terça-feira, 24 de julho de 2012

Marcha contra el proyecto minero Conga

Natasha Pitts
Adital

Diante dos graves acontecimentos que rondam a luta da população de Cajamarca contra o projeto mineiro Conga, no Peru, a Confederação Nacional de Comunidades Indígenas do Peru Afetadas pela Mineração (Conacami) está convocando à "Grande Marcha Nacional da Maior Bandeira Ecológica do Mundo”. A iniciativa, denominada "Mamapachapa Unanchan”, que significa bandeira da Mãe Terra, quer visibilizar a luta do povo de Cajamarca contra a mineração e seus prejuízos.

A Conacami está convocando suas organizações de base, regionais, provinciais e comunidades afetadas pela mineração, assim como estudantes, comunidades originárias, frentes de defesa, partidos democráticos e progressistas, coletivos cidadãos, grêmios, artistas e universitários a se unirem a esta manifestação. Cada grupo, com sua bandeira, é chamado a aderir à grande Bandeira Ecológica em defesa dos direitos da Mãe Terra.

"A bandeira da Mãe Terra além de visualizar a luta do povo de Cajamarca, constitui uma mensagem de dignidade e consciência sobre o papel dos seres humanos frente à catástrofe ao qual vem sendo submetido o Planeta no limite de uma iminente crise climática e civilizatória. A marcha da bandeira Ecológica Maior do Mundo também convoca, articula e canaliza as agendas meio-ambientais de todos os povos indígenas e originários do Peru e do mundo ante a invasão e despojo territorial e saqueio dos recursos naturais não renováveis”, explica a Confederação.

A Bandeira Ecológica é também uma forma de responder pacificamente a toda violência e brutalidade que está sendo exercida contra os homens e mulheres que estão se mobilizando contra o projeto mineiro Conga. É uma forma de dizer não mais mortes em troca de ouro e cobre. É um meio de mostrar que os povos têm direito à livre determinação, direito a pensar diferente, a escolher seu próprio modelo de desenvolvimento e a defender a dignidade humana, os direitos ambientais e de todos os seres vivos acolhidos pela Mãe Terra.

Contexto

O departamento de Cajamarca vive, há mais de 50 dias, uma greve geral em virtude da imposição do projeto mineiro Conga. Durante estes dias, as ações de repúdio organizadas pela população se intensificaram não só em Cajamarca, mas também na capital peruana. As constantes manifestações fizeram com que o governo de Ollanta Humala decretasse Estado de Emergência, medida que suspende garantias constitucionais, como o direito de reunião e o de livre trânsito.

O repúdio ao projeto Conga, da mineradora Yanacocha, surge por conta de todos os prejuízos ambientais que esta iniciativa vai causar à região de Cajamarca. O projeto pretende se utilizar de 3609 hectares, sendo que 692 seriam usados para depósito de dejetos tóxicos produzidos durante os processos mineiros, deixando a terra inútil para outros fins. Além disso, Conga vai afetar a agricultura e a pecuária, principais atividades geradoras de renda na região. Outro problema está relacionado à água.

Por esta soma de motivos é que a população cajamarquina não aceita o projeto, não aceita a megamineração, repudia o fato de o presidente ter dado seu aval para Conga sair do papel e não quer medidas paliativas ou promessas de que não faltará água ou outros recursos naturais na região. Até o momento, os enfrentamentos com a polícia durante as ações de resistência já tiraram a vida de cinco pessoas.

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