire la pregunta que más preocupa a los jefes militares: ¿quién les cubrirá de lo sucedido desde diciembre de 2006 hasta la fecha en que se apruebe la ley?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eslabón perdido...


La política medioambiental de Obama

Agencias

El comité de Energía y Comercio de la Cámara de Representantes de EE UU aprobó este jueves la legislación que permitirá reducir la emisión de gases de efecto invernadero, una de las promesas electorales del presidente Barack Obama que se ha convertido después en uno de sus principales objetivos políticos.

La medida, diseñada en gran parte por el partido demócrata, recibe así la aprobación en otros comités de la Cámara, donde también se espera que sea aprobada. No obstante, aunque el Partido Demócrata espera que la totalidad de la Cámara de Representantes dé su visto bueno a la medida para el mes de agosto, el proyecto aún debe pasar en 2010 por el Senado, donde el resultado no está del todo claro.

Este jueves, el secretario de Energía de EE UU, Steven Chu, en declaraciones a la cadena británica BBC, ha expresado sus dudas acerca del futuro de la medida cuando esta llegue al Senado, ya que muchos senadores provienen del sector de la industria energética.

Steven Chu, premio Nobel de física y experto mundial en energías renovables, ha dicho que, aunque el planeta se dirige hacia un punto de inflexión en el cambio climático, no se puede ignorar la realidad política. "Como alguien muy preocupado por el medio ambiente, me gustaría ser lo más audaz posible, pero también quiero empezar ya. Y si decimos algo mucho más agresivo en los primeros momentos, eso podría despertar una oposición considerable, que retrasaría el proceso durante varios años", ha explicado Chu a la BBC.

Nueva economía de la energía

A finales del pasado mes de enero, Barack Obama presentó los primeros pasos para la creación de "una nueva economía de la energía" con dos objetivos simultáneos: la generación de un nuevo motor económico que impulse el empleo y el crecimiento, y la promoción de una cultura medioambientalista que sitúe a Estados Unidos en la vanguardia de la lucha contra el cambio climático.

Tan sólo una semana después de ocupar el Despacho Oval, Obama firmó varias órdenes ejecutivas (decretos) destinadas a rebajar el consumo de combustible de los automóviles, reducir las emisiones de gases contaminantes y aumentar la eficiencia energética en todos los ámbitos posibles. El primer paso para cumplir estas metas se dio este martes, cuando el presidente de EE UU impuso una serie de restricciones al consumo de combustibles que todos los fabricantes que vendan automóviles en el país deberán cumplir antes de 2016.

Con la intención manifiesta de reducir la contaminación y la dependencia de las importaciones de petróleo de países como Arabia Saudí, México o Venezuela, Obama obligará a las empresas automovilísticas a que creen coches que consuman 6,6 litros por cada 100 kilómetros, con el objetivo de ahorrar 286.000 billones de litros de crudo en siete años. EE UU, que supone el 5% de la población mundial, consume el 25% de la producción anual de crudo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Rafael Correa: “No hay aún una democracia en Ecuador pese a tener elecciones”

Tadeu Breda
Diagonal

Los números hablan por sí mismos: Rafael Correa fue reelecto para gobernar Ecuador con el 51% de los votos. Obtuvo 23 puntos de ventaja sobre el segundo candidato, el ex presidente Lucio Gutiérrez, y ganó en 17 de las 24 provincias del país. La “Revolución Ciudadana”, auguró Correa en una entrevista concedida al día siguiente de su victoria, caminará con pasos más acelerados e intensos en los próximos cuatro años. Con la mayoría en la Asamblea Nacional y una Constitución elaborada y aprobada durante su primer gobierno por una amplia convergencia de fuerzas aliadas, parece tener el camino despejado.

Usted está en el escenario con el que soñó hace dos años, con la aprobación de la Constitución y su reelección...

Yo no tengo el escenario que soñé hace dos años, le aseguro. He soñado con un escenario en donde no haya miseria, no haya desigualdad, no haya injusticia. Y todavía no logramos eso. Usted dice que tuve un triunfo democrático, pero ello dentro de la democracia formal. Yo sostengo que Ecuador y América Latina tienen elecciones, pero aún no llegamos a lo que es la democracia. La verdad, no creo que haya democracia en un país donde hay tanta injusticia, tanta desigualdad. Quien conoce bien a América Latina sabe que es la región más desigual del mundo. Y Ecuador, dentro de la región más desigual del mundo, es uno de los países más desiguales. Se puede encontrar aquí la más insultante opulencia al lado de la más intolerante miseria. Eso tiene que cambiar, y sólo cuando eso cambie tendremos verdadera democracia. Ése es el escenario que siempre he soñado y por lo que estamos aquí. ¿Cuáles son los medios para alcanzar ese fin? Una patria más justa, más solidaria, más equitativa. Los resultados electorales nos han apoyado ampliamente. Eso es un espaldarazo político para seguir profundizando los cambios. Más que cambiar de rumbo, se trata de profundizar los cambios que hemos iniciado, hacerlos más radicalmente, más aceleradamente.

En cuanto al plan económico, vamos a seguir profundizando las reformas, seguir destacando un sector que fue largamente invisibilizado por las políticas públicas, que es la economía popular y solidaria. Hoy más que nunca hay que apoyar esta economía. Mientras en el sector capitalista moderno usted gasta 10.000 dólares para crear un puesto de trabajo, en ese sector popular y solidario –comercio informal, microempresa, artesanía, cooperativismo, etc.– por cada 800 dólares hay un puesto de trabajo. En la parte social, vamos a continuar con esta revolución social, que empezamos hace dos años y tres meses y donde más claras están las características del Gobierno. En el sector económico también. Debemos continuar con esta revolución poniendo fin a la impunidad bancaria, éste es un desafío urgente. Hasta diciembre vamos a cerrar el telón de esta tragedia que creó la banca y que todavía está impune. Eso es urgente. Acabar con esta pesadilla, seguir cobrando los impuestos, recuperando nuestros recursos naturales, luchando contra la corrupción y continuar también con esta política de apertura a todos los países del mundo, en un marco de mutuo respeto, y especialmente buscar esta integración latinoamericana y seguir construyendo esta patria grande de que nos habla José Martí. Lo que ha hecho Ecuador el 26 de abril fue ratificar el proyecto. Lo que vamos a hacer es profundizar y ratificar dicho proyecto: la Revolución Ciudadana.

Desde una perspectiva más global, el cambio que se necesita es mucho más radical y tiene que ver con la arquitectura del poder mundial de gigantes corporaciones y megabancos. ¿Cree usted que es posible democratizar este sistema capitalista que vivimos ahora? ¿Cree que es posible realizar este cambio?

Dentro del sistema, no. Cambiando el sistema, sí, y eso es lo que estamos haciendo. Pero no podemos ser ingenuos. Los cambios y las revoluciones en una sociedad dependen de la correlación de fuerzas. Con este espaldarazo que tuvimos en las urnas, podemos profundizar mucho más nuestra revolución. Pero recuerda todo el trauma psicológico que nos han hecho. Si alguien no conoce al Ecuador y lee los periódicos, nosotros éramos el Gobierno más impopular, más corrupto y más incapaz de la historia de este país, pese a que teníamos más de 70% de apoyo popular a la gestión del Gobierno –y apoyo popular a la gestión no es lo mismo que intención de voto, por si acaso. Siempre tuvimos el 56% más o menos de intención de voto. Y se dio un fenómeno muy interesante en las elecciones. La oposición no me quitó un voto, se comieron entre ellos. La derecha ve que Alvarito Noboa no tenía posibilidades, le dejó solo, dejó que se derrumbara y apostó todo por Lucio Gutiérrez.

Eso demuestra también la amoralidad de nuestros sectores de poder, de la derecha ecuatoriana, porque prefirieron sus intereses a sus principios. Ustedes saben que nadie sensato puede votar por una persona con tan graves limitaciones morales e intelectuales como Lucio Gutiérrez. Pero, en él apostó la banca, los grupos de interés de ese país, para tratar de boicotear la Revolución Ciudadana. Pero se han dado con las piedras entre los dientes, gracias a dios. En todo caso, los cambios dependen de la correlación de fuerzas.

Claramente el pueblo ecuatoriano ha mostrado su apoyo al Gobierno, nos ha dado más legitimidad democrática, y podemos avanzar con mucha mayor fortaleza, con mucha mayor legitimidad en estos cambios que, poco a poco, van cambiando esa correlación de fuerzas a favor del poder popular. Ello significa muchas cosas. Seis niñas se murieron hace una semana ahogadas, en una tragedia absurda. Eran niñas pobres. Anda a ver cuántas veces salió en el periódico. Si hubieran sido niñas de familias pudientes, les aseguro que hubiera salido dos meses en el periódico, se hubiera ordenado una comisión, etc. Entonces Ecuador tiene que cambiar esa correlación de fuerzas y vamos a seguir haciéndolo. Poco a poco va ganando espacio la fuerza popular y que eso se traduzca en cambios reales en cuanto a asignación de recursos y políticas públicas para los más débiles de nuestro país. Eso fuera del sistema capitalista. Dentro del sistema socialista del siglo XXI. La crisis del capitalismo global que estamos viviendo en este momento no es una crisis coyuntural, de afuera del sistema, es una crisis desde adentro. De las crisis recurrentes del capitalismo, ésta es una de las más graves, pero desde adentro del sistema. No se van a encontrar soluciones dentro del mismo sistema que se está colapsando, sino que hay que construir algo nuevo y mejor.

Creo que existe conciencia en la mayoría de los gobiernos y dirigentes latinoamericanos de ello, que están aprovechando la oportunidad para construir algo nuevo y diferente. Por ejemplo, nuestra propia arquitectura financiera regional, para no depender. Ya no necesitan bombas, barcos o aviones para someter a nuestros países: necesitan dólares. Éstas han sido las ‘armas’ para someternos por medio del Fondo Monetario y del Banco Mundial. Eso no tiene porque ser así. Con los recursos que tiene América Latina podríamos autofinanciarnos, pero estamos en el absurdo de mandar esos recursos, en forma de reservas, al primer mundo, por medio de bancos centrales autónomos. Con una arquitectura financiera regional eso puede quedarse en la región y acabaría con una de las principales formas de dependencia de la región, que ha servido para someternos, que es la dependencia financiera. Eso lo tenemos claro. Estamos avanzando. Acabamos de crear, al nivel del ALBA, el sistema único de compensación regional, que minimizará la necesidad de dólares, pero falta mucho por recorrer, hacer efectivo el Banco del Sur y ojalá, en el corto plazo, máximo mediano plazo, hacer efectivo este fondo de reservas del Sur, que conserve aquí, en la región, el dinero que hoy mandamos al primer mundo para financiar a los países desarrollados.

¿Cuáles son las metas y proyectos que usted quiere concretar en estos próximos cuatro años en su relación con América Latina y con Estados Unidos?

En lo que respecta a América Latina, consolidar la Unasur y hacerla efectiva, porque ya no podemos seguir hablando de integración como una cuestión etérea, que nadie la entiende bien, que nadie la siente. Esta integración tiene que traducirse en acciones concretas en beneficio de nuestra población. ¿Y cuáles son estas acciones concretas? Uno de los grandes errores, sobre todo del enfoque integracionista en los últimos años –no necesariamente en el inicio de la integración, con la CAN, etc.– es que fue una integración comercial. Se trataba de buscar más grandes mercados basados en el absurdo de la competencia. La competencia es un concepto ya muy discutible a nivel de agentes económicos, pero ¿a nivel de países –y países hermanos– vas a competir? Es un absurdo completo. Y ¿cómo competían? Quién maltrata más su fuerza laboral, quién la precariza más, porque es la única forma de ganar competitividad. Y deterioramos el nivel de vida de nuestra población y sobre todo de nuestra clase laboral. Y quienes se beneficiaron con los productos más baratos fue el primer mundo.

No podemos seguir cayendo en esa trampa. Tenemos que hacer una integración con diferente enfoque, un enfoque de coordinación, complementariedad y cooperación entre países hermanos. Y trascendiendo lo meramente comercial. Por ejemplo, con integración energética, América Latina puede ser autosuficiente en energía y eso cortará también una fuente de vulnerabilidad; con soberanía alimentaria; con la propia integración financiera... Tenemos que trabajar con todos estos aspectos. Se está avanzando, pero hay que avanzar más rápido. Dentro de la Unasur, básicamente uno de los objetivos inmediatos es buscar esta nueva arquitectura financiera regional que acabe con el absurdo de que América Latina exporta capital, financia el primer mundo y por otro lado se pone de rodillas para que nos den unos cuantos dólares. Eso no puede durar un solo día más.