quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Deseando un 2021 de luchas, salud, solidaridad y amistad...

 


No te rindas que la vida es eso,

continuar el viaje

perseguir los sueños,

destrabar el tiempo, correr los escombros y destapar el cielo.

Mario Benedetti


Con la esperanza renovada para superar este año demasiado difícil, les deseo un año 2021 con mucha salud, solidaridad y amistad.

Un abrazo fraterno de Fernando

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Um guia anarquista para o natal


Ruth Kinna
Strike

Não é surpresa alguma descobrir que o teórico anarquista Kropotkin era interessado pelo Natal. Na cultura Russa, São Nicolau (Николай Чудотворец) é reverenciado como defensor dos oprimidos, dos fracos e dos desamparados. Kropotkin compartilhava desses sentimentos. Mas há também uma ligação familiar. Como todo mundo sabe, Kropotkin poderia rastrear sua ancestralidade a antiga dinastia Rurjk que governou a Rússia antes do advento dos Romanovs e que, a partir do século I dC, controlavam as rotas comerciais entre Moscou e o Império Bizantino. O ramo da família de Nicolau foi enviado para patrulhar o Mar Negro. Mas Nicolau era um homem espiritual e procurou fugir da pirataria e banditismo pela qual sua família viking russa era famosa. Então, ele se estabeleceu com um novo nome nas terras do sul do Império, hoje a Grécia, e decidiu usar a riqueza que ele tinha acumulado de sua vida de crime para aliviar os sofrimentos dos pobres.

Fontes de arquivos não publicados descobertos recentemente em Moscou revelam que Kropotkin era fascinado por este laço familiar e da semelhança física marcante entre ele e a figura do Papai Noel, popularizada pela publicação de “Uma visita de São Nicolau” (mais conhecido como “A noite antes do Natal”) em 1823. Kropotkin não era tão corpulento como Papai Noel, mas com uma almofada de pelúcia a rechear sua túnica, ele sentiu que poderia passar. Seu amigo Elisée Reclus aconselhou-o a largar a guarnição da pele sobre a roupa. Essa foi uma boa ideia, pois também lhe permitiria usar um pouco mais de preto com o vermelho. Ele decidiu seguir o conselho de Elisée nas renas, também, e de usar um trenó conduzido a mão. Kropotkin não era normalmente dado a fantasiar-se. Mas explorar a semelhança para espalhar a mensagem anarquista era uma excelente propaganda pela ação.

Antecipando “V”, Kropotkin pensou que todos poderiam se passar por Papai Noel. Na margem de uma página Kropotkin escreve: “Infiltrem-se nas lojas, distribuam os brinquedos!” Restos rasurados na parte de trás de um cartão postal se lê: Na noite antes do Natal, todos nós vamos estar prontos Enquanto as pessoas estão dormindo, vamos realizar a nossa influência.  Nós vamos expropriar bens das lojas, porque é justo.  E distribuí-los amplamente, para aqueles que mais precisam.

Suas notas sobre este projeto também revelam alguns valiosos insights a propósito de suas ideias sobre características anarquistas do Natal e de seu pensamento sobre as formas e quais os rituais do Natal Vitoriano deveriam ser adaptados. “Todos nós sabemos”, escreveu ele, “que as grandes lojas – John Lewis, Harrods e Selfridges – estão começando a explorar o potencial de vendas do Natal, criando cavernas mágicas, grutas e terras encantadas fantásticas para atrair nossos filhos e pressionar-nos para comprar presentes que não queremos e não podemos pagar”.

“Se você é um de nós”, continuou, “você vai perceber que a magia do Natal depende do sistema de produção do Papai Natal, não das tentativas das lojas para seduzi-lo ao consumo de inúteis bens de luxo”. Kropotkin descreveu as oficinas espalhadas pelo Pólo Norte, onde os elfos trabalham felizes durante todo o ano, porque eles sabiam que estavam produzindo para o prazer de outras pessoas. Observando que essas oficinas eram estritamente sem fins lucrativos, a base de mão-de-obra artesanal e funcionando em modelos comunais, Kropotkin tratou-as como protótipos para as fábricas do futuro (delineadas em “Campos, Fábricas e Oficinas”).

Algumas pessoas, ele sentia, pensavam que o Papai Noel sonhava em ver que todos haviam recebido presentes no dia do Natal, era quixotesco. Mas ele poderia ser realizado. Na verdade, a extensão das oficinas – que eram muito caras para manter no Ártico – facilitaria a generalização da produção pautada pelas necessidades e a transformação da troca ocasional de presentes em partilha regular. “Precisamos dizer às pessoas”, Kropotkin escreveu, “que oficinas comunais podem ser estabelecidas em qualquer lugar, e que podemos combinar nossos recursos para assegurar que todos tenham suas necessidades satisfeitas!”.

Uma das questões que mais incomodou Kropotkin sobre o Natal foi a forma pela qual o papel inspirador que Nicolau desempenhou evocando mitos do Natal, confundido a ética do Natal. Nicolau foi erroneamente representado como um homem caridoso e benevolente: santo, porque ele era beneficente. Absorvido na figura do Papai Noel, as motivações de Nicolau para as doações se tornaram ainda mais distorcidas pela fixação vitoriana por crianças.

Kropotkin realmente não entendia as ligações, mas sentia que refletia uma tentativa de moralizar a infância através de um conceito de pureza que foi simbolizado no nascimento de Jesus. Naturalmente, ele não poderia imaginar a criação do Grande Irmão Papai Noel, que sabe quando as crianças estão dormindo ou acordadas e vem para a cidade, aparentemente sabendo quais entre elas se atreveram a chorar ou fazer birra. Mas, cedo ou tarde, ele avisou, esta ideia de pureza seria usada para distinguir crianças más e boas, e apenas aquelas do segundo grupo que seriam recompensadas com presentes.

Seja qual for o caso, era importante recuperar deste quiproquó confuso tanto o princípio da compaixão de Nicolau quanto as origens folclóricas de Papai Noel. Nicolau deu porque era torturado pela sua consciência das privações de outras pessoas. Embora ele não fosse um assassino (até onde Kropotkin soubesse), ele compartilhou da mesma ética de Sofia Petrovskaya. E ainda que fosse obviamente importante se preocupar com o bem-estar das crianças, o princípio anarquista era tomar em conta o sofrimento de todos.

Da mesma forma, a prática da doação foi erroneamente compreendida, como se necessitasse da implementação de um plano centralmente dirigido, supervisionado por um administrador onisciente. Tudo isto estava completamente errado: Papai Noel veio da imaginação do povo (basta considerar a gama de nomes locais que Nicolau tinha acumulado – Sinterklaas, Tomte, de Kerstman). E o espraiamento da alegria – através da festividade – foi organizado de baixo para cima.

Enterrado sob o Natal, argumentou Kropotkin, estava o princípio solidário do apoio mútuo. Kropotkin apreciou o significado do ritual e o valor real que os indivíduos e as comunidades associavam ao carnaval, aos atos de lembrança e comemoração. Ele não queria abolir o Natal, nem tampouco queria vê-lo republicanizado através de alguma reorganização burocrática obstinada do calendário.

Era importante, no entanto, separar a ética que o Natal apresentava da singularidade da sua celebração. Dar uma festa era apenas isso; a extensão do princípio do apoio mútuo e da compaixão à vida cotidiana era outra coisa. Na sociedade capitalista, o Natal abria espaço para bons comportamentos. Enquanto era possível ser cristão uma vez ao ano, o anarquismo era para toda a vida.

Kropotkin percebeu que sua propaganda teria mais chance de sucesso se ele pudesse mostrar como a mensagem anarquista também estava incorporada na cultura mainstream. Suas anotações revelam que ele se inspirou particularmente no “Conto de Natal”, de Dickens, para encontrar um veículo para suas ideias. O livro foi amplamente creditado com consolidadas ideias de amor, alegria e boa vontade no Natal. Kropotkin encontrou a genialidade do livro em sua estrutura. Que outra coisa seria a história do encontro de Scrooge com os espíritos dos natais passados, presentes e futuros além de um relato prefigurativo da mudança?

Ao ver o seu presente através de seu passado, Scrooge teve a oportunidade de alterar seus modos avarentos e remoldar o seu futuro e o futuro da família Cratchit. Mesmo que isso só seja lembrado uma vez por ano, Kropotkin pensou, o livro de Dickens emprestou aos anarquistas um veículo perfeito para ensinar esta lição: alterando o que fazemos hoje, modelando os nossos comportamentos segundo o de Nicolau, podemos ajudar a construir um futuro que é como o Natal!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Brasil: Los posibles caminos para una izquierda sin miedo del futuro

 


Fernando de la Cuadra
Socialismo y Democracia

En reciente artículo titulado “La derrota de las izquierdas y 2022”, el cientista político Aldo Fornazieri concluye que las izquierdas salieron derrotadas en las elecciones municipales de Brasil. Según él, “no se pueden torcer los números para enmascarar las derrotas. En términos efectivos, es necesario contar el número y la importancia de las alcaldías conquistadas y perdidas. Municipalidades constituyen poder real por cuatro años y los votos de los derrotados no son activos que se almacenan para elecciones siguientes”.

Si bien el argumento de Fornazieri es acertado en muchos aspectos, constatando el crecimiento de los partidos de centro y centro derecha a costa de los votos que hace una década eran destinados preferencialmente al Partido de los Trabajadores (PT), creemos que es necesario matizar sus aseveraciones con otros elementos de análisis que aportan algunas luces sobre los posibles caminos que se abren para la izquierda, antes de poner el énfasis en una visión cristalizada del fracaso.

Con estas ponderaciones, no tratamos de ser autocomplacientes sino de intentar concebir alternativas para salir de este impasse en que se encuentran las fuerzas progresistas del país. Si bien, por una parte, los partidos de izquierda no tuvieron éxito en la obtención de las alcaldías entre las capitales de los 26 estados de la Federación , su desempeño en ciudades menores no fue irrelevante. Además, en la elección de concejales merece destacarse el aumento de miembros electos que pertenecen a grupos hasta ahora con un papel secundario en la política nacional, como las comunidades negras, los jóvenes, las mujeres o los colectivos LGBT. La inmensa mayoría de tales representantes corresponde a militantes de partidos de izquierda y sus plataformas de gobierno destacan por su apelo a una mayor democratización de la sociedad, a la consolidación de prácticas de reconocimiento y a la búsqueda de mejores condiciones de justicia social e igualdad.

Sumado a lo anterior, tampoco hay que despreciar el 40 por ciento que conquistó Guilherme Boulos (PSol) en Sao Paulo o el 45 por ciento de las preferencias del electorado que obtuvo Manuela d’Ávila (PCdoB) en Porto Alegre. Por cierto, no se trata de desconocer la derrota (relativa) de ambos, pero sí de valorizar que en el caso de Boulos, este 40 por ciento representa la retracción de una extrema derecha que venía creciendo con mucha fuerza en la capital paulista. Las cifras expresan en los hechos, la inclinación de un porcentaje significativo de los votantes de la ciudad más populosa de Brasil hacia un candidato que tuvo que enfrentar hasta la saciedad las acusaciones de “radicalismo” y que debió contornar una permanente campaña de descalificación y mentiras. Ello abre insospechadas perspectivas de crecimiento de una nueva fuerza en la izquierda, con Boulos despuntando como el líder nato de un partido en ascenso -como lo es el PSol- que ahora disputa la vanguardia que había tenido el PT en los últimos 35 años.

Sin duda la perdida de hegemonía por la que atraviesa el PT es el corolario de las alianzas que fue fraguando con el empresariado durante el segundo mandato de Lula y de los pactos electoreros y las desviaciones burocráticas producidas durante los gobiernos de Dilma Rousseff, que lo distanciaron de sus bases históricas en los diversos territorios donde el partido había realizado un trabajo de formación política desde los años ochenta. Preocupándose más de los acuerdos cupulares para mantenerse en el poder, el PT fue negligenciando la tarea política en los sindicatos, comunidades y favelas, dejando el espacio para que el pentecostalismo se introdujera en la vida cotidiana del mundo popular con promesas de salvación y vida eterna. Ello generó una subjetividad que se alimentaba del desprecio por la política y la adhesión a figuras que fueron emergiendo entre dichas iglesias y que se declaraban fervientemente contrarios a los partidos y la clase política. Las autoproclamadas vertientes anti- sistémicas aparecieron como la respuesta a una crisis integral que tomó cuenta del país y en donde el PT -al igual que el resto de las izquierdas- no fue capaz de ofrecer una salida creíble.

A juzgar por los resultados de la última elección, parece ser que dicho panorama está cambiando. Es decir, aquellos candidatos que diseñaron sus campañas enarbolando las banderas de la anti política fueron, en general, derrotados por candidatos con experiencia en administración municipal que prometían mejorar la gestión y la ejecución de políticas destinadas a los sectores más carentes en sus respectivos municipios. En ese sentido, ante la descalificación de “incendiarios” que han venido sufriendo los representantes del progresismo, muchos de los alcaldes pertenecientes al campo de la izquierda han realizado muy buenas administraciones, lo cual les ha permitido demostrar que es posible hacer una gestión que integre responsabilidad en el manejo de los recursos municipales (humanos, financieros, de infraestructura) con programas sociales inclusivos y de distribución de renta.

Aunque no se pueden extraer conclusiones mecánicas sobre el impacto directo de elecciones municipales al ámbito nacional, se puede decir que este momento político plantea una vez más la necesidad de formular una plataforma programática del conjunto de los referentes de izquierda y centro izquierda (PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB, REDE) que permitan reconstruir un frente democrático de amplia base que supere las divisiones heredadas por disputas seculares.

Con todos sus percances, esta izquierda posee un fuerte arraigo en la memoria de la gente y en el repertorio cultural de los ciudadanos, a pesar de que dicha remembranza de lucha y coherencia fue siendo desmontada sistemáticamente por años de acuerdos patrimoniales y frustraciones acumuladas en la última década. Por lo mismo, es necesario recomponer ese tejido social y organizacional en múltiples escalas. Implantar escuelas de formación política para la ciudadanía en todos los lugares, crear redes y diseminar la actividad cívico-política, fundar talleres de diversos tipos, centros culturales, grupos de teatro, asociaciones de jóvenes, grupos de reivindicaciones feministas y afrodescendientes, es decir, vincularse a la vida cotidiana de las personas, a sus problemáticas y a sus esperanzas.

Ello supone también entregarle al conjunto de la población una alternativa basada en la experiencia recién atesorada por mujeres, jóvenes, negros y colectivos LGBT, que son los que actualmente encarnan con mayor potencia los valores que permitirán reposicionar el proyecto democrático y portador de un horizonte inclusivo para los nuevos tiempos que Brasil se merece. Estos son algunos elementos claves para pensar una izquierda que se renueva a partir de las conquistas alcanzadas y que no tiene temor de mirar el porvenir con la fortaleza que otorga la convicción de transformar el país para el bien y la realización de las grandes mayorías.