sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Chartier analisa a Revolução Francesa sob ótica sócio-cultural



O historiador francês Roger Chartier é mundialmente reconhecido por seu trabalho no estudo sobre conteúdo de livros e comportamento de leitores de diferentes culturas e épocas. Em seu novo ensaio, Origens culturais da Revolução Francesa, lançado no Brasil pela Editora Unesp, o pesquisador muda o foco de sua abordagem, percorrendo as razões históricas que tornaram possível a Revolução Francesa, sugerindo debates e questionamentos ao invés de um mero resumo dos fatos. Seu estudo valoriza principalmente a análise sociológica e cultural da França ao longo de todo o século XVIII.

O livro acaba por se configurar em um curso sobre a história francesa que antecede a Revolução e suas consequências, positivas e negativas. Afinal, o autor não usa um tom ufanista ao debater as maneiras (geralmente violentas) encontradas pelos revolucionários para implantar suas mudanças. Pelo contrário, é muito crítico em relação às transformações geradas no campo da política, da religião e da relação interpessoal pós-revolucionária.

Sua análise traça uma lógica entre as origens do Iluminismo, a importância da popularização da leitura de livros e panfletos para a difusão de ideias e discussões. Neste ponto, Chartier faz uso de seu conhecimento sobre livros e leitura para apontar em que medida a palavra impressa foi decisiva para a dessacralização do rei absolutista, antes "pai do povo e regenerador da França", e de sua monarquia. O historiador ainda dedica parte de seu trabalho à forma de vida e aos interesses dos camponeses, à cultura da nobreza e também da burguesia parisiense desde o século XVII até o XVIII.

Chartier baseia sua pesquisa numa bibliografia extensa, mas fundamentada sobretudo nas obras de Daniel Mornet, autor de Les Origines Intellectuelles de la Révolution Française, Hippolyte Taine e Aléxis de Tocqueville, de quem o autor empresta argumentos e a quem faz críticas em determinadas análises.

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