sexta-feira, 17 de maio de 2019

Un país movilizado contra la barbarie

Fernando de la Cuadra
Politika

Las manifestaciones del 15 de mayo marcan el inicio de un ciclo de resistencia al (des)gobierno que existe actualmente. Luego de anunciar un corte del 30 por ciento del presupuesto de las Universidades Federales, una onda de rechazo a esta medida se propagó rápidamente por todo el territorio. El propio Bolsonaro viendo la antipatía que causaba esta decisión del ejecutivo, decidió llamar al Ministro de Educación, Abraham Weintraub, para solicitarle que echara pie atrás en esta resolución. Sin embargo, poco después desde la propia Casa Civil se declaraba que la disminución de gastos en educación continuaba vigente.

Un inventario interminable de imágenes que se han difundido por las redes y medios audiovisuales, muestran que las adhesiones a las movilizaciones en defensa de la educación fueron multitudinarias en decenas de ciudades de Brasil. Suman cientos de miles, especialmente jóvenes, los que participaron en las marchas por los diversos rincones del país. No solo las personas se manifestaron en los principales centros urbanos, sino que también hubo concentraciones en localidades pequeñas y apartadas. Bolsonaro dijo simplemente que eran “idiotas útiles, al servicio de una minoría aprovechadora izquierdista”. Está claro que el idiota es justamente aquel que no quiere ver lo que salta a simple vista, la enorme expresión de descontento con los rumbos de la educación y de un conjunto de materias que solo vienen a sumarse al creciente malestar provocado por las políticas obtusas y caóticas de un gobierno que – como señalábamos en otra materia- es una nave que ha perdido el rumbo.

No solo en el ámbito educacional es donde el gobierno actúa de manera errática, sino que su administración completa es un fiasco. Con una total subordinación a los intereses de Estados Unidos, la inserción de Brasil en el plano externo está marcada por la ausencia de soberanía y por un papel intrascendente en los foros internacionales. Lejos ha quedado el proyecto de fortalecer el bloque de los BRICS como alternativa a la hegemonía del eje Estados Unidos-Unión Europea. Su poca amigable política comercial con China, siguiendo las recomendaciones de Trump, va a comprometer indudablemente la capacidad del país de seguir exportando su producción hacia uno de sus principales mercados. En materia ambiental, el país viene experimentando un retroceso evidente en la defensa del patrimonio natural y en la contención de la desforestación de la región amazónica. Y con escasa inversión en el campo de la ciencia y la innovación tecnológica, Brasil se encuentra en un franco retroceso, dependiendo casi exclusivamente de la explotación de sus materias primas sin ningún valor agregado.

En poco tiempo de mandato, el gobierno viene acumulando una cadena interminable de errores que hasta sobrepasa las peores previsiones que se tenían sobre él. Inclusive algunos analistas ya han acuñado el nombre de “República del tiro en el pie” para expresar la tendencia hacia el descalabro intencionado que parece inspirar al ejecutivo. Ello se está reflejando en la sucesión de derrotas que viene acumulando el gobierno en el Congreso, perdiendo sistemáticamente el apoyo de los partidos que formaban su base aliada.

Su última medida ha sido pedirle a la Agencia Brasileña de Inteligencia (ABIN) que investigue la vida de rectores y decanos de las Universidades Federales, generando automáticamente una ola de rechazo por parte de muchas entidades de derechos humanos y de los diversos estamentos universitarios.

Ante este escenario, una nueva manifestación ha sido convocada por la Unión Nacional de Estudiantes (UNE) para el día 30 de mayo y para el 14 de junio se ha programado una protesta nacional contra la Reforma del Sistema Previsional. Es una lucha de largo aliento, pero la tendencia es que la secuencia de movilizaciones, huelgas y paros se vaya robusteciendo en un incesante “in crescendo”, demostrando que es cada vez más vehemente el anhelo de millones de ciudadanos por construir una nación diferente. La protesta multitudinaria extravasó el ámbito de las redes y se expandió por el espacio público en un imponente cuerpo social manifestándose. La derrota en las calles del gobierno de ultraderecha parece, como nunca, un camino sin retorno.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Para repensar a América Latina

José Luís Fiori & Rodrigo Leão
Outras Palavras

Fracasso do neoliberalismo restaurado era previsível: suas opções internas e geopolíticas já haviam naufragado nos anos 1990. Mas de pouco servirá o fiasco, se a esquerda não recuperar o debate estrutural sobre os rumos da região

Dois temas ocuparam lugar de destaque na agenda das discussões socioeconômicas neste início do século XXI: o redesenho do mapa geopolítico e a polarização crescente da riqueza e do poder mundial; e a pauperização de grandes massas populacionais, sobretudo na periferia do sistema capitalista. Estes não são problemas novos, pois vêm sendo discutidos há muito tempo, no campo teórico e político. Cabe lembrar que tais problemas se intensificaram no período denominado de globalização.

Essa “fase” não pode ser tratada como algo necessariamente novo, é uma espécie de exacerbação do liberalismo clássico, econômico e político, em particular da sua crença num capitalismo sem fronteiras e gerido por Estados nacionais que fossem reduzidos às suas funções mais elementares. Outro elemento central nesse ideário é a certeza de que a desregulação dos mercados e a liberalização das economias nacionais promoveria no médio prazo a convergência da riqueza das nações e a redução das desigualdades entre as classes sociais.

Na América Latina, essas ideias acabaram dominando o pensamento político e acadêmico, durante as décadas de 1980 e 1990, e se transformaram no fundamento teórico e ideológico de um novo projeto econômico de desenvolvimento, “associado e dependente” das grandes potências, em particular, do poder e da economia norte-americana. Por isto, também na América Latina, durante este período, foram descartadas, como anacrônicas, todas as teses e preocupações contidas na agenda do debate latino-americano sobre o desenvolvimento, como as restrições externas ao crescimento e as origens das desigualdades sociais; mas também, a necessidade do intervencionismo estatal, e de um projeto de construção de um sistema econômico, nacional e autônomo.

O insucesso econômico das políticas liberais naquela década contribuiu decisivamente para a “virada à esquerda” dos governos sul-americanos, durante a primeira década do século XXI. Em poucos anos, quase todos os países da região elegeram governos de orientação nacionalista, desenvolvimentista ou socialista, que mudaram o rumo político-ideológico do continente. Como já lembrado em outro artigo[1], todos se opuseram às ideias e políticas neoliberais da década de 1990 e todos apoiaram ativamente o projeto de integração da América do Sul, opondo-se ao intervencionismo norte-americano no continente. Esse giro político à esquerda coincidiu com o ciclo de expansão da economia mundial, que favoreceu o crescimento generalizado das economias regionais até a crise financeira de 2008.

Os sucessos econômicos ao lado da maior autonomia política e social, materializada no fortalecimento do bloco regional latino-americano, de certa forma foram se colocando, ao longo do tempo, de forma conflituosa aos interesses das grandes potências, principalmente a norte-americana. Essa maior “autonomia” também significou um maior controle de ativos estratégicos latino-americanos pelos seus respectivos Estados nacionais, como foi o caso do setor de energia, o que novamente entrou em rota de colisão com os interesses dos Estados Unidos. A importância da descoberta do pré-sal no Brasil e do gás não convencional na Argentina, por exemplo, tem um papel central para a geopolítica energética dos Estados Unidos no longo prazo.

Não se deve negligenciar nesse debate o impacto da crise internacional do início da década atual, nem dos eventuais equívocos dos governos à esquerda latino-americanos, mas essa tensão e divergência “estratégica” entre os países da América Latina e os Estados Unidos impulsionam uma reorganização política, nesta segunda década do século XXI, que tem como mantra as ideias liberais.

Assim como nos anos 1990, um fantasma que ronda hoje parte dos governos latino-americanos: é a incapacidade de se entregar resultados diferentes dos observados naquele período. As experiências recentes mostram novamente as dificuldades para se beneficiar por completo do modelo liberal globalizante das grandes nações, isto é, para apresentar êxitos econômicos, como na questão da dívida pública, e sociais, como na redução da pobreza. A agenda do governo Macri na Argentina, por exemplo, recupera na íntegra as premissas liberais adotadas nos últimos vinte anos do século XX. Como mostra o jornalista argentino, Fernando Rosso, “logo depois de triunfar nas eleições em outubro de 2015, Macri lançou uma agenda econômico sustentada pelo tripé de ‘reformas permanentes’ (reforma da previdência, flexibilização trabalhista e ajuste fiscal)”.[2] E as consequências de tais políticas já são visíveis como mostra o mesmo jornalista:

“Algumas variáveis sintetizam o (des)equilíbrio econômico do governo de Macri em seus três anos de gestão: o PIB acumulou uma queda de 1,3%, a inflação foi da ordem de 163%, o dólar subiu 290% em relação à cotação oficial de dezembro de 2015 e 160% em relação ao dólar paralelo naquele momento. A dívida cresceu US$ 80 bilhões com credores privados e mais de US$ 100 bilhões se forem incluídos os primeiros desembolsos do acordo com o FMI. (…) As consequências desses números sobre a vida cotidiana das maiorias populares são profundamente desoladoras. O desemprego atingiu 9% durante o terceiro trimestre de 2018 e não atingiu os dois dígitos porque, para já, o grosso do ajustamento foi feito por via da liquidação do poder de compra do salário. As convulsões econômicas e os profundos retrocessos sociais são o saldo que o governo da nova direita argentina deixou até agora. E o pior parece ainda estar para vir.”

Esse é apenas um exemplo de como, nos últimos dois anos, essas ideias voltam a vigorar com força na agenda e no pensamento econômico de parte da América Latina, em especial no Brasil.

Não deixa de ser curioso que, se na década de 1920 e 1930 a concentração da América Latina na produção de produtos primários, no caso brasileiro o café, é o que impulsiona o debate estruturalista inaugurado pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), nos final dos anos 2010, as ideias dos formuladores econômicos latino-americanos retomam aquela visão de mundo pré-Cepal, mas dessa vez não é café, mas sim o petróleo, a bola da vez. O atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sintetiza de forma cristalina essa visão ao comentar o foco da empresa neste momento: “parecemos envergonhadas em explorar commodities. Vamos explorar e produzir valor para o Brasil”.

Não se pretende aqui discutir o caráter geoestratégico de um recurso como o petróleo, mas sim que por trás desta visão de exploração e exportação de petróleo cru está novamente aquele ideário liberal e de posição subordinada do Brasil na divisão internacional do trabalho.

É indiscutível que, neste momento e a despeito dos resultados anteriores, há uma espécie de retomada do pensamento liberal nas agendas de parte dos governos latino-americanos. E junto há uma tentativa não apenas de estreitar, mas de sepultar qualquer pensamento crítico a esse ideário. Dessa forma, torna-se indispensável novamente a recuperação de um debate que muitos consideram superado sobre o desenvolvimento desigual e pauperizante do capitalismo.

A dúvida é se haverá capacidade de reorganização do debate estrutural sobre os rumos da América Latina, incluindo aí o seu papel da geopolítica e geoeconomia, ou se ficaremos reféns apenas de responder aos desafios da “nova-velha” agenda liberal.

Referências:

[1] Fiori, J. L. O Brasil e seu entorno estratégico na primeira década do século XXI. In: Emir Sader (Org.). 10 Anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. São Paulo: Boitempo, 2013.

[2] Rosso, F. La enigmática supervivencia política de Mauricio Macri. Nueva Sociedad, n. 279: 4-12, enero-febrero, 2019.

terça-feira, 7 de maio de 2019

La lucha creciente en defensa de la educación

Fernando de la Cuadra
Rebelión

En las últimas semanas, el gobierno brasileño parece empeñarse en una cruzada para destruir la educación pública en todos sus niveles. El desprecio de Bolsonaro por la educación, especialmente la universitaria no es ninguna novedad. Durante toda su campaña a través de Twitter, ya daba señales de lo que pretende realizar actualmente en el país: desmontar el sistema educacional por considerar que Brasil derrocha demasiado en esa cartera.

Bolsonaro no solo ignora –o parece ignorar- las cifras entregadas de estudios realizados por organismos internacionales, como la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE), en donde se expone que Brasil ocupa el último lugar en gasto en educación entre los 39 países analizados, que incluye también a Argentina, Chile, Colombia y Costa Rica. Lo que él desea es destruir las bases para la formación de una ciudadanía informada y preparada y, por lo tanto, crítica. Como muchas veces lo había afirmado Paulo Freire, la educación es una herramienta que les permite a las personas libertarse en el pensar y no resignarse en ser dominados y obedecer.

Por lo mismo no es casualidad que exista actualmente una campaña destemplada para despojar a este pedagogo del título de Patrono de la Educación Brasileña, el que recibió por el Estado en 2012 como reconocimiento por todos los años dedicados a difundir y trabajar por una educación basada en el pensamiento reflexivo, crítico y transformador. Justamente en este momento, en que Paulo Freire está siendo expurgado de los textos educativos por una decisión del ejecutivo, su figura crece mundialmente y es considerado uno de los pensadores más influyentes de la actualidad y su obra de las más importantes entre las producidas durante el siglo XX.

Cuando Vélez Rodríguez asumió el ministerio de educación, se pensaba que su principal propósito a la cabeza de dicha secretaría estaba destinado a desmontar las políticas educacionales, pero sus acciones fueron tan bizarras y descriteriadas que al poco tiempo le fue solicitada la renuncia, pese a los reclamos de su mentor en el gobierno, el alucinado astrólogo Olavo de Carvalho. Pero finalmente, este mismo personaje consiguió que fuera indicado el nuevo titular, Abraham Weintraub, más fundamentalista y peligroso que Vélez Rodríguez. Al igual que el ministro saliente, el actual ministro no posee ninguna experiencia en gestión educativa y solo viene a confirmar el hecho de que la mayoría de los ministros de Bolsonaro no provienen del área a la cual fueron designados y son ilustres desconocidos en el ámbito de las políticas públicas. Es un gobierno de personas sin preparación que van improvisando diariamente a partir de sus prejuicios y preceptos morales.

Desde que asumió en el ministerio, Weintraub comenzó a anunciar que los cursos de filosofía y sociología no pueden ser dictados en universidades públicas, ya que el país necesitaría de otro tipo de profesionales como médicos, ingenieros o veterinarios, áreas que generarían un “retorno inmediato a los contribuyentes”. El ministro supone falsamente que ambos programas profundizarían la crisis de financiamiento de las universidades federales, cuando en realidad ellos no representan más del 2% del total de alumnos matriculados en dichas universidades.

A seguir el ministro dictaminó el corte del 30% de todas las universidades públicas (2 mil millones de dólares aprox.), con el argumento de que ellas no se encuentran realizando ninguna producción científica relevante para el provecho de la nación. Otra falsedad. En la actualidad el 90% de la investigación y producción científica en Brasil es realizada en las Universidades Federales, siendo que ellas tienen la responsabilidad de formar solamente al 20% del total de alumnos de la enseñanza superior. Y muchas de ellas ocupan los primeros lugares en los rankings internacionales entre entidades de educación superior.

El ataque y el abandono de las universidades públicas solo se puede entender como parte de un proyecto que busca la asfixia administrativa por escasez de recursos (cortes en los gastos de alimentación, agua, luz, aseo, etc…) para proceder posteriormente a su privatización. Casualmente, la hermana del Ministro de Hacienda, Paulo Guedes, es Vice-Presidenta de la Asociación Nacional de Universidades Privadas.

Por otro lado, esta arremetida contra los establecimientos educacionales busca acabar con un foco de resistencia importante al gobierno de ultraderecha y desestimular las futuras movilizaciones que están siendo anunciadas en todo el país. Ya se han producido manifestaciones de estudiantes en las principales ciudades del país, Sao Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasilia y Belo Horizonte. También se ha convocado para el día 15 de mayo a una movilización estudiantil en torno al “Día Nacional en Defensa de la Educación”.

En momentos en que la política gubernamental parece concentrarse en la destrucción del sistema educacional brasileño, miles de personas entre docentes, alumnos(as) y funcionarios(as) en todos los niveles de formación, se encuentran articulando un gran pacto nacional por la defensa de la educación. Mientras más groseros sean los ataques a la educación pública, más fuerte será el rechazo entre todos los estamentos del sistema educativo y entre la ciudadanía. Del éxito de dicha convergencia y de la persistencia de esta lucha, dependerá la posibilidad de construir una educación pública de calidad que permita generar mayores y mejores oportunidades a las futuras generaciones de brasileños.

sábado, 4 de maio de 2019

¿Vuelve la lucha de clases?

Domenico Losurdo
El Viejo Topo

Mientras la crisis económica acentúa la polarización social y, actualizando la memoria histórica de la Gran Depresión que estalló en 1929, condena a muchos millones de personas al desempleo, a la precariedad, a la angustia diaria por la subsistencia e incluso al hambre, menudean los artículos y ensayos que hablan de una «vuelta de la lucha de clases». Entonces, ¿había cesado? A mediados del siglo XX, al criticar duramente el «dogma» de la teoría marxiana de la lucha de clases, Ralf Dahrendorf (1963, pp. 112 ss. y 120-121) resumía así las metas alcanzadas por el sistema capitalista: «La posición social del individuo [depende ya] de las metas educativas que ha conseguido alcanzar». Y eso no era todo; también había «un parecido cada vez mayor de las posiciones sociales de los individuos», y era innegable la tendencia a una «nivelación de las diferencias sociales». Pese a todo, el autor de este panorama color de rosa se veía en la obligación de polemizar con otros sociólogos, según los cuales nos encaminábamos espontáneamente hacia «una situación en la que ya no existirían ni clases ni conflictos de clase por la sencilla razón de que ya no habría motivos de enfrentamiento».

Eran años en que desde el Sur del mundo y desde los campos una masa interminable de hombres, mujeres y niños empezaban a abandonar su lugar de origen para buscar fortuna en otro sitio. Era un fenómeno que también se producía masivamente en un país como Italia: llegados por lo general del Mezzogiorno, los emigrantes cruzaban los Alpes o se quedaban a este lado. Las condiciones de trabajo en las fábricas del Norte de la península pueden ilustrarse con un detalle: en 1955, para reprimir huelgas y agitaciones obreras, se despedía a cientos o miles de activistas de la CGIL, el sindicato acusado de un radicalismo inadmisible (Turone 1973, p. 259). No era, ni mucho menos, una práctica propia de un país poco desarrollado. Al contrario, el modelo era Estados Unidos, donde desde hacía tiempo existían los yellow-dog contracts, merced a los cuales, al ser contratados, los obreros y empleados se comprometían (eran obligados a comprometerse) a no afiliarse a ningún sindicato. ¿Realmente había cesado la lucha de clases, o lo que había cesado en gran medida era la libertad sindical, como confirmación de la lucha de clases? Los años siguientes fueron los del «milagro económico». Pero veamos lo que sucedía en 1969 en el país-guía de Occidente, dando la palabra a una revista estadounidense de difusión internacional (Selecciones del Reader’s Digest), dedicada a la propaganda del American Way of Life. «Hambre en América» era el título, de por sí elocuente, de un artículo que proseguía así:

• En Washington, capital federal, el 70 % de los niños ingresados en el hospital pediátrico padecen desnutrición […]. En Estados Unidos los planes de asistencia alimentaria alcanzan a solo 6 de los 27 millones de indigentes […]. Un grupo de médicos, después de un viaje de pesquisa por los campos del Misisipí, declaró ante la subcomisión del Senado: «Los niños que hemos visto están perdiendo salud, energía y vivacidad de un modo evidente. Pasan hambre y están enfermos, y estas son las razones directas e indirectas que les llevan a la muerte».

Según Dahrendorf, lo que decidía la posición social de los individuos era solo, o sobre todo, el mérito escolar; pero la revista estadounidense llamaba la atención sobre una obviedad que no se puede omitir: «Los médicos están convencidos de que la desnutrición incide en el crecimiento y el desarrollo del cerebro» (Rowan, Mazie 1969, pp. 100-102). Y una vez más se impone la pregunta: ¿esta terrible miseria en el país de la opulencia capitalista tenía algo que ver con la lucha de clases?

En los años siguientes, dejando atrás sus fantásticas afirmaciones-previsiones de mediados del siglo XX, Dahrendorf (1988, p. 122) tomaba nota de que en Estados Unidos se producía «un aumento del porcentaje de pobres (a menudo en activo)». La observación más interesante e inquietante se encerraba en un paréntesis de apariencia trivial: ¡ni siquiera el puesto de trabajo evitaba el riesgo de pobreza! La figura del working poor, tan olvidada, volvía a ser de actualidad, y con esta figura asomaba el fantasma de una lucha de clases, que parecía exorcizado de una vez por todas. Sin embargo, en este mismo periodo de tiempo, un ilustre filósofo, Jürgen Habermas (1986, p. 1012), volvía a defender las posiciones abandonadas por el ilustre sociólogo. Sí, para confrontar a Marx y su teoría del conflicto y la lucha de clases no había más que mirar alrededor y ver «la pacificación del conflicto de clases, obra del estado social» que «en los países occidentales» se había desarrollado «a partir de 1945» gracias al «reformismo basado en el instrumental de la política económica keynesiana». Salta de inmediato a la vista una primera inexactitud: este planteamiento, si acaso, podía ser válido para Europa Occidental, pero no para Estados Unidos, donde el estado social nunca tuvo mucho arraigo, como confirma el panorama angustioso que acabamos de ver.

Pero no es este el aspecto esencial. La tesis de Habermas se caracteriza sobre todo por la falta de una pregunta que, sin embargo, tendría que haber sido obvia: ¿el estado del bienestar fue el colofón inevitable de una tendencia intrínseca del capitalismo o, por el contrario, el fruto de una movilización social y política de las clases subalternas, y en última instancia de una lucha de clases? Si el filósofo alemán se hubiera hecho esta pregunta quizá habría evitado dar por descontada la permanencia del estado social, cuya precariedad y cuyo progresivo desmantelamiento están hoy a la vista de todos. Quién sabe si mientras tanto Habermas, que hoy está considerado el heredero de la Escuela de Fráncfort, ha abrigado alguna duda. En Occidente, el estado social no tomó forma en EEUU sino en Europa, donde el movimiento sindical y obrero estaba tradicionalmente más arraigado, y tomó forma durante los años en que este movimiento era más fuerte que nunca, a causa del descrédito que las dos guerras mundiales, la Gran Depresión y el fascismo habían proyectado sobre el capitalismo. Pues bien, ¿todo esto es la confutación o la confirmación de la teoría marxiana de la lucha de clases?

El filósofo alemán señaló el año 1945 como punto de partida de la construcción del estado social en Occidente y el debilitamiento y la desaparición de la lucha de clases. El año anterior, durante una visita a Estados Unidos, el sociólogo sueco Gunnar Myrdal (1944, p. 1) había llegado a una rotunda conclusión: «La segregación se está volviendo tan completa que un blanco del Sur solo ve a un negro como sirviente y en situaciones parecidas, formalizadas y normalizadas, propias de las relaciones entre castas». Dos décadas después, la relación siervo-amo entre negros y blancos todavía distaba mucho de haber desaparecido: «En los años sesenta el gobierno usó como conejillos de Indias a más de 400 hombres de color de Alabama. Estaban enfermos de sífilis y no los curaron porque las autoridades querían estudiar los efectos de la enfermedad sobre “una muestra de la población”» (R. E. 1997). Las décadas que van desde el fin de la segunda guerra mundial hasta la «pacificación del conflicto de clase» son al mismo tiempo el periodo histórico en que estalló la revolución anticolonial. Los pueblos de Asia, África y América Latina se sacudieron el yugo colonial o semicolonial, mientras en Estados Unidos arreciaba la lucha de los afroamericanos por poner fin al régimen de segregación y discriminación racial que seguía oprimiéndoles, humillándoles y relegándoles a los segmentos inferiores del mercado del trabajo e incluso tratándoles como conejillos de Indias. Esta gigantesca ola revolucionaria, que modificó profundamente la división del trabajo a escala internacional y en el país-faro de Occidente, ¿tiene algo que ver con la lucha de clases? ¿O la lucha de clases solo es el conflicto que enfrenta en un país aislado a los proletarios con los capitalistas, al trabajo dependiente con la gran burguesía?

Esta última es claramente la opinión de un historiador inglés famoso en nuestros días, Niall Ferguson: en la gran crisis histórica de la primera mitad del siglo XX la «lucha de clases», o mejor dicho «las presuntas hostilidades entre proletariado y burguesía», tuvieron un papel muy modesto; en cambio fue decisiva la que Hermann Göring, volviendo la mirada sobre todo al choque entre el Tercer Reich y la Unión Soviética, llamó la «gran guerra racial» (infra, cap. VI, § 8). El intento de la Alemania nazi de reducir a los eslavos a la condición de esclavos negros al servicio de la raza de los señores, y la resistencia épica de pueblos enteros a esta guerra de sometimiento colonial y esclavización sustancial, en suma, la «gran guerra racial» fomentada por el Tercer Reich, ¿no tiene nada que ver con la lucha de clases?

No cabe duda: para Dahrendorf, Habermas y Ferguson (pero también, como veremos, para prestigiosos autores de orientación marxista y posmarxista), la lucha de clases remite exclusivamente al conflicto entre proletariado y burguesía, es más, al conflicto entre proletariado y burguesía cuando se agudiza y las dos partes son conscientes de él. Pero ¿era esta la visión de Marx y Engels? Como es sabido, después de evocar el «fantasma del comunismo» que «recorre Europa» y aún antes de analizar la «lucha de clases (Klassenkampf) en desarrollo» entre proletariado y burguesía, el Manifiesto del partido comunista empieza enunciando una tesis que se haría famosísima y estaría muy presente en los movimientos revolucionarios de los siglos XIX y XX: «Hasta nuestros días, la historia de la Humanidad ha sido una historia de luchas de clases» (Klassenkämpfe) (MEW, 4; 462 y 475). El paso del singular al plural da a entender claramente que la lucha de clases entre el proletariado y la burguesía es solo una de ellas, y que las luchas de clases, puesto que recorren en profundidad la historia universal, no son una característica exclusiva de la sociedad burguesa e industrial. Por si hubiera dudas, varias páginas después el Manifiesto insiste: «Hasta hoy en día la historia de todas las sociedades existentes ha sido una constante sucesión de antagonismos de clases, que revisten diversas modalidades según las épocas» (MEW, 4; 480). De modo que no solo se declinan en plural las «luchas de clases», sino también las «modalidades» que revisten en las distintas épocas históricas, en las distintas sociedades, en las distintas situaciones concretas que se presentan. Pero ¿cuáles son las múltiples luchas de clases o las múltiples configuraciones de la lucha de clases?

Para responder a esta pregunta es preciso reconstruir en el plano filológico y lógico el significado de una teoría y los cambios y las oscilaciones que ha experimentado. Pero no basta con la historia del texto, hay que repasar también la historia real. Se impone una relectura doble, de carácter histórico-teórico: por un lado es preciso arrojar luz sobre la teoría de la lucha de clases enunciada por Marx y Engels, encuadrándola en la historia de la evolución de los dos filósofos y militantes revolucionarios y de su participación activa en las luchas políticas de su tiempo; por otro es preciso verificar si dicha historia es capaz de explicar la historia mundial, intensa y atormentada, que arranca del Manifiesto del partido comunista.

La primera relectura, por lo tanto, aborda el tema de la lucha de clases en «Marx y Engels». Pero ¿es legítimo establecer una conexión tan estrecha entre los dos? Aclaro rápidamente los motivos de mi planteamiento. En el ámbito de una división del trabajo y un reparto de tareas pensado y acordado entre ambos, los dos autores del Manifiesto del partido comunista y de otras obras no menos importantes mantienen una relación de constante colaboración y asimilación recíproca de su pensamiento. Por lo menos en lo referente al plano más estrechamente relacionado con la política y la lucha de clases, se consideran miembros o dirigentes de un solo «partido». En una carta a Engels del 8 de octubre de 1858, después de plantear un importante problema teórico y político (¿puede producirse en Europa una revolución anticapitalista mientras el capitalismo sigue en fase ascendente en la mayor parte del mundo?), Marx exclama: «¡He aquí un asunto difícil para nosotros!» (MEW, 29; 360). Quien debe responder no es un intelectual individual, aunque sea genial, sino el grupo dirigente de un partido político en formación. En efecto, los adeptos de este «partido» hablan de «Marx y Engels» como una fraternidad intelectual y política indisoluble, como un grupo dirigente de partido que piensa y actúa al unísono. De la misma opinión son también sus adversarios, empezando por Mijaíl A. Bakunin, que también junta repetidamente en su crítica a «Marx y Engels» o a «los señores Marx y Engels», o fustiga al «señor Engels» como alter ego de Marx (en Enzensberger 1977, pp. 401, 356 y 354). Otros adversarios ponen en guardia contra «la camarilla de Marx y Engels» o ironizan sobre el «señor Engels, primer ministro de Marx» o sobre «Marx y su primer ministro» (en Enzensberger 1977, pp. 167, 296 y 312). Tan estrecho es el vínculo entre los dos grandes intelectuales y militantes revolucionarios que a veces se habla de «Marx y Engels» en singular, como si se tratase de un solo autor y una sola persona: el primero lo señala en una carta al segundo del 1 de agosto de 1856 (MEW, 29; 68).

Es evidente que se trata de dos individualidades, y las diferencias que subsisten inevitablemente entre dos personalidades distintas deben tenerse en cuenta y, llegado el caso, destacarse; pero sin crear por ello una especie de escisión póstuma en un «partido» o en un grupo dirigente de partido, que supo afrontar unido los innumerables desafíos de su tiempo. Así pues, ¿qué entienden Marx y Engels por lucha de clases?