quarta-feira, 4 de abril de 2012

Os rebeldes na rua: O Partido de Wall Street encontra um adversário

David Harvey
Verso Books

O Partido de Wall Street controlou os Estados Unidos sem dificuldades por tempo demais. Controlou totalmente (em contraste com parcialmente) as políticas dos presidentes por pelo menos quatro décadas (para não dizer mais), independentemente de se algum presidente individual foi ou não seu agente por vontade própria. Corrompeu legalmente o Congresso por meio da dependência covarde de políticos dos dois partidos em relação ao poder do dinheiro e ao acesso à mídia comercial que controla. Graças a nomeações feitas e aprovadas pelos presidentes e Congresso, o Partido de Wall Street domina muito do aparato estatal e do Judiciário, em especial a Suprema Corte, cujas decisões estão crescentemente a favor dos interesses venais do dinheiro, em esferas tão diversas quanto eleitoral, trabalhista, ambiental e comercial.

O Partido de Wall Street tem um princípio universal de dominação: não pode haver qualquer adversário sério ao poder absoluto do dinheiro de dominar absolutamente. E esse poder é para ser exercido com um único objetivo. Os detentores do poder do dinheiro não devem apenas ter o privilégio de acumular riqueza sem fim a seu gosto, mas também de herdar o planeta, tomando direta ou indiretamente o domínio da terra, todos os seus recursos e as potencialidades produtivas que nela residem. O resto da humanidade se torna nessa visão supérfluo.

Esses princípios e práticas não surgem da ganância individual, falta de horizonte ou abusos (por mais que todos esses ocorram aos montes). Esses princípios se formaram no corpo político de nosso mundo por meio da vontade coletiva de uma classe capitalista instigada pelas leis coercivas da competição. Se meu grupo de pressão gasta menos do que o seu, então receberei menos favores. Se esse departamento gasta para atender às necessidades das pessoas, então se torna menos competitivo.

Muitas pessoas decentes estão presas a um sistema que está completamente podre. Se querem ter um salário razoável não têm outra opção além de se render à tentação do diabo: só estão “seguindo ordens”, como Eichmann disse, “fazendo o que o sistema pede”, como se diz hoje em dia, aceitando os princípios e práticas bárbaras e imorais do Partido de Wall Street. As leis coercivas da competição nos forçam todos, em diferentes níveis, a obedecer às regras desse sistema cruel e insensível. O problema é sistêmico, não individual.

Os ideais de liberdade e autonomia do partido, a serem garantidos pelos direitos à propriedade privada, livre-mercado e livre-comércio, se traduzem na realidade pelo direito de explorar o trabalho alheio, de despossuir as pessoas de seus bens a seu bel prazer e a liberdade de saquear o meio ambiente para seus benefícios individuais ou de classe.

No controle do aparato estatal, o Partido de Wall Street geralmente privatiza todos os ramos de atividade interessantes, abaixo do valor de mercado, para abrir novas frentes para a acumulação do capital. Arranja esquemas de subcontratação (do qual o complexo militar industrial é um exemplo claro) e de tributação (subsídios ao agronegócio e baixos impostos sobre os ganhos do capital) que lhe permitem limpar livremente os cofres públicos. Estimula deliberadamente sistemas regulatórios complicados e níveis surpreendentes de incompetência administrativa no resto do aparato estatal (vide a Agência de Proteção Ambiental sob Reagan e a Agência Federal de Gestão de Emergências e o “baita trabalho” de Brown sob Bush), de modo a convencer um público inerentemente cético de que o Estado não consegue ter um papel construtivo ou de apoio para melhorar a vida ou as perspectivas futuras das pessoas. Por fim, usa o monopólio da violência, que todo Estado soberano reivindica, para excluir o público do espaço público e para por pressão, vigiar e, se necessário, criminalizar e prender quem não aceitar de modo amplo suas ordens. É exímio nas práticas de tolerância repressiva que perpetuam a ilusão de liberdade de expressão enquanto essa expressão não expuser claramente a natureza verdadeira de seu projeto e o aparato repressivo sobre o qual repousa.

O Partido de Wall Street articula incessantemente a guerra de classes: “Claro que há uma guerra de classes”, disse Warren Buffett, “e é minha classe, os ricos, que a está fazendo e vencendo”. Em grande parte, essa guerra é articulada em segredo, atrás de uma série de máscaras e ilusões pelas quais os planos e objetivos do Partido de Wall Street se escondem.

O Partido de Wall Street sabe muito bem que quando perguntas políticas e econômicas se transformam em questões culturais não há como respondê-las. Geralmente aciona uma enorme variedade de opiniões de especialistas cativos, na sua maior parte empregados em institutos de pesquisa e universidades que financia e espalhados na mídia que controla, para criar controvérsias sobre assuntos que de fato não importam e sugerir soluções a perguntas que de fato não existem. Num instante, só fala da austeridade necessária a todas as outras pessoas para tratar do déficit e, num outro, propõe a redução de sua própria tributação sem se importar sobre o impacto no déficit. A única coisa que nunca pode ser debatida ou discutida é a verdadeira natureza da guerra de classes que tem mantido de modo incessante e tão cruel. Descrever algo como “guerra de classes” é, no clima político atual e no julgamento dos especialistas, colocar-se fora do espectro de considerações sérias, sendo chamado de imbecil, senão de sedicioso.

Mas agora pela primeira vez há um movimento explícito que enfrenta o Partido de Wall Street e seu mais puro poder do dinheiro. A street (rua) de Wall Street está sendo ocupada — ô, horror dos horrores — por outros! Espalhando-se de cidade em cidade, as táticas do Ocupem Wall Street são tomar um espaço público central, um parque ou uma praça, próximo a onde muitos dos bastiões do poder estão localizados, e fazer com que corpos humanos convertam esse lugar de espaço público em uma comunidade de iguais, um lugar de discussão aberta e debate sobre o que esse poder está fazendo e as melhores formas de combater seu alcance. Essa tática, mais conspicuamente presente nas lutas nobres e atuais da praça Tahrir, no Cairo, se alastrou por todo o mundo (praça do Sol, em Madri, praça Syntagma, em Atenas, agora as escadarias de Saint Paul, em Londres, além da própria Wall Street). Mostra como o poder coletivo de corpos no espaço público continua sendo o instrumento mais efetivo de oposição, quando o acesso a todos os outros meios está bloqueado. A praça Tahrir mostrou ao mundo uma verdade óbvia: são os corpos na rua e praças, não o fluxo de sentimentos no twitter ou facebook, que realmente importam.

O objetivo desse movimento nos Estados Unidos é simples. Diz: “Nós, as pessoas, estamos determinadas a retomar nosso país dos poderes do dinheiro que atualmente o controlam. Nosso objetivo é mostrar que Warren Buffett está enganado. Sua classe, os ricos, não vai mais governar sem oposição e não vai mais herdar automaticamente a terra. Sua classe, os ricos, não está destinada a sempre vencer”.

Diz “Somos os 99%”. Somos a maioria e essa maioria pode, deve e vai prevalecer. Na medida em que todos os outros canais de expressão estão fechados por causa do poder do dinheiro, não temos outra opção a não ser ocupar os parques, praças e ruas de nossas cidades até que nossas opiniões sejam ouvidas e nossas necessidades atendidas.

Para ter êxito, o movimento precisa alcançar os 99%. Conseguirá e o está fazendo um passo por vez. Primeiro, há todas as pessoas jogadas na miséria pelo desemprego e aquelas que foram ou estão sendo despossuídas de suas casas e bens pela falange de Wall Street. Deve formar grandes coalizões entre estudantes, imigrantes, sub-empregados e todos os que estão ameaçados pelas políticas de austeridade, totalmente desnecessárias e draconianas, impostas sobre a nação e o mundo para atender ao Partido de Wall Street. Deve por o foco nos níveis estarrecedores de exploração nos locais de trabalho — dos empregados domésticos imigrantes que os ricos exploram tão cruelmente em suas casas aos funcionários de restaurantes que são escravizados por quase nada nas cozinhas dos estabelecimentos onde os ricos comem tão copiosamente. Deve unir os trabalhadores criativos e artistas cujos talentos são transformados tantas vezes em produtos comerciais pelo grande poder do dinheiro.

O movimento deve especialmente atingir todos os alienados, os insatisfeitos e os descontentes, todos os que reconhecem e sentem nas entranhas que há algo de muito errado, que o sistema que o Partido de Wall Street criou não é só bárbaro, antiético e moralmente errado, mas também está falido.

Tudo isso tem de ser unido democraticamente em uma oposição coerente, que também tem de contemplar livremente com o que se parecem uma cidade alternativa, um sistema político alternativo e, por fim, uma forma alternativa de organizar a produção, distribuição e consumo para o benefício do povo. Se não o fizer, o futuro para os jovens que se encaminha para uma crescente dívida privada e austeridade pública profunda, em benefício ao um porcento, não é um futuro.

Em resposta ao movimento Ocupem Wall Street, o Estado, apoiado pelo poder da classe capitalista, tem um argumento surpreendente: ele, e só ele, tem o direito exclusivo de regular e organizar o espaço público. O público não tem o direito comum ao espaço público! Com que direito prefeitos, chefes de polícia, oficiais militares e autoridades do Estado dizem ao povo que têm o direito de determinar o que é público em “nosso” espaço público e quem pode ocupar esse espaço? Quando consideram em seu interesse expulsar-nos, o povo, de qualquer espaço que nós, o povo, decidamos ocupar coletiva e pacificamente? Dizem que agem no interesse público (e se referem a leis para prová-lo), mas somos nós o povo! Onde está “nosso interesse” nisso tudo? E, aliás, não é “nosso” dinheiro que os bancos e financistas usam tão descaradamente para acumular “seus” bônus?

Diante do poder organizado do Partido de Wall Street de dividir e conquistar, o movimento que está emergindo também deve ter como um de seus princípios fundadores que não será dividido nem se desviará de seu curso até que o Partido de Wall Street caia na real — para ver que o bem comum tem de prevalecer sobre os estreitos interesses do dinheiro — ou de joelhos. Os privilégios corporativos de ter todos os direitos dos indivíduos sem as responsabilidades de verdadeiros cidadãos têm de ser eliminados. Os bens públicos, como educação e saúde, têm de ser oferecidos publicamente e acessíveis a todos. Os poderes monopolistas na mídia têm de ser abalados. A compra de eleições tem de ser considerada inconstitucional. A privatização do conhecimento e cultura tem de ser proibida. A liberdade de explorar e despossuir outras pessoas tem de ser controlada e, no fim, impedida.

Os estadunidenses acreditam na igualdade. Pesquisas de opinião pública mostram (independentemente da filiação partidária) que, para a população, os 20% deveriam ter 30% da riqueza total. O fato de os 20% mais ricos deterem 85% da riqueza é inaceitável. O fato de que a maior parte disso seja controlada pelos 1% mais ricos é totalmente inaceitável. O que o movimento Ocupem Wall Street propõe é que nós, o povo estadunidense, nos comprometamos a reverter esse nível de desigualdade, não só de riqueza ou salários, mas, ainda mais importante, o poder político que essa disparidade gera. O povo estadunidense tem orgulho, com razão, de sua democracia, mas ela está à mercê do poder de corromper do capital. Agora que é dominada por esse poder o tempo de fazer outra Revolução Estadunidense, como Jefferson sugeriu ser necessário há muito tempo, está se aproximando: e que seja baseada em justiça social, igualdade e cuidado e contato consciente na relação com a natureza.

A luta que se criou — o Povo contra o Partido de Wall Street — é crucial para nosso futuro coletivo. A luta é global assim como local em sua natureza. Reúne estudantes chilenos confinados a uma luta de vida ou morte contra o poder político para criar um sistema de educação gratuito e de qualidade para todos, desmantelando o modelo neoliberal que Pinochet impôs tão brutalmente. Engloba os ativistas da praça Tahrir que reconhecem que a queda de Mubarak (como o fim da ditadura de Pinochet) foi apenas o primeiro passo de uma luta para emancipar-se do poder do dinheiro. Inclui os indignados da Espanha, os trabalhadores em greve na Grécia, a oposição militante que surge em todo o mundo, de Londres a Durban, Buenos Aires, Shenzhen e Mumbai. A dominação brutal do grande capital e o poder do dinheiro estão na defensiva em todos os lugares.

De que lado vamos estar, nós, indivíduos? Que rua vamos ocupar? Só o tempo dirá. Mas o que sabemos é que o tempo é agora. O sistema não está só quebrado e exposto, mas também incapaz de qualquer resposta a não ser a repressão. Então nós, o povo, não temos outra opção senão lutar pelo direito coletivo a decidir como o sistema será reconstruído e com base em qual modelo. O Partido de Wall Street teve sua vez e fracassou miseravelmente. Como construir uma alternativa em suas ruínas é tanto uma oportunidade inescapável quanto uma obrigação que nenhum de nós pode ou vai querer deixar de lado.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Elecciones en Francia

Ignacio Ramonet
Le Monde diplomatique

Por el momento, nadie tiene la partida ganada, aunque -según todas las encuestas- la final parece que se jugará entre dos candidatos: el presidente conservador saliente Nicolas Sarkozy, y el líder socialista, François Hollande. Pero quedan todavía varias semanas de campaña en las que muchas cosas pueden ocurrir. El entusiasmo popular que está levantando Jean-Luc Mélenchon da una nueva esperanza a las clases trabajadoras, a los militantes veteranos y a la multitud de los jóvenes indignados.

En Francia, la elección presidencial es "la madre de todas las votaciones" y el punto incandescente del debate político. Tiene lugar cada cinco años. Es un sufragio universal directo a dos vueltas. En principio, cualquier ciudadano francés se puede presentar a la primera vuelta, que tiene lugar esta vez el 22 de abril. Aunque debe cumplir una serie de requisitos. Entre ellos, contar con el apoyo de 500 cargos electos de al menos 30 departamentos (provincias) distintos. Si ningún candidato obtiene mayoría absoluta (más del 50% de los votos), se impone una segunda vuelta dos semanas después. Desde la instauración de la Quinta República en 1958, siempre hubo un segundo turno. A él acceden tan sólo los dos candidados que encabezan el primer turno. O sea, habrá que esperar hasta el próximo 6 de mayo para conocer el resultado. Entre tanto, toda la vida política gira en torno a ese acontecimiento central.

Por el momento, nadie tiene la partida ganada, aunque -según todas las encuestas- la final parece que se jugará entre dos candidatos: el presidente conservador saliente Nicolas Sarkozy, y el líder socialista, François Hollande. Pero quedan todavía varias semanas de campaña en las que muchas cosas pueden ocurrir. Y además, un tercio de los electores no ha decidido aún por quién votará.

Los debates se desarrollan en un contexto marcado por dos fenómenos principales: 1) la mayor crisis económica y social que Francia ha conocido en los últimos decenios; 2) una creciente desconfianza hacia el funcionamiento de la democracia representativa.

La Constitución sólo autoriza dos mandatos consecutivos. El presidente Sarkozy se declaró oficialmente, el 15 de febrero pasado, candidato a su propia succesión. Desde entonces la poderosa maquinaria de su partido, la Unión por un Movimiento Popular (UMP), se ha puesto briosamente en marcha. Y ha conseguido que todos los demás candidatos de derecha (excepto el soberanista Nicolas Dupont-Aignan) se retiren de la contienda para dejarle como único representante de la corriente conservadora. La batalla sin embargo no será facil. Todos las encuestas lo dan por derrotado en la segunda vuelta frente al candidato social-demócrata François Hollande.

Sarkozy se ha vuelto muy impopular. En el extranjero, muchas personas no lo conciben porque unicamente perciben su imagen de líder internacional enérgico dirigiendo, junto con Angela Merkel, las Cumbres europeas o las del G-20. Además, en 2011, asumió también una postura de jefe militar y consiguió ganar dos guerras, en Costa de Marfil y en Libia. Por otra parte, en el aspecto "glamour", su matrimonio con la célebre ex-modelo Carla Bruni, con quien acaba de tener una niña, contribuye a hacer de él un actor permanente de la prensa del corazón. De ahí la perplejidad de la opinión pública extranjera ante su eventual derrota electoral.

Pero hay que tener en cuenta, en primer lugar, un principio político casi universal: no se ganan unas elecciones gracias a un buen balance de política exterior, por excelente que sea. El ejemplo histórico más conocido es el de Winston Churchill, el "viejo león" británico vencedor de la Segunda Guerra Mundial y derrotado en las elecciones de 1945. O el de Richard Nixon, el presidente estadounidense que puso fin a la guerra de Vietnam y reconoció a China popular, pero se vio obligado a dimitir para no ser destituido. Hay que añadir que otra ley parece haberse establecido en Europa estos últimos años en el contexto de la crisis financiera: ningún gobierno saliente ha sido reelegido.

En segundo lugar, está el balance de su mandato, que es execrable. Además de los numerosos escándalos en los que se ha visto envuelto, Sarkozy ha sido el "presidente de los ricos" a quienes ha hecho regalos fiscales inauditos, mientras sacrificaba a las clases medias y desmantelaba el Estado de bienestar. Esa actitud ha alimentado las críticas de todos los ciudadanos que, poco a poco, se han visto engullidos por las dificultades: pérdida de empleo, reducción del número de funcionarios, retraso de la edad de jubilación, aumento del costo de la vida... No cumplió sus promesas. Y la decepción de los franceses se amplificó.

Sarkozy cometió también garrafales errores de comunicación. La noche misma de su elección en 2007 se exhibió en un célebre restaurante parisino de los Camps Eliseos festejando sin complejos en compañía de un puñado de multimillonarios. Aquella interminable juerga en el Fouquet's quedó como el símbolo de la vulgaridad y la ostentación de su mandato. Los franceses no lo han olvidado y muchos de sus propios electores modestos jamás se lo perdonaron.

Con su hiperactivismo, su voluntad de estar presente en todas partes y de decidirlo todo, Sarkozy olvidó una regla fundamental de la Quinta República: el presidente -que posee más poder que cualquier otro jefe de ejecutivo de las grandes democracias mundiales- debe saber guardar las distancias. Dosificar con prudencia sus intervenciones públicas. Ser el señor de la penumbra. No quemarse por exceso de sobreexposición. Y es lo que le ha pasado. Su hipervisibilidad desgastó pronto su autoridad, y lo convirtió en su propia caricatura, la de un dirigente permanentemente acalorado, impetuoso, excitado.

Ni una sola encuesta, hasta ahora, lo da vencedor de estas elecciones. Pero Sarkozy es un guerrero dispuesto a todo. Y también, a veces, un golfo sin escrúpulos, capaz de actuar como un auténtico aventurero. De tal modo que, desde que se lanzó a la campaña el mes pasado, con un descaro monumental no ha dudado en presentarse -él, que ha sido el "presidente de los ricos"- como "el candidato del pueblo" esgrimiendo argumentos próximos de la xenofobia para robarle votos a la extrema-derecha. No sin eficacia electoral. Y en las intenciones de voto, inmediatamente ganó varios puntos hasta conseguir situarse por encima del candidato socialista.

Éste, François Hollande es, por el momento, el favorito de los sondeos. Todos, sin excepción, lo dan vencedor el 6 de mayo próximo. Poco conocido en el extranjero, Hollande es considerado por sus propios electores como un burócrata por haber sido durante más de once años (1997-2008) Primer secretario del Partido socialista. Contrariamente a su ex-compañera Segolène Royal, nunca fue ministro. Y su nombramiento como candidato de los socialistas no resultó evidente. Sólo fue designado después de unas durisimas elecciones primarias en el seno de su partido (a las que, por razones harto conocidas, Dominique Strauss-Kahn, el preferido de los electores socialistas, no pudo competir).

François Hollande es un social-liberal del centro, conocido por sus habilidades de negociador y su dificultad a tomar decisiones. Se le reprocha ser demasiado blandengue y mantener en permanencia la confusión. Su programa económico no se distingue netamente, en el fondo, del de los conservadores. Después de haber afirmado en un discurso electoral que "el enemigo principal" eran las finanzas, se apresuró de ir a Londres a tranquilizar a los mercados recordándoles que nadie había privatizado más y liberalizado más que los socialistas franceses. En lo que respecta al euro, a la deuda soberana o a los déficits presupuestarios, Hollande -que afirma ahora querer renegociar el Pacto fiscal- está en la misma linea que otros dirigentes social-demócratas, como Yorgos Papandreou (Grecia), José Socrates (Portugal) y José Luis Zapatero (España), quienes, después de haber abjurado sus principios y aceptado las horcas caudinas de Bruselas, fueron electoralmente expulsados del poder.

La flacidez política de François Hollande aparece aún más flagrante cuando se le compara con el candidato del Frente de Izquierda, Jean-Luc Melenchon. Con 14% de las intenciones de voto, éste está resultando la gran revelación de estas elecciones. Sus mítines son los que reunen el mayor número de personas, y sus discursos, verdaderos modelos de educación popular, los que levantan el mayor entusiasmo. El domingo 18 de marzo, aniversario de la revolución de la Comuna de Paris, consiguió movilizar a unas 120 000 personas en la plaza de la Bastilla, cosa jamás vista en los últimos cincuenta años. Todo ello debería favorecer un viraje a la izquierda de los socialistas y de François Hollande. Aunque las diferencias de lineas son abismales.

El programa de Jean-Luc Melenchon, resumido en un librito titulado L'Humain d'abord! (¡Primero lo humano!) del que ya se han vendido centenares de miles de ejemplares, propone, entre otras medidas: repartir la riqueza y abolir la inseguridad social; arrebatarle el poder a los bancos y a los mercados financieros; una planificación ecológica; convocar una Asamblea constituyente para una nueva República; liberarse del Tratado de Lisboa y construir otra Europa; iniciar la desmondialización...

El entusiasmo popular que está levantando Jean-Luc Mélenchon da una nueva esperanza a las clases trabajadoras, a los militantes veteranos y a la multitud de los jóvenes indignados. Es también una respuesta a una democracia en crisis en la que muchos ciudadanos ya no creen en la política ni en el ritual de las elecciones.

Mientras se desinfla la extrema derecha y fracasa la tentativa de revivirla mediante el experimento de Marine Le Pen, estas elecciones presidenciales francesas podrían demostrar que, en una Europa desorientada y en crisis, sigue viva la esperanza de construir un mundo mejor.

domingo, 1 de abril de 2012

Malvinas: Contarlo desde marzo

Mario Wainfeld
Página 12

Las dictaduras prolongadas pueden llegar a parecer eternas (al menos para quienes las sufren). Impenetrables como un bloque de cemento. Pero un día se resquebrajan. Ese día, de ordinario, no surge de milagro ni de improviso: el deterioro es progresivo, pero no siempre se percibe. De pronto, por así decir, lo sólido se muestra vulnerable, se cuartea. Así ocurrió, casi textualmente, con el Muro de Berlín, que sirve de ejemplo y de parábola al efecto. Así parece haber sido en las revoluciones de los países árabes ocurridas recientemente. La dictadura que arrasó con la Argentina se cuarteó el 30 de marzo de 1982, cuando una multitud la desafió en las calles, se movilizó tras una consigna sencilla y básica: “Paz, pan y trabajo”. El avance popular se hizo grito en estrofas que se venían coreando (cada vez con más adhesiones y menos pruritos) en las canchas de fútbol: “Se va a acabar/ se va a acabar/ la dictadura militar”. Cuando muchos creen que se puede acabar, sacuden sus temores y exponen sus cuerpos al efecto, es el comienzo del fin.

El 30 de marzo la dictadura empezó a caer. Reprimió ferozmente, pero los manifestantes no cejaban. Hubo un muerto, Dalmiro Flores, imposible reconstruir la cantidad de heridos. Columnas organizadas, militantes sueltos que recobraban viejas prácticas, jóvenes que hacían su bautismo de lucha tratando de llegar a la Plaza de Mayo, ¿dónde si no?

Hay un dato siempre ilustrativo para “leer” una movilización realizada en un día laborable, enfrentando carros de asalto, gases y perros: ver qué hacen quienes no participan. No hablamos de “la minoría silenciosa” o de la opinión pública, sino de las miles de personas de a pie que, de movida, son testigos presenciales. Los que estaban en la pura calle, en oficinas, en bares, en la zona que va desde Tribunales a la Plaza, el epicentro de la represión. “Los demás” eran muy mayoritariamente solidarios con los que más se jugaban: aplaudían, daban una mano o acercaban una botella de agua, abrían una puerta generosa para darle una aliviada a un prófugo, asistían a los golpeados. Puteaban (fuerte o por lo bajo, según su temperamento o su coraje) a “los milicos”, los que gobernaban y los que reprimían a su propio pueblo.

El célebre 2 de abril, es consabido, llegó tres días después. La decisión del desembarco, comentan los historiadores buceando en la turbia información dictatorial, estaba tomada antes. Como fuera, empíricamente ocurrió pocas horas después, cuando muchos manifestantes seguían presos, incluyendo a Saúl Ubaldini, que despuntaba como protagonista de los años venideros.

¿Pudo haber 2 de abril sin 30 de marzo? Es una hipótesis probable. En la tozuda realidad, que pesa más, no lo hubo. También es evidente que Malvinas fue una decisión de la Junta Militar para contrarrestar el deterioro de la dictadura. La fantasía de la “cría del Proceso” (una fuerza política democrática que la perpetuara, como pudo lograr más adelante el pinochetismo) se diluía. Hay otro factor esencial, que describe bien el juez Daniel Rafecas en su más que recomendable libro Historia de la solución final: uno de los objetivos estratégicos de todo genocidio es garantizar la impunidad futura. Para las mentes pensantes de la dictadura (que las tenía y por eso duró lo que duró y consiguió varios de sus objetivos) debía ser notorio que la impunidad se le escurría entre los dedos. Malvinas fue, pues, un intento de relegitimación, tal su matriz, su objetivo estratégico principal. Escindirlo de otros aspectos es un ejercicio conceptual posible, quién le dice necesario, pero imperfecto desde el vamos.

Apoyos y manipulación

Es imposible cuantificar el apoyo popular a la invasión y luego a la guerra. Las elecciones democráticas añaden a sus tantas virtudes la de medir con precisión el pronunciamiento soberano. En tiempos de dictadura los cálculos son más imprecisos. La primera reacción, según la mirada del cronista entonces y ahora, fue de un aval mayoritario, cuanto menos muy extendido. La manipulación del régimen, cabe acotar, no existió en ese primer momento. La dictadura difundió su propio imaginario: el golpe de mano sería exitoso, no habría guerra. Era un punto de vista descolocado, primitivo... pero hasta ahí, era sincero. Quienes lo acompañaban, por muy loables que fueran sus designios, resultaban funcionales al afán de perpetuación de la dictadura. El cronista expone su parecer, en un tiempo propicio para la reflexión y el debate: fue un error colectivo, tomando en cuenta costos políticos y beneficios virtuales. Más aún con el 30 de marzo fresquito en las conciencias.

A poco andar, los hechos contrariaron las torpes predicciones de los tiranos. Gran Bretaña y Estados Unidos no toleraron la afrenta, su historia lo anticipaba, ciego era quien no quería verlo. Desde que el plan inicial falló, comenzó un proceso de manipulación y desinformación mediática gigantesco en el que intervinieron los medios públicos y también los privados más importantes. Su impacto y credibilidad fueron inmensos. Es posible asumir la vulnerabilidad de una población embotada tras años de dictadura. Los autoritarismos extremos resienten la capacidad de pensar de todos sus súbditos, aun de aquellos que no son sus partidarios o se le oponen. La carencia de libertades públicas, de debate democrático, afecta a todos, aunque en proporciones disímiles. La mentira repetida era imposible de contrarrestar en el ágora. El sentimiento patriótico conspiraba contra la posibilidad de discernir entre verdad y mentira.

La perversidad de las autoridades fue muy lejos: convocaban a los alumnos a escribir cartas dirigidas a los conscriptos que, a poco andar, ni fueron remitidas. Se movilizó a miles de personas a que donaran sus bienes para un fondo patriótico. Personas conmovidas donaban lo mejor de sus patrimonios, lo que “no tenían”, los anillos de la familia, en un desfile conmovedor transmitido durante 24 horas seguidas por tevé. Fueron choreados, sin más.

En ese estadio, tal vez era muy complicado sustraerse al clima emocional reinante. De cualquier modo, sigue siendo chocante que se hayan sumado grupos militantes con saberes propios, conocedores y víctimas del terrorismo de Estado, exiliados que tenían formación ideológica, martirio sobre sus espaldas y otros modos de informarse.

Sin salida

La historia tiene trances difíciles, encrucijadas sin salida virtuosa posible. Malvinas lo fue por antonomasia. Racionalmente, en un documento o en un análisis, podía escindirse la reivindicación histórica de la motivación de la dictadura, del espaldarazo que le valió “la gesta”, del oxígeno que propiciaría una victoria o un pacto ventajoso. En el teatro de operaciones políticas, dentro del espacio continental que albergaba los campos de exterminio, la distinción era una sutileza imposible. Si se ganaba, del modo que fuera, era un golazo de los represores.

Y, de cualquier manera: ¿qué pensar y hasta qué desear cuando el propio país está en guerra, los soldados exponen la vida y los ingleses hunden el General Belgrano? León Rozitchner, un intelectual único y provocador, se atrevió a decir que deseaba la derrota argentina, pensando en las consecuencias aciagas de la victoria bélica. Había que tener coraje cívico para enunciar eso... no dejaba de ser un punto de vista aislado, muy ajeno al contexto. El cronista, que compartía la predicción, no pudo pensar igual. ¿Cómo anhelar la derrota y, sobre todo, los costos humanos que recaían en cuerpos que no eran los de los represores?

Como en ese pasado remoto, este escriba cree que, ante dilemas tales, es imposible desear ni imaginar nada bueno, que las cartas estaban echadas para un final trágico. La mezcla era insalvable, la coartada patriótica se puso al servicio de la prolongación del peor régimen que jamás tuvimos.

Llegó la rendición, que se avizoraba leyendo entre líneas la información del régimen. No fueron tantos los que se fueron percatando. Estalló la reacción popular, quizá con más furia por la mentira que por todo lo realizado. En el ínterin, una muchedumbre recibió al papa Juan Pablo II y coreó “queremos la paz”. En tres meses, las posiciones se fueron reformulando a ritmo de vértigo. Hubo desvaríos, duraron bien poco, se dejaron de lado para siempre. O por decir lo palpable, durante 30 años.

El sueño y la pesadilla de los héroes

La dictadura implotó con Malvinas, se derrumbó como los edificios sabiamente preparados al efecto. El saldo más terrible: centenares de soldados muertos, miles de vidas arrasadas, otra deuda de sangre generada por los represores. Quienes combatieron sin ánimos de blanquear la dictadura cumplieron su deber ciudadano, entregaron todo. La sociedad les debe agradecimiento, reparación, contención, homenajes.

¿Merecen ser llamados “héroes de Malvinas” todos los que empuñaron las armas? De nuevo, es forzoso distinguir. Los represores que (con emoción patriótica o sin ella, tanto da) combatían en pos de su impunidad y la conservación del poder son un conjunto bien distinto del de los conscriptos. Atávicamente, varios reiteraron en las islas sus hábitos de torturador, no con el enemigo en combate, sí con argentinos jóvenes, sus subordinados. Otros jóvenes, la misma praxis.

Todo rescate de Malvinas exige el beneficio de inventario. Los héroes de Malvinas, los hay, son los que viajaron sin fines subalternos. En parte fueron víctimas de la estulticia militar, muchos de su brutalidad. Pero también fueron protagonistas de una historia que no podía terminar bien. No lo sabían, no especularon, sólo merecen respeto y gratitud.

Treinta años después

Alguna vez el historiador Luis Alberto Romero preguntó si la bronca popular con los militares fue por haber iniciado la guerra o por haberla perdido. La pregunta es sugestiva, su respuesta tal vez varió (para mejor) con el andar del tiempo. No sólo en las palabras sino especialmente en el macizo terreno de los hechos.

La sociedad civil y el Estado argentinos construyeron en casi tres décadas una saga consistente de rechazo a la guerra y en general al uso de la fuerza. Los conflictos limítrofes con países vecinos se dirimieron por medios pacíficos, las relaciones con el vecindario son las más cooperativas de la historia, sin hipótesis de conflicto bélico que interfieran. En la política doméstica, con el ejemplo insigne de Madres y Abuelas, los movimientos sociales (aun los más radicales y afectos a la acción directa) son no violentos, en esencia.

Más en general y más retrospectivamente, los gobiernos nacionales y populares buscaron, con tendencia a la unanimidad, resolver los conflictos internacionales de modo pacífico, muy a menudo siendo concesivos en el plano territorial. Los presidentes Juan Domingo Perón y Raúl Alfonsín son ejemplos concordantes en ese aspecto. La tradición de los partidos nacional populares fue procurar la integración regional y ninguno de sus líderes jamás fantaseó con invadir Malvinas. Vale la pena resaltar el precedente, para contraponerlo a la ligereza con que se avaló el aventurerismo de la dictadura.

Son válidas las credenciales argentinas para peticionar negociaciones por Malvinas. Tres décadas de pacifismo ininterrumpido, la procura paciente ante los organismos internacionales, el repudio interno a la dictadura y juicios a sus responsables.

Ejercicios de introspección como el que propone el cronista líneas arriba son deseables, pero son exóticos a las tratativas internacionales. Los Estados y los pueblos no van a las mesas de negociaciones clamando autocríticas. No lo hicieron los alemanes y franceses como paso previo a construir el Mercado Común Europeo. No lo hacen los países que fueron colaboracionistas con el nazismo. La rectificación, los cambios de paradigma son el rumbo, se vienen emprendiendo.

Tácticas

Los sucesivos gobiernos surgidos desde 1983 elaboraron diferentes tácticas respecto de Malvinas. Los discursos que las sostuvieron también marcaron diferencias. El potente común denominador fue la vía pacífica y el ejercicio de la paciencia. Hasta la más necia y concesiva de todas, la menemista, se inscribe en el virtuoso denominador común, lo que no la absuelve pero la integra al conjunto.

Nadie puede sincerar en medio de un tira y afloje que espera poco del futuro inminente, pero todos los mandatarios asumieron ese condicionante. También los gobiernos kirchneristas que han sido activos en los foros internacionales y ganaron terreno en el conteo de aliados, en especial en América del Sur. El avance no establece un giro copernicano ni abrevia a meses lo que insumirá años, si hay grandes progresos. Pero combina, en dosis razonables, ambición de cambio y sensatez. Ni la dictadura ni la guerra están en la agenda de los argentinos. Desde ese salto de calidad histórico se recorre el espinel internacional.

Contarlo desde marzo

Puertas adentro, en la revisión permanente de las luchas populares, la crónica de la guerra de Malvinas debe contarse desde el 30 de marzo. Esa movida fue una epopeya popular, mucho más nítida y rescatable que el apoyo a un manotazo de ahogado de la dictadura, con un envoltorio grato a las tradiciones nacionales.

El 2 de abril es un feriado extraño, restaurado en democracia por el gobierno de Fernando de la Rúa. El 24 de marzo de 2001, al cumplirse 25 años del golpe militar, hubo actos masivos repudiándolo. El presidente y en especial su ministro de Defensa, Ricardo López Murphy, quisieron compensar a las Fuerzas Armadas (bien mirado, a un sector retrógrado de ellas) reponiendo la fecha elegida por la dictadura. Es el Día del Veterano y de los Caídos en las Islas Malvinas: nada se celebra de la guerra ni del desembarco... aun así la fecha sigue siendo indigesta. Puede haber otras, menos connotadas por la demasía dictatorial. La Presidenta discurrió al respecto en discursos pronunciados este año, tal vez en 2013 la efemérides quede mejor situada.

El 30 de marzo no figura en rojo en el almanaque. No le hace: es una fecha gloriosa. El cronista no es un entusiasta de la instalación de efemérides, pero se pregunta por qué en la Argentina no las hay de grandes movilizaciones. El 17 de octubre, se dirá, sigue teniendo la sospecha del partidismo... en fin. El 30 de marzo, tras la convocatoria del sector rebelde del movimiento obrero, marcharon laburantes y militantes peronistas, también jóvenes integrantes de la Coordinadora radical y ciudadanos de izquierda. Si, más adelante, se agrega otro número rojo al calendario, vendría bien considerar esa jornada de gesta, con el pueblo en la calle, como para matizar la secuencia de necrológicas, días infaustos, hechos institucionales. Tal vez, quién sabe.

sábado, 31 de março de 2012

El mundo visto desde el Sur

Samir Amin
ALAI

¿Cuál es su visión del mundo visto desde el Sur y desde una perspectiva del sur? Es decir, su visión del mundo y las posibilidades de cambiarlo; su propuesta conceptual y política en torno a la implosión del capitalismo y la desconexión del mismo; y el análisis del contexto mundial, visto especialmente desde el Oriente medio y África.

Para responder esta pregunta, que no es nada sencilla, es necesario dividir el tema en 3 partes. Nos interrogaremos primeramente sobre cuáles son las características importantes y decisivas del capitalismo contemporáneo −no del capitalismo en general, sino del contemporáneo−; qué tiene de nuevo realmente; qué es lo que le caracteriza. En segundo lugar enfocaremos la naturaleza de la actual crisis que, más que una crisis, yo la defino como una implosión del sistema capitalista contemporáneo. En tercer lugar, en este mismo marco, analizaremos cuáles son las estrategias y las fuerzas reaccionarias dominantes, es decir, del capital dominante, de la triada imperialista Estados Unidos-Europa-Japón y de sus aliados reaccionarios en el mundo entero. Solamente habiendo comprendido esto, podremos dimensionar el desafío al que se enfrentan los pueblos del Sur, tanto en los países emergentes como en el resto de países.

Mi tesis sobre la naturaleza del sistema capitalista contemporáneo −que de modo más modesto la llamaré «hipótesis» porque está abierta a discusión−, es que hemos entrado en una nueva fase del capitalismo monopólico, se trata de una etapa cualitativamente nueva, pautada por el grado de centralización del capital, cuya condensación llega a tal punto que, hoy en día, el capital monopolico lo controla todo.

Claro que el concepto ‘capital monopólico’ no es nuevo, fue acuñado a fines del siglo XIX y, de hecho, este se desarrolló como tal, a través de distintas fases sucesivas, durante todo el siglo XX; pero es a partir de los años 1970-1980 que despunta una etapa cualitativamente nueva, pues antes existía pero no lo controlaba todo. En la actualidad, ya no existe ninguna actividad económica capitalista que sea autónoma o independiente del capitalismo monopólico, este controla todas y cada una de las actividades, aún aquellas que conservan una apariencia de autonomía. Un ejemplo, de entre muchos, es el de la agricultura en los países capitalistas desarrollados, donde es controlada por los monopolios que proveen los insumos, las semillas seleccionadas, los pesticidas, los créditos y las cadenas de comercialización.

Eso es decisivo, es un cambio cualitativo al que yo llamo de «monopolio generalizado», es decir, que se extiende a todas las esferas. Esta característica provoca consecuencias sustantivas e importantes. En primer lugar, se ha desvirtuado completamente la democracia burguesa, pues si antes se fundamentaba en una oposición izquierda-derecha, que correspondía a alianzas sociales, más o menos populares, más o menos burguesas, pero diferenciadas por sus concepciones de la política económica, en la actualidad, en Estados Unidos, por ejemplo, republicanos y demócratas, o en Francia socialistas de la corriente de Hollande y la derecha de Sarkozy, son lo mismo, o casi lo mismo. Es decir que todos están alineados a un consenso que es el mandato del capital monopólico.

Esa primera consecuencia constituye un cambio en la vida política. La democracia así desvirtuada, se ha convertido en una farsa, como se ve en las elecciones primarias de Estados Unidos. El capital monopolista generalizado ha provocado consecuencias muy graves, ha convertido a los Estados Unidos en una nación de ‘tontos’, es grave porque la democracia ya no se expresa.

La segunda consecuencia es que el ‘capitalismo generalizado’ es la base objetiva de la emergencia de lo que llamo de «imperialismo colectivo» de la triada Estados Unidos-Europa-Japón. Es un punto que afirmo con vehemencia, pues aun siendo una hipótesis estoy en capacidad de defenderla: no hay mayores contradicciones entre Estados Unidos-Europa-Japón, existe una ligera competición en el plano comercial, pero en el plano político, el alineamiento con las políticas definidas por Estados Unidos como política mundial, es inmediato. Lo que llamamos «comunidad internacional» copia el discurso de los Estados Unidos y tres minutos después aparecen los embajadores europeos, con algunas comparsas de grandes demócratas, como el emir de Catar o el rey de Arabia Saudita. La ONU no existe, esa representación de los Estados es una caricatura.

Es ésta la transformación fundamental, la transición del capitalismo monopólico al ‘capitalismo monopólico generalizado’, lo que explica la financiarización, porque estos monopolios generalizados son capaces, debido al control que detentan sobre todas las actividades económicas, de bombear una parte cada vez más grande de la plusvalía en todo el mundo y convertirla en la rampa monopolista, la rampa imperialista, que constituye la base de la desigualdad y del estancamiento del crecimiento de los países del Norte y de la triada Estados Unidos-Europa-Japón.

Eso me lleva al segundo punto: es este sistema que está en crisis y, más aún, no es solamente una crisis: es una implosión, en el sentido de que este sistema no es capaz de reproducirse desde sus propias bases, es decir, es víctima de sus propias contradicciones internas.

Este sistema implosiona, no porque sea atacado por el pueblo, sino a causa de su éxito, el éxito de haber logrado imponerse en el pueblo le lleva a provocar un crecimiento vertiginoso de las desigualdades, que no solamente es escandaloso socialmente sino que es inaceptable, pero termina siendo aceptado, y aceptado sin objeción; pero no es esa la causa de la implosión, sino el hecho de que no pueda reproducirse desde sus propias bases.

Eso me lleva a la tercera dimensión, que tiene que ver con la estrategia de las fuerzas reaccionarias dominantes. Cuando hablo de fuerzas reaccionarias dominantes me refiero al capital monopólico generalizado de la tríada imperialista histórica Estados Unidos-Europa-Japón, a las que se suman todas las fuerzas reaccionarias alrededor del mundo que se agrupan, de una forma u otra, en bloques hegemónicos locales, que sostienen y se inscriben en esta dominación reaccionaria mundial. Estas fuerzas reaccionarias locales son extremadamente numerosas y difieren enormemente de un país al otro.

La estrategia política de las fuerzas dominantes, es decir, del capital monopólico generalizado, financiarizado, de la tríada imperialista colectiva histórica tradicional: Estados Unidos-Europa-Japón, está definida por su identificación del enemigo. Para ellos, el enemigo son los países emergentes, es decir, China, el resto, como India, Brasil y otros, son para ellos semiemergentes.

¿Por qué China? Porque la clase dirigente china tiene un proyecto, no voy a entrar en detalles sobre la naturaleza socialista o capitalista de este proyecto, lo importante es que cuenta con un proyecto, que consiste en no aceptar los mandatos del capital monopolista generalizado financiarizado de la tríada, que se impone mediante sus ventajas: control de la tecnología, control del acceso a los recursos naturales del planeta, de los medios de comunicación, la propaganda, etc., control del sistema monetario y financiero mundial integrado y de las armas de destrucción masiva. China viene a cuestionar este orden, sin hacer ruido.

China no es subcontratista, hay sectores en China que lo son, en su calidad de fabricantes y vendedores de juguetes baratos y de mala calidad, solo porque necesitan echar mano de divisas, eso es fácil, pero no es eso lo que caracteriza a China, sino su desarrollo y la rápida absorción de tecnología de punta, su reproducción y desarrollo propio. China no es el taller del mundo, como opinan algunos. No es «made in China» (hecho en China) sino «made by China» (hecho por China), eso ahora es posible porque ellos hicieron una revolución: el socialismo construyó paradójicamente la vía que hizo posible disputar un cierto capitalismo.

Yo diría que después de China, el resto de países emergentes son secundarios. Si tuviera que calificarlos, calificaría de emergente a China con 100%, Brasil 30% y el resto de países 20%. El resto, en comparación con China, son subcontratistas, porque tienen negocios de subcontratación importantes, porque tienen un margen de negociación, hay un compromiso entre el capital monopolista generalizado financiarizado de la tríada y los países emergentes como India y Brasil y otros. No pasa lo mismo con China. Por eso la guerra contra China figura como parte de la estrategia de la ‘triada’. Hace 20 años había ya estadounidenses locos que defendían la idea de declararle la guerra, porque después sería muy tarde.

Los chinos tuvieron éxito, es por eso que su política exterior es tan pacífica, y ahora Rusia entra a formar parte, junto a ellos, de la categoría de verdaderos países emergentes. Vemos a Putin, planteando la modernización del ejército ruso, intentando rehacer lo que era la armada soviética, que constituyó un verdadero contrapeso a la potencia militar de los Estados Unidos, esto es importante. No discuto aquí sobre el hecho de que Putin sea o no demócrata, o si su perspectiva es socialista o no; no se trata de eso, sino de la posibilidad de contraponer al poder de la triada.

El resto del mundo, el resto del Sur, todos nosotros, ustedes los ecuatorianos, nosotros los egipcios, y muchos otros, no contamos. Al capitalismo monopólico colectivo, nuestros países apenas le interesan por una sola razón: el acceso a nuevos recursos naturales, porque este capital monopólico no puede reproducirse sin controlar, despilfarrar los recursos naturales de todo el planeta. Es lo único que les interesa.

Para garantizarse un acceso exclusivo a los recursos naturales, los imperialistas necesitan que nuestros países no se desarrollen. El ‘lumpendesarrollo’, como lo definió Andre Gunder Frank, se dio en circunstancias muy distintas, pero tomo prestado el término ahora en condiciones diferentes, para describir cómo el único proyecto del imperialismo para nosotros es el no-desarrollo. Desarrollo de lo anómalo: pauperización más petróleo, crecimiento falso, o gas, madera, o lo que sea, para tener acceso a los recursos naturales y es eso lo que está a punto de implosionar, porque es lo que se ha vuelto intolerable moralmente, el pueblo no lo acepta más.

Es aquí donde se generan las implosiones, las primeras olas de implosión se originaron en América Latina, y no es producto del azar que hayan tenido lugar en países marginales, como Bolivia, Ecuador, Venezuela. No es producto del azar. Luego, la primavera árabe, ya tendremos otras olas en Nepal y otros países, porque no es algo que esté sucediendo solo en una región específica.

Para el pueblo que es protagonista de esto, el desafío es enorme. Es decir, el desafío no se da en el marco de este sistema, en el intento de trascender desde el neoliberalismo hacia un capitalismo con rostro humano, entrar en la lógica de la buena gobernanza, de la reducción de la pobreza, la democratización de la vida política, etc. porque todos esos son modos de gestionar la pauperización, que es el resultado de esta lógica.

Mi conclusión –desde una postura enfocada principalmente en el mundo árabe− es que esta no es apenas una coyuntura sino mas bien un momento histórico, que se presenta formidable para el pueblo. Me refiero a la revolución, pero aun si no quiero abusar de ese término, están dadas las condiciones objetivas para construir amplios bloques sociales alternativos anticapitalistas, hay un contexto para la audacia, para plantear un cambio radical.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Occupy: Movimentos de protesto que tomaram as ruas

Henrique Soares Carneiro
Carta Maior

A memória coletiva marcará 2011 como o ano em que as pessoas tomaram as ruas de diversos países em uma onda de mobilizações e protestos sociais: um fenômeno que começou no norte da África, derrubando ditaduras na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen; estendeu-se à Europa, com ocupações e greves na Espanha e Grécia e revolta nos subúrbios de Londres; eclodiu no Chile e ocupou Wall Street, nos EUA, alcançando no final do ano até mesmo a Rússia. Das praças ocupadas por acampamentos às marchas de protesto nas avenidas das principais metrópoles, emergiu uma consciência de solidariedade mútua que resultou em toda sorte de material multimídia sobre o movimento na internet, amplamente compartilhado nas redes sociais.

Inspirada por essa campanha colaborativa, está sendo lançada a coletânea Occupy – movimentos de protesto que tomaram as ruas, a qual reúne artigos de pensadores críticos deste novo momento da política global em que a voz das ruas passa a ocupar o cenário. O livro será vendido a preço de custo, graças à colaboração dos autores e ilustradores, que cederam os direitos autorais para tornar a obra mais acessível e condizente com a proposta do movimento.

Imbuídos não só da lucidez da crítica, mas também da esperança e da paixão pelo engajamento, os textos apresentam alguns consensos, como a certeza do declínio geral do capitalismo; a percepção de uma nova solidariedade social; e a análise da ausência, até o momento, de uma definição estratégica dos movimentos de ocupação.

Apesar de Tariq Ali dizer que saber contra quem se luta é um importante começo, Slavoj Žižek é bem categórico ao afirmar que não basta saber o que não se quer, é preciso saber o que se quer. O povo, de acordo com ele, sempre tem a resposta, o problema é não saber a pergunta.

A identificação da desigualdade social, da riqueza e do poder de 1% da população mundial contra os 99% já está clara de acordo com João Alexandre Peschanski. Giovanni Alves acredita que é essencial um programa coerente para a formação de um novo movimento de organização de classe que junte o proletariado e o precariado, mas a conclusão de Vladimir Safatle sobre o programa reformista e regulacionista do capitalismo é categórica e controversa: “a época em que nos mobilizávamos tendo em vista a estrutura partidária acabou”.

No hemisfério norte, Immanuel Wallerstein e Mike Davis comemoram 2011 como um bom ano para a esquerda, enquanto David Harvey defende a importância da união dos corpos no espaço público. Com foco no Oriente Médio, Emir Sader analisa a Primavera Árabe, em que a necessidade de organizações políticas é ainda maior dada a presença dos movimentos fundamentalistas e de uma interferência militar direta da OTAN e dos EUA.

O caso brasileiro, abordado no texto de Edson Teles, ainda não teve movimentos da mesma magnitude que os de outros países, mas possui a peculiaridade de mobilizar setores da juventude e de excluídos sociais. Tais grupos foram alvo, em 2011, de uma sistemática repressão policial, desde as marchas da maconha em São Paulo e a entrada de tropas de choque na USP até a expulsão dos moradores do Pinheirinho e os projetos higienistas no centro das capitais.

A extrema-direita, que revelou em 2011 a sua face mais explícita, no massacre na Noruega, também cresce. A troika (União Europeia, FMI e Banco Europeu) dita ordens de mais austeridade e todos os governos as seguem. Ao que tudo indica, o duro inverno do hemisfério norte será seguido por uma primavera politicamente quente em 2012, colocando na ordem do dia o debate sobre a natureza e a evolução dos novos movimentos políticos que floresceram em 2011. Poderá a indignação se tornar revolução?

quinta-feira, 29 de março de 2012

Chile, Marx y los terremotos

Pablo Paredes
Página 12

Hace algunas semanas se conmemoraron dos años desde el segundo terremoto que he vivido. Mis padres recuerdan cuatro terremotos y mi abuela se murió poco después de su sexto gran episodio telúrico. Mi padre dice que el pánico fue lo que la echó a perder. Yo pienso que la vida de los chilenos es, en promedio, de cinco terremotos y que mi abuela andaba burlando a la geología con su biología.

Después de mi segundo terremoto –el último de mi abuela–, mi biología no cambió mucho más allá de un abultamiento del estrés, sin embargo, el país se movió políticamente aún más que los tres metros que se desplazó la ciudad de Concepción. La cosa fue más o menos así: un terremoto de 8,9º y un maremoto que la autoridad no supo anunciar se llevaron pueblos y vidas enteras. Luego vinieron el desabastecimiento, la falta de servicios básicos y lo que los medios chilenos llamaron “el terremoto social”, que en realidad no fue otra cosa que una crisis generalizada de la propiedad privada en un momento en que los cuerpos sintieron colectivamente la urgencia del hambre, el frío y el miedo.

El terremoto se ensañó con pueblos pobres, y los pobres que habían salido de pantalla ya desde los ’90, invisibilizados por el resplandor del “milagro chileno”, volvieron a escena. Sí, los pobres aún existen en Chile tuvo que reconocer a regañadientes el Modelo. La desigualdad, tan evidente ya en la superficie, tuvo que salir desde el fondo de la tierra para volverse un tema-país. Lo que vino después ha sido esa griega comunión entre paisaje geográfico y paisaje social que es Chile, la permanente agudización de las contradicciones entre la Placa de Nazca y la Sudamericana. La gente comenzó a marchar como no lo hacía desde finales de la dictadura, porque una cosa es aceptar que un megasismo nos cambie el paisaje y otra, muy distinta, es darles ese honor a transnacionales que buscan levantar enormes represas para luego lucrar con nuestros servicios básicos.

El país que debía reconstruirse pudo mirarse bien adentro por las heridas y, necesariamente, tuvo que preguntarse por la educación, hasta llegar a congregar cerca de un millón de personas en el Parque O’Higgins, demandando educación gratuita y de calidad. Porque fíjese que después del terremoto, “la gratuidad” ya no le parecía un delirio sesentero a la neoliberal conciencia chilena. El discurso hegemónico había sido quebrado en 2 minutos 57 segundos de movimiento subterráneo y su devenir en movimiento social. Sumábamos así un: Sí, los pobres aún existen en Chile y sí, la educación es causal directa de la inequidad social.

Ahora, en el 2012, el conflicto suma al abandono de las regiones, la acusación de un centralismo que hace de Santiago una especie de colegio privado y de las regiones unas escuelas públicas abandonadas a las que nadie quiere inyectarles recursos, pero cuyos árboles de sus patios son talados para construir las pizarras de Santiago. La concentración y el saqueo se han vuelto nuestra política económica, entonces todo lo que está fuera del centro de poder –sea ésta una escuelita de un barrio periférico de Santiago o la Patagonia chilena entera– es depositario de injusticia, de violencia económica, política y policial. Completemos el panorama, entonces: Sí, los pobres aún existen en Chile y sí, la educación es causal directa de la inequidad social, en complicidad con el centralismo político que es funcional a la concentración de la riqueza.

Las banderas argentinas en las protestas de Aysén no son una señal aislada, son, antes que todo, una forma de darle donde más les duele a la, aún militar, derecha chilena: su patrioterismo. Sin embargo, son también una forma de cuestionar profundamente al modelo chileno, que nos tuvo tanto tiempo en el perverso status de mejor alumno de la región, pero como peor compañero. Todo lo que el snobismo chileno –que es la expresión cultural que tuvo el neoliberalismo tras la llegada del siglo XXI– rechazó por “pasado de moda”, por “sudaca” o por caribeño, hoy se vuelve un clamor: Queremos un Estado solidario. Crecer al 7 por ciento no nos sirvió de nada, pues el país no se hizo siquiera un 7 por ciento más justo. Todo fue fachada aquí. Y las fachadas son lo primero que cae con los terremotos, a las fachadas se las lleva la ola.

Miro las calles de Santiago, las nuevas multitudes, la chiquillada nacida en democracia y el viejerío que se reencuentra, después de 30 años, con un proyecto político. Me hubiese gustado que mi abuela paterna viera todas estas marchas, las de escolares y las de los patagones, con un mate en una mano y una bandera negra en la otra. Mi otra abuela, la materna, también murió el año pasado: una profesora allendista que nos repartió dignidad hasta que se la comió el cáncer. Imagino a mis abuelas marchando con lienzos en apoyo a los estudiantes y a la Patagonia movilizada. Imagino a dos viejitas por la Alameda, ambas como una preciosa grieta de terremoto.

terça-feira, 27 de março de 2012

Seis Premios Nobel de la Paz reclaman diálogo por las Islas Malvinas


Adolfo Pérez Esquivel lanzó, con el apoyo de otros cinco Premios Nobel de la Paz de cuatro continentes, una campaña internacional de adhesiones para solicitar al Primer Ministro de Gran Bretaña David Cameron que atienda las reiteradas resoluciones de la Asamblea General de Naciones Unidas y de su Comité Especial de Descolonización que convocan a reanudar las negociaciones para encontrar una solución pacífica a la controversia de soberanía por las Islas Malvinas, Georgias del Sur y Sandwich del Sur.

En la solicitada traducida a distintos idiomas, los Premios Nobel de la Paz Mairead Corrigan Maguire (Irlanda del Norte), Rigoberta Menchú Tum (Guatemala), Desmond Tutu (Sudáfrica), Jody Williams (Estados Unidos), Shirin Ebadi (Irán) y Adolfo Pérez Esquivel (Argentina); pidieron al Gobierno Británico que revea su posición de no diálogo con la República Argentina: "El incumplimiento por parte del Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte de las Resoluciones de las Naciones Unidas, la falta de voluntad para dialogar con un país (Argentina) democrático y con vocación de paz plenamente demostrada, y la instalación y mantenimiento de una base militar en este continente (en las Islas Malvinas), su constante reforzamiento y la realización de maniobras militares aero-navales, ponen en serio riesgo la paz y la convivencia de esta parte del mundo".

Durante la conferencia de prensa junto a Stella Calloni y los Corresponsales Extranjeros de la República Argentina, Pérez Esquivel resaltó que lo nuevo e importante de este momento es el proceso de unidad latinoamericana y el apoyo a la Argentina en lograr una solución justa y pacífica a través de la diplomacia.

En este sentido destacó que esta no es una iniciativa contra el Gobierno Británico sino que “es una campaña por el diálogo y para derribar los muros de la intolerancia. Si Gran Bretaña tiene argumentos legítimos debería dialogar con la Argentina”.

El Presidente del Servicio Paz y Justicia y la Comisión Provincial por la Memoria, recordó aquella gran resistencia no-violenta del pueblo de la India sobre el dominio británico que desembocó en su independencia en el año 1947. Recuperando el simbolismo de la famosa "Marcha de la sal" contra el monopolio británico del recurso, realizó un llamado a todos los ciudadanos del mundo a aportar su adhesión y a considerar ese aporte como un grano de sal que se convertirá en un puñado de rebeldía no violenta para asegurar los recursos naturales de Argentina y América Latina.

Enviar adhesiones a: granosdesalpormalvinas@gmail.com

segunda-feira, 26 de março de 2012

Somalia, el enemigo a la puerta

Luca Galassi
E-il Mensile

El Consejo de Relaciones Exteriores ha decidido prorrogar hasta fines de diciembre de 2014, el operativo de la UE de lucha contra la piratería, llamado Atlanta. Su objetivo principal es proteger a los barcos del programa alimentario mundial que proveen ayuda alimentaria a las poblaciones somalíes refugiadas y a la lucha contra la piratería a lo largo de las costas somalíes. La decisión del Consejo prevé sin embargo algunas novedades importantes: la ampliación de la zona de operaciones “en las aguas territoriales, en las aguas interiores, al territorio costero de Somalia y a su espacio aéreo” “ La lucha contra la piratería y contra las más profundas razones de su existencia – ha dicho la más alta representante de la Política exterior de la UE Catherine Ashton – es una prioridad en las acciones que conducimos en el Cuerno de Africa. La operación Atlanta ha contribuido de manera importante a este esfuerzo, coordinándolo con los socios internacionales”

Detrás de las palabras de circunstancias del ministro del Exterior europeo, está el requerimiento del primer ministro somalí, Abdiweli Mohamed Ali, quién la semana pasada envió una carta al Secretario General de las Naciones Unidas Ban Ki Moon solicitándole ampliar las prerrogativas y los objetivos de la misión naval. No, exactamente la invasión de la soberanía somalí, sino una modificación del mandato con peligrosas consecuencias. El paso de la prevención de los actos de piratería en el mar a las operaciones en una zona específica de intervención en tierra podría ser interpretado como la creación de una fuerza de ocupación. Una extensión de las prerrogativas que podría conducir a una peligrosa escalada en el territorio, ya estragado por un conflicto civil desde hace diez años. En efecto, el gobierno de transición somalí, solo controla la capital Mogadiscio, mientras que el grupo de militantes radicales Al-Shabab, recientemente unido a Al-Qaeda, mantiene el control de gran parte del territorio.

Abandonada por años a su propio destino por la indiferencia internacional, la región del Cuerno de Africa ha vuelto a solicitar la atención de los países occidentales, luego de que en la región autónoma de Puntland han sido descubiertos grandes yacimientos de petróleo. Las exploraciones de la empresa canadiense Africa Oil, ha descubierto reservas por 4 mil millones de barriles de petróleo crudo , pero el subsuelo de todo Puntland podría muy bien esconder unos 10 mil millones de barriles. La carrera hacia el oro negro podría incluir amplias áreas oceánicas en las costas de Somalia, en las zonas abisales del Océano Indico, podrían llegarse a extraer además unos 100 mil millones de barriles.

El ministro de Relaciones Exteriores británico William Hague ha visitado Mogadiscio hace menos de un mes. The Observer ha señalado como Londres está enviando ayuda humanitaria y asistencia para la seguridad del país a cambio de su tajada energética. Detrás de la escena, el ministro para la cooperación internacional de Puntland, confirmaba al semanario británico: “Los representantes británicos han ofrecido ayuda para la futura gestión de los ingresos petrolíferos. Nos asesorarán técnicamente para maximizar las futuras ganancias de la industria petrolera.” Una ayuda que también podría proceder de la misión europea Atlanta que se conjuga perfectamente con el credo de las últimas intervenciones armadas internacionales de estos últimos años: lucha al terrorismo y a la piratería con el objeto de proteger a la democracia. Sustituir en este caso democracia por fuentes de energía.

domingo, 25 de março de 2012

Israel: fantasías y realidades

Immanuel Wallerstein
La Jornada

El primer ministro Benjamin Netanyahu de Israel visitó Estados Unidos a principios de marzo de 2012. Vino a decir, una vez más, que un Irán con energía nuclear implicaría una amenaza existencial para Israel, y que Israel se reservaba el derecho de tomar acciones en el tiempo apropiado para contrarrestar esto. El presidente Obama expresó con vigor equivalente que sí, que un Irán nuclear implicaría una amenaza existencial para Israel y que Estados Unidos no aceptaría esta cuestión, pero que la sincronía planteada por Netanyahu no era correcta. Las acciones no militares contra Irán deberían agotarse primero antes de pensar en otras acciones.

Examinemos las premisas. ¿Por qué Irán, con armamento nuclear, implicaría una amenaza existencial para Israel? Es decir, ¿quién cree que si Irán tuviera armamento nuclear sus autoridades las utilizarían para bombardear Israel? De hecho, nadie con algún puesto de responsabilidad en Israel, en Estados Unidos, o en el resto del mundo, cree esto. Únicamente dicen que lo creen.

Comencemos por los argumentos ostensibles. Los funcionarios israelíes se refieren al hecho de que el presidente Ajmadineyad y otros han dicho que desearían arrasar (o algún término semejante) a Israel. Por supuesto, muchos expertos han señalado que esta traducción de los eventos es incorrecta. Pero incluso si fuera precisa, ¿es esto algo más que la repetición de la duradera posición de un vasto número de personas en Medio Oriente que se opone al concepto de un Estado judío y que favorece varios otros resultados para la prolongada disputa?

¿Por qué Irán habría de bombardear a Israel? Si lo hiciera, esto mataría al menos tantos árabes como israelíes. De inmediato respondería Israel, puesto que está muy bien armado con armas nucleares. Que Irán bombardee a Israel es una fantasía que ningún líder responsable cree.

Así que si no lo creen, ¿por qué lo dicen? La respuesta me parece clara. Si Irán contara con algunas cuantas armas nucleares, de hecho cambiaría algo. Cambiaría el equilibrio geopolítico en Medio Oriente y debilitaría la posición de Israel. Esto también conduciría a la rápida adquisición de armas nucleares por parte de algunos otros países. Pienso en Arabia Saudita, Egipto y Turquía, para empezar.

Si Israel o Estados Unidos bombardearan a Irán preventivamente, habría de inmediato enormes consecuencias políticas. Primero que nada, existe la casi total certeza de que sería relativamente ineficaz en cuanto a detener el proyecto iraní. Segundo, debilitaría la posición política de Israel y Estados Unidos en todo el mundo. Las dos razones juntas explican por qué hay tanta oposición por parte de los servicios militares y de inteligencia, tanto de Israel como de Estados Unidos, a todo el discurso militar. Lo que temen es que el discurso prenda y permita que algunos líderes políticos, que por el momento no controlan los gobiernos de Israel o Estados Unidos, sean lo suficientemente insensatos como para iniciar la guerra.

Israel y Estados Unidos están atrapados en una situación donde de todos modos pierden. Hagan lo que hagan, perderán en lo político. Creo que están conscientes de esto, y ni Netanyahu ni Obama pueden imaginar lo que harán en realidad ni cómo mantener sus propios interese políticos a nivel interno. Así que desperdician su tiempo culpándose y chantajeándose uno al otro. Mientras tanto, el liderazgo iraní utiliza el discurso para agitar los estandartes del patriotismo y fortalecer su postura interna, que ha sufrido serios ataques recientes.

Entretanto, en Palestina, que sigue siendo un punto real para Israel, y no sólo una fantasía, Hamas decidió vincular su estrategia con Egipto y con la Hermandad Musulmana –que parece a punto de controlar al gobierno egipcio. Es claro que Fatah teme, correctamente, que podría perder el control de Cisjordania ante Hamas. Atrapado entre Hamas y el gobierno estadunidense, el presidente Mahmoud Abbas, de la Autoridad Nacional Palestina, se halla también en una posición donde de todos modos pierde y tampoco sabe qué hacer. Así que titubea, lo que no parece ser la mejor táctica de supervivencia.

El futuro está en las calles palestinas. Y yo simplemente no pienso que puedan mantenerse latentes. ¿Puede Israel llegar a arreglos con las calles palestinas? Muy pronto lo sabremos.

sexta-feira, 23 de março de 2012

El cambio climático se aceleró entre 2001 y 2010

Agencias

El cambio climático se aceleró durante la década de 2001 a 2010, un periodo caracterizado por las precipitaciones, las temperaturas extremas y numerosos fenómenos meteorológicos extraordinarios, según afirma la Organización Meteorológica Mundial (OMM). Estas son algunas de las conclusiones preliminares del "Informe de la década 2001-2010 sobre el Clima Mundial", que la OMM dio a conocer hoy con motivo del Día Meteorológico Mundial.

Según el documento, elaborado a partir del análisis de los datos meteorológicos de 102 países, durante esta década se produjeron inundaciones en el 63 % de los países que participan en el estudio, mientras que en el 43 % se registraron problemas de sequía. En grandes zonas del hemisferio norte el volumen de precipitaciones se situó por encima de la media de los años anteriores, especialmente en el este de Estados Unidos, el norte y este de Canadá, Europa y Asia central, Colombia, el norte y el sur de Brasil, Uruguay y la zona norte de Argentina.

Por el contrario, en el oeste de Estados Unidos, el suroeste de Canadá, Alaska, el sur y el oeste de Europa, el sur de Asia, Centroamérica, África central y la zona de la Amazonía las precipitaciones se situaron por debajo de la media.

En cuanto a las temperaturas, la citada década fue la más cálida desde que se dispone de registros (mediados del siglo XIX), con temperaturas que se situaron en torno a 0,46 grados centígrados por encima de la media de temperaturas máximas que hubo entre 1961 y 1990. Asimismo, nueve de los años de esta década se situaron entre los diez más cálidos desde 1850 y para el 90% de los países encuestados esta década fue la más cálida.

Los fenómenos meteorológicos extremos, como inundaciones, sequías, ciclones y olas de calor y de frío, afectaron prácticamente a todas la regiones del planeta, si bien el informe recoge dos olas de calor "excepcionales" que azotaron Europa y Rusia en los veranos de 2003 y 2010, respectivamente, y que tuvieron como consecuencia "miles de muertes e incendios”.

La disminución de la superficie del océano Ártico cubierta por hielo -que se observa desde 1960- continuó entre 2001 y 2010, y el nivel histórico más bajo de extensión de hielo sobre el Ártico se registró en septiembre de 2007. Los datos del informe corroboran que el año pasado fue el undécimo año más cálido y el segundo en el que el hielo del Ártico registró su nivel más bajo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Vida Maria (Crônicas Nordestinas)



Vida Maria é um desenho animado em curta metragem dirigido e produzido pelo diretor brasileiro Marcio Ramos que conta de maneira lúdica o constante sofrimento do povo nordestino, em particular a educação desvalorizada pelos mesmos diante das dificuldades do dia a dia no sertão nordestino.

Tropas en las calles de Latinoamérica

Fernando Gualdoni
El País

El avance democrático y las buenas relaciones regionales desatan el debate sobre si los ejércitos deben ser usados para combatir el narcotráfico y el crimen organizado ante el aumento de la violencia y la incapacidad de la policía

América Latina vive uno de los debates más importantes de su historia: el del futuro de sus ejércitos. El asunto ha cobrado especial relevancia por dos motivos, porque se considera improbable una guerra o un golpe de Estado, y por la creciente amenaza del narcotráfico y el crimen organizado. México, Honduras y Guatemala han lanzado a sus fuerzas armadas en la lucha contra los narcos, en línea con lo que Colombia y Perú llevan haciendo desde hace años. Brasil utiliza a los militares para desalojar las favelas y reventar huelgas de policías y Argentina hace tiempo que encargó a un cuerpo paramilitar tareas de seguridad en la provincia de Buenos Aires ante la creciente corrupción de la policía local. Ese mismo cuerpo, la Gendarmería, se ha visto ahora implicado en un caso de espionaje a políticos y dirigentes sociales.

La discusión sobre el papel de las Fuerzas Armadas no concierne solo a América Latina, sino también a los países desarrollados. En la cumbre sobre terrorismo celebrada en Madrid en marzo de 2005 se acordaron una serie de supuestos en los que emplear a militares contra amenazas criminales: cuando las fuerzas de seguridad se vieran desbordadas por una amenaza, para impermeabilizar las fronteras, en cooperación con fuerzas extranjeras, y cuando la amenaza se halle amparada en territorios de otros países que sean incapaces de actuar por sí mismos. El apoyo al primero de estos supuestos ha crecido considerablemente en los países latinoamericanos, aunque con las reservas propias de una región donde la imagen de las fuerzas armadas aún se asocia a la represión de los años setenta y ochenta, y donde la última amenaza de guerra (Venezuela-Colombia) y el último golpe de Estado (Honduras) se produjeron hace menos de cuatro años.

“Los ejércitos son para la guerra. El combate del crimen y en especial la lucha contra el narcotráfico requieren una preparación y tecnología que las fuerzas militares no tienen. Involucrar al ejército en la lucha contra la droga requiere cambios doctrinales, filosóficos y de la misión militar”, explica Hernán Castillo, catedrático y experto en defensa de la Universidad Simón Bolívar de Venezuela. “Dicho esto, creo que cuando el crimen organizado se combina con grupos irregulares armados, sí deben involucrarse los ejércitos. Hay que ser flexible en el empleo de los recursos a disposición de cada Estado para derrotar, minimizar y reducir el daño que pueda ocasionarle el narco a la sociedad”, añade.

La diferencia entre la lucha contra el crimen urbano y rural es algo en lo que la mayoría de los expertos hace especial hincapié. Todos justifican la intervención militar en las áreas rurales y muy pocos en la urbana. “Colombia ha sufrido la mayor acción combinada de operaciones ilegales fruto del narcotráfico y tras 47 años de lucha contra grupos terroristas nos ha quedado claro que el negocio del narco supera la capacidad de contención de la policía. La actividad criminal en áreas alejadas de los centros urbanos y a lo largo de unas fronteras altamente permeables, donde la presencia del Estado siempre ha sido escasa, ha permitido el crecimiento acelerado del negocio del narcotráfico. En países como Colombia y Perú es imposible combatir el crimen sin involucrar a las fuerzas armadas”, sostiene el coronel retirado del espionaje militar colombiano Michel Martínez.

“La participación del Ejército mexicano, a pesar de los éxitos que han tenido en la lucha contra el narcotráfico, se presenta como improvisada. Los mexicanos no parecen tener una estrategia clara y un plan a largo plazo. Hasta ahora, por una parte las operaciones han estado centradas en la utilización de la inteligencia militar, la infiltración y el espionaje. Y, por otra parte, el objetivo principal parece ser el de golpear al más alto nivel a los jefes, a la cabeza de las organizaciones, mucho más que la desarticulación de las estructuras, conexiones y procedimientos” del narco, añade Martínez. “Toda esa lucha en sus fases iniciales le corresponde a las fuerzas policiales, pero el Estado mexicano decidió comenzar el combate con los recursos militares, a pesar de que la guerra es sobre todo urbana”.

En noviembre de 2010, durante la conferencia de ministros de Defensa de los países americanos —con excepción de Cuba y Honduras— se consagró el principio de transparencia del gasto militar y el uso de las fuerzas armadas en caso de catástrofes humanitarias y naturales; y se impulsó la participación en misiones de paz. La delimitación de los temas de seguridad y defensa se dejó para más adelante. Sin embargo, Brasil sí ha establecido en su plan de defensa para los próximos 20 años la utilización del ejército para atajar las amenazas internas que desborden a la policía. El brasileño Eliézer Rizzo de Oliveira, autor de libros sobre defensa y democracia y profesor de la Universidad de Campinas, cree que las operaciones militares contra el crimen deben estar muy vigiladas por el poder civil y deben contar con observadores de Naciones Unidas o la Organización de Estados Americanos. Además, sostiene que los futuros mandos de las fuerzas armadas deben también tener una formación cívico-militar más equilibrada.

La reforma militar puesta en marcha por Brasil durante el mandato de Lula es seguida con mucho interés por sus vecinos. En primer lugar, por el papel del país como potencia regional y en segundo porque los cambios son de calado. Aparte de reforzar el poder naval y terrestre para proteger los recursos naturales —en especial la explotación petrolera en el mar—, Brasil intensificará el adiestramiento de brigadas destinadas a vigilar la Amazonia y moverá el grueso de sus fuerzas desde el sur industrial del país —piedra fundacional del Estado Novo, el Brasil moderno forjado por Getulio Vargas— hacia el centro del país. Añadido a esta recolocación, está previsto que los cuerpos sean más ligeros y versátiles. Argentina también diseñó un plan de reestructuración llamado Ejército Argentino 2025, que incluye cambios de estrategia, organización y funciones; pero aún no hay información como para siquiera adivinar los objetivos concretos.

Argentina es uno de los pocos países que tiene cuerpos paramilitares como la Gendarmería y la Prefectura (guardacostas) —creados a imagen de la Gendarmería francesa, la Guardia Civil española o los carabineros italianos—, involucrados en tareas de seguridad interior y con mejor imagen que la policía. Sin embargo, la Gendarmería ha sido vinculada recientemente a un caso de espionaje de dirigentes políticos y sociales que refleja la alta exposición a la corrupción de los militares dedicados a combatir el crimen. No pocos expertos latinoamericanos creen que la creación de estos cuerpos paramilitares, con mayor formación en tácticas policiales pero más impermeables a la corrupción, pueden ser el camino del medio. Otros creen que es mejor invertir en fuerzas especiales dentro de las fuerzas de seguridad, como el Batallón de Operaciones Policiales Especiales (BOPE) brasileño, que saltó a la fama por la película Tropa de Élite. En cualquier caso, se trataría de crear cuerpos intermedios capaces de llevar a cabo tareas de investigación, infiltración y espionaje, claves para combatir la estructura ejecutiva y financiera de las bandas.

Un comandante español, veterano de los Balcanes y Afganistán, y actualmente en misión en Sudamérica, explica el papel de los ejércitos en la lucha contra el crimen de una forma sencilla: “En Afganistán, en determinadas áreas, fundamentalmente inteligencia, se nos está pidiendo también capacidades típicamente policiales como parte importante de la campaña contrainsurgente. Por ejemplo, investigar redes de opio, tráfico de armas o corrupción política, y lo cierto es que no avanzamos. El concepto de aprender a comer sopa con un cuchillo se me venía a la mente allá muy a menudo. Las fuerzas armadas somos un tenedor, o un cuchillo, pero por mucho que nos metan en el plato de la sopa no vamos a ser una cuchara”.

La reorganización de las fuerzas armadas supone para América Latina uno de los mayores desafíos en 200 años de historia independiente. Un gran experto en los conflictos latinoamericanos, el estadounidense Robert Scheina, divide la historia militar de la región en dos etapas: la era del caudillo, que va desde la revolución haitiana de 1791 hasta la guerra hispano-americana de 1898; y la era del soldado profesional, que va desde la intervención de EE UU en Panamá hasta la guerra contra el narco de Colombia que aún pervive. Con las primeras pistas en la mesa, todo apunta a que la tercera era estará marcada por la implicación de las fuerzas armadas en la lucha contra el crimen organizado en todo el continente.