Os líderes europeus planeiam usar a crise global financeira como uma desculpa para baixar os seus compromissos com as alterações do clima, de acordo com informação do jornal britânico Guardian. Documentos sugerem que o conselho europeu, que se reúne hoje, vai propôr abandonar o compromisso já assumido pela UE. Propõe também permitir que os países deixem de ter de cortar as suas emissões a nível doméstico, deixando-os comprar uma grande proporção das suas reduções a países terceiros à UE.
A actual meta de 20% de redução das emissões até 2020 vai automaticamente aumentar para 30% caso um acordo climático global é assinado. Mas os documentos mostram que a UE está à procura de um novo processo legislativo se a meta europeia passar os 20%. Isto efectivamente impede a mudança para os 30%, a qual poderia levar muitos anos a ser atingida.
A comissão justifica a proposta dizendo que os países da UE que pagam pelo corte de emissões estariam a transferir mais de 42 biliões de euros para os países em desenvolvimento e outros entre 2008-2020. Quer também alterar a atribuição de licenças de poluição às empresas de energia, o que poderia levar a uma quebra dos lucros até 15 biliões de dólares.
Os grupos ambientalistas dizem que estas mudanças podem permitir que países como o Reino Unido possam construir uma nova geração de centrais a carvão sem medo de exceder as suas metas de redução das emissões. "Por comprar projectos nos países em desenvolvimento, a UE vai evitar fazer o tipo de transformações necessárias na economia doméstica para evitar perigosas alterações do clima", referiu o chefe da Friends of the Earth. "Nós estamos à beira de perder um ambicioso pacote climático. Manda os sinais errados aos países em desenvolvimento - os países desenvolvidos aparentam como não tendo vontade de adoptar metas domésticas de redução das emissões", disse um porta-voz da WWF.
Estas propostas aparecem quando os ministros da energia da UE preparam-se para reunir no Luxemburgo na próxima sexta, antes da reunião do conselho europeu onde vão ser discutidas as medidas sobre as alterações do clima e energia. Na semana passada, a Polónia, Grécia, Hungria, Eslováquia, Roménia e Bulgária opuseram-se ao todo do pacote. Também o Reino Unido, Itália e outros foram acusados de quererem reduzir os seus compromissos para as energias renováveis.
Estas notícias surgem quando se apela a que os políticos não usem a actual crise financeira para abandonar investimentos cruciais em energias limpas e eficiência para responder às alterações do clima.
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