quinta-feira, 23 de abril de 2009

Discriminação racial profunda na União Europeia

Agencias

Um inquérito promovido pela Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais mostra que a discriminação, a perseguição e as violências de carácter racista estão muito mais espalhadas do que as estatísticas oficiais indicam. Os ciganos e os imigrantes dos países da África subsariana são os que mais sentem na pela a discriminação. Em Portugal o acesso ao crédito bancário ou à compra/aluguer de habitação é o que motiva mais queixas, de ciganos, brasileiros e ucranianos.

O racismo e as discriminações são muito reais na União Europeia, mas as vítimas não apresentam queixa por resignação ou medo. "Existe um problema de racismo em toda a UE e nós apresentamos provas àqueles países que o negam", afirmou Joanna Goodey, da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais, criada em 2007.

O inquérito foi realizado nos 27 Estados membros junto de 23.500 pessoas imigrantes ou pertencentes a minorias étnicas. 55 por cento dos inquiridos considera ser muito vasta a discriminação no seu país de residência e 37 por cento diz ter sido alvo de um acto de discriminação nos últimos 12 meses, enquanto 12 por cento sofreu um crime racista no último ano.

Só que o número de queixas não reflecte estes dados precisamente porque, de acordo com a maioria dos inquiridos, existe receio de denunciar as discriminações ou a percepção de que de nada serve fazê-lo. Ciganos (47%) e imigrantes da África subsariana (41%) são os que mais sentem na pele a discriminação.

Em Portugal, 74% dos brasileiros considera que existe discriminação baseada na etnia ou na origem, tendo a mesma opinião 60 por cento de africanos subsarianos. Ciganos e ucranianos também denunciam a discriminação de que são vítimas, principalmente no acesso à habitação e ao crédito bancário.

Mas são as questões laborais que motivam mais queixas em Portugal. Uma discriminação que no relatório é apresentada sobretudo por guineenses, que protestam por serem recusados num emprego devido à etnia. Já os ucranianos sentem-se preteridos em favor dos portugueses quando se trata de uma promoção, e os brasileiros denunciam insultos no trabalho.

Como no resto da Europa, os ciganos são a etnia mais discriminada em Portugal, especialmente quando se trata de alugar e comprar casa, bem como no impedimento de entrada em restaurantes, lojas ou espaços de diversão nocturna.

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