segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Catástrofes Naturais, qual a certeza?



Marcelo Cunha da Cruz
Socialismo y Democracia

Neste artigo, o engenheiro Marcelo Cunha da Cruz, especialista em energias alternativas estabelece um dialogo com a entrevista realizada a Salvador Briceno (“O homem transforma riscos naturais em catástrofes") aportando novos elementos para analisar a crise ambiental e as catástrofes naturais, sugerindo formulas para contornar a crise a través do uso extensivo de energias renováveis e não poluentes.

Abordando o tema relacionado como catástrofes chamadas de naturais, creio que estas não sejam tão naturais assim e estão diretamente relacionadas às modificações que nossa civilização impôs ao planeta. Tais alterações do clima estão calcadas na emissão desenfreada de gases resultantes da queima dos combustíveis fósseis.

Até então o que foi escrito neste texto chega ser redundante, pois já por muitos o tema foi escrito e falado, mas o motivo por que, tanto se fala e nada efetivamente é executado para neutralizar as emissões destes gases, obviamente advêm do lobby da indústria do petróleo aliado aos governos suportados por tais indústrias e nesse caso basta assistirmos o filme Syriana para que possamos subtrair os pragmatismos do pseudo avanço econômico e da pseudo ascensão do terceiro mundo ao capitalismo selvagem do primeiro mundo. Quanto o tema central, tenho algumas considerações a fazer:

Porque ainda não tratamos todo o gás Metano gerado?

Como sabido este é um nocivo subproduto de nossos aterros sanitários e deve ser utilizado para geração de energia limpa. Tal energia pode ser gerada pela reforma do Metano em Hidrogênio com posterior geração de energia elétrica em células de combustível.

Tendo por base que o metano é 21 vezes mais poluente que o Dióxido de Carbono e ainda destrói a camada de ozônio, se o utilizarmos como fonte de energia limpa, este transformar-se-á em uma ótima e importante fonte de energia não convencional.

Porque ainda tratamos a energia eólica sem a devida importância que esta merece?

Creio que devido ao lobby dos combustíveis fósseis, pois sabemos que nas regiões grande incidência de ventos os aero geradores podem e prover uma das principais saídas à geração de energia sem grande impacto ambiental, haja vista que após a construção da torre e implantação do aero gerador não haverá qualquer emissão de gases efeito estufa provenientes da geração da energia elétrica oriundas das termoelétricas ou hidroelétricas.

Atualmente os dados financeiros dizem que o impeditivo para instalação de mais centrais eólicas ainda é o custo de produção. A energia gerada por uma central eólica custa entre 60% e 70% a mais que a mesma quantidade gerada por uma usina hidrelétrica. Por outro lado, a energia do vento tem a grande vantagem de ser inesgotável e causar pouquíssimo impacto ao ambiente, vide: http://www.eolica.com.br/

Somente para lembrar aos céticos à geração hidroelétrica acima mencionada, a matriz energética no Brasil, tem por prática deixar um imenso passivo ambiental, devido às imensas áreas alagadas para criar o lago da usina, e ainda à geração descontrolada de Metano pela decomposição do material orgânico no fundo das áreas alagadas.

Porque ainda tratamos a energia solar como geração de energia de baixa eficiência e poucas possibilidades?

Apenas como dado estatístico, se investido R$ 10 milhões para a instalação de 1 MW (megawatt) de capacidade geradora, pode-se fornecer energia elétrica limpa a até 1.500 residências, então reitero que durante o período de maior insolação equivalente a pelo menos 08 horas do dia nas regiões litorâneas do semi árido nordestino Brasileiro, tal método de geração torna-se tremendamente interessante devido ao baixíssimo impacto ambiental, pós produção dos painéis solares, para geração de energia elétrica.

Assim o ideal seria a instalação de painéis solares nos telhados de todas as residências, localizadas nas regiões de alta insolação e tais implementos aliviaria todo o sistema de geração elétrica, principalmente nas localidades que demandam de matriz fóssil para geração de energia elétrica, vide: http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/031109.pdf

Nos países desenvolvidos em geração de energias limpas, os implementos solares quando em produção, podem ainda prover co-geração elétrica, haja visto, que não havendo consumo ou se já estiver atendida a demanda de energia, a energia excedente é entregue ao sistema de distribuição elétrica, tendo assim como principal efeito a diminuição da geração tradicional e redução da conta de energia tradicional do produtor de energia solar.

Como consideração final, entendo que as sociedades devem mudar a forma de subtrair os recursos naturais do planeta e diminuir drasticamente a emissão de gases efeito estufa. Essa mesma sociedade deve implementar todas as possibilidades de geração de energias limpas, tendo como principal foco a nossa co-existência no planeta.

Sabe-se ainda que independente do custo de produção de sistemas alternativos e não poluentes de geração de energia o que devemos entender é que a vida no planeta perecerá, já que a biosfera não consegue mais processar todas as agressões que sofre e nos devolve como respostas as agressões impostas em forma de catástrofes climáticas naturais. Assim concluo que enquanto houver um grama de combustível fóssil a ser explorado, haverá sempre um predador ambiental ávido a extraí-lo do subsolo e expô-lo deliberadamente ao meio ambiente.

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