Em meados da década de 1940, o filósofo alemão Max Horkheimer questiona como evitar que a barbárie, representada pelo nazifascismo e então recentemente derrotada na Europa, retorne ao Ocidente. Para ele, o avanço dos meios técnicos de esclarecimento foi acompanhado por um processo de desumanização, de modo que o progresso ameaça anular o próprio objetivo que deveria realizar: a ideia de homem. O foco aqui é entender como a promessa de uma sociedade mais humana desabou na barbárie e de que maneira podemos evitar recair no pesadelo nazifascista. Para o filósofo, expoente da Escola de Frankfurt, o progresso tecnológico ameaça nossa noção de humanidade, colocando também em risco as potencialidades de realização social aberta com a vitória e os sacrifícios da guerra. Seu objetivo declarado é “investigar o conceito de racionalidade subjacente à nossa cultura industrial contemporânea, a fim de descobrir se esse conceito não contém defeitos que o viciam em sua essência”.
Horkheimer toma como ponto de partida a diferenciação entre razão objetiva e razão subjetiva, sendo que a primeira se relaciona à faculdade de calcular probabilidades, de coordenar os meios com um fim, enquanto a segunda remete ao problema do destino humano, à organização da sociedade e à maneira de realização de fins últimos. Da tensão entre ambas, com o predomínio da razão objetiva em relação à subjetiva, emergiu um pensamento transformado em simples instrumento. O autor empreende, assim, uma profunda investigação sobre as intensas mudanças que o advento da industrialização, e com ela o predomínio da técnica, e da racionalização teve sobre a natureza humana, considerando também as implicações filosóficas destas mudanças
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