sábado, 1 de maio de 2010

Confrontos marcam 1º de Maio na Grécia

Agencias

A Grécia celebra neste sábado um 1º de Maio sob tensão, marcado por violentos choques com a polícia em Tessalônica e na capital Atenas. No mesmo momento, o país está na véspera do anúncio de um acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deverá impor aos governantes gregos um tratamento de austeridade para superar a crise econômica. "Nenhum sacrifício; a plutocracia deve pagar pela crise", dizia uma faixa da frente sindical comunista (Pame), uma das associações que mobilizaram milhares de manifestantes, em meio a bandeiras e bolas de gás vermelhas, na praça Sintagma, no centro da capital. Confrontos entre manifestantes e policiais, que usaram gás lacrimogêneo, foram registrados na capital grega no momento em que uma passeata passava diante do ministério das Finanças. Devido a uma greve, os transportes ferroviário e marítimo ficarão paralisados até as 6h locais no domingo, assim como os trens que ligam o aeroporto à cidade de Atenas.

Europeus e o FMI negociam há dias com o governo grego o desbloqueio de empréstimos a três anos para ajudar a Grécia a enfrentar uma dívida colossal. Só no primeiro ano, deverão ser concedidos 45 bilhões de euros. Em troca, pedem ao governo a adoção de novas medidas de austeridade consideradas draconianas pelos sindicatos, que as denunciam neste 1º Maio, de caráter simbólico.Segundo organizações de trabalhadores, é possível que se exija da Grécia uma economia em dois anos de até 25 bilhões de euros para sanear o déficit público, de modo a baixá-lo de 14% do Produto Interior Bruto (PIB), como foi no ano passado, a 4% no final de 2011. Seria um esforço sem paralelos na zona euro.

Os sindicatos, que convocaram greve geral para quarta-feira, declaram-se dispostos a lutar contra esta terapia de choque, que representa cortes nos salários e acarreta uma reforma não desejada do sistema de aposentadorias. Outra reclamação dos trabalhadores é em relação a um plano de poupança trianual, que prevê fortes cortes nos salários dos funcionários por conta do cancelamento de dois pagamentos extras. O plano também prevê o congelamento salarial no setor privado. Além disso, o governo prevê o aumento adicional de vários impostos, como o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que já subiu dois pontos em março, até 21%, assim como a subida na carga de impostos sobre o tabaco, o álcool e a gasolina. O primeiro-ministro Georges Papandreou tenta fazer com que os cidadãos aceitem os novos sacrifícios dizendo-lhes que a "sobrevivência da nação" dependia disto.

Este 1º de Maio é comemorado na véspera de um dia crucial para a Grécia. O acordo entre Atenas, a União Europeia e o FMI para a ajuda financeira deverá ser anunciado neste domingo durante uma reunião do conselho de ministros em Atenas. O presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel reafirmaram neste sábado, durante telefonema, a determinação de "agir rápido", segundo o palácio presidencial francês. O pacote ficará entre 100 bilhões a 120 bilhões de euros, a serem liberados durante três anos - confirmou a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde. Segundo a revista alemã Spiegel, a Grécia ficará por dez anos sob controle do FMI.

Nenhum comentário: