Escrito a partir da experiência vivida pelo historiador Peter Winn ao chegar ao Chile em 1972, A Revolução Chilena discute detalhadamente o movimento liderado por Salvador Allende, assim como a violenta resposta contrarevolucionária de Augusto Pinochet. Uma revolução que o especialista em América Latina considera quase tão transformadora quanto o primeiro ano de Fidel Castro em Cuba.
Este lançamento da Editora Unesp, que integra a Coleção Revoluções do Século 20, relata as transformações sociais, econômicas e políticas desta jornada paradigmática que inspirou esquerdistas do mundo todo. Descortina o processo revolucionário pacífico, o "caminho democrático para o socialismo" realizado com liberdade de expressão e imprensa, e eleições multipartidárias regulares e competitivas. Mesmo com a oposição controlando o Congresso, o Judiciário e boa parte da imprensa, Allende nacionalizou as riquezas básicas do Chile, iniciou a redistribuição da renda nacional e programas que visavam à melhoria da qualidade de vida da população, aumentou a participação dos trabalhadores e camponeses na vida política e realizou a uma rápida e extensa reforma agrária.
Winn explica que, ao perceber que estava diante de um processo revolucionário único, passou a estudá-lo e a acompanhar a sua evolução. Vivenciando uma guerra civil não declarada, utiliza estudos de caso para relatar uma revolução singular, "tanto em sua forma como em seu conteúdo, inclusive uma revolução vinda de baixo, que gerou um 'poder popular' sem precedentes". Se na ocasião a "via chilena" era encarada como notável e levava ao Chile diversos observadores estrangeiros como Fernando Henrique Cardoso, o caminho descortinado por Allende continua ainda hoje paradigmático ao evidenciar os limites da democracia liberal. E alerta, no momento em que a América Latina conta com vários presidentes da esquerda democrática, para as dificuldades e complexidades das jornadas que buscam efetivar os ideais clássicos de liberdade e justiça social.
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