Marta Reis
IPS
O tempo não estica, nem para as alterações climáticas nem para a política internacional. Cancún voltou a não ser excepção. À hora de fecho desta edição as conclusões eram vagas na recta final da conferência climática da ONU. Da agenda pouco ambiciosa, para não cair nas expectativas logradas de há um ano em Copenhague, as dúvidas sobre a extensão do protocolo de Kioto tornaram-se tema non grato e braço-de-ferro das conversações a 193 nações. Falava-se de prolongar a COP 16 por 24 horas.
01. o que aconteceu em 11 dias
O Japão anunciou que não vai prolongar o protocolo de Kioto para lá de 2012, ano em que termina a primeira fase do acordo que obriga os 37 países mais industrializados do mundo a reduzir as emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Tóquio anunciou que só entra num acordo em que estejam os grandes emissores EUA e China. Rússia e Canadá dão o braço ao primeiro-ministro japonês, que ontem terá recebido telefonemas de 20 chefes de Estado para mudar de opinião, aparentemente infrutíferos. Para os países em desenvolvimento, deixar cair o único acordo com metas claras é um "ecocídio", nas palavras do presidente boliviano Evo Morales.
02. O que pode acontecer
Adiar a decisão para o próximo ano parecia o mais provável. Os opositores querem um novo acordo, em que economias ricas e emergentes partilhem responsabilidades. A UE tinha ontem outra exigência: reconhecer formalmente que as metas de redução de missões avançadas no acordo não vinculativo de Copenhaga são insuficientes para conter o aquecimento global a 20C até 2100.
03. Boas notícias, há?
A primeira luz verde chegou depois das 19 horas. O correspondente do "The Guardian" avançou terem sido definidos os moldes do prometido "fundo verde": 100 mil milhões de dólares ao ano para apoiar projectos de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento. EUA, União Europeia e Japão apoiavam a tutela do Banco Mundial, contestada pelos países em de-senvolvimento por recearem o "monopólio ocidental". O fundo será gerido pela ONU e começa a funcionar em 2011.
04. Dossiê florestas era o mais promissor
A premissa é simples: oferecer compensação financeira aos países que promovam programas de protecção e recuperação das florestas (arma natural contra o aumento das emissões de CO2). Depois de terem sido levantadas dúvidas sobre a monitorização das acções dos países em desenvolvimento e protecção das comunidades indígenas, o programa REDD estaria quase fechado.
05. Quanto tempo sobra
As emissões de CO2 voltaram a disparar este ano, sobretudo com o contributo de China e Índia. Revisões da subida previsível do nível do mar dão conta de um aumento certo acima de um metro até 2011. O cenário de aquecimento entre os 3oC e os 4oC parece mais provável aos cientistas do que os actuais 2oC acordados em Copenhaga. Ontem, Bill McKibber, ambientalista da campanha 350.org, classificava o ambiente em Cancún como envolto num nevoeiro irrealista. "As maiores e mais poderosas nações do mundo não estão a dar atenção à física e à química." A ONU estima que o número de refugiados climáticos passe de 25 a 50 milhões este ano para 700 milhões em 2050.
01. o que aconteceu em 11 dias
O Japão anunciou que não vai prolongar o protocolo de Kioto para lá de 2012, ano em que termina a primeira fase do acordo que obriga os 37 países mais industrializados do mundo a reduzir as emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Tóquio anunciou que só entra num acordo em que estejam os grandes emissores EUA e China. Rússia e Canadá dão o braço ao primeiro-ministro japonês, que ontem terá recebido telefonemas de 20 chefes de Estado para mudar de opinião, aparentemente infrutíferos. Para os países em desenvolvimento, deixar cair o único acordo com metas claras é um "ecocídio", nas palavras do presidente boliviano Evo Morales.
02. O que pode acontecer
Adiar a decisão para o próximo ano parecia o mais provável. Os opositores querem um novo acordo, em que economias ricas e emergentes partilhem responsabilidades. A UE tinha ontem outra exigência: reconhecer formalmente que as metas de redução de missões avançadas no acordo não vinculativo de Copenhaga são insuficientes para conter o aquecimento global a 20C até 2100.
03. Boas notícias, há?
A primeira luz verde chegou depois das 19 horas. O correspondente do "The Guardian" avançou terem sido definidos os moldes do prometido "fundo verde": 100 mil milhões de dólares ao ano para apoiar projectos de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento. EUA, União Europeia e Japão apoiavam a tutela do Banco Mundial, contestada pelos países em de-senvolvimento por recearem o "monopólio ocidental". O fundo será gerido pela ONU e começa a funcionar em 2011.
04. Dossiê florestas era o mais promissor
A premissa é simples: oferecer compensação financeira aos países que promovam programas de protecção e recuperação das florestas (arma natural contra o aumento das emissões de CO2). Depois de terem sido levantadas dúvidas sobre a monitorização das acções dos países em desenvolvimento e protecção das comunidades indígenas, o programa REDD estaria quase fechado.
05. Quanto tempo sobra
As emissões de CO2 voltaram a disparar este ano, sobretudo com o contributo de China e Índia. Revisões da subida previsível do nível do mar dão conta de um aumento certo acima de um metro até 2011. O cenário de aquecimento entre os 3oC e os 4oC parece mais provável aos cientistas do que os actuais 2oC acordados em Copenhaga. Ontem, Bill McKibber, ambientalista da campanha 350.org, classificava o ambiente em Cancún como envolto num nevoeiro irrealista. "As maiores e mais poderosas nações do mundo não estão a dar atenção à física e à química." A ONU estima que o número de refugiados climáticos passe de 25 a 50 milhões este ano para 700 milhões em 2050.
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