Eliane Cantanhêde
Folha
O Brasil articula para retirar a crise Colômbia-Venezuela do âmbito da Organização de Estados Americanos (OEA) e trazer para a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), para evitar que a participação dos EUA desequilibre as negociações -pró-Colômbia e anti-Venezuela. Os EUA integram a OEA, não a Unasul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem para Chávez propondo a troca. Após a conversa, Chávez anunciou que pediu ao Equador (que ocupa a presidência pro tempore) uma reunião de emergência. O centro da crise é a acusação da Colômbia de que a Venezuela já teve 87 acampamentos guerrilheiros colombianos, e ocorre quando a campanha do tucano José Serra afirma que o PT da adversária Dilma Rousseff tem relações com as Farc. Há, então, chance de contaminação da questão Venezuela-Colômbia na eleição.
Lula vai à Venezuela no dia 6 para nova rodada trimestral de reuniões, seguindo direto para a posse do novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. A viagem, agora, tem outro peso. O Brasil acha melhor convocar a Unasul após a posse de Santos, que, ao contrário de o atual presidente, deu sinais de querer melhorar as relações com Caracas.
Para o embaixador brasileiro na Colômbia, Valdemar Carneiro Leão, a troca "cria um clima mais propício". Os embaixadores da região que servem em Caracas e Bogotá já trocam telefonemas para garantir a reunião. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que Lula está disposto a ajudar e tem esperança de que, com a sucessão, "as coisas possam se recompor imediatamente". Em nota, o Itamaraty disse que acompanha a crise "com preocupação" e que Lula transmitiu a Chávez disposição em ajudar.
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