sexta-feira, 31 de julho de 2009

Michelle Bachelet: "A democracia precisa ser cuidada por todos o tempo todo"


João Paulo Charleaux

O Estado de São Paulo

Em visita a São Paulo, presidente chilena fala de Honduras e alerta para outras ameaças, veladas e sutis, à democracia.

A tensão entre Colômbia, Venezuela e Equador provocada pela possível instalação de bases militares dos EUA na América do Sul é um exemplo do quanto a antiga agenda da Guerra Fria ainda norteia as relações regionais. A resistência ao livre comércio e as seguidas tentativas de mudar a Constituição para ampliar mandatos presidenciais são outras características de uma "recessão democrática", disse ao Estado a presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Até onde a comunidade internacional pode ir para resolver o impasse hondurenho? O uso da força contra os golpistas é uma opção?

Espero que o governo de facto de Honduras aceite as condições propostas pelo presidente costa-riquenho, Oscar Arias, que atua como mediador. Essas condições garantem que as eleições de novembro sejam validadas porque, do contrário, elas não serão consideradas legítimas e, portanto, não resolverão o impasse. Por isso, deve haver um acordo que permita a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, e a formação de um governo de coalizão.

O problema é que não há nenhum sinal de que o os golpistas aceitem o que a senhora está dizendo.

Mas eles não disseram não.

Justamente. A ideia deles parece ser a de protelar qualquer decisão até as eleições de novembro.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) está dando um tempo. Mas se for necessário, os Estados tomarão medidas adicionais de pressão como restringir o ingresso de recursos e o apoio econômico.

Isso já foi feito. A sra., que já foi ministra da Defesa do Chile, descarta a opção do uso da força contra o governo golpista em Honduras?

Não é uma opção. Teria de ser algo sobre o capítulo sete (da Carta das Nações Unidas, que determina a imposição da paz). Isso dependeria de uma aprovação dos Estados.

Mas não há um consenso internacional contra o golpe?

Hoje esse me parece mais um problema político do que militar. É preciso recorrer antes a todos os mecanismos políticos e econômicos.

A opção militar não foi levantada?

Não. Nem na Unasul nem na OEA nem nas Nações Unidas.

Daqui a dez dias, a senhora entregará a presidência rotativa da Unasul ao presidente do Equador, Rafael Correa. Ele tem problemas com países vizinhos, como a Colômbia, e aposta num discurso conflitivo. Esse tipo de liderança não ameaça o plano de integração?

Integração exige paciência, exige que os países estejam convencidos - mas convencidos de verdade, não apenas da boca para fora - de que a integração deve acontecer com base na diversidade. Um grupo não pode querer impor seu ponto de vista sobre os outros.

E os sinais emitidos por países como Equador e Venezuela não vão contra essa direção? O Equador prega a extinção da OEA.

Não quero pôr palavras na boca de outros presidentes. O Chile nunca apostou na Unasul como alternativa à OEA nem em qualquer briga entre países do sul e do norte. A Guerra Fria terminou e está na hora de ser coerente com isso. Nós apostamos, por exemplo, em inúmeros tratados de livre comércio, mas eu sei que existem países que não consideram o livre comércio uma opção. É preciso respeitar as diferenças. E acho que o Correa liderará entendendo isso.

Além do golpe em Honduras, há, de acordo com uma corrente de pensamento, a tese de que existem ameaças sutis contra a democracia. Em alguns países da região, foi aprovada a ampliação de mandatos presidenciais e as reeleições ilimitadas. A comunidade internacional também poderia reagir a ações como essas?

Há especialistas que dizem que vivemos tempos de recessão democrática, que existem democracias débeis. É preciso olhar com cuidado os processos que podem estar acontecendo na América Latina e possam estar debilitando a democracia. A democracia precisa ser cuidada por todos o tempo todo. Mas é preciso oferecer, ao mesmo tempo, os bens e serviços que a população necessita. Não basta chegar ao poder, é preciso dar qualidade de vida às pessoas. Afinal, qual a diferença entre não poder sair de casa por um toque de recolher ou porque a violência do crime organizado me obriga a estar trancado? Embora possa haver diferenças, ambos limitam o exercício de direitos.

O Brasil está retomando as buscas por restos mortais de ex-guerrilheiros no Araguaia, o que provoca resistência tanto de políticos quanto de militares. Que sugestão a sra., que preside um país marcado por uma das ditaduras mais violentas do mundo, foi presa e torturada, daria aos brasileiros?

A construção do futuro tem necessariamente de basear-se nas lições do passado. Não há futuro para os que não são capazes de fechar e curar as feridas adequadamente. É importante que as pessoas possam conhecer a verdade, fazer justiça e reparar as vítimas. Mas isso deve ser feito de um jeito sério, equilibrado e responsável. Jogar terra em cima não é a solução. Sendo médica, eu acredito que as feridas só cicatrizam quando realmente estão limpas.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

ETA: Cincuenta años después


Emilio Alfaro
El País

El nacimiento de ETA, hace 50 años, ha supuesto una pesadilla amarga. Hoy, debilitada y aislada, sobrevive como un residuo sangriento en Europa. Pese a ello, sigue empeñada en atemorizar en nombre de un pueblo vasco que sólo existe en su imaginación

Las pesadillas no nacen en un momento preciso; se van espesando en la telaraña de los sueños hasta que cobran forma y amargan los despertares. La pesadilla de ETA ha cumplido cincuenta años, y durante su existencia alucinada y sin freno se ha llevado por delante la vida de casi novecientas personas, ha sumergido en el miedo la existencia de varios miles más, ha narcotizado la conciencia de otras decenas de millares de vascos y, como cierre provisional del balance, ha envenenado la convivencia en Euskadi y en España hasta extremos difíciles de concebir.

Después de 856 asesinatos y 200 víctimas propias, la banda y su entorno han llegado a la soledad más extrema.El último tren para un fin dialogado lo perdió hace dos años con el atentado contra la T-4 de Barajas, al volar el proceso de paz ETA tiene voluntad y capacidad para seguir matando, pero ninguna esperanza de alcanzar sus metas. Un experto considera más factible un final por implosión que por reflexión, como los "polimilis" o el IRA.

Medio siglo después, la criatura engendrada en ese mal sueño se encuentra debilitada, más exhausta y aislada que nunca. Sobrevive ajena al tiempo y al mundo circundantes, como una reliquia sangrienta en la Europa de otra época en la que la disposición a matar o morir por la patria o la revolución estuvo bastante extendida; obstinada en ser el último y paradójico residuo del franquismo en el que surgió. Pero, pese a todo, continúa dispuesta a seguir cumpliendo su determinación de aterrorizar, de perpetuarse causando dolor en nombre de un pueblo vasco que no existe más que en su imaginación, de una sociedad que mayoritariamente se muestra hastiada y aburrida de sus pretendidos liberadores. Y así hasta que alguien, desde su seno, tenga la sensatez de darle fin. De "cerrar la persiana", como propugna desde la cárcel, más interesada que piadosamente, el abogado Txema Matanzas Gorostiaga, otrora mantenedor de la moral y la obediencia debidas entre los reclusos de la organización terrorista.

Matanzas, al igual que gran parte de sus actuales integrantes, no se había asomado al mundo cuando un pequeño grupo de estudiantes nacionalistas crearon a principios de los años cincuenta el grupo EKIN (acometer) y, tras romper en 1958 con sus mayores del PNV, a quienes acusaban de asistir cruzados de brazos a la "destrucción de la patria vasca", constituyeron Euskadi ta Askatasuna (ETA, Euskadi y libertad). El momento exacto del nacimiento sigue en discusión. Se sabe que el nombre se decidió en diciembre de ese año y que se prefirió al de Aberria ta Askatasuna (patria y libertad) porque el buen gusto del futuro escritor y académico José Luis Álvarez Emparanza, Txillardegi, uno de los conjurados, no podía tolerar una denominación abreviada, ATA, que en euskera significa pato. Se conoce también, aunque con brumas, que la reunión constitutiva se celebró el 31 de julio del año siguiente, fecha nada casual por ser la festividad de san Ignacio de Loyola y el día elegido por Sabino Arana para fundar en 1895 el PNV.

Seguramente, sus fundadores no podían imaginar que la organización puesta en marcha para sacudir el viejo nacionalismo y salvar a una Euskadi mitificada de una opresión española que sólo el franquismo hacía verosímil derivaría, apenas dos décadas más tarde, en una "hidra sangrienta" capaz de amenazar la democracia y la libertad apenas recobradas. Con esas dos palabras definió a ETA Dolores González Katarain, Yoyes, en 1985, un año antes de que el monstruo la asesinara en presencia de su hijo, porque no podía consentir que la vuelta a casa de esta dirigente refutara la predicada necesidad de seguir atados a la espiral de la muerte. Una rueda que tardó casi una década en dar ese primer giro, al que conducían fatalmente el activismo mesiánico de aquellos jóvenes y las corrientes de la época -Mayo del 68, movimientos de liberación nacional, crisis de la izquierda histórica-. En una misma fecha, el 7 de junio de 1968, y en la misma secuencia, en el corazón de Guipúzcoa, ETA causó su primera víctima mortal, el guardia civil de tráfico José Pardines, y tuvo su primer mártir en la persona de su asesino, el joven Xabi Etxebarrieta.

Bihar ere, berriro ere, beste bat hilko dute (mañana, de nuevo, matarán a otro), cantó más tarde Imanol en su recuerdo. Se refería el fallecido cantautor vasco a la policía franquista, sin sospechar que su estribillo podría describir con tono exacto el futuro discurrir de una organización que llegaría a expulsarle de su tierra, como a tantos otros. Esa primavera saltó la chispa que activó una dinámica imparable de más muertos por ambas partes, detenciones y abusos policiales, juicio de Burgos, fusilamientos de 1975... Una cadena de conmociones que disolvió en el País Vasco la vigencia social del quinto mandamiento y dio a aquellos jóvenes aguerridos el aura de resistentes a un régimen igualmente violento. La puesta en contacto de una fe absoluta en la capacidad resolutiva de la violencia con unas aspiraciones ultranacionalistas para Euskal Herria sostenidas por encima del principio de realidad y de la propia voluntad de los vascos convirtieron la organización en un mecanismo diabólico, desprovisto de interruptor capaz de desconectarlo, como ha señalado Kepa Aulestia.

Ni la amnistía de 1977 ni la democracia ni la consecución del autogobierno movieron a ETA a revisar su práctica y sus postulados; al contrario, nunca mató tanto como el año en que el País Vasco estrenó su Estatuto de Autonomía (98 asesinatos en 1980). Tampoco lo ha hecho con la entrada de España en la Unión Europea, que comenzó a recortar el crédito exterior arrastrado del franquismo y su hasta entonces confortable retaguardia en el sur de Francia, ni con la caída del muro de Berlín, que la despojó de su barniz socialista, o con la sacudida del 11-S, que ha estigmatizado en todo el mundo la etiqueta del terrorismo. ETA se convirtió hacia 1976 en un fin en sí mismo, en un ente cerrado y autorreferencial alrededor del cual se configuró una sociedad aparte -la cambiante constelación de organizaciones del llamado Movimiento de Liberación Nacional Vasco (MLNV)-, que sigue, ampara y da culto al tótem. Incluso cuando éste conduce a su expresión política -Herri Batasuna, Euskal Herritarrok, Batasuna; la disposición a cambiar de nombre denota su carácter supletorio- al ostracismo de la ilegalidad. A verse expulsada del paraíso de unas instituciones que en el pasado despreció porque podía disfrutarlas. A perder el dominio de las calles de Euskadi, amordazadas hasta anteayer por su imaginería y la intimidación de sus alevines de la kale borroka. A dejar de conmover al nacionalismo vasco institucional, siempre sensible al victimismo y las insidias de sus hijastros. A recibir, a la postre, la contundente bofetada de la última instancia a la que se había encomendado: la disolución de Batasuna era "una necesidad social imperiosa" por su vinculación a una organización terrorista, ha terminado sentenciando el Tribunal Europeo de Derechos Humanos.

Después de 50 años, 856 asesinatos, 200 víctimas propias, miles de heridos y de presos; después de una insondable contabilidad de dolor y miedo, ETA y su mundo han llegado a la soledad más extrema, a la ausencia total de expectativas. Lo ha hecho a base de desperdiciar ocasiones de poner un fin honorable a su nada gloriosa trayectoria. Quizá, por no parecerse a sus émulos de ETA político-militar, que, tras adelantarse en explorar todos los resortes del terror, se disolvieron en 1981, sin más compensación que la salida de sus presos y el regreso de los refugiados. Pero, sin duda, por la inercia invencible de la lucha armada, que con ETA militar cobró naturaleza fundacional, convirtiéndose en el fin supremo. Esta mutación explica el fracaso de todos los intentos negociados de darle una salida, porque "nunca ha encontrado el punto medio entre sus reivindicaciones y lo que podía ofrecer el Estado", apunta el abogado Txema Montero, que abandonó Herri Batasuna tras la matanza de Hipercor en 1987.

La paradoja a la que ha llegado ETA es que tiene voluntad y capacidad para seguir matando, pero ninguna esperanza en alcanzar sus metas o dar una utilidad política a su trayectoria criminal. El último tren para un fin dialogado lo perdió hace dos años con el atentado contra la T-4 de Barajas, al volar el proceso de paz abierto con el Gobierno de Rodríguez Zapatero. Como siempre, porque no se le concedió lo imposible, esa Euskal Herria autodeterminada según lo que ella ha determinado previamente; pero, en el fondo, por la inercia del mecanismo. Antes había dejado pasar el expreso de Argel (1988-1989) y el rápido de Lizarra (1998), donde la obcecación de ETA quedó en evidencia ante el espejo siempre buscado de Irlanda del Norte. Sin embargo, el principio de su fin comenzó a escribirse a mediados de los noventa, cuando sus estrategas decidieron dar el salto de "socializar el sufrimiento" más allá de sus objetivos tradicionales -guardias civiles, policías y militares-, y comenzó a asesinar a dirigentes políticos, concejales, jueces, periodistas, y a amenazar, en general, a quien viera como un obstáculo para sus designios.

La crueldad inconcebible del secuestro del concejal Miguel Ángel Blanco, al igual que el atroz cautiverio de Ortega Lara y el trabajo esbirro de Herri Batasuna en las contramanifestaciones donde gritaba: "Aldaia, paga y calla", en respuesta a la reclamación de libertad para el empresario secuestrado, activó una intensa repulsa ciudadana, que dio alas a la respuesta judicial, impulsada por el juez Garzón, contra todas las organizaciones tuteladas por ETA. Dar el salto a un terrorismo de limpieza ideológica que ponía en riesgo los propios cimientos de la democracia en el País Vasco fue, quizá, la consecuencia lógica de aquella deriva. Sin embargo, constituyó el mayor error estratégico de la organización, por cuanto obligó al Estado a poner en juego todos los instrumentos a su alcance, sin caer en el error criminal que en los ochenta significaron los GAL, que tanto alimentaron el victimismo de la banda. La firmeza constante aplicada en todos los ámbitos de la lucha antiterrorista y la colaboración internacional han achicado al máximo el campo de maniobra de ETA y su mundo, y han conducido a que hasta los más irreductibles admitan la evidencia de que la derrota policial es más que posible. Lo indica la secuencia acelerada de sustitución de las cúpulas de sus aparatos, a causa de la presión policial, y las crecientes dificultades para llevar a la práctica las ofensivas diseñadas sobre el papel. Pero, más que cualquier otra cosa, lo demuestra la hastiada indiferencia de la mayoría de la sociedad vasca a las propuestas, lamentos y penas de quienes todavía ven compatible política y pistolas, y la presencia protagonista de las víctimas. La visibilidad actual de éstas, cuando la conmoción causada por un asesinato se multiplica por su espaciamiento en el tiempo, representa un tardío resarcimiento por su ocultación pasada, cuando los terroristas mataban por decenas y sus biografías interesaban más que las de sus víctimas.

Sin embargo, casi nadie de los que conocen la teología de ETA, como el periodista Florencio Domínguez, confía en que alguien, desde dentro, tenga la suficiente clarividencia y capacidad para trabar los engranajes de la violencia, de la lucha armada convertida en único principio y razón de la criatura. Al igual que Txema Montero, Domínguez valora como más factible un acabamiento por implosión, en un tiempo impreciso, antes que un final "por reflexión", similar al que protagonizaron los polimilis o el IRA. Los ejemplos de ex jefes como Txelis (José Luis Álvarez Santacristina), Pakito (Francisco Arakama Mendia), ahora de Txema Matanzas, parecen indicar que únicamente cuando el activismo remansa en la cárcel se descubre la inviabilidad de la empresa criminal en la que estuvieron embarcados. La naturaleza amarga de la pesadilla que han mantenido y alimentado.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Obama, seis meses


Ignacio Ramonet
Le Monde diplomatique

El próximo día 20, Barack Obama cumple sus primeros seis meses en la Casa Blanca. ¿Qué balance se puede establecer, al cabo de este periodo, del conjunto de su política? Primera constatación: el nuevo Presidente no ha cometido ningún error grave. Lo cual es primordial si recordamos que John F. Kennedy, por ejemplo, en su primer semestre, se había dejado arrastrar, el 17 de abril de 1961, a la desastrosa invasión de Bahía de Cochinos, en Cuba. Tampoco se ha visto Obama enfrentado a un acontecimiento violento imprevisto, cuando Ronald Reagan, el 30 de marzo de 1981, ya había sido herido en un atentado. Y a Bill Clinton, el 26 de febrero de 1993, o sea 38 días apenas después de su toma de posesión, le tocó afrontar la tragedia provocada por la explosión, en los sótanos del World Trade Center, en Nueva York, de un camión repleto de explosivos que mató a seis personas e hirió a más de mil. Segunda anotación: la simpatía respecto a Barack Obama se mantiene a un nivel alto. A pesar de que Estados Unidos atraviesa la peor crisis de su historia desde la Gran Depresión de los años 1930, una mayoría de estadounidenses -más del 56%- aprueba su gestión. Y según el barómetro " World Leaders ", Obama se ha convertido en el "dirigente más apreciado del planeta" (1) en términos de popularidad y de influencia.


Tercera observación: el nuevo Presidente ha cumplido sus principales promesas. Sin rechazar en absoluto la economía de mercado, ha vuelto a colocar al Estado en el corazón de la vida económica y social (como se pudo apreciar cuando quebró General Motors y el Estado decidió controlar el 72% del capital del nuevo grupo reestucturado). El plan de ayuda a los bancos alcanzó cerca del billón de dólares; el penal de Guantánamo se cerrará en enero de 2010 y los presos serán enviados a países de acogida o juzgados por tribunales estadounidenses; la tortura se ha prohibido; las tropas se retirarán de Irak antes de agosto de 2010; cuatro millones de niños pobres disponen ahora de un seguro de salud financiado por una tasa sobre el tabaco; nueve millones de propietarios de viviendas tienen por fin la posibilidad de renegociar sus hipotecas; la investigación médica sobre las células madre se ha autorizado; el financiamiento público de la planificación familiar se ha restablecido; y se ha lanzado un amplio programa para el desarrollo de energías renovables. En oposición a la ideologización fanática de la diplomacia que practicó George W. Bush, Obama adopta una actitud de no-ideólogo pragmático. Su empeño principal: transmitir un sentimiento de confianza; el de un hombre que mantiene su serenidad a pesar de las presiones y que no se deja desestabilizar. No ha dudado en multiplicar, en diversos frentes diplomáticos, los gestos de conciliación y de apertura; aunque también a veces -contra los piratas de Somalia- de firmeza. Empeñándose siempre en rehabilitar la credibilidad de Estados Unidos y en recuperar la confianza internacional.

Orador fuera de serie, Obama ha ido marcando su amplio programa diplomático con discursos y declaraciones importantes. Por ejemplo, en abril pasado, en la Cumbre de las Américas de Trinidad y Tobago, cuando admitió que la política de Washington durante 50 años contra Cuba "no funcionó". Propuso una "nueva era" en las relaciones con Suramérica; mantuvo entrevistas cordiales con los mandatarios de los nuevos países progresistas (Venezuela, Bolivia, Ecuador, Nicaragua, Paraguay). Contrariamente a una larga tradición de intervencionismo estadounidense en Centroamérica, Obama condenó, el 28 de junio pasado, el golpe de Estado militar en Honduras contra el Presidente legítimo, Manuel Zelaya. Frente a los enrevesados problemas de Oriente Próximo, Barack Obama ha confirmado la prioridad que él le confiere a la compleja guerra de Afganistán. Ha aumentado allí el número de efectivos; y ha alcanzado una importante victoria diplomática al conseguir que Pakistán combatiera por fin a los talibanes y Al Qaeda en su propio territorio, en particular en el valle de Swat. Sobre la cuestión nuclear en Irán, ha tendido la mano a Teherán y propone negociar directamente con las autoridades iraníes. A pesar de las acusaciones de fraude en la reelección del presidente Mahmud Ahmadineyad el 12 de junio pasado, Obama ha mantenido su política de apertura hacia la Revolución islámica. A propósito del asunto más intrincado, el israelo-palestino, las cosas se han complicado después de la formación, en Israel, de un Ejecutivo con elementos de extrema derecha, dirigido por el ultraconservador Benyamín Netanyahu.

Este Gobierno cometió el error de rechazar, en un primer momento, la teoría de los dos Estados (palestino e israelí) (2), lo que Barack Obama sancionó poniendo fin al apoyo incondicional de Washington a Israel. Es un cambio transcendental. Por otra parte, en su importante discurso del 4 de junio en El Cairo, el mandatario estadounidense quiso restablecer el contacto con el mundo musulmán. Y romper así también con la política de su predecesor, no tanto sobre la "cuestión árabe" sino más bien sobre la "cuestión israelí", lo que, en el contexto de esta región, es idéntico en el fondo pero causa un impacto muy diferente en la forma. Después de recordar los lazos "indestructibles" que unen Estados Unidos e Israel, Obama ha repetido su apego a la solución de los dos Estados para acabar con el conflicto israelo-palestino. Y le ha exigido claramente al Gobierno de Benyamín Netanyahu que cese toda nueva intalación de colonias. Cosa que éste, presionado por sus aliados ultras, no acepta. En consecuencia, y a pesar de sus grandes dotes de conciliador, Obama no podrá evitar un choque contra el Gobierno extremista de Israel.

No todo ha sido exitoso o perfecto en estos primeros seis meses, pero el nuevo Presidente ha dado muestras de iniciativas imprevistas. Se ha colocado del lado del movimiento, del cambio, del deseo de justicia; y ha dado la impresión de querer dirigir a su país hacia la defensa de un Estado de derecho planetario. Podría tratarse de un cambio copernicano. Los oponentes habituales de Estados Unidos van a tener que moderar sus "automatismos críticos" contra Washington (hasta ahora casi siempre justificados). Y empezar a admitir que algo estaría cambiando, para bien, con Barack Obama.

Notas:
(1) The International Herald Tribune , París, 29 de mayo de 2009.
(2) Benyamín Netanyahu, en su discurso de la Universidad Bar-Ilán, el 15 de junio pasado, acabó por aceptar la creación de un Estado palestino, pero con muchas condiciones difícilmente aceptables por los palestinos, entre ellas, la de que sea un Estado desmilitarizado y que reconozca a Israel como "Estado del pueblo judío".

quinta-feira, 23 de julho de 2009

La política social como espectáculo

Nicolás Rivas
Página 12

Después de sincerar la influencia de los medios de comunicación en nuestra vida cotidiana, se presenta el desafío de adentrarse en esa forma, en los modos en que esta influencia va configurando abstracciones que adquieren sentido cuando los hechos son nombrados, son armados con palabras, con imágenes. La imposibilidad de estimar el grado o los grados porcentuales de lo que “está afuera” (esa influencia analizada en extremo que hasta nos lleva a pensarla en perspectiva analógica) desnuda a desgano nuestro reconocimiento –pequeño atentado a la celebrada y ansiada autonomía del sujeto– de que ese afuera probablemente no existe: ese afuera ya está adentro y forma parte del “imaginario colectivo”; del modo que tenemos de interpretar a la sociedad. Lo que cambiará será nuestra ubicación (individual y colectiva) en las distintas y heterogéneas clasificaciones que a diario cuadriculan las instituciones –con sus lenguajes, sus marcas, sus proyectos– como parte constitutiva y constituyente de nuestra comunidad.

Los que trabajamos en el campo de las “políticas sociales” –cuando podemos corrernos de la lupa medidora de la influencia y logramos adentramos en la constitución de ese imaginario colectivo– reflexionamos acerca del modo en que determinadas situaciones se convierten en “problemas sociales” y logran instalarse como demandas institucionales. (En este campo de las políticas sociales se incluyen tanto las llamadas prestaciones universales –salud, educación, seguridad social, etcétera– como al abanico de programas que tienen como objetivo la asistencia a poblaciones que se encuentran en situación de pobreza y/o desempleo transitorio o jóvenes que no estudian ni trabajan, etcétera.) Pero no todas las consecuencias de la denominada “cuestión social” se convierten en “problemas sociales” y logran instalarse como demandas de la sociedad –o de un sector– a las instituciones: las relaciones de fuerza, el umbral de tolerancia social, la predisposición de las burocracias y la legitimidad del reclamo –entre otras– formarán parte de ese entramado.

El discurso de los medios de comunicación también contribuye a moldear la construcción de esos problemas sociales. Estas operaciones distorsionan la presencia de derechos sociales negados apelando a sensibles sustitutos que borran la desigual distribución del ingreso cristalizando la inequidad social. En la mayoría de las situaciones se asocian a otras manifestaciones que, formando parte de ese (nuestro) imaginario colectivo, toman distancia y acorralan a la pobreza para ubicarla próxima, naturalmente, al delito, la pena y el castigo. A veces son presentados con caras –palabras, imágenes, sonidos– cercanas al efecto provocador de lástima (chicos pobres y con mocos, basura al lado de la casa, alguien llorando y, en lo posible, música con sentido). En otros casos toma la forma de caos de vecinos indignados que, por lo general, culmina con el clásico “volvemos a estudios” y continúa con una editorial que reclama pena y sanción. Lástima por un lado y castigo por otro. Del derecho negado ni noticia. De esta manera, la adicción se convierte en un hecho de inseguridad (porque los que delinquen son adictos), la juventud es violenta (porque son jóvenes sin valores ni proyectos), los desocupados que protestan son un problema de tránsito que ya forma parte de los informes de la radio, de la tele (¡y hasta de los gps!), los que necesitan programas sociales de empleo son parte del clientelismo político (que siempre tiene la costumbre cíclica y con regularidad menstrual de aparecer semanas antes de las elecciones) y los que resisten el desalojo de una vivienda –porque no tienen casa propia y lo que reclaman es tener acceso a una propiedad...– son sólo sujetos que violan –usurpando– el derecho a la propiedad privada.

Uno de los saldos que ya forman parte de estas contemporáneas discusiones en torno de los medios de comunicación es el camino iniciado –y que estamos transitando– que nos lleva a dejar de representarlos como artefactos para interpretarlos como empresas que, entre otras cosas, comercializan audiencias en busca de rentabilidad. Cuando en el preproyecto de ley de Servicios Audiovisuales se habla de inclusión de nuevos sujetos (cooperativas de servicios públicos, universidades, fundaciones, el Estado en sus tres niveles, sindicatos), las tan mentadas “nuevas voces”, no se está diciendo que –de aprobarse este proyecto– habrá más personas hablando en un escenario ya construido por los mismos que hoy poseen la posibilidad de decidir quién habla y quién no. Lo que se está diciendo es que habrá nuevas perspectivas, nuevos abordajes, nuevos constructores de agenda; nuevas maneras de representar la realidad.

No se trata de que sigan siendo los mismos los que les den –casi de modo filantrópico, caritativo o por pose progresista– la voz a quienes no tienen voz para convertirse en voceros de los excluidos, sino de que sean esos silenciados los que tengan la posibilidad de elegir cómo hablar y mostrar y decir.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gramsci e a esquerda brasileira

Gildo Marçal Brandão
Gramsci e o Brasil

De acordo com Gildo Marçal Brandão, professor do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisador do Cedec, a partir dos anos 1980 e 1990 Gramsci passou a ser uma referência importante no Brasil, propagado por autores ligados ao velho Partido Comunista Brasileiro. O pesquisador ressalta que Gramsci teve influência na construção da esquerda em nosso país, porque justificava, delineava e trazia elementos de reflexão para uma esquerda que tentava fazer uma política de frente democrática contra o regime militar. Entretanto, Brandão ressalta que a análise das classes como motor das mudanças sociais, critério chave do marxismo e do próprio Gramsci, “é ultrapassada”.

Qual é a importância de Gramsci na construção da esquerda brasileira?

Gramsci foi influente no Brasil a partir dos anos 1970. O Brasil foi um dos primeiros países que traduziu sua obra. Num determinado momento, ele passou em “brancas nuvens”. Depois, a partir dos anos 1980 e 1990, se tornou um autor importante, propagado no Brasil, em geral, por autores ligados ao velho Partido Comunista Brasileiro: Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, Luiz Werneck Vianna, Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques. Alguns liberais e pessoas de extrema-esquerda também interpretaram as obras de Gramsci, de maneira diferente. Gramsci foi importante na construção da esquerda, porque justificava, delineava e trazia elementos de reflexão para uma esquerda que tentava fazer uma política de frente democrática contra o regime militar. Várias categorias de Gramsci e do eurocomunismo foram usadas no Brasil por uma parte da esquerda que estava se reconciliando com a democracia e que achava que não se devia lutar pela derrubada da ditadura, mas sim pela derrota da ditadura. A ideia era fazer uma política de frente para isolar o regime militar. Então, categorias de Gramsci, como a guerra de posição e a ideia de que o País já era ocidentalizado e não oriental, comportavam a luta política institucional, luta de massa, reivindicação da democracia. Esse foi o Gramsci importante para a reconstrução da esquerda brasileira. Isso influenciou no começo o velho comunismo e depois se propagou pelo petismo, que tinha muitos elementos em contradição com a velha esquerda comunista. Mas Gramsci foi particularmente influente nos dois casos, porque, em ambos, a atenção à luta democrática, institucional e eleitoral, era importante.

Hoje, que reflexos de sua obra sobrevivem nos partidos de esquerda do Brasil?

Eu não conheço bem os partidos de esquerda que sobrevivem no Brasil. Mas eu tenho impressão de que a obra de Gramsci deixou algum resquício intelectual. Por exemplo, existe um site chamado Gramsci e o Brasil, que reúne intelectuais que ainda são ligados a uma posição de esquerda democrática, de esquerda gramsciana, no Brasil. Mas Gramsci como elemento de direção política, de definidor de estratégias, não existe mais. A influência dele na esquerda brasileira é muito pequena. É claro que ficou a marca de um certo setor da esquerda democrática, da esquerda que considera a democracia um valor universal. É aí que Gramsci sobrevive como influência intelectual.

Por que os ensinamentos de Gramsci se perderam nos partidos de hoje?

Primeiro porque o marxismo saiu do cenário, ou seja, ele foi fortemente abandonado e superado. O desprestígio das ideias marxistas afetou muito os teóricos latinos. Gramsci, deles todos, talvez seja um dos que melhor resista, justamente porque tem o marxismo muito voltado para a análise de situações e processos políticos. Nesse ponto, Gramsci tem muito o que dizer. Boa parte do pensamento marxista, hoje, não é nem muito considerada. Por exemplo, um critério-chave do marxismo e do próprio Gramsci é a análise das classes como motor das mudanças sociais. Ora, se observarmos a sociologia moderna, dos últimos 20 anos, se percebe que há um abandono quase generalizado da teoria das classes para explicar as mudanças sociais. Muitos sociólogos tomavam a teoria das classes como o principal vetor que explicava a mudança social. Hoje, não se tem mais nenhuma teoria nesse estilo. Não se tem mais, nas ciências sociais, teorias que explicam o conjunto. Existem, sim, teorias que explicam partes, de alcance médio, mas não globais. Há um desprestígio que afetou o marxismo, o funcionalismo, o estruturalismo. Toda essa influência recente do pós-modernismo jogou teóricos como Gramsci em segundo plano. Isso não quer dizer que não sobrevivam ou existam intelectuais marxistas de primeira categoria, com posições divergentes.

Carlo Rosselli referiu-se a Gramsci como um gênio. Quais são suas principais contribuições à ciência política atual?

Gramsci sempre se recusou a separar a política da sociologia, da economia, da cultura. Ele sempre pensou globalmente. Hoje, as ciências sociais são muito fragmentadas e segmentadas. Então, ele batia de frente com isso. Apesar de ser um marxista, e ser contra qualquer tipo de elitismo, ele sempre achou que as ciências sociais tinham que estudar e abarcar o conjunto de atividades pelas quais as classes dirigentes não só mantêm como justificam seu domínio e tentam obter o consentimento passivo dos governados. Para ele, o problema político central era superar a divisão entre governantes e governados, isto é, transformar os governados, que constituem a classe subalterna, em capazes de serem governantes. Por isso, ele acreditava que não bastava vencer; era necessário convencer. Era possível que um grupo político, mesmo sem estar no poder, se transformasse numa classe dirigente da sociedade, desde que soubesse transformar os seus interesses em interesses universais desta sociedade. Por esse caminho, Gramsci cunhou a razão da hegemonia, que é fundamental para as ciências políticas. Essa ideia de hegemonia, ao meu ver, é a principal contribuição que ele deu às ciências sociais.

Como Gramsci pode contribuir para fortalecer a democracia brasileira?

Do jeito que entendo, Gramsci nos ajuda a pensar em como construir democraticamente a democracia, e construir o socialismo, no qual ele acreditava. Gramsci aposta nesse caminho democrático e tende a ver essas duas coisas como um mesmo processo. Nesse sentido, ele é bastante coerente e reforça a capacidade que se tem de refletir e atuar no sentido de construir uma direção política que não apenas vença o adversário, mas convença.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mineradoras contratam milícias, denunciam movimentos sociais

Fabíola Munhoz
Amazônia.org

Milícias contratadas por grandes mineradoras como a Vale vêm perseguindo os movimentos sociais contrários aos impactos da mineração. A denúncia foi feita por povos tradicionais e indígenas da Amazônia durante o Observatório de Conflitos Mineiros na America Latina (OCMAL), realizado em Quito, no Equador, no início deste mês.

Segundo os participantes, a perseguição por milícias e a criminalização dos movimentos sociais pela mídia são alguns dos principais problemas enfrentados por afetados pela mineração na Amazônia latino-americana. Segundo Edmilson Pinheiro, representante da campanha Fórum Carajás que esteve no encontro, integrantes de movimentos de Brasil, Chile, Peru, Colômbia e Guatemala, especialmente indígenas e mulheres, falaram sobre as constantes ameaças que vêm sofrendo por se oporem à mineração em suas terras.

"No Peru, foi descoberta uma lista, uma espécie de dossiê com o nome de lideranças dos movimentos sociais e informações sobre elas, desde foto e idade até se têm conta corrente ou não", disse Pinheiro ao demonstrar até que ponto a luta contra esses empreendimentos pode ser perigosa. "No Norte, também sabemos que é comum a contratação de jagunços para a defesa das áreas dos projetos das mineradoras", acrescentou.

O representante do Fórum Carajás também afirmou que, além das milícias usadas para pressionar os camponeses, outro grande problema é a difamação das lideranças de movimentos contrários à mineração por veículos de comunicação. Um dos exemplos foi o que aconteceu com a Campanha Justiça nos Trilhos. O movimento, que luta contra a mineração do Pará, foi apontado pelo jornal paraense O Liberal como uma campanha que atrapalharia a atividade econômica da Vale, com a invasão da estrada de ferro e de áreas pertencentes à empresa. Pinheiro desmente o fato, argumentando que os movimentos sociais buscam a garantia dos direitos humanos e o combate aos impactos das atividades da mineração.

De acordo com Pinheiro, os efeitos nocivos da mineração aos povos tradicionais vão desde o deslocamento das populações de suas terras até a exposição dessas pessoas à poeira química e aos produtos tóxicos decorrentes da exploração de minérios em geral.

"As estações minerárias geralmente ocupam grandes áreas e não há como não haver impacto direto ou indireto da atividade sobre as populações que vivem do extrativismo, como indígenas e populações tradicionais", disse.

Ainda segundo ele, as pessoas que são obrigadas a sair de suas terras para dar lugar a projetos de mineração não recebem acompanhamento das empresas ou de governantes para que sejam minimizados os impactos sociais negativos do seu desalojamento.

Com relação às áreas onde a exploração de minérios já foi instalada, como é o caso da região de Carajás, no Pará, os movimentos sociais vêm buscando o diálogo com a Vale do Rio Doce, os governos e as comunidades locais para tentar chegar a uma solução para os atuais problemas.

Mas, de acordo com Pinheiro, a conversa com e empresa não tem sido fácil. Ele diz que a Vale continua desrespeitando assentados, trabalhadores sem-terra e indígenas afetados pela mineração nas áreas onde atua. "Tentamos fazer agora com que o governo tenha conhecimento dessas coisas e reivindique à Vale, no mínimo, infraestrutura aos municípios que ficam ao longo da estrada de ferro", afirmou.

Outro mecanismo de defesa usado pelos movimentos tem sido pedir ao Ministério Público que verifique casos de desrespeito à lei ambiental e aos processos previstos para o licenciamento de atividades com impactos ao meio ambiente.

Próximos passos

Um projeto futuro da rede de movimentos de afetados pela mineração é o de divulgar nos países onde haja acionistas da Vale do Rio Doce e de outras mineradoras, informações sobre os efeitos danosos da ação dessas empresas, desde sua implantação. A ideia é conscientizar aqueles que aplicam dinheiro na mineração sobre os impactos reais da atividade, em oposição ao marketing de sustentabilidade usado pelas mineradoras.

"A Vale diz que faz tudo de acordo com responsabilidade social e ambiental gigantescas, plantando áreas maiores do que aquelas que impactou. Perguntamos onde estão essas áreas? Só se foi com eucalipto que a empresa plantou, porque com mata nativa a gente desconhece que ela tenha feito isso", disse Edmilson. Para ele, hoje é maior a integração de diversos países no confronto com empreendimentos de mineração, inclusive, por meio da produção de estudos técnicos que servem de base para a defesa dos povos tradicionais afetados pela atividade.

domingo, 19 de julho de 2009

La derecha contrataca

Immanuel Wallerstein
La Jornada

La presidencia de George W. Bush fue el momento de mayor arrasamiento electoral por parte de los partidos de centro-izquierda en América Latina en los últimos dos siglos. La presidencia de Barack Obama corre el riesgo de ser el momento de la venganza de la derecha en América Latina.

La razón bien puede ser la misma: la combinación de la decadencia del poderío estadunidense con la continuada centralidad de Estados Unidos en la política mundial. Al mismo tiempo, Washington es incapaz de imponerse por sí mismo y todo mundo espera que entre al terreno de juego en el bando de ellos.

¿Qué fue lo que ocurrió en Honduras? Hace mucho que este país es uno de los pilares más seguros de las oligarquías latinoamericanas: tiene una clase dominante arrogante y sin arrepentimiento, guarda vínculos cercanos con Estados Unidos y es el sitio de una importante base militar estadunidense.

En las últimas elecciones, Manuel (Mel) Zelaya fue electo presidente. Siendo un producto de las clases dominantes, se esperaba que continuara jugando el juego en la forma en que los presidentes hondureños lo han jugado siempre. En cambio, inclinó sus políticas hacia la izquierda. Emprendió programas internos que en verdad hicieron algo por la vasta mayoría de la población: se construyeron escuelas en áreas rurales remotas, se aumentó el salario mínimo, se abrieron clínicas de salud. Comenzó su periodo apoyando el tratado de libre comercio con Estados Unidos, pero dos años después se unió al ALBA, la organización de Estados que creó el presidente Hugo Chávez. El resultado fue que Honduras obtuvo petróleo barato procedente de Venezuela.

Luego propuso la celebración de un referendo para saber si la población pensaba que era buena idea revisar la Constitución. La oligarquía gritó que éste era un intento de Zelaya para cambiar las leyes y hacer posible que él accediera a un segundo periodo. Dado que se preveía que la consulta ocurriera el día en que su sucesor fuera electo, ésta es claramente una razón inventada.

¿Por qué entonces escenificó el ejército un golpe de estado con el respaldo de la Suprema Corte, el Congreso hondureño y la jerarquía católica? Dos factores confluyen aquí: su visión de Zelaya y su percepción de Estados Unidos. En los años treinta, la derecha estadunidense atacó a Franklin Roosevelt como traidor a su clase. Para la oligarquía hondureña, eso significa que Zelaya, un traidor a su clase, es alguien que debería ser castigado como ejemplo para otros.

¿Y qué pasa con Estados Unidos? Cuando ocurrió el golpe, algunos comentaristas de la izquierda vociferante en la blogósfera le llamaron el golpe de estado de Obama. Esto no atina al punto de lo que ocurrió. Ni Zelaya ni sus simpatizantes en la calle, ni tampoco Chávez o Fidel Castro, tienen esa visión tan simplista. Todos ellos notan la diferencia entre Obama y la derecha estadunidense (líderes políticos o figuras militares).

Parece claro que la última cosa que el gobierno de Obama quería era este golpe de estado. Ha sido un intento por forzarle la mano. Sin duda esto recibió aliento de figuras clave de la derecha estadunidense como Otto Reich (el cubano-estadunidense y ex consejero de Bush) y el International Republican Institute. Desde que ocurrió el golpe de estado en Honduras, Obama, constreñido entre dos posturas fuertes, no hace sino ganar tiempo haciendo guiños a unos y a otros sin asumir una actitud clara.

Seamos testigos de algunas de sus aseveraciones más desorbitadas. El ministro de Relaciones Exteriores del gobierno golpista, Enrique Ortez, dijo que Obama era un negrito que no sabe nada de nada. Hay alguna controversia de qué tan peyorativo es el término negrito en castellano. En cualquier caso el embajador estadunidense protestó tajantemente ante el insulto. Ortez se disculpó por su desafortunada expresión, y se le cambió a otro puesto en el gobierno. Ortez concedió una entrevista a la televisión hondureña diciendo: No tengo prejuicios raciales, me gusta el negrito del batey que está presidiendo Estados Unidos.

Sin duda, la derecha estadunidense es más cortés pero no menos denunciatoria de Obama. El senador republicano Jim DeMint, la diputada republicana cubano-estadunidense Ileana Ros-Lehtinen, y el abogado conservador Manuel A. Estrada, todos han insistido en que el golpe estuvo justificado porque no fue un golpe de Estado, sino justamente una defensa de la Constitución hondureña. Y la blogger derechista Jennifer Rubin, publicó un texto el 13 de julio titulado: Obama está mal, mal, mal respecto a Honduras. Su equivalente hondureño, Ramón Villeda, publicó una carta abierta al presidente estadunidense el 11 de julio, donde decía que: No es la primera vez que Washington se equivoca y abandona, en momentos críticos, a un aliado y amigo.

La derecha hondureña hace su juego buscando ganar tiempo, hasta que el periodo de Zelaya termine. Si logran su objetivo, habrán ganado. Y la derecha guatemalteca, la salvadoreña y la nicaragüense observan por los costados, y ya les pican las ganas de comenzar sus propios golpes de estado contra sus gobiernos que no son ya de derecha.

Es posible que la derecha gane las elecciones este año y el año entrante en Argentina y Brasil, tal vez en Uruguay y Chile. Tres analistas importantes del Cono Sur han publicado sus explicaciones. Atilio Borón habla de la futilidad del golpe. El sociólogo brasileño Emir Sader dice que América Latina enfrenta una encrucijada: La profundización del antineoliberalismo o la restauración conservadora. El periodista uruguayo Raúl Zibechi titula su análisis La irresistible decadencia del progresismo.

Zibechi piensa que las débiles políticas de Lula, Vázquez, Kirchner y Bachelet (Brasil, Uruguay, Argentina y Chile) han fortalecido a la derecha (que avizora adoptando un estilo Berlusconi) y dividieron a la izquierda. Pienso que hay una explicación más directa y simple. La izquierda llegó al poder en América Latina debido a la distracción estadunidense y a los buenos tiempos económicos. Ahora enfrenta una distracción continuada, pero los tiempos económicos son malos y comienzan a culparla porque está en el poder, aunque hay poco que puedan hacer los gobiernos de centro-izquierda respecto a la economía-mundo.

¿Puede Estados Unidos hacer algo acerca de este golpe de Estado? Por supuesto. Primero, Obama puede oficialmente etiquetar el golpe como un golpe de Estado. Esto podría disparar una ley estadunidense que le cortara toda la asistencia de Estados Unidos a Honduras. Puede cercenar las continuadas relaciones del Pentágono con los militares hondureños. Puede retirar al embajador estadunidense. Puede decir que no hay nada qué negociar en vez de insistir en la mediación entre el gobierno legítimo y los líderes golpistas.

¿Por qué no hace todo eso? Es muy simple, también. Tiene al menos otros cuatro super puntos pendientes en su agenda: la confirmación de Sonia Sotomayor en la Suprema Corte; un desbarajuste continuado en Medio Oriente; su necesidad de pasar la legislación de salud este año (si no es en agosto, en diciembre); y de repente una presión enorme por abrir las investigaciones de los actos ilegales del gobierno de Bush. Lo siento, pero Honduras tiene el quinto lugar en la lista.

Así que Barack Obama no asume una actitud clara. Y nadie quedará contento. Zelaya puede ser restaurado en el cargo, pero tal vez sólo tres meses a partir de ahora. Demasiado tarde. Pónganle atención a Guatemala.

sábado, 18 de julho de 2009

Trabajo agobiante


Kanayo Nwanze: “No hay desarrollo planetario posible sin la agricultura como base”


La miseria en el mundo alcanzará un record histórico en 2009, ya que más de mil millones de personas -1.020 exactamente- sufrirán hambre, según estimaciones recientes de la FAO (Organización de Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación). Eso implica que un habitante de la tierra cada seis sufre graves carencias alimenticias. En una espiral explosiva, en sólo dos años, esa cifra aumentó en 200 millones. La entrevista es de Sergio Ferrari.

La lucha contra la miseria y concentración de la tierra son dos polos de una contradicción planetaria casi irresoluble. “Encontrar soluciones viables para confrontar el hambre en el mundo implica darle medios suficientes a la agricultura”, subraya Kanayo Nwanze, presidente del Fondo Internacional de Desarrollo Agrícola (FIDA), institución especializada del sistema de Naciones Unidas con sede en Roma. Licenciado en Ciencias de la Universidad de Ibadan (Nigeria) y Doctor en Entomología agrícola de la Universidad de Kansas (Estados Unidos), Nwanze, ocupó durante diez años la dirección del Centro de Arroz para África, antes de ser designado, en abril pasado, a la presidencia del FIDA por los delegados de los 165 estados miembros, tras haberse desempeñado come vicepresidente de esa institución durante dos años. Su filosofía al frente de dicho organismo internacional quedó expresada en el discurso de asunción: “Nuestros imperativos serán ubicar la agricultura al centro des las preocupaciones de los gobiernos, reducir la pobreza y el hambre y lograr los Objetivos de Desarrollo del Milenio (ODM)”. Entrevista exclusiva realizada con Kanayo Nwanze en Ginebra durante una reciente reunión de alto nivel de instituciones de la ONU.

De los 1.020 millones de personas que padecen hambre en el mundo, tres cuartas partes habitan en zonas rurales. En muchos casos, en países donde persisten formas de propiedad muy concentradas. Y en las cuales mucha gente no cuenta con tierra alguna a disposición. ¿Un problema irresoluble? ¿Una lógica completamente ilógica?

Su pregunta es muy relevante. Es muy importante observar cual es el rol que juega la agricultura en el desarrollo histórico de las civilizaciones a nivel mundial. Sin ninguna duda, tanto Europa de los siglos pasados, como en China o India actual, constatamos que la agricultura estuvo y está en el centro del desarrollo. Ninguna nación logró realmente desarrollarse sin tomar en serio a la agricultura. Aún más, muchos países del Sur, y tomo el ejemplo concreto de varias naciones africanas, allí donde hay inestabilidad política casi siempre es donde no se asegura un mínimo crecimiento económico. Y en ese sentido, estoy convencido, que hay que poner un gran énfasis en la inversión de la agricultura. Ésta debe estar al centro del desarrollo en el sentido amplio.

Las cifras, sin embargo, muestran un avance sostenido de la miseria y el hambre en el mundo. Si la clave está en la agricultura pero no se materializan soluciones, se puede afirmar que se trata de falta de voluntad política. ¿Concuerda con esta visión?

Absolutamente. Los gobiernos de los países emergentes deben asumir sus propias responsabilidades. Y deben asumir el desafío de impulsar la agricultura. Lo que implica dar respuesta al tema de la utilización de las tierras que tienen a disposición esos países. Una gran parte de las cuales está en manos de un cierto número de privilegiados que no quieren entender que si no ponen sus tierras a disposición de una agricultura eficaz no habrá crecimiento de la producción y de la productividad. Generalmente, la existencia de tierras abundantes en manos de personas ricas que no piensan a la agricultura está ligada a gobiernos no realmente comprometidos en encontrar soluciones económico-sociales efectivas.

¿Qué prioridades concretas en tanto políticas de gobierno para salir de la miseria?

Inversiones en infraestructura y en agricultura. En África, menos del 5% de la tierra está irrigada. Muchos agricultores dependen casi exclusivamente de la lluvia. Si no se invierte en irrigación es casi inimaginable cualquier mejora real. Insisto: a veces se olvida que el desarrollo de Europa se hizo sobre la base de la agricultura. A partir de allí se pasó a la agroindustria y luego a otras esferas. En África, ciertos países como Gana han mejorado a partir de inversiones reales para la agricultura. Si vemos a nivel mundial, naciones pujantes como China, India, Brasil e incluso Vietnam, han avanzado priorizando sus agriculturas.

Analizando las cifras de aumento del hambre en el mundo anticipadas recientemente por la FAO, pareciera que los Objetivos del Milenio definidos por la ONU y la comunidad internacional... ¿Cuál es su propia evaluación del cumplimiento de los Objetivos del Milenio?

Es siempre muy útil tener objetivos claros. Y en ese sentido los Objetivos de Desarrollo del Milenio son importantes. En una primera etapa se dieron avances sensibles en muchos países en desarrollo, especialmente en África. Sin embargo, en aquel momento, nadie hubiera imaginado una crisis financiera y económica como la que confrontamos hoy. Realidad que amenaza el cumplimiento de dichas metas. En particular el ODM número 1 que establece la reducción del hambre y la pobreza a la mitad hasta el 2015. Salvo algunas naciones, como China, no veo muy realista que otros países puedan lograr lo definido.

Más que todo pesimista, entonces, en cuanto al cumplimiento...

No pienso que se puede ser muy optimista... Aunque tampoco es bueno ser demasiado pesimista. Lo importante ahora es evaluar qué progresos podemos seguir logrando, dada la situación actual, acentuada por la crisis. Y es también significativo ver que hemos podido hacer algunos progresos. Y ser conscientes que en el horizonte del 2015, si no se llegan a cumplir todos los objetivos, al menos saber que hemos dado pasos decididos para apoyar a los sectores más necesitados.

Uno de los Objetivos es el aumento de la cooperación al desarrollo del norte hacia al sur. Viendo que no siempre los países del norte están muy predispuestos a aumentos significativos…¿cuál es su propia visión sobre este tema de tanta actualidad?

Creo que el FIDA ha sido precursor en promover este aumento. Y hemos dado pasos significativos, en base a una muy buena relación de contrapartes, al interior de nuestro organismo, entre los países en desarrollo, los productores de petróleo y los desarrollados, que desde la fundación del FIDA nos han prestado su apoyo. La decisión común de definir un aumento del 67 % del financiamiento del FIDA para el período 2010-2012 atestigua este apoyo.

Otro elemento importante a destacar es la tendencia en aumento de la cooperación Sur-Sur, entre naciones importantes como China, India, Brasil y entre continentes. Pienso que todo esto nos permite ser optimistas. Acabo de participar en la cumbre del G8 de Aquila, en Italia. La decisión consecuente de apoyar con 20 mil millones de dólares la lucha contra la pobreza, especialmente enfocada en África, es una señal muy importante. Debo destacar el liderazgo del presidente Barack Obama en esta decisión y su demanda, a los otros gobernantes, de cumplir este compromiso . Un nuevo esfuerzo de colaboración genuina Norte-Sur.

Hay que recordar, sin embargo, que las crisis de la alimentación y ambiental son muy profundas. Y es importante clarificar bien qué es lo que necesita realmente el sur. Por ejemplo, los dirigentes africanos, deben mostrar su disposición a compromisos ciertos. Comprometerse activamente a responder a las prioridades de sus poblaciones, a promover el buen gobierno, a asegurar la transparencia total. Es importante que promuevan el marco correcto y adecuado para que esa cooperación definida por el norte sea efectiva y beneficiosa.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

De la revolución a la metamorfosis

Edgar Morin
Le Monde

El éxito Verde en las elecciones europeas, en Francia, no debe ser ni sobreestimado ni subestimado. No debe ser sobreestimado porque proviene en parte de la carencia del Partido Socialista, de la escasa credibilidad del MoDem y de las pequeñas formaciones de izquierda. No debe ser subestimado porque manifiesta también el progreso político de la conciencia ecológica en nuestro país.

Pero lo que sigue siendo insuficiente es la conciencia de la relación entre política y ecología. Desde luego, con mucha razón, Daniel Cohn-Bendit habla en nombre de una ecología política. Pero no basta con introducir la política en la ecología; es necesario también introducir la ecología en la política. En efecto, los problemas de la justicia, del Estado, de la igualdad, de las relaciones sociales, escapan a la ecología. Una política que no englobara la ecología estaría mutilada, pero una política que se redujera a la ecología estaría igualmente mutilada.

La ecología tiene el mérito de inducirnos a modificar nuestro pensamiento y nuestra acción sobre la naturaleza. Sin duda, esta modificación está lejos de realizarse. La visión de un universo de objetos que el hombre está destinado a manipular y a dominar no ha sido verdaderamente sustituida todavía por la visión de una naturaleza viva en la que es preciso respetar las regulaciones y las diversidades.

La visión de un hombre «sobrenatural» no ha sido sustituida todavía por la visión de nuestra interdependencia compleja con el mundo vivo, cuya muerte significaría nuestra muerte. La ecología política tiene además el mérito de conducirnos a modificar nuestro pensamiento y nuestra acción sobre la sociedad y sobre nosotros mismos.

En efecto, toda política ecológica tiene dos caras, una de ellas vuelta hacia la naturaleza, la otra hacia la sociedad. Así, la política que pretende reemplazar las energías fósiles contaminantes por energías limpias es, al mismo tiempo, una política de salud, de higiene, de calidad de vida. La política de las economías energéticas es a la vez un aspecto de una política que evite las dilapidaciones y luche contra las intoxicaciones consumistas de las clases medias.

La política que hace retroceder a la agricultura y la ganadería industrializadas descontaminando así las capas freáticas, desintoxicando la alimentación animal, viciada de hormonas y de antibióticos, la alimentación vegetal impregnada de pesticidas y herbicidas, sería al mismo tiempo una política de higiene y de salud públicas, de calidad de los alimentos y de calidad de vida. La política que dirige sus esfuerzos a descontaminar las ciudades, rodeándolas con un cinturón de aparcamientos, desarrollando los transportes públicos eléctricos, haciendo peatonales los centros históricos, contribuiría fuertemente a una rehumanización de las ciudades, que comportaría además la reintroducción del carácter mixto social suprimiendo los guetos sociales, comprendidos los guetos de lujo para privilegiados.

Sobriedad, calidad y poesía

De hecho, hay ya en el segundo aspecto de la ecología política una parte económica y social (las grandes obras necesarias para el desarrollo de una economía verde, comprendida la construcción de aparcamientos alrededor de las ciudades). Hay también algo más profundo, que no se halla todavía en ningún programa político: es la necesidad positiva de cambiar nuestras vidas, no solamente en el sentido de la sobriedad, sino sobre todo en el sentido de la calidad y de la poesía de la vida.

Pero esta segunda cara no está todavía suficientemente desarrollada en la ecología política. En primer lugar, ésta no ha asimilado el segundo mensaje, de hecho complementario, formulado en la misma época que el mensaje ecológico, al principio de los años setenta, el de Ivan Illich. Éste había formulado una crítica original de nuestra civilización, mostrando cómo un malestar físico acompañaba los progresos del bienestar material, cómo la hiperespecialización en la educación o la medicina producía de nuevo obcecaciones, cuán necesario era regenerar las relaciones humanas en lo que llamaba convivencialidad. Cuando el mensaje ecológico penetraba lentamente en la conciencia política, el mensaje illichtiano se quedaba confinado.

Las degradaciones del mundo exterior eran cada vez más visibles, mientras que las degradaciones físicas parecían ser propias de la vida privada y se convertían en invisibles a la conciencia política. El malestar físico realzaba y realza todavía los medicamentos, somníferos, antidepresivos, psicoterapias, psicoanálisis, gurús, pero no es percibido como un efecto de civilización.

El cálculo aplicado a todos los aspectos de la vida humana oculta lo que no puede ser calculado; es decir, el sufrimiento, la felicidad, la alegría, el amor; en resumen, lo que es importante en nuestras vidas y que parece extrasocial, puramente personal. Todas las soluciones examinadas son cuantitativas: crecimiento económico, crecimiento del PIB. ¿Cuándo la política tomará en consideración la inmensa necesidad de amor de la especie humana perdida en el cosmos?

Una política que integrara la ecología en el conjunto del problema humano afrontaría los problemas que plantean los efectos negativos, cada vez más importantes en relación con los efectos positivos, los desarrollos de nuestra civilización, entre ellos la degradación de las solidaridades, lo que nos haría comprender que la instauración de nuevas solidaridades es un aspecto capital de una política de civilización.

Ecología y regeneración política

La ecología política no podría aislarse. Puede y debe arraigarse en los principios de las políticas emancipadoras que han animado a las ideologías republicana, socialista, luego comunista, y que han irrigado la conciencia cívica del pueblo de izquierda en Francia. Así, la ecología política podría entrar en una gran política regenerada, y contribuir a regenerarla.

Una gran política regenerada se impone más aún cuando el Partido Socialista es incapaz de salir de su gran crisis. Se encierra en una alternativa estéril entre dos remedios antagonistas. El primero es la «modernización» (es decir, la adhesión a las soluciones tecnoliberales), cuando la modernidad está en crisis en el mundo. El otro remedio, la izquierdización, es incapaz de formular un modelo de sociedad. El izquierdismo sufre actualmente un revolucionarismo privado de revolución. Denuncia precisamente la economía neoliberal y los desenfrenos del capitalismo, pero es incapaz de enunciar una alternativa. El término «partido anticapitalista» revela esta carencia.

Si la ecología política manifiesta su verdad y sus insuficiencias, los partidos de izquierda manifiestan, cada uno a su manera, sus verdades, sus errores y sus carencias. Todos deberían descomponerse para recomponerse en una fuerza política regenerada que pudiera abrir algunas vías. La vía económica sería la de una economía plural. La vía social sería la del retroceso de las desigualdades, de la desburocratización de las organizaciones públicas y privadas, de la instauración de las solidaridades. La vía pedagógica sería la de una reforma cognitiva, que permitiría conectar los conocimientos, más que nunca divididos y desunidos, a fin de tratar los problemas fundamentales y globales de nuestro tiempo.

La vía existencial sería la de una reforma de la vida, en la que llegaría a la conciencia lo que es experimentado oscuramente por cada cual, que el amor y la comprensión son los bienes más preciosos para un ser humano y que lo importante es vivir poéticamente; es decir, en la plena realización personal, la comunión y el fervor.

Hacia el comienzo de un comienzo

Y si es cierto que el curso de nuestra civilización, convertida en globalizada, conduce al abismo y que precisamos cambiar de vía, todas estas nuevas vías deberían poder converger para constituir una gran vía que conduciría más que a una revolución, a una metamorfosis. Pues cuando un sistema no es capaz de tratar sus problemas vitales, o bien se desintegra, o bien produce un metasistema más rico, capaz de tratarlos: se metamorfosea.

La inseparabilidad de la idea del progreso reformador y de una metamorfosis permitiría conciliar la aspiración reformadora y la aspiración revolucionaria. Permitiría la resurrección de la esperanza sin la que ninguna política de salvación es posible. Ni siquiera estamos al comienzo de la regeneración política. Pero la ecología política podría seducir y animar el comienzo de un comienzo.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

El mal de McNamara le sobrevive

Robert Scheer
Truthdig.com

¿Por qué no hablar mal de los muertos? Robert McNamara, que ha fallecido esta semana, fue un hombre complejo, encantador incluso, de un modo borrascoso, una persona a la que vi reflexiva cuando tuve ocasión de entrevistarle. En el tercer acto de su vida, a menudo abogó en favor de posturas progresistas sobre la pobreza mundial y los peligros de la carrera nuclear armamentista. Pero cualquiera que fuese su mejor naturaleza, debe ser el descarnado mal que perpetró como Secretario de Defensa el que fije indeleblemente nuestro recuerdo de él.

No hablar abiertamente por respeto al finado sería burlarse de la memoria de los millones de inocentes muertos y mutilados gracias a McNamara en una guerra que, según admitió por sí mismo, jamás tuvo sentido. Mucho se ha hablado del hecho de que se retractara de su apoyo a la guerra, pero tal cosa sucedió veinte años después de que concluyera el holocausto que infligió a Vietnam.

¿Es holocausto un término con una carga emotiva demasiado gravosa? ¿Cuántos millones de civiles inocentes hacen falta para poder aplicar etiquetas como holocausto, genocidio o terrorismo? ¿Cuántas de las víctimas sin miembros producidas por las bombas de fragmentación y las minas terrestres que vi en Vietnam durante y después de la guerra? ¿O es que los dirigentes de los Estados Unidos tienen siempre que quedar exentos de estas preguntas? Quizás si McNamara hubiera estado sujeto a responsabilidades penales, los arquitectos del desastre de Irak se lo hubieran pensado dos veces.

Por el contrario, a McNamara le honró el presidente Lyndon Johnson con la Medalla de la Libertad, el mismo al que había escrito en un informe privado nueve meses antes, ofreciendo su valoración de la carnicería de Vietnam: "La imagen de la mayor superpotencia mundial matando o hiriendo gravemente a un millar de no combatientes cada semana, mientras trata de reventar hasta someterla a una diminuta nación atrasada por una cuestión cuya importancia se debate acaloradamente, no es plato de gusto".

Ya lo sabía él entonces, y concedámosle esto, la magnitud del horror nunca le abandonaría. Cuando le entrevisté para Los Angeles Times en 1995, con motivo de la publicación de sus recuerdos y confesiones, su valoración de la locura que había desencadenado estaba clarísima:

"Mire, lanzamos sobre esa zona minúscula entre tres y cuatro veces el tonelaje empleado por los Aliados en todos los teatros bélicos de la II Guerra Mundial en un periodo de cinco años. Fue algo increíble. Matamos -resultaron muertos allí- 3.200.000 vietnamitas, sin contar los soldados de Vietnam del Sur. ¡Dios mío! La mortandad, el tonelaje, fueron disparatados. El problema es que tratábamos de llevar a cabo algo militarmente imposible, tratábamos de doblegar voluntades. No creo que se pueda quebrantar la voluntad bombardeando hasta bordear el genocidio".

Nosotros -no, él- no pudimos doblegar sus voluntades porque su lucha era la de la independencia nacional. Habían derrotado a los franceses y derrotarían a los norteamericanos que tomaron el relevo cuando los colonialistas franceses dieron la espantada. La guerra fue mentira desde el inicio. Nunca tuvo nada que ver con la libertad de los vietnamitas (instalamos a un tirano tras otro en el poder), sino que por el contrario guardaba relación con nuestra irracional obsesión con el "comunismo internacional" propia de la Guerra Fría. Irracional, como reconoció el presidente Richard Nixon cuando abrazó la distensión con los comunistas soviéticos, brindó con el feroz comunista chino Mao Tse-tung y recrudeció a continuación la guerra contra el Vietnam "comunista" y la Camboya neutral.

Nunca dejó de ser mentira y nuestros dirigentes lo sabían, pero no por eso se dieron un respiro. Tanto Johnson como Nixon dejaron bien claro en las cintas grabadas en la Casa Blanca que esa matanza sin sentido, el infame recuento de cadáveres ("body count") de McNamara, guardaba relación con la política interna y nunca con la seguridad.

Las mentiras quedaron claramente de manifiesto en los Papeles del Pentágono que encargó McNamara, pero que solamente se hicieron públicos gracias al coraje de Daniel Ellsberg. Sin embargo, cuando Ellsberg, un antiguo "marine" que había trabajado para McNamara en el Pentágono, fue llevado a los tribunales, enfrentándose a la ira desatada del Departamento de Justicia de Nixon, McNamara no levantó un dedo en su defensa. Lo que es peor: tal como Ellsberg me recordaba esta semana, McNamara amenazó con que si se le citaba a testificar en el juicio por parte del equipo de defensores legales de Ellsberg, "su cliente lo pasaría realmente mal".

No tan mal como quienes resultaron muertos o gravemente heridos. No tan mal como los casi 59.000 soldados norteamericanos muertos y aquellos, muchos más, horriblemente heridos. Entre ellos se contaba el escritor y activista Ron Kovic, a quien las mentiras de McNamara sedujeron, siendo un chico de Long Island, para enrolarse voluntario dos periodos de servicio en Vietnam. Terminaría, luchando contra un cuerpo casi totalmente paralizado, elevando su voz contra la guerra con la esperanza de que no tuvieran que padecer otros lo que él sufrió (y aún sufre). Mientras tanto, McNamara mantuvo su silencio de oro, aunque Richard Nixon siguiera matando y mutilando a millones más. El mal es lo que hizo McNamara, y bien que se esforzó.

domingo, 12 de julho de 2009

Israel: ¿Realmente confiaría usted en este hombre?


Khalid Amayreh
Al Ahram Weekly


El gobierno israelí encabezado por el primer ministro Benyamin Netanyahu está haciendo esfuerzos coordinados para evitar una crisis que se avecina con la administración Obama en relación a la expansión de los asentamientos judíos en Cisjordania.

El presidente de Estados Unidos, Barack Obama, está pidiendo que Israel congele todos los proyectos de expansión de los asentamientos en Cisjordania y Jerusalén este para hacer posible la creación de un Estado palestino viable. Sin embargo, hasta el momento Netanyahu ha estado desafiando las demandas estadounidenses, recurriendo a tácticas de distracción y a declaraciones vagas acerca de aceptar una entidad palestina en Cisjordania y Gaza.

El lunes 6 de julio el ministro de Defensa israelí Ehud Barak, que está actuando en la práctica como ministro de Exteriores extraordinario en vez del ampliamente despreciado Avigdor Lieberman, se volvió a reunir en Londres durante 90 minutos con el Enviado de Paz estadounidense George Mitchell. Como siempre, Barak trataba de vender gato por liebre y ofrecía desmantelar “los puestos de avanzada ilegales” a cambio de obtener el consentimiento estadounidense para permitir la construcción de edificios de asentamiento en los “puestos de avanzada legales”.

Ambos se habían reunido antes en Nueva York y mantenido “intensas conversaciones” sobre la cuestión de la expansión de los asentamientos. Barak calificó el encuentro de “positivo y constructivo” y afirmó que “no hay crisis en las relaciones entre Estados Unidos e Israel”. Sin embargo, informes posteriores indicaban que el encuentro de Nueva York fue un fracaso ya que Mitchell se negó a aceptar las baratijas del vendedor Barak que permitirían a Israel seguir construyendo miles de viviendas para colonos bajo la rúbrica de “crecimiento natural”.

Hace unas semanas un diplomático occidental se enfrentó a altos cargos israelíes por los “asentamientos ilegales” y les preguntó por qué Israel, aparentemente un Estado democrático en el que se mantiene el imperio de la ley, permitía de entrada que se establecieran puestos de avanzada ilegales. Lo saltos cargos eludieron la pregunta argumentando que el asunto era “más complicado de lo que parece”.

Según los medios de comunicación israelíes, Barak ha estado tratando de impresionar a Mitchell con una oferta de desmantelar 26 puestos de avanzada, tres de los cuales ya han sido desmantelados. Los estadounidenses, sin embargo, tienen una lista de al menos 100 puestos de avanzada que ellos insisten en que Israel debe desmantelar. La mayor parte de ellos se estableció después de que acabara la “era Oslo”, especialmente desde 2000, y en su mayoría están construidos sobre tierra privada palestina de la que se han apropiado los colonos a golpe de pistola, con frecuencia en coordinación con el ejército de ocupación israelí.

En 2005 y 2008 Israel se comprometió a desmantelar estos mismos puestos de avanzada, pero sin resultados. Esto explica probablemente por qué Barak no dio a Mitchell un calendario para suprimir los puestos, una señal de que Israel no pretende verdaderamente cumplir su viejo compromiso, que forma parte de la hoja de ruta respaldada por Estados Unidos.

Algunos comentaristas israelíes han calificado de “jugar en tiempo prestado” los esfuerzos israelíes por engatusar a Estados Unidos para que acepte un “compromiso” sobre la expansión de los asentamientos. Esta semana Akiva Eldar escribía en Haaretz que Israel debería darse cuenta de que Estados Unidos considera actividades ilegales todos los asentamientos judíos, incluso en Jerusalén este. “No existe una fórmula mágica por medio de la cual Israel puede convencer a la administración Obama de que acepte la expansión de los asentamientos”.

Si no se materializa el buscado “compromiso” con Estados Unidos, es muy de esperar que Israel exprese su “voluntad” de congelar la construcción de asentamientos a cambio de concesiones trascendentales por parte del campo árabe: primero, que los palestinos reconozcan a Israel como un Estados exclusivamente judío en el que los no judíos tienen que aceptar [su] inferioridad racial o abandonarlo y, segundo, una profunda y multifacética normalización entre Israel y todo el mundo árabe.

Por supuesto, Israel se da cuenta de que los palestinos y otros árabes nunca aceptarían estas humillantes condiciones previas que equivalen a una especie de capitulación ante la intransigencia israelí. Por tanto, esta declaración no sería sino una continuación de la política de gestos, que representa el modus operandi del discurso del gobierno de Netanyahu. También es un indicio de que Israel no está realmente interesado en alcanzar una paz honesta y digna con los palestinos, sino que sólo está tratando de arrojar el consabido balón al campo árabe o, al menos, al estadounidense.

En realidad Netanyahu ha estado alardeando de haber logrado crear “un consenso nacional” sobre las restricciones y proscripciones que harían nula está “aceptación” de un Estado palestino. En su discurso pronunciado la semana pasada en la universidad de Bar Ilan Netanyahu, que apenas si pronunció una vez las palabras “Estado palestino”, afirmó que Israel tendría que controlar estrechamente las fronteras, los pasos fronterizos, el espacio aéreo, los recursos acuíferos y las relaciones exteriores de este Estado, que dijo que tendría que estar completamente desmilitarizado. Netanyahu también afirmó que los palestinos tendrían que renunciar al derecho al retorno de los millones de refugiados arrancados de sus hogares cuando se creó Israel en Palestina en 1948. También afirmó que Jerusalén este seguiría siendo parte de Israel en el contexto de cualquier acuerdo de paz con los palestinos.

Al preferir calmar y complacer a sus socios de extrema derecha en la coalición en vez de tratar con honestidad las cada vez mayores demandas internacionales de acabar con los 42 años de una ocupación similar a los nazis, Netanyahu apuesta cada vez más por Barak, al que la máquina hasbra [de propaganda, en hebreo] israelí califica falsamente de “izquierdista”, y por el presidente israelí Shimon Peres, supuesta “paloma de la paz”.

La semana pasada Peres, que estaba participando en una conferencia interconfesional en Astana, capital de Kazajastán, llamó al rey saudí Abdullah “para que se reuniera conmigo en Jerusalén, Riyad o cualquier otro lugar para hacer que se hiera real la promesa de paz”. Considerado mayoritariamente como un maestro de la hipocresía y la duplicidad moral, Peres ignoró completamente el hecho de que el sueño de paz ha sido prácticamente asesinado por la inexorable expansión de los asentamientos israelíes en Cisjordania y también por el sistemático rechazo israelí de todas las ofertas de paz árabes, incluyendo la propia iniciativa de paz árabe de Arabia Saudi.

Con todo, cada vez está más claro que ni las evasivas de Netanyahu ni las tácticas de vendedor de Barak y ni siquiera la magia de las relaciones públicas de Peres están logrando que mucha gente conceda a Israel el beneficio de la duda.

El lunes 6 de julio la ex-ministra de Exteriores y líder de la oposición Tzipi Livni acusó a Netanyahu de ser deshonesto y mentiroso en relación a su compromiso declarado con la solución de los dos Estados. “Él no sabe que éste es el camino adecuado para Israel, pero entiende que es lo correcto que hay que decir. El mundo lo está pidiendo, por eso dice “tengo que decirlo”; así es cómo se explica su discurso ante los miembros de su facción” afirmó Livni.

Mientras, los asentamientos continúan expandiéndose sin cesar como si no hubiera una crisis respecto a ellos. El Jerusalem Post del 6 de julio informó de que el gobierno ha concedido incentivos financieros para animar a los colonos a comprar casas en Cisjordania. Los fuertes subsidios, afirma Peace Now, que hace un seguimiento de la expansión de los asentamientos judíos en Cisjordania, ayudarían a posibles colonos a trasladarse a los asentamientos. “De este modo, el gobierno demuestra su rechazo de la solución de los dos Estados”.

sábado, 11 de julho de 2009

Diálogo sobre Honduras concluye sin ningún acuerdo

Agencias

La primera ronda de las conversaciones que se desarrollan en Costa Rica entre las comisiones designadas por el depuesto gobernante de Honduras, Manuel Zelaya, y su sucesor de facto, Roberto Micheletti, para resolver la crisis política desencadenada por el golpe de Estado de los militares ha concluido sin acuerdo alguno. Óscar Arias, presidente costarricense y mediador en el conflicto, ha asegurado que las negociaciones se reanudarán lo antes posible y el propio Micheletti ha señalado que se va a dar un descanso en las reuniones para regresar la próxima semana. El diálogo ha transcurrido "muy bien", dijo el dirigente interino, que asegura que mantendrá las negociaciones el tiempo que sea preciso.

Los representantes de las dos partes enfrentadas se reunieron ayer viernes por segundo día en San José para buscar una salida, un diálogo que el presidente venezolano, Hugo Chávez, calificó ayer como "una trampa". En concreto, dijo que las conversaciones estaban "muertas" antes de comenzar, y aseguró que Estados Unidos cometió un "fatídico error" al apoyar las negociaciones. No obstante, Arias ha asegurado que se han logrado "avances", aunque no ha querido precisar cuáles, y que se ha logrado establecer una agenda de temas a tratar.

Por su parte, la vicecanciller hondureña, Marta Alvarado, precisó que la mediación tendrá "un desarrollo lento", porque la crisis "no se resuelve en una tarde, ni en dos horas". "Es un problema complejo", sostuvo, y explicó que, entre otros aspectos, la primera etapa de las conversaciones incluye "presentar las evidencias del caso", lo cual "lleva tiempo". El propio Arias, que el jueves intentó reunir a Zelaya y Micheletti pero sólo pudo entrevistarse con cada uno por separado, aseguró entonces que "el diálogo hace milagros, pero no inmediato".

El Gobierno de Micheletti no ha mostrado inconvenientes en prolongar el diálogo "hasta el último minuto", pero los seguidores del presidente depuesto señalan que el proceso "da tiempo a los golpistas" para consolidarse en el poder.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Costa Rica desempeñará papel mediador en Honduras

Agencias

EE UU se convirtió ayer en el epicentro de los esfuerzos diplomáticos para zanjar la crisis hondureña. El destituido presidente Manuel Zelaya se reunió con la secretaria de Estado norteamericana, Hillary Clinton, en el encuentro de mayor nivel hasta el momento con la Administración Obama. A la salida de la reunión, Clinton declaró que existía un entendimiento entre todas las partes para "evitar la violencia" y dijo haber recomendado a Zelaya hacer todo lo posible para evitar una situación como la del domingo, cuando el mandatario sobrevoló el país. Los disturbios causaron un muerto.

"Tiene que haber un mejor camino", manifestó Clinton a las puertas del Departamento de Estado en Washington. "Instamos a todas las partes a evitar actos de violencia y a buscar una solución constitucional pacífica y duradera a las serias divisiones de Honduras a través del diálogo", declaró Clinton.

Insistió en que había llegado la hora de iniciar "el diálogo" y manifestó su apoyo a que el presidente costarricense y premio Nobel de la Paz, Óscar Arias, sea el mediador. El arbitraje de Arias fue aceptado tanto por el Gobierno de hecho de Roberto Micheletti como por Zelaya, que viajó a Costa Rica desde Washington. Como mediador, el presidente costarricense anunció anoche que las conversaciones para solucionar el conflicto hondureño comenzarán mañana en San José con la presencia de Zelaya y de Roberto Micheletti.

Horas antes de la entrevista, un alto funcionario de la Administración Obama declaró que una opción era tratar de forjar un compromiso entre Zelaya, el presidente de hecho Micheletti y las Fuerzas Armadas para que el depuesto mandatario pudiera retornar y terminar los seis meses de Gobierno que le quedan con poderes limitados y claramente definidos. A cambio, Zelaya abandonaría sus aspiraciones de reformar la Constitución con el fin de lograr la reelección. Ayer, tras la reunión con Clinton, Zelaya dijo que no descartaba un adelanto de las elecciones como posible solución a la crisis, aunque dejó claro que el actual Gobierno de hecho "no está legitimado para convocarlas".

Mientras tanto, en Tegucigalpa, Xiomara Castro, la esposa del presidente Zelaya, que permanecía escondida desde que los militares secuestraron a su marido y lo expulsaron del país, se puso ayer al frente de una gran manifestación de condena al golpe de Estado. En un momento de la marcha, los manifestantes se toparon con una barrera de policías que había recibido la orden de no dejarlos pasar. La multitud los dejó a un lado sin que se produjeran enfrentamientos y la primera dama se acercó a ellos para abrazarlos y agradecerles su actitud pacífica.

No fue la única manifestación que ayer recorrió las calles de Tegucigalpa. Los partidarios del Gobierno de facto también hicieron notar su fuerza y volvieron a ocupar el Parque Central. La noticia más comentada tanto en una como en otra marcha fue la propuesta formulada ayer mismo por el presidente de la Corte Suprema de Justicia, Jorge Rivera: "El Congreso podría conceder una amnistía a Manuel Zelaya por los delitos de que se le acusa y así él podría volver al país sin temor a ser detenido".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Italia: En los orígenes de la decadencia


Rossana Rossanda
Il Manifesto

El diagnóstico del estado de la política en Italia es simple: la mitad de los ciudadanos se ha abstenido en las elecciones europeas, en las segundas vueltas de las administrativas y en el referéndum aún mucho más. El escenario es semejante en toda Europa. Los socialistas han perdido en todas partes, el parlamento europeo es ampliamente de centro derecha. Las izquierdas radicales son más débiles de lo previsto y las italianas han desaparecido de escena. Italia carece de una socialdemocracia, debilitada por lo demás en otras partes. Por todas partes despunta o se refuerza una extrema derecha. La señal es la opuesta a la que proviene de los Estados Unidos, en absoluto tenida en cuenta, en la práctica, en Europa.

En Italia Berlusconi no supera, como esperaba, el 35%, y es menos fuerte que hace un año. La Liga alcanza el 10, son inseparables. Fini juega su propio juego. Si esto conduce a una crisis de gobierno, será desencadenada y gestionada desde la mayoría (y apoyada por el Vaticano a través de Casini). La minoría está dividida entre un A D en descenso, dividido y confundido, y una izquierda radical hecha añicos. Ni tan siquiera los Verdes parecen librarse de la crisis, a pesar de que Obama en los EE UU y muchos otros en Europa ven en la ecología una inversión necesaria y un valor-refugio. La opción bipartita que había sido común a Berlusconi y Veltroni se ha venido abajo.

1. Si estamos de acuerdo en lo que hace a este sintético resumen, queda por ver si se comparte el porqué de este resultado. En mi opinión, en lo que respecta a Italia habrá que buscarlo lejos, al tiempo en que transcurre mi generación, que por otro lado no es más que un breve momento histórico. De hecho, el desastre actual parece mayor en la medida en que la izquierda de la posguerra era más fuerte que en otras partes. Nunca fue mayoritaria, tal como observaba Norberto Bobbio, precisamente porque estaba representada, en un país surgido del crisol del los años veinte y treinta en Europa, por comunistas y socialistas y un fuerte sindicato que aplastaron entre ellos y la DC una interesante tercera fuerza (Justicia y Libertad).

Esta forma adoptada por la izquierda, desde la resistencia a 1956, es bastante diferente a la de las otras de occidente. Los socialistas y los comunistas, libres de las disputas de los años treinta encubiertas por el fascismo, estaban entonces unidos y los comunistas parecían, salvo para la DC y para el “partido americano”, suficientemente desvinculados de la URSS (considerada esta por otra parte no como un peligro inminente). Así, después de 1956 y de la ruptura con el PS, el PCI supera gradualmente, en cantidad y cualidad de audiencia al hasta entonces más fuerte PCF, al hacer suya una ancha franja de opinión. Resulta difícil separar de esto la sólida cimentación del sentido común republicano, constitucional, antifascista; y todo ello, además, coloreado con un tono de concepción clasista (vivísima en la resistencia, incluso en Justicia y Libertad y más tarde en el catolicismo de Dossetti y de la corriente de Base de la DC).

2. El escenario cambia en los años sesenta–setenta, en correspondencia con la gran modernización del país en la composición social, productiva y cultural. El PS cambió de frente, en el PCI se abre un debate, el sindicato crece y cambia su estructura de base, un área de izquierda radical comienza a aparecer separada de los comunistas, que sin embargo crecen en peso.

El cortocircuito lo produce el movimiento de 1968. Contrariamente al resto de Europa esto acaece en presencia de un fuerte partido comunista que no lo ataca frontalmente, pero con cuya hegemonía termina. 1968 se prolonga en Italia durante un decenio. Como en ninguna otra parte, modificó diversos parámetros de la cultura, produjo la densa politización de grupos extraparlamentarios distinta de la del partido comunista, promovió un vasto asociacionismo que se vivía como contracultura y contrapoder. Es una segunda y tumultuosa modernización del país que se sitúa a la izquierda del PCI pero no reduce su fuerza en la opinión de las masas, todo lo contrario.

Los comunistas alcanzarán un tercio de los votos, el sindicato es fuerte, la intelectualidad está politizada y es abundante como nunca. El “movimiento” critica al PCI y a la CGIL pero se inclina por la pertenencia al sindicato (el más cambiado) y el voto al PCI; las elecciones de 1975 le dan a la izquierda todas las grandes ciudades.

Esta tendencia no parece ser mellada por el Compromiso Histórico (1973) poco tenido en cuenta por la opinión. Es como si tan solo la abstención comunista de 1976 en relación con el gobierno de Andreotti hubiese revelado su verdadero sentido. Es en ese momento cuando se rompe toda esperanza de las minorías del movimiento, el propio movimiento se divide y una pequeña parte del mismo (no se necesitan muchos para disparar) se echa en serio a las armas (homicidio de Coco en Génova).

Sin embargo, el electorado sostendrá siempre al PCI hasta la muerte de Berlinguer, el cual por otra parte, hace, en los últimos años, y aislado del grupo dirigente, un giro a la izquierda.

3. Demasiado tarde. A nivel mundial 1968 no había sido pasado por alto a las clase dominantes que se valieron de él. El PCI no comprendió el sentido de la abolición del patrón oro, ni la crisis de la energía de 1954 y mucho menos los cambios estructurales del capital y de las tecnologías en marcha y la recomposición de las estrategias que le siguieron (Trilateral).

No comprendió realmente las subjetividades que se agitaron en contra del mismo. No entendió ni siquiera, con la excepción de un pequeño sobresalto en lo concerniente a las mujeres, la revolución pasiva que se estaba desarrollando desde el principio entre las generaciones en las relaciones familiares y de autoridad. No comprendió la magnífica brecha que se abría al anticomunismo en el movimiento.

Del todo extraño le resulta el 1977 italiano, muy reactivo frente a los cambios en el trabajo pero equivocado en la previsión, del mismo modo que no había comprendido antes la formación del extremismo de la Brigadas Rojas y de Primera Línea, del cual no veía otra cosa que el peligro que constituían para su acreditación como fuerza de gobierno. Berlinguer practica severamente el estado de excepción, siguiendo en esto a Moro, también él dubitativo y aislado en la DC.

En los años ochenta sobrevino el salto tecnológico, especialmente en la información y en todo lo referente al movimiento de capitales y la financiarización, pero los comunistas leen solo en términos de política antisoviética la restauración de Thatcher y Reagan, menospreciando el estancamiento de la URSS de Breznev, no comprenden el intento de Andropov, titubean con respecto a Solidarnosc en Polonia como habían titubeado con respecto a Praga; el berlingueriano “final de la fuerza propulsora” de 1917 llega cuando la descomposición del PCUS está ya avanzada y ha habido una total carencia de relaciones con el disenso incluido el de izquierdas del este. Así hasta Gorbachov.

Con Craxi y después con la muerte de Berlinguer la crisis del PCI avanza mucho, si bien no en términos electorales, y comienza la de la CGIL. El fin de la primera república es sobre todo el fin de ambas fuerzas.

4. En los años ochenta el movimiento del 68, se agota por completo, abatido junto a las Brigadas Rojas, con las cuales, sin embargo no había tenido nada que ver, al ser el radicalismo e incluso el extremismo una cosa, y otra muy distinta tomar las armas.

Se forma y estructura, como algo nuevo, tan solo el filón del segundo feminismo. Con 1989 la crisis del PCI simplemente termina, la “inflexión” conduce a otro partido, en las ideas y organizativamente, y se hace sin una revuelta de base. Rifondazione nace como una vuelta al ayer y se debatirá sin tregua sobre cómo convertirse en una clave para el futuro; ni el PCI ni RC hacen un balance histórico del comunismo y de su propia función en Italia. Lo que había sido la totalidad del área de la izquierda se encuentra a caballo, entre las desilusiones y la fibrilación, mientras socialistas y comunistas se precipitan en el vacío.

Bruscamente salta hecho pedazos lo que durante veinte años había parecido ser sentido común, el rechazo del “sistema”. Las izquierdas se reducen hasta ser pequeños grupos, algunas se depuran, no lograrán o quizá no querrán ya unificarse.

Desde entonces una perpetua discontinuidad produce explosiones de movimiento puntuales y casi siempre sin relación las unas con las otras. El sobresalto de aquel enorme movimiento por la paz y después el del sindicato en el Circo Máximo no darán lugar a una recuperación constante, incluso como consecuencia de la sensación de impotencia que se deriva de la nulidad de su resultado.

5. El 89 ha sido completamente administrado por la recuperación del capital y en su forma pre keynesiana. La ideología de los Fukuyama y de los Huntington –derrota definitiva del socialismo y choque de civilizaciones— golpea a fondo a la izquierda histórica, que padece los hundimientos de los socialismos reales, no los afronta y se rinde; las socialdemocracias por todas partes y los ex comunistas en Italia practican con celo y arrepentimiento las políticas liberales.

Pero también las culturas difusas de las izquierdas radicales navegan a la deriva, agotadas. Muchas percepciones del 68 se cuecen en su propia salsa volcadas en el resentimiento hacia lo que el movimiento obrero, antaño venerado, no comprendió: sacrificó la persona a la colectividad, el individuo al partido, el conflicto de los sexos al “economicismo”, la tierra al desarrollo devastador. Menospreció la dimensión de lo sacro, de la etnia, de los ciclos.

Glorificó la razón contra la emoción, el occidente contra la diversidad, el porvenir respecto del presente. El posmodernismo le ha echado una mano. Esta es la tendencia mayoritaria. Quedan, pero muy minoritarios, algunos movimientos. La transmigración hacia la ecología es la más fuerte.

El hundimiento de la política en la corrupción y en la bajeza y la salida a superficie de Berlusconi no tiene freno. El área antiguamente comunista y socialista ni tan siquiera intenta una recomposición en dirección a la socialdemocracia. La despolitización sigue a la desilusión; se vive en el inmediato presente porque la memoria del pasado está prohibida y no se sabe qué cosa querer para el futuro. Incertidumbre, resentimiento, miedo. Proteccionismo de los todavía empleados ante una crisis que no comprenden. Nunca, parafraseando a Guicciardini, la gente italiana ha sido tan infeliz y tan mala.

6. Si “izquierda” tuvo un sentido en el siglo XlX y en el XX era libertad, igualdad, fraternidad, descendientes de la herencia de la revolución francesa. La primera, de la idea de democracia, la segunda de Marx, la tercera (con sentido distinto al que se le había dado en 1789) como solidaridad entre los seres humanos. Estas recorrerán entre tragedias todo el siglo XX. Su rechazo no significa que haya aparecido una nueva descendencia. Significa el repliegue de la libertad en el individualismo y la reorientación de la necesidad de pertenencia hacia categorías metahistóricas (religiones, nacionalismos, etnias y otros presuntos orígenes). Significa negar la igualdad de derechos (y no sólo ni tan siquiera según la interpretación que hace de esto una parte del movimiento de las mujeres) y hacer del éxito del más fuerte el principio y motor de la sociedad. Significa ahogar la fraternidad en el odio y en el miedo hacia el otro y hacia el diferente. Berlusconi y Bossi hubieran sido impensables en los años 60.

Esta es hoy la mitad de la Italia que habla. La hegemonía ha pasado a la derecha. Su triunfo indica una revolución antropológica antes que política. La degeneración de la política es concausa y consecuencia de la misma. Al menos si política significa, no marxianamente sino arendtianamente, “preocuparse del mundo”.