sábado, 5 de dezembro de 2009

Um dia sem Berlusconi



Angela Goés & Luiciani Gomes
O Globo

Os italianos - ou pelo uma parcela deles - parecem estar se cansando da figura de seu primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, após a sucessão de escândalos registrados nos últimos meses. Para expressar o desejo de ver Il Cavalieri pelas costas, um grupo de blogueiros programou para este sábado uma manifestação mundial contra Berlusconi, intitulada de Dia Sem Berlusconi (No-B Day).

"O protesto nasceu da indignação de cidadãos comuns com um premier que faz política de forma centralizada e pouco focada no bem comum, que usa as instituições constitucionais para fins exclusivamente privados. Ele não é digno de representar o nosso povo", justificou Giuseppe Grisorio, um dos organizadores da manifestação.

O ponto de encontro daqueles que a cada novo escândalo pedem com mais força a renúncia de Berlusconi tem sido em uma comunidade no Facebook, que reúne mais de 300 mil fãs. O sucesso e a identificação deram origem ao blog que centraliza as informações sobre o protesto, e descreve o premier italiano como "uma anomalia muito grave no contexto das democracias ocidentais".

Há quatro anos na Itália, a brasileira Alice Tittel conta que, em Verona, onde mora, manifestantes estão lotando os ônibus partindo para a capital. Ela aderiu ao protesto online, mas não se juntará à multidão na Piazza della Repubblica, em Roma, onde acontece a maior manifestação contra o premier: "Esse dia é muito importante para a Itália. Tem 15 anos que Berlusconi está no poder cometendo todo tipo de gafe e controlando e manipulando os meios de comunicação", disse Alice.

Para o italiano Michele Ferrari, de 30 anos, depois de tanto tempo de Berlusconi no poder, o protesto é mais do que oportuno. Ele teme que as pessoas comecem a achar que não há cenário possível na sua ausência, como se o premier "já fizesse parte da Itália". O que, para o também italiano Luca Porcellato, 39 anos, é motivo de vergonha. "Ele mancha a imagem dos italianos no estrangeiro. Tudo relacionado a Berlusconi me envergonha. Queria que o país fosse governado com dignidade, sem corrupção."

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